O esquecimento do que fizemos no
passado é uma bênção que deveríamos agradecer
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Um
amigo pergunta-nos se uma pessoa que tenha passado por uma grave provação
saberá, no além-túmulo, depois de desencarnar, qual foi a causa do seu
suplício.
A resposta é
sim.
Nesse
esquecimento situa-se, por motivos óbvios, a ignorância do que fizemos de
errado em precedentes existências. Contudo, pelo amargor das provações que
enfrentamos é possível deduzir as causas, que, todavia, só conheceremos
realmente após a conclusão da existência corpórea, ou seja, no mundo
espiritual.
A recordação da
existência corpórea é um dos temas tratados por Allan Kardec na principal obra
da doutrina espírita – O Livro dos
Espíritos –, como mostram os textos abaixo, extraídos das questões 304, 305
e 306 da obra citada:
304.
Lembra-se o Espírito da sua existência
corporal?
“Lembra-se,
isto é, tendo vivido muitas vezes na Terra, recorda-se do que foi como homem e
eu te afirmo que frequentemente ri, penalizado de si mesmo.” (Nota de Kardec: “Tal
qual o homem, que chegou à madureza e que ri das suas loucuras de moço, ou das
suas puerilidades na meninice”.)
“Não;
vem-lhe pouco a pouco, qual imagem que surge gradualmente de uma névoa, à
medida que nela fixa ele a sua atenção.”
306.
O Espírito se lembra,
pormenorizadamente, de todos os acontecimentos de sua vida? Apreende o conjunto
deles de um golpe de vista retrospectivo?
“Lembra-se
das coisas, de conformidade com as consequências que delas resultaram para o
estado em que se encontra como Espírito errante. Bem compreendes, portanto, que
muitas circunstâncias haverá de sua vida a que não ligará importância alguma e
das quais nem sequer procurará recordar-se.”
a)
— Mas, se o quisesse, poderia lembrar-se
delas?
“Pode
lembrar-se dos mais minuciosos pormenores e incidentes, assim relativos aos
fatos, como até aos seus pensamentos. Não o faz, porém, desde que não tenha
utilidade.”
b)
— Entrevê o Espírito o objetivo da vida
terrestre com relação à vida futura?
“Certo
que o vê e compreende muito melhor do que em vida do seu corpo. Compreende a
necessidade da sua purificação para chegar ao infinito e percebe que em cada
existência deixa algumas impurezas.”
A literatura
espírita, sobretudo as obras mediúnicas da lavra de André Luiz e Manoel
Philomeno de Miranda, confirma, por inumeráveis exemplos, as informações acima
transcritas e mostra que a recordação de certas peripécias do passado se dá à
medida que esse fato seja importante.
Em casos específicos,
benfeitores espirituais valem-se da técnica de regressão da memória, sempre com
o objetivo de mostrar ao Espírito devedor que ele não foi vítima, em sua
passagem pelo orbe, de nenhuma injustiça e que a Justiça Divina jamais falha.
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