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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Como lidar com a obsessão?


Um leitor nos pergunta: Em que obras podemos encontrar a orientação espírita para o tratamento da obsessão?
O tratamento espírita da obsessão é objeto de inúmeras obras espíritas, como O Livro dos Médiuns e O Evangelho segundo o Espiritismo, ambas de Allan Kardec.
Evidentemente, no tocante ao tema obsessão e a muitos outros temas, não podemos restringir-nos ao que Kardec ensinou, mas todos os autores, encarnados e desencarnados, que trataram até hoje do assunto confirmam o que o Codificador propôs, ou seja: 1.) a necessidade do tratamento magnético; 2.) a importância da chamada doutrinação do agente causador da obsessão; 3.) a renovação de suas atitudes por parte do enfermo.
Muitas são as obras que podemos consultar a respeito disso. Desobsessão, de André Luiz, e Obsessão/Desobsessão, de Suely Caldas Schubert, são duas delas. Há, ainda, os estudos de Hermínio C. Miranda e Manoel Philomeno de Miranda. Este último entende que o melhor médico, em se tratando dos casos de obsessão, será sempre o enfermo, como Suely Caldas Schubert mostra em sua obra, acima citada, da qual extraímos os seguintes apontamentos:
1.) Esclarecer o paciente é fazê-lo sentir quanto é essencial sua participação no tratamento; é orientá-lo, dando-lhe uma visão gradativa, cuidadosa, do que representa em sua existência aquele que é considerado o obsessor; é levantar-lhe as esperanças, se estiver deprimido; é transmitir-lhe a certeza de que existem dentro dele recursos imensos que precisam ser acionados pela vontade firme, para que venham a eclodir, revelando-lhe facetas da própria personalidade até então desconhecidas dele mesmo. É, enfim, ir aos poucos conscientizando-o das responsabilidades assumidas no passado e que agora são cobradas através do irmão infeliz que se erigiu em juiz, cobrador ou vingador. (Obsessão/Desobsessão, segunda parte, cap. 9, p. 114.)
2.) O obsidiado só se libertará quando ele mesmo se dispuser a promover a autodesobsessão. O Espiritismo não pode fazer por ele o que ele não fizer por si mesmo. Muito menos ainda os médiuns, ou alguém que lhe queira operar a cura. É preciso compreender que o tratamento da obsessão não consiste na expulsão do obsessor: alcançado isso, se fosse possível, ele depois voltaria, com forças redobradas, à obra interrompida. A terapia tem em vista a reconciliação; trata-se de uma conversão a ser feita, tarefa que requer do obsidiado uma ampla cooperação, grandes esforços e boa vontade. (Obra citada, segunda parte, cap. 2.)
   3.) A renovação moral é, como já foi dito, fator essencial ao tratamento desobsessivo. Yvonne A. Pereira, em seu livro Recordações da Mediunidade, é incisiva a tal respeito: “O obsidiado, se não procurar renovar-se diariamente, num trabalho perseverante de autodomínio ou autoeducação, progredindo em moral e edificação espiritual, jamais deixará de se sentir obsidiado, ainda que o seu primitivo obsessor se regenere. Sua renovação moral, portanto, será a principal terapêutica, nos casos em que ele possa agir”. (Obra citada, segunda parte, cap. 2.)


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mudanças


Gebaldo José de Sousa
De Goiânia-GO

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” Mt 22:39/40

Inúmeras mudanças ocorrem em muitas partes da Terra e às vezes não nos damos conta de sua relevância, por não serem melhor divulgadas.
Num tempo de egoísmo exacerbado, questões aparentemente desimportantes para a maioria assumem caráter extraordinário para minorias sofridas.
E, embora singulares e nem sempre percebidas de pronto, resultam em benefícios para toda a Humanidade, eis que, somadas, essas pequenas ações conduzem-nos a um mundo melhor.
O planeta eleva-se espiritualmente quando, em qualquer parte, alguém defende ou promove os frágeis, os excluídos de toda espécie; aqueles a quem falta o respeito à sua dignidade de seres humanos; a quem faltam oportunidades de se educarem, de preservarem a saúde; de crescerem como indivíduos filhos de Deus, iguais aos demais.
Esses pequenos progressos libertam nosso orbe de costumes bárbaros, de opressões consentidas, de sofrimentos às vezes milenares. E a atmosfera espiritual de nossa Casa Planetária se renova, a todos nos favorecendo.
Ora ocorrem na forma de uma Lei (Lei Áurea; Lei Maria da Penha; Lei da Ficha Limpa), ora como uma campanha (Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida – liderada, à época (1993), por Herbert José de Sousa – o Betinho).
Esta última prossegue em todo o Brasil, não apenas doando alimentos, mas oferecendo cursos profissionalizantes a jovens e a adultos carentes; ou seja, executa a ação social, mas não se limita a ela, eis que busca promover o cidadão, através da educação.
Quantos hoje arrecadam cestas básicas na comemoração do próprio aniversário, ou do Natal; ou gêneros alimentícios em quaisquer outros eventos (gincanas estudantis; shows artísticos, etc.), como decorrência do hábito criado por essa Campanha!

*

Waris Dirie – modelo somali – é um desses casos impressionantes de quem se insurgiu contra a opressão e a crueldade impostas não só às mulheres somalis – simplesmente por sua condição feminina –, mas a mulheres de muitos países africanos e asiáticos, com a ablação, para que sejam ‘puras, limpas’.
Foi vítima desse costume bárbaro que se mantém em pleno Século XXI!
Nasceu no deserto, de família nômade. Não sabe sua idade (no deserto não há papéis!).
Com os pés descalços, pastoreou cabras e camelos.
Aos cinco anos foi submetida à ablação (na Somália retiram, além dos lábios menores da vagina, também o clítoris). A ferida é costurada, deixando-se apenas pequena abertura para a urina e a menstruação. Essa prática ocorre sem anestesia e sem assepsia!
Como é de esperar, muitas morrem com o sangramento que sobrevém a essa estupidez! A própria irmã da modelo não sobreviveu a essa tortura física e mental.
Quando o pai ia casá-la com um homem de sessenta anos, em troca de cinco camelos, fugiu para Mogadício, aos 13 anos! Dali, três anos após, seguiu para Londres, trabalhando como criada em casa de uma tia, casada com diplomata somali.
Em Londres foi ‘descoberta’ por um fotógrafo e tornou-se modelo internacional e, com o sucesso e a fama, ferrenha ativista contra a circuncisão feminina.
Sua história, contada por ela no livro "Flor do Deserto", virou filme com o mesmo nome (exibido no Brasil em julho de 2010).
Foi embaixadora da ONU contra a mutilação feminina, de 1997 a 2003. Afastou-se dessa Organização, porque prefere a ação às reuniões e aos longos e inócuos discursos. Fundou uma organização que leva seu nome, para lutar contra essa barbárie.
Para isso, busca também formar professores que eduquem as crianças e as mães, em sua terra natal.
Além de Flor do Deserto (escrito em 1997), escreveu Amanhecer no Deserto (2002), Meninas do Deserto (2005) e Cartas a minha mãe (2007).

*

“Estou confrontando a mutilação na minha própria família. Meu irmão tem seis meninas, todas menores de idade e que vivem no deserto. Minha cunhada quer mutilá-las. Por causa disso eu estou tentando trazer as meninas para um lugar seguro. Isso tira meu sono todas as noites. (...)
Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que entre 100 e 140 milhões de meninas e mulheres vivem hoje sob consequências da mutilação – a maioria na África. A organização tem uma campanha contra a prática, que considera prejudicial à saúde da mulher e uma violação dos direitos humanos.
A mutilação ocorre em várias partes do mundo, mas tem registro mais frequente no leste, no oeste e no nordeste da África e em comunidades de imigrantes nos EUA e Europa. Em sete países africanos – entre eles Somália, Etiópia e Mali – a prevalência da mutilação é em 85% das mulheres.” (Do site http//:g1.globo.com/mundo/noticia/2010/07/e-impossivel-descrever-dor-diz-modelo-sobre-circunscisao-feminina.html)
Quantas peripécias superou essa brava mulher, para empreender essa nobre missão!
Vê-se, nitidamente, que não foi o acaso a levá-la por esse caminho; e que há mão invisível a conduzi-la para esse destino grandioso, de renúncias, sim, mas de extraordinário sentimento de solidariedade! Ela própria confessa, como se vê no texto indicado logo abaixo, que teve a intuição de que lhe estava reservada imensa e transformadora tarefa!
Como a dessa corajosa mulher, há belas e nobres vidas a nos exemplificar o que pode o amor, que jamais se omite, diante da opressão e da injustiça!
O leitor, caso queira, pode saber mais sobre a vida de Waris Dirie clicando neste link: www.leonardokurcis.com.br/apresenta_emocao_a_modelo_do_deserto.pps




terça-feira, 28 de agosto de 2012

A mediunidade é um dom inerente a todos os seres


Horas atrás levamos a efeito mais uma de nossas reuniões de estudo da obra Nos Domínios da Mediunidade, de autoria de André Luiz (Espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Nesta noite, foram seis as questões examinadas:
1. É possível identificar com nitidez as correntes mentais que assimilamos?
2. Como podemos definir a tentação?
3. Pode um processo de vampirização perdurar por vários anos?
4. Numa sessão em que se atendem Espíritos sofredores, que papel incumbe ao médium que lhes serve de intermediário?
5. Durante a comunicação, a alma do médium fica próxima do seu corpo físico?
6. A dúvida por parte do médium pode prejudicar a comunicação?
Depois de rápido debate em torno das questões acima, foram apresentadas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e o estudo do texto-base pertinente à matéria da noite.
A seguir, as respostas dadas às questões mencionadas:
1. É possível identificar com nitidez as correntes mentais que assimilamos?
Sim. Nosso pensamento vibra em certo grau de frequên­cia, a concretizar-se em nossa maneira especial de expressão, no cír­culo dos hábitos e dos pontos de vista, dos modos e do estilo que nos são peculiares. Diz o instrutor Aulus que basta nos afeiçoemos aos exercícios da meditação, ao estudo edifi­cante e ao hábito de discernir para compre­endermos onde se nos situa a faixa de pensamento, identificando com nitidez as correntes espiri­tuais que passamos a assimilar. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 5, págs. 50 e 51.) 
2. Como podemos definir a tentação?
Lembremos que a mediunidade é um dom inerente a todos os seres, como a faculdade de respirar. Cada criatura assimila, pois, as forças superiores ou inferiores com as quais se sintoniza. Esse o motivo pelo qual Jesus reco­mendou-nos oração e vigilância para não cairmos nas sugestões do mal, porque – no dizer de Aulus –  a tentação é o fio de forças vivas a irradiar-se de nós, cap­tando os elementos que lhe são semelhantes e tecendo, assim, ao redor de nossa alma, espessa rede de impulsos, por vezes irresistíveis. (Obra citada, cap. 5, págs. 50 e 51.)
3. Pode um processo de vampirização perdurar por vários anos?
Sim. André Luiz refere-se a um caso assim, de um homem que desencarnara em plena vitalidade, depois de festiva lou­cura e sem o menor sinal de habilitação para conchegar-se às verdades do espírito. Desenfaixando-se da veste carnal, com o pensamento enovelado à paixão por uma mulher que sintonizou com ele, a ponto de retê-lo junto de si com aflições e lágrimas, passou a vampirizar-lhe o corpo. Desarvorado com a perda do corpo físico, adaptou-se ao organismo da mulher amada, que passou a obsidiar, nela encontrando novo instrumento de sensação, pois via por seus olhos, ouvia por seus ouvidos, muitas ve­zes falava por sua boca e vitalizava-se com os ali­mentos por ela uti­lizados. E nessa simbiose viviam já cinco anos suces­sivos, produzindo na mulher perturbada desequilíbrios orgânicos de vulto. (Obra citada, cap. 6, págs. 53 a 55.)
4. Numa sessão em que se atendem Espíritos sofredores, que papel incumbe ao médium que lhes serve de intermediário?
Nas sessões mediúnicas dessa natureza, que Aulus designa "sessões de caridade", o médium que recebe o Espírito sofredor é o primeiro socorrista, mas, se o socorrista cai no padrão vibra­tório do necessitado que lhe roga serviço, há pouca esperança no am­paro eficiente. O médium tem o dever de colaborar na preser­vação da ordem e da respeitabilidade na obra de assistência aos desen­carnados, permitindo-lhes a livre manifestação apenas até o ponto em que essa manifestação não colida com a harmonia necessária ao con­junto e com a dignidade imprescindível. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 6, págs. 55 e 56.)
5. Durante a comunicação, a alma do médium fica próxima do seu corpo físico?
Sim, sempre que o esforço se refira a entidades em desajuste. Nesses casos, o me­dianeiro não deve ausentar-se demasiado. “No concurso aos irmãos desequilibrados, nossa presença é imperativo dos mais lógicos”, diz Aulus. (Obra citada, cap. 6, págs. 56 a 58.) 
6. A dúvida por parte do médium pode prejudicar a comunicação?
Sim. Se, no processo da comunicação, o médium entende que as comoções e as palavras proferidas pertencem a ele mesmo, e não a um Espírito, emitirá da própria mente positiva recusa, expulsando o comunicante e anulando a preciosa oportunidade de serviço. “A dúvida, nesse caso, seria congelante faixa de forças negativas”, asseverou o instrutor Aulus. (Obra citada, cap. 6, págs. 58 a 60.) 

*

Na próxima terça-feira apresentaremos neste Blog a síntese do que houver sido estudado, para que os interessados possam acompanhar pari passu o desenvolvimento da matéria.
O estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade realiza-se no Centro Espírita Nosso Lar, na Rua Santa Catarina, 429, em Londrina, em dois horários: às terças-feiras (a partir das 18h30) e às quintas-feiras (a partir das 14h30).


domingo, 26 de agosto de 2012

Os nossos amigos de além-túmulo


Muitas pessoas imaginam que a morte rompe todos os laços que existem entre as pessoas.
Trata-se de um equívoco pensar assim, pois nem a morte nem a reencarnação afetam a afeição e os sentimentos que as pessoas nutrem por aqueles a quem amam.
Assim é que, segundo aprendemos no Espiritismo, os Espíritos devotam afeição aos encarnados, a qual tem por base as afinidades que entre eles existam. Desse modo, os bons Espíritos simpatizam com as pessoas de bem ou suscetíveis de se melhorarem. Os Espíritos inferiores afinizam-se com as criaturas viciosas ou que podem tornar-se tais.
O ser humano tem, pois, no Mundo Espiritual amigos que podem perfeitamente interceder por ele, com o objetivo de assegurar-lhe a estabilidade de que necessita para lutar e servir, amar e vencer, apesar do assédio dos desencarnados que lhe foram comparsas nos dramas do passado. 
São esses amigos de Mais Alto que acordam a esperança e restauram o bom ânimo nos indivíduos que se veem a braços com as investidas provenientes do plano espiritual. 
Essas ligações afetivas nada têm que se assemelhe às afeições carnais, fato que pode ocorrer, porém, com os Espíritos mais atrasados. Pode dar-se ainda o caso em que, mesmo que a afeição nada tenha de carnal, um Espírito, quando se apega a uma pessoa, não o faça somente por afeição. À estima que a pessoa encarna inspira ao Espírito pode agregar-se uma reminiscência das paixões humanas.
A afeição espiritual pelos encarnados não se resume a um mero sentimento, porquanto os bons Espíritos preocupam-se também com os nossos males, da mesma forma que compartilham as nossas alegrias.
Procurando fazer-nos todo o bem que lhes seja possível, é natural que se sintam ditosos com os nossos momentos de felicidade e de alegria. 
No tocante aos males que nos possam atingir, é preciso lembrar que eles se dividem em físicos e morais. Sabendo ser transitória a existência corporal e que as tribulações a ela inerentes constituem meios de alcançarmos uma situação melhor, os bons Espíritos afligem-se mais com os males que tenham origem em causas de ordem moral do que com os nossos sofrimentos físicos, todos eles passageiros.
Deste modo, eles pouco se incomodam com as desgraças que atingem as nossas ideias e preocupações mundanas, do mesmo modo como agimos com relação às mágoas pueris das crianças. 
Vendo nas amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, eles as consideram como uma crise ocasional de que resultará a salvação do doente. Compadecem-se dos nossos sofrimentos, como nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo. Mas, enxergando as coisas de um ponto de vista mais elevado, apreciam-nas de um modo diverso do nosso. 
Em casos assim, os bons Espíritos procuram levantar-nos o ânimo no interesse do nosso futuro, enquanto os Espíritos inferiores, com o objetivo de comprometer-nos, nos impelem ao desespero. 
Resumindo o assunto, podemos, à vista dos ensinamentos espíritas, estabelecer os seguintes pontos em torno do assunto ora em exame:
1. Os bons Espíritos afligem-se quando nós, diante de um mal qualquer, não sabemos suportá-lo com resignação. Os Espíritos inferiores, porém, rejubilam-se com nossa postura negativa.
2. Os males morais que mais preocupam os Benfeitores Espirituais são o nosso egoísmo e a dureza dos nossos corações, do que, ensina o Espiritismo, decorre tudo o mais. Nossos adversários desencarnados e os maus Espíritos, contudo, adoram tal comportamento.
3. Os bons Espíritos riem de todos os males imaginários que nascem do nosso orgulho e da nossa ambição. Os inferiores, no entanto, valem-se deles para, se for possível, afundar-nos mais ainda no fosso da amargura.
4. Os Benfeitores Espirituais rejubilam-se com os males e sofrimentos que redundam na abreviação do tempo de nossas provas. Os infelizes não gostam disso e buscam, quando a ocasião se apresente, obter exatamente o resultado contrário.

sábado, 25 de agosto de 2012

Pílulas gramaticais (15)


Uma leitora pergunta-nos se o uso do trema foi realmente eliminado pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que entrou em vigor no início de 2009.
Antes de responder a essa dúvida, que é, aliás, muito comum, lembremos que a palavra trema [do grego trêma, 'orifício (ponto)'] é o nome que se dá ao sinal diacrítico que, sobreposto a uma vogal, serve para indicar que ela não forma ditongo com a que lhe está próxima.
Na ortografia em vigor antes de 2009, o trema era usado apenas sobre o u, quando este, sendo sonoro, aparecia nos grupos gue, gui, que, qui, como nas palavras ungüento, tranqüilo, freqüentar.
Com o novo Acordo Ortográfico, o trema não é mais usado no Brasil e nos países que adotam o idioma português, exceto na grafia de palavras estrangeiras e suas derivadas, a exemplo de Bündchen, Müller, mülleriano.
Veja estes exemplos:
conseqüência - agora é consequência.
qüinqüênio - agora é quinquênio.
seqüela -  agora é sequela.
agüentar - agora é aguentar.
argüir   - agora é arguir.
bilíngüe   - agora é bilíngue.
cinqüenta   - agora é cinquenta.
delinqüente   - agora é delinquente.
eqüestre   - agora é equestre.
lingüiça   - agora é linguiça.
seqüestro   - agora é sequestro.
tranqüilo   - agora é tranquilo.
Observe o leitor que a pronúncia se mantém; só o sinal do trema é que caiu.

*

Vez por outra ouvimos nos programas de rádio locutores e jornalistas pronunciando de forma errônea a palavra gratuito. É comum ouvirmos, então, gratuíto, com acento tônico na letra “i”.
Gratuito deve ser assim pronunciado: gra-túi-to, e não gra-tu-í-to.
O equívoco é semelhante ao que ocorre, no meio espírita, com a palavra fluido, que deve ser assim pronunciada: flúi-do, e não flu-í-do.


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Que falta tão grave Adão e Eva cometeram?


Um leitor pergunta-nos como a doutrina espírita vê o episódio que, segundo o relato bíblico, teria causado a expulsão de Adão e Eva do paraíso e a punição de todos os seus descendentes.
Com efeito, se a falta cometida pelo casal consistiu realmente em ter comido um simples fruto, não poderia, dada a sua natureza quase pueril, justificar o rigor com que foi punida.
Em sua última obra – A Gênese, cap. XII – Allan Kardec analisou essa questão que é, sem dúvida, em face de suas consequências, muito importante para os seguidores do Cristianismo. O que veremos nestas explicações é baseado, em linhas gerais, no texto escrito pelo Codificador do Espiritismo.
Em primeiro lugar, registre-se que nem o crime cometido por Caim foi tratado tão severamente pelo Criador, o que dá ao episódio uma gravidade bem maior que, no entanto, nenhum teólogo até hoje foi capaz de explicar, porquanto, apegados à letra, os estudiosos da Bíblia têm girado dentro de um mesmo círculo vicioso.
Segundo os ensinos trazidos pelo Espiritismo, sabe-se hoje que a falta de Adão e Eva não foi um ato isolado, pessoal, de um indivíduo, mas exprime, sob um único fato alegórico, o conjunto das prevaricações de que a Humanidade da Terra, ainda imperfeita, pode tornar-se culpada, as quais se resumem nisto: infração da lei de Deus. A falta do primeiro homem, simbolizando este a Humanidade, tem, assim, por símbolo um ato de desobediência.
Ressalte-se, porém, que se as almas de Adão e Eva tivessem vindo do nada, como ensina a teologia católica, haviam eles de ser bisonhos em todas as coisas e, portanto, ignorariam o que é morrer, porque jamais haviam assistido à morte de uma pessoa, e não entenderiam o que significava “parir com dor”, visto que, tendo acabado de surgir para a vida, Eva jamais tivera filhos.
Contudo, o que constitui para a Teologia um beco sem saída o Espiritismo explica sem dificuldade, e de maneira racional, pela anterioridade da alma e pela pluralidade das existências, lei sem a qual tudo é mistério e anomalia na vida do homem.  
Admitamos, pois, que Adão e Eva já tivessem vivido e tudo se justifica: Deus não lhes fala como a crianças, mas como a seres em condições de o compreender e que, de fato, o compreendem, prova evidente de que ambos traziam aquisições anteriormente realizadas.  Não nos esqueçamos de que, segundo a Bíblia, Abel e Caim tinham habilidades especiais, tanto que, ao sair do convívio dos pais, Caim casou-se e construiu uma cidade, em homenagem a seu primeiro filho.
Consideremos, ainda, que Adão e Eva tenham vivido em um mundo mais adiantado e menos material do que o nosso, onde o trabalho do Espírito substituía o do corpo; que, por se haverem rebelado contra a lei de Deus, figurada na desobediência, tenham sido afastados de lá e exilados, por punição, para a Terra, onde o homem, pela natureza do globo, é constrangido a um trabalho corporal, e reconheceremos que a Deus assistia razão para lhes dizer: «No mundo onde, daqui em diante, ides viver, cultivareis a terra e dela tirareis o alimento com o suor da vossa fronte» e, à mulher: «Parirás com dor», porque tal é a condição do mundo em que eles teriam agora de viver.
O paraíso terrestre, cujos vestígios têm sido inutilmente procurados na Terra, era, por conseguinte, a figura do mundo ditoso, onde vivera Adão, ou, antes, o grupo de Espíritos que ele personifica. A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram reencarnar entre os habitantes do mundo terráqueo, um fato que anos depois seria explicado, em minúcias, por Emmanuel na obra A Caminho da Luz, psicografada pelo médium Chico Xavier.
A obra A Caminho da Luz foi objeto de estudo metódico e sequencial nas edições 194 a 207 da revista O Consolador. Eis o link que permite ao leitor acessar a primeira parte do mencionado estudo, publicada na edição 194: http://www.oconsolador.com.br/ano4/194/classicosdoespiritismo.html

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os pensamentos têm peso próprio e podem adensar ou sutilizar a alma


Realizamos nesta noite mais uma de nossas reuniões de estudo da obra Nos Domínios da Mediunidade, de autoria de André Luiz (Espírito), psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Como de hábito, três foram as questões examinadas nesta noite.
Ei-las:
1. Um Espírito em sofrimento pode refletir no médium as impressões que o atormentam?
2. Quando o benfeitor espiritual pousou a destra na fronte do dirigente encarnado, mostrou-se mais humanizado e quase obscuro. Por quê?
3. Nossos pensamentos podem apresentar natureza diferenciada e peso próprio?
Depois de ligeiro debate em torno das questões acima, foram apresentadas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e estudo do texto que deu base à temática da noite.
Eis, de forma sintetizada, as respostas dadas às questões mencionadas:
1. Um Espírito em sofrimento pode refletir no médium as impressões que o atormentam?
Sim. André Luiz observou no recinto um Espírito que exibia o braço direito paralítico e ressecado. Tocando-lhe a fronte, de leve, registrou-lhe a angústia. Fora ele musculoso estivador no cais, alcoólatra inveterado que, certa feita, de volta a casa, esbofe­teou o próprio pai, porque este lhe censurara o procedimento. Incapaz de re­vidar, o ancião, cuspinhando sangue, praguejou, sem piedade: "Infame! o teu braço cruel será transformado em galho seco... Maldito sejas!" Ouvindo essas palavras que se fizeram seguidas por terrível jacto de força hipnotizante, o mísero tornou à via pública, sugestio­nado pela maldição recebida, e voltou a beber para esquecer. Mais tarde, foi vi­timado num desastre de bonde, no qual veio a perder o braço. Sobrevi­veu ainda por alguns anos, coagulando no próprio pensa­mento a ideia de que a expressão paternal tivera a força de uma ordem vingativa a se lhe implantar no fundo d'alma, e, por isso, ao desen­carnar, recuperara o membro antes mutilado a pender-lhe, porém, resse­cado e inerte, no corpo pe­rispiritual. O Assistente Aulus, aproxi­mando-se, comentou: "É um caso de reajuste difícil, reclamando tempo e tolerância. Nosso amigo traz a mente subjugada pelo remorso com que ambientou nele mesmo a maldição recebida. Exige muito carinho para re­fazer-se". E explicou que, se aquele enfermo se utilizasse de um mé­dium, para o intercâmbio espiritual, refletiria no instrumento passivo as impressões que o pos­suíam, "nos processos de imanização em que se baseiam os serviços de intercâmbio". (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 4, pp. 42 e 43.) 
2. Quando o benfeitor espiritual pousou a destra na fronte do dirigente encarnado, mostrou-se mais humanizado e quase obscuro. Por quê?
Aulus, referindo-se ao benfeitor espiritual Clementino, esclareceu: "O benfeitor es­piritual que ora nos dirige afigura-se-nos mais pesado porque amorte­ceu o ele­vado tom vibratório em que respira habitualmente, descendo à posição de Raul, tanto quanto lhe é possível, para benefício do tra­balho come­çante. Influencia agora a vida cerebral do condutor da casa, à maneira dum musicista emérito manobrando, respeitoso, um violino de alto va­lor, do qual conhece a firmeza e a harmonia". Apesar da redução vibratória, André notou que a cabeça venerável de Clementino emitia raios fulgurantes, ao mesmo tempo que o cérebro de Raul, o dirigente encarnado, sob a ação do benfeitor, se nim­bava de luminosidade intensa, embora diversa. (Obra citada, cap. 5, pp. 45 e 46.) 
3. Nossos pensamentos podem apresentar natureza diferenciada e peso próprio?
Sim. Da mesma forma que a lâmpada arroja de si mesma os fotônios, que são elementos vivos da Natureza a vibrarem no "espaço físico", nossa alma lança fora de si os princípios espirituais, condensados na força ponderável e múltipla do pensamento, princípios esses com que influímos no "espaço mental". O pensamento não escapa às realidades do mundo corpuscular. Pensamentos de crueldade, re­volta, tristeza, amor, esperança ou alegria têm natureza diferen­ciada, com característicos e pesos próprios, adensando a alma ou suti­lizando-a, além de lhe definirem as qualidades magnéticas. A onda mental possui determinados coeficientes de força na concentração silenciosa, no verbo exteriorizado ou na palavra escrita.  (Obra citada, cap. 5, pp. 47 a 49.) 

*
Na próxima terça publicaremos neste Blog o resumo do que houver sido estudado na reunião, a fim de que os interessados possam acompanhar pari passu o desenvolvimento da matéria.
As reuniões de estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade realizam-se no Centro Espírita Nosso Lar, situado na Rua Santa Catarina, 429, em Londrina, às terças e quintas-feiras.


domingo, 19 de agosto de 2012

Os clones têm alma?


Um confrade de Portugal perguntou-nos oportunamente se os clones têm alma.
A resposta é afirmativa. Os clones têm, sim, alma, visto que, se não fossem dotados de alma, não chegariam a viver.
O assunto é tratado por Kardec na questão 356 d´O Livro dos Espíritos, que adiante reproduzimos:
356. Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos? 
“Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças então só vêm por seus pais.”
a) Pode chegar a termo de nascimento um ser dessa natureza?
“Algumas vezes; mas não vive.”
b) Segue-se daí que toda criança que vive após o nascimento tem forçosamente encarnado em si um Espírito?
“Que seria ela, sé assim não acontecesse? Não seria um ser humano.”

*

É preciso entender que o entendimento acima se aplica aos animais superiores, como a célebre ovelhinha Dolly, cuja história comoveu cientistas e leigos.
No mesmo sentido é a opinião de uma especialista no assunto, nossa confreira Carmem Lúcia Sartori Rocha, doutora em Genética, docente na Universidade Estadual de Maringá, conforme entrevista publicada na edição 7 da revista “O Consolador”, que o leitor pode ler acessando este link: http://www.oconsolador.com.br/7/entrevista.html.
De forma resumida, podemos, assim, afirmar que todo e qualquer clone, seja de um homem, seja de um animal superior, havendo sobrevivido ao nascimento, é indubitavelmente dotado de alma, visto que a vida fora do ventre materno depende do perispírito, envoltório fluídico da alma, que Paulo de Tarso chamava de corpo espiritual e André Luiz designa como psicossoma ou campo psicossomático.
Em seu livro Evolução em Dois Mundos, 2ª parte, cap. XV, págs. 201 a 203, André Luiz informa que o veículo de manifestação do ser encarnado pode ser dividido em duas partes essenciais: o hemisfério visível ou campo somático e o hemisfério invisível, ou campo psicossomático.
No campo somático, temos o comboio fisiológico tangível – o corpo físico.
No campo psicossomático, encontramos o perispírito, ou corpo espiritual, que preside a todas as formações do cosmo físico.
Verifica-se, portanto, que o perispírito ou corpo espiritual não é um simples envoltório da alma, mas participante ativo na tarefa de manutenção da vida do corpo físico, fato que torna imprescindível sua presença nos seres vivos.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O dízimo e o Evangelho


Um confrade do Rio de Janeiro pergunta-nos se, de acordo com o Evangelho, o dízimo em dinheiro é obrigatório e qual é nossa visão a respeito.
Instituído legalmente no Antigo Testamento, o dízimo recebeu em o Novo Testamento poucas referências. As mais importantes estão em Mateus (23:23), Lucas (11:42 e 18:12) e na epístola de Paulo aos Hebreus.
O texto contido em Mateus (23:23) reproduz estas palavras de Jesus:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”
Em Lucas (11:42), a advertência atribuída a Jesus é quase idêntica: “Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas”.
Em sua epístola ao Hebreus, Paulo diz: “Os filhos de Levi, revestidos do sacerdócio, na qualidade de filhos de Abraão, têm por missão receber o dízimo legal do povo, isto é, de seus irmãos” (Hebreus, 7:5).
Percebe-se, desse modo, que, ao menos indiretamente, o dízimo foi reconhecido como legítimo por Jesus. Na Doutrina Espírita, porém, ao que nos consta, nada existe sobre o assunto, embora a manutenção dos centros espíritas constitua uma obrigação de todos os que deles participam, como qualquer associação de pessoas, que é a forma tradicional de organização das casas espíritas.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O centro espírita e a assistência social


Arthur Bernardes de Oliveira
De Guarani-MG

Almiro, aviador desencarnado em acidente de aeronave que ele pilotava, substituindo o colega Dutra, em mensagem dirigida à esposa Alda em 1º de junho de 1962, através da psicografia de Chico Xavier, tenta consolá-la no seu desespero e, sentindo-a propensa ao trabalho na área da mediunidade, dá-lhe um conselho que serve para todos: “Você recolherá muitas alegrias novas no cultivo da mediunidade, mas comece, não pelos fenômenos, e sim pelo serviço ao próximo”.
E lhe fez, logo a seguir, um pedido: “Não me procure na legenda do cemitério. Quando você quiser comprar enfeites para o pequeno recanto de terra em que supõe lembrar-me com ternura, compre alimento para as criancinhas que choram”.
Indagado pelo Dr. Elias Barbosa sobre o empenho dos Espíritos superiores em nos conduzir, tanto quanto possível, para as obras de assistência social, Chico Xavier respondeu:
– “Emmanuel, Dr. Bezerra de Menezes, Batuíra, André Luiz e outros instrutores da espiritualidade nos dizem sempre que o Espiritismo, sem trabalho de auxílio aos semelhantes, deixa de ser o cristianismo redivivo que é, e deve ser, para ficar isolado em teorias e afirmações estanques.” E acrescenta: “Concomitantemente com a assistência social, os benfeitores da vida maior nos recomendam estudar sempre, porque, sem estudo,  não saberemos raciocinar e sem raciocinar, com segurança, não saberemos discernir. Emmanuel reafirma sempre que devemos estudar e servir em qualquer idade ou situação”.
Drausio Rosin, desencarnado jovem, em doloroso acidente de carro, dirigindo-se aos pais em mensagem que Chico Xavier psicografou, em 17/10/1960, faz apelo que se repete em quase todas as cartas que os jovens desencarnados remetem a seus familiares:
– “Papai, há milhares de crianças e rapazes na penúria, necessitando de pais e mães tão carinhosos e tão bons quanto o senhor e mamãe. Aqui estamos aprendendo que a maior felicidade consiste em fazer a felicidade dos outros”.
As casas espíritas, os centros espíritas, o cidadão espírita têm que se envolver na importante tarefa de ajuda ao próximo.
Espiritismo é compromisso com a solidariedade; é a presença constante na vida do companheiro que sofre.
Como bem nos lembra um Espírito familiar, em mensagem recebida, em Paris, em 1850, e acolhida por Kardec no capítulo X de “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “Deus permite que haja órfãos para exortar-nos a servir-lhes de pais”.   


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Os santuários ficam repletos de almas necessitadas


Como fazemos às terças-feiras, apresentamos um resumo das matérias que estudamos hoje relativamente ao livro Nos Domínios da Mediunidade, de autoria de André Luiz (Espírito), psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Três foram as questões examinadas nesta noite.
Ei-las:
1. Que pode ocorrer a um médium que abandone a disciplina moral recomendável?
2. A que podemos comparar as pessoas que não prestam atenção aos ensinamentos recebidos?
3. Os desencarnados costumam frequentar os santuários em geral?
Na sequência, de forma sintetizada, as respostas dadas às questões citadas:
1. Que pode ocorrer a um médium que abandone a disciplina moral recomendável?
Referindo-se à médium Celina, Aulus disse que ela, tanto quanto nós, não possuía ainda plena quitação com o passado. Se ela, pois, abandonasse a disciplina a que somos constrangidos para manter a boa forma na recepção da luz, rendendo-se às sugestões da vaidade ou do desânimo, decerto sofreria o assédio de elementos destrutivos que lhe perturbariam a nobre experiência atual de subida. E advertiu: "Muitos médiuns se arrojam a prejuízos dessa ordem. Depois de ensaios promissores e começo brilhante, acreditam-se donos de recursos espirituais que lhes não pertencem ou temem as aflições prolongadas da marcha e recolhem-se à inutilidade, descendo de nível moral ou conchegando-se a improdutivo repouso, porquanto retomam inevitavelmente a cultura dos impulsos pri­mitivos que o trabalho incessante no bem os induziria a olvidar". (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 3, págs. 34 a 36.) 
2. A que podemos comparar as pessoas que não prestam atenção aos ensinamentos recebidos?
Tais pessoas – diz Aulus – assemelham-se a urnas cerradas. Impermeáveis ao bom aviso, elas continuam inacessíveis à mudança necessária. Ele explicou que o mesmo fenômeno se repete em outros templos de diferentes denominações reli­giosas. "A palavra desempenha significativo papel nas construções do espírito. Sermões e conferências de sacerdotes e doutrinadores, em va­riados setores da fé, sempre que inspirados no Infinito Bem, guardam o objetivo da elevação moral." (Obra citada, cap. 4, págs. 37 a 39.) 
3. Os desencarnados costumam frequentar os santuários em geral?
Sim. Todos eles, em seus atos públicos, estão repletos de almas necessitadas que a eles comparecem, sem o veículo denso, sequiosas de reconforto. Os exposito­res da boa palavra podem ser comparados a técnicos eletricistas, des­ligando tomadas mentais, através dos princípios libertadores que dis­tribuem na esfera do pensamento. (Obra citada, cap. 4, págs. 39 e 40.)

*
Na próxima terça publicaremos neste Blog o resumo do que houver sido estudado, a fim de que os interessados possam acompanhar pari passu o desenvolvimento da matéria.
As reuniões de estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade realizam-se em dois horários e com turmas distintas: terça-feira (18h30) e quinta-feira (14h30), nas dependências do Centro Espírita Nosso Lar, situado na Rua Santa Catarina, 429, em Londrina.


domingo, 12 de agosto de 2012

A fé sem obras é morta


Um jovem pertencente às hostes evangélicas disse, maravilhado, a um amigo ter aprendido com o pastor de sua igreja que, conforme ensina Tiago em sua epístola famosa, “a fé sem obras é morta”, embora a admissão do pensamento contido nessa frase não signifique diminuição da importância da fé na vida de todos nós.
Como se sabe, a carta de Tiago foi até bem pouco tempo relegada pelos protestantes a plano secundário, sobretudo depois que Martinho Lutero a chamou pejorativamente de “epístola de palha”, em razão de sua “pobre doutrina dogmática”. É provável que esteja nesse fato a razão pela qual as religiões protestantes em geral, incluindo aí as igrejas evangélicas, não dão às obras e à caridade material a ênfase que elas merecem.
A receptividade do jovem evangélico à lição de Tiago e a honestidade intelectual do pastor são, pois, surpreendentes, conquanto devessem constituir a regra de conduta de todos aqueles que se valem das Escrituras para abonar o que pregam e aconselham.
Por que dizemos isto?
A resposta é simples. A epístola firmada por Tiago é, dentre todas as cartas apostólicas, a que mais ampla fundamentação encontra em o Novo e no Antigo Testamento, como podemos conferir nos textos bíblicos que se seguem:
Isaías, 1:16 a 1:31
Isaías, 58:1 a 58:14
Zacarias, 7:1 a  7:14
Eclesiástico, 7:21 a 7:40
Mateus, 7:21-23 e 7:24-27
Mateus, 22:35 a 40
Mateus, 25:31 a 46
Lucas, 10:25 a 37
Paulo, 1a Epístola aos Coríntios, 13:1-13
Paulo, 2Epístola aos Coríntios, 5:10 e
Pedro, 1a Epístola, 4:8.
    Não foi, pois, sem razão que, reportando-se ao tema da caridade, Allan Kardec firmou na doutrina espírita os quatro princípios seguintes que devem ou deveriam nortear os passos de todo aquele que deseje fazer mais frutífera sua passagem por este globo:
·  Não basta abster-se de praticar o mal; é preciso fazer todo o bem que esteja ao nosso alcance. (O Livro dos Espíritos, 642.)
·   Só o bem é que assegura nossa sorte futura. (L.E., 982.)
·   Reconhece-se o cristão por suas obras. (O Evangelho   segundo o Espiritismo, cap. 18:16.)
·   Fora da caridade não há salvação. (E.S.E., cap. 15:5 e 15:10.)



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pílulas gramaticais (14)



O emprego da vírgula e das aspas constitui, não raro, uma dificuldade para quem escreve.
Diz-se comumente que a vírgula indica pequena pausa. A recíproca: “Havendo pausa, há vírgula” não é, porém, verdadeira, como bem acentuava, ao tratar do assunto, o saudoso professor Napoleão Mendes de Almeida.
Observe o leitor esta oração:
“Iremos levar a encomenda a Curitiba amanhã de manhã”.
Como os termos da oração – sujeito, predicado, objeto direto etc. – estão postos na ordem direta, não existe nela necessidade nenhuma de vírgula, o que seria diferente caso houvesse inversão ou intercalação dos termos.
Vejamos:
“Iremos (amanhã de manhã) levar a encomenda a Curitiba”.
A vírgula neste caso se impõe, fazendo a função dos parênteses, e a oração ficará assim redigida:
“Iremos, amanhã de manhã, levar a encomenda a Curitiba”.
Vê-se, assim, que uma das funções da vírgula é indicar na oração a intercalação dos termos.
*
Chamadas de comas ou vírgulas dobradas, as aspas são usadas no início e no fim das citações, para distingui-las da parte restante do texto.
Exemplo:
Allan Kardec disse: “Fora da caridade não há salvação”.
Quando em um mesmo texto colocado entre aspas houver necessidade de novas aspas, estas serão simples – isto é, não dobradas –, conforme o exemplo seguinte:
    Eis o que meu velho professor dizia: “Filhos, não se esqueçam de que no templo de Delfos alguém escrevera: ‘Conhece-te a ti mesmo… e conhecerás o Universo e os deuses’, frase que é, em verdade, um verdadeiro tesouro se for por nós bem compreendida”.




quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Fraternidade!

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” – Jesus. (Jo, 13:35.)


Gebaldo José de Sousa 
De Goiânia-GO


Belas canções fazem bem à nossa alma e grandes exemplos, às nossas vidas!
Quando artistas geniais – intérpretes e também músicos – unem não apenas suas vozes, seu amor à Arte, mas compartilham, anonimamente, o Amor à família humana, deixam-nos, em rastros de luz, de harmonia, de entendimento, exemplos a seguir e a serem amplamente divulgados.
É o caso de Louis Armstrong e Danny Kaye, cujas vozes podem ser apreciadas clicando-se neste link: http://www.youtube.com/watch?v=OY1WC6QY_bM
Desconhecia esse lado bom de ambos: o de cultivarem a fraternidade legítima!
Isso, até receber e-mail de nobre amigo maçom – conto inúmeros deles, entre os que me honram com sua generosidade, embora eu mesmo não o seja –, com as informações abaixo, que reescrevi:
Louis Armstrong (Nova Orleans - 04.08.1901 – Nova Iorque – 06.07.1971) foi um grande Maçom.
Para surpresa de muitos, milhares de brancos e negros assistiam a seus shows, prestigiando o gênio Louis Armstrong – na época do racismo rígido nos Estados Unidos, em que ambas as raças não se entendiam.
Somente cinquenta e sete anos depois foram divulgados os motivos desse carinho: eram todos maçons e a Maçonaria os fez irmãos, superando os preconceitos reinantes.
Nada surpreendente, numa Instituição que leva seus membros a vivenciar o lema: "Se te perguntarem quantos sois vós?” A resposta é muito simples: “Somos um só...”

*

O que talvez a maioria também não saiba é que Danny Kaye, ator, cantor, dançarino e comediante (Nova Iorque – 18.01.1913 – Los Angeles – 03.03.1987), ganhou milhões de dólares e morreu praticamente sem um tostão.
Fazia shows milionários e dividia a renda com parentes, amigos, além de ajudar muitos colegas que ficaram na miséria, distribuindo o resto por instituições assistenciais.
Foi além de ator e cantor, excelente intérprete de jazz e clarinetista, tocando quase somente para os amigos.
Quando faleceu deixou a casa, dois carros e dois telefones. Em seu nome não havia nada nos bancos, mas ele mesmo dizia: Fui e sou feliz assim!
Parabéns Irmão Danny Kaye!
No ano 2000 a UNESCO o considerou Cidadão do Mundo.
Artistas exemplares, que honram toda a Humanidade!

*

Não integro a família Maçônica – repito – mas a respeito e aqueles que a ela pertencem e a honram com suas condutas, suas ações, seu amor ao semelhante e à Pátria!
Porque sei o que é fraternidade; o valor das 'dádivas' anônimas, ainda que pequeninas, ofertadas ao longo da vida.
Sei do alívio ao faminto de pão ou de luz, pelas mãos que se estendem para amparar os desvalidos; ou para enlaçar os famintos de calor humano, ou de uma boa palavra; de um gesto de carinho.
Por isso, conto pequenas histórias. E esta será uma delas.
*

Eis, pois, belíssimas lições de fraternidade – que merecem divulgadas, seguidas e lembradas pelos tempos afora: até que exemplos assim sejam vivenciados por toda a família humana, independentemente de quaisquer credos, raças, condição social e ou diversas outras circunstâncias que aproximam uns, excluindo os demais, que não sejam da mesma tribo!
Apreciem-nas!
Sintam a alegria, os talentos, a espontaneidade e a harmonia sem par não só de sua canção, mas das canções de amor que foram suas vidas, iniciadas na penúria, que souberam superar com renúncias, muito trabalho e heroísmo!
Belas vidas! Belíssimos espetáculos!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Os pensamentos que emitimos são mensuráveis


Continuamos – como temos feito às terças-feiras – a apresentar aqui um resumo das matérias que temos estudado semanalmente com relação ao livro Nos Domínios da Mediunidade, de autoria de André Luiz (Espírito), psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Três foram as questões examinadas na reunião realizada nesta noite.
Ei-las:
1. Os princípios mentais podem ser mensurados?
2. O que uma ficha psicoscópica pode revelar?
3. Que é que no cérebro humano brilhava como um pequenino sol?
A seguir, de forma sintetizada, eis as respostas às questões citadas:
1. Os princípios mentais podem ser mensurados?
Sim. Com o uso do psicoscópio, podem ser detectadas pelos Benfeitores Espirituais as emanações fluídi­cas de bondade e compreensão, fé e bom ânimo da criatura humana.
"Os princípios mentais – diz Aulus – são mensuráveis e merecerão no porvir excepcionais atenções, entre os homens, qual acontece na atualidade com os fotô­nios, estudados pelos cientistas que se empenham em decifrar a consti­tuição específica da luz." (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 3, págs. 31 e 32.) 
2. O que uma ficha psicoscópica pode revelar?
Segundo Aulus, uma ficha psicoscópica é capaz de determinar a natureza de nossos pensamentos e, por meio de se­melhante auscultação, permite aos Benfeitores ajui­zar dos nossos méritos ou das nossas necessidades. (Obra citada, cap. 3, págs. 32 e 33.) 
3. Que é que no cérebro humano brilhava como um pequenino sol?
A glândula pineal, ou epífise, é que brilhava como um diminuto sol azulado.
Examinando o cérebro da médium, André Luiz pôde verificar os feixes de associação entre as células corticais vibrando com a passagem do fluxo magnético do pensamento. Aulus disse-lhe, então: "Recordemos que o deli­cado aparelho encefálico reúne milhões de células, que desempenham funções particulares, quais sejam as dos trabalhadores em fila hierár­quica, na harmoniosa estrutura de um Estado".
E explicou que a alma encarnada possui no cérebro físico os centros espe­ciais que governam a cabeça, o rosto, os olhos, os ouvidos e os mem­bros, em conjunto com os centros da fala, da linguagem, da visão, da audição, da memória, da escrita, do paladar, da deglutição, do tato, do olfato, do registro de calor e frio, da dor, do equilíbrio muscu­lar, da comunhão com os valores internos da mente, da ligação com o mundo exterior, da imaginação, do gosto estético, dos variados estímu­los artísticos e tantos outros quantas sejam as aquisições da expe­riência entesouradas pelo ser em sua caminhada evolutiva. (Obra citada, cap. 3, págs. 33 e 34.) 

*

Na próxima terça-feira divulgaremos neste Blog o assunto que houver sido estudado, para que os interessados possam acompanhar pari passu o desenvolvimento da matéria.
O estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade é realizado em duas turmas distintas, na terça-feira (18h30) e na quinta-feira (14h30), nas dependências do Centro Espírita Nosso Lar, situado na Rua Santa Catarina, 429, em Londrina.


domingo, 5 de agosto de 2012

Que é preciso para o Brasil se tornar um país sério?


A propósito de mais uma crise que redundou, no final de julho, no impeachment do prefeito de Londrina, veio-nos à mente uma interessante mensagem que nos foi enviada, tempos atrás, por um leitor.
Diz a mensagem: “A classe política brasileira é reconhecidamente corrupta e incompetente. Apenas alguns nomes do cenário político estão livres de processos judiciais. De qualquer maneira, tais senhores foram eleitos de modo democrático, através do voto popular. Sistematicamente escolhemos péssimos representantes e, durante o mandato, somos bombardeados por ações abjetas, incompatíveis com homens de bem. Pergunto: Nossos políticos não são apenas o reflexo lamentável de nossa população estúpida e despreparada? Serão necessários vários anos, para que nos tornemos um país sério, conforme afirmou o ex-presidente da França, o general de Gaulle?”
Em resposta às perguntas acima formuladas, devemos lembrar inicialmente que o atraso moral não constitui apanágio apenas do nosso país, mas é o padrão do mundo em que vivemos, onde o mal e seus derivados reinam soberanamente na forma de guerras, corrupção, iniquidade, violência, desigualdades sociais e injustiças, que se verificam em todos os continentes e não apenas em alguns poucos lugares.
Em 1948, ano em que escreveu o livro “Voltei”, psicografado por Chico Xavier, Frederico Figner transmitiu-nos uma informação importante, a saber: mais da metade dos habitantes deste planeta seria constituída por Espíritos semicivilizados ou bárbaros e apenas 30% da população global se constituiria de pessoas aptas à espiritualidade superior. Em poucas palavras: o contingente que habita a Terra é efetivamente muito atrasado e se encontra imensamente distante da angelitude, que é o que caracteriza os seres que chegaram à meta para a qual fomos criados.
O que se verifica em Londrina, Curitiba ou Brasília é parecido com o que vem ocorrendo nos principais países do planeta. A diferença está em que, por uma série de fatores, a impunidade constitui aqui a regra, enquanto que em outros lugares o governante corrupto é levado a prestar contas à Justiça.
Em face disso, as respostas às perguntas formuladas pelo leitor podem ser assim redigidas:
1ª - Os políticos que elegemos são, sim, o reflexo lamentável da população que os elegeu. A cada eleição, ainda que mudem os eleitos, o problema continua, porque a fonte de onde emanam é a mesma.
2ª - Para que o Brasil se torne um país sério muitas coisas têm de mudar e isso requer tempo, aliás, muito tempo, uma vez que a natureza não dá saltos. Nesse processo, a questão educacional terá de ser preponderante e jamais negligenciada.
Não admira, pois, que a transformação do mundo – tão propalada nestes últimos meses  –  somente ocorrerá depois de muitos séculos de luta, de sofrimento e de trabalho no bem, para que, conforme foi anunciado, a paz, a concórdia e o entendimento se tornem a tônica no mundo que habitamos.

Texto que escrevemos para o editorial da edição de agosto de 2012 do jornal O Imortal.