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domingo, 17 de novembro de 2024

 



O esquecimento do que fizemos no passado é uma bênção que deveríamos agradecer

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Um amigo pergunta-nos se uma pessoa que tenha passado por uma grave provação saberá, no além-túmulo, depois de desencarnar, qual foi a causa do seu suplício.

A resposta é sim.

O esquecimento do passado, algo que as pessoas têm dificuldade de entender, é um fato passageiro e tem como objetivo principal não perturbar as ações e os relacionamentos interpessoais que compõem cada etapa reencarnatória.

Nesse esquecimento situa-se, por motivos óbvios, a ignorância do que fizemos de errado em precedentes existências. Contudo, pelo amargor das provações que enfrentamos é possível deduzir as causas, que, todavia, só conheceremos realmente após a conclusão da existência corpórea, ou seja, no mundo espiritual.

A recordação da existência corpórea é um dos temas tratados por Allan Kardec na principal obra da doutrina espírita – O Livro dos Espíritos –, como mostram os textos abaixo, extraídos das questões 304, 305 e 306 da obra citada:

 

304. Lembra-se o Espírito da sua existência corporal?

“Lembra-se, isto é, tendo vivido muitas vezes na Terra, recorda-se do que foi como homem e eu te afirmo que frequentemente ri, penalizado de si mesmo.” (Nota de Kardec: “Tal qual o homem, que chegou à madureza e que ri das suas loucuras de moço, ou das suas puerilidades na meninice”.)

305. A lembrança da existência corporal se apresenta ao Espírito, completa e inopinadamente, após a morte?

“Não; vem-lhe pouco a pouco, qual imagem que surge gradualmente de uma névoa, à medida que nela fixa ele a sua atenção.”

306. O Espírito se lembra, pormenorizadamente, de todos os acontecimentos de sua vida? Apreende o conjunto deles de um golpe de vista retrospectivo?

“Lembra-se das coisas, de conformidade com as consequências que delas resultaram para o estado em que se encontra como Espírito errante. Bem compreendes, portanto, que muitas circunstâncias haverá de sua vida a que não ligará importância alguma e das quais nem sequer procurará recordar-se.”

a) — Mas, se o quisesse, poderia lembrar-se delas?

“Pode lembrar-se dos mais minuciosos pormenores e incidentes, assim relativos aos fatos, como até aos seus pensamentos. Não o faz, porém, desde que não tenha utilidade.”

b) — Entrevê o Espírito o objetivo da vida terrestre com relação à vida futura?

“Certo que o vê e compreende muito melhor do que em vida do seu corpo. Compreende a necessidade da sua purificação para chegar ao infinito e percebe que em cada existência deixa algumas impurezas.”

 

A literatura espírita, sobretudo as obras mediúnicas da lavra de André Luiz e Manoel Philomeno de Miranda, confirma, por inumeráveis exemplos, as informações acima transcritas e mostra que a recordação de certas peripécias do passado se dá à medida que esse fato seja importante.

Em casos específicos, benfeitores espirituais valem-se da técnica de regressão da memória, sempre com o objetivo de mostrar ao Espírito devedor que ele não foi vítima, em sua passagem pelo orbe, de nenhuma injustiça e que a Justiça Divina jamais falha.

 

 

 

 

 

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