Discípulos do Cristo
Jacinto
Fagundes (Espírito)
Somos discípulos do Cristo. Mas, repetindo com Ele a sublime
afirmação: — “Pai nosso que estais no Céu” —, esperamos que Deus se transforme
em nosso escravo particular, atento às nossas ilusões e caprichos.
Somos discípulos do Cristo. Contudo,
redizendo-lhe as inesquecíveis palavras de submissão ao Criador: — “seja feita
a vossa vontade” —, assemelhamo-nos a vulcões de intemperança mental, vomitando
fumo de rebeldia e lava de imprecações, sempre que nos sintamos contrariados na
execução de pequeninos desejos.
Somos discípulos do Cristo. Entretanto,
refazendo-lhe a súplica ao Pai de Infinito Amor: — “o pão de cada dia dai-nos
hoje” —, reclamamos a carcaça do boi e a safra do trigo exclusivamente para a
nossa casa, esquecendo-nos de que, ao redor de nossa mesa insaciável, milhares
de companheiros desfalecem de fome.
Somos discípulos do Cristo. Todavia,
depois de implorar com o Sábio Orientador à Eterna Justiça: — “perdoai as
nossas dívidas” —, mentalizamos, de imediato, a melhor maneira de cultivar
aversões e malquerenças, aperfeiçoando, assim, os métodos de odiar os mais
fortes e oprimir os mais fracos.
Somos discípulos do Cristo. No entanto,
mal acabamos de pedir a Deus, em companhia do Grande Benfeitor: — “não nos
deixeis cair em tentação” —, procuramos, por nós mesmos, aprisionar o
sentimento nas esparrelas do vício.
Somos discípulos do Cristo. Contudo,
rogando ao Todo-Poderoso, junto do Inefável Companheiro: — “livrai-nos de todo
o mal” —, construímos canhões e fabricamos bombas mortíferas para arrasar a
vida dos semelhantes.
Somos discípulos do Cristo. Mas
convertemos o próximo em alimária de nossos interesses escusos, olvidando o
dever da fraternidade, para desfrutarmos, no mundo, a parte do leão.
É por isso que somos, na atualidade da
Terra, os cristãos incrédulos, que ensinamos sem crer e pregamos sem praticar,
trazendo o cérebro luminoso e o coração amargo.
E é assim que, atormentados por
dificuldades e crises de toda espécie — aflitiva colheita de velhos males —,
cada qual de nós tem necessidade de prosternar-se perante o Mestre Divino, à
maneira do escriba do Evangelho, guardando n’alma o próprio sonho de
felicidade, enfermiço ou semimorto, a exorar em contraditória rogativa: —
“Senhor, eu creio! Ajuda a minha incredulidade!”
Do livro O Espírito da Verdade,
obra psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier.
To read in
English, click here: ENGLISH |
Nenhum comentário:
Postar um comentário