JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amigo leitor, estive fazendo uma ligeira
pesquisa antes de publicar esta crônica e descobri algo interessante a respeito
da inteligência dos animais, insetos inclusive. Por exemplo, a barata ignora
que é uma barata, pois é tonta que nem um robozinho programado.
Há insetos, porém, que parece nem mesmo estarem
programados pelo instinto de sobrevivência, por vezes, como é o caso da
lagarta. Se você tenta matá-la, nem se mexe do lugar onde está. Experimenta...
Só não toque nela, senão pode se queimar.
Já a barata, não. Tente matá-la, para ver o que
acontece. Ela é capaz de voar e pousar no seu nariz.
Mas ela não sabe que é barata, só cuida de comer
o que puder, fazer sexo, excrementos e fugir das chineladas humanas ou dos
ataques dos galináceos, que, antes de serem comidos por nós, adoram engolir
esses gosmentos insetos...
Avançando um pouco mais, no quesito
inteligência, estão os animais vertebrados e mamíferos em especial. O cavalo
acha que é cavalo, o gato sabe que é gato, o papagaio pensa que é... ser
humano. O cachorro tem certeza disso.
Atualmente, sabe-se que os animais sentem, como
nós, a raiva, a tristeza, a alegria, o dó...
Outro dia, um cão conversava com um gato sob uma
macieira plantada no pomar de sua casa. Tornaram-se amigos, após longa
convivência doméstica, que acabou com a milenar rixa existente entre eles.
Dizia o descendente lupino ao felino:
– O gênero humano é uma besta. Há pouco tempo,
acreditava ser um tipo à parte, na criação divina. Só agora começou a perceber
que nossa diferença é apenas de grau das faculdades mentais e não de tipo.
Ao que acrescentou o gato:
– Podemos até usar as próprias máquinas dos
humanos para uma comparação entre nós e eles, como, por exemplo, o carrinho de
bebê, o velocípede, a bicicleta, o fusquinha, o porche e o carro de fórmula
um...
– Como assim, meu felino amigo?
– O carro de bebê, o velocípede e a bicicleta
somos nós: papagaios, gatos, cachorros... As demais máquinas são eles... No
fim, tudo é máquina...
– Ah, mas aí é que você se engana, gato. Qual
humano é mais potente que o falcão, a águia ou mesmo o corvo? Qual deles é mais
poderoso que o elefante ou o leão? Que homem possui a liberdade de um simples
pardalzinho? Qual deles suplanta, mesmo, em beleza e graça, um mero cuitelinho?
– É verdade, lupino poeta. E ainda acrescento:
qual raça humana é capaz de se camuflar como um camaleão, de sentir o cheiro
das substâncias mais sutis, como vocês, os cães, de perceber a presa a
quilômetros de distância, como os tubarões, de ver um minúsculo peixe, na
superfície de um lago, do alto de dois mil metros, como o albatroz?
Passava pelo local uma criança de nove anos,
poliglota, que falava o animalês, e contestou gato e cão com o seguinte
argumento:
– Ora, meus caros, tudo isso não passa de
instinto natural...
Um chimpanzé, até então escondido entre os
galhos da macieira, após expulsar dali uma víbora, mostrou a cara e contestou o
guri:
– Meu garoto, há muito mais coisas entre o céu e
a terra do que possa imaginar a vossa vã filosofia... Ensinai-me as coisas
práticas que aprendestes, desde o vosso nascimento, e provar-vos-ei que sou
capaz de saber tanto quanto vós... Só não me venhais com lero-lero...
– Você está é com inveja de nós – respondeu-lhe
o piá.
O macaco escondeu seu rosto entre as mãos, mas
não se deu por vencido:
– Sim, pode ser... Mas isso prova apenas que
também somos humanos. Nosso grau de consciência permite-nos ter inveja e
vergonha quando praticamos algo errado. Além disso, está provado,
cientificamente, que é mínima a diferença entre o nosso e o vosso cérebro...
Foi quando pousou no ombro do menino o seu
papagaio, e, já discordando do primata, arremeteu:
– Pois saiba, ó camarada macaco, que sou capaz
de aprender a falar a voz humana, cantar suas músicas e participar de suas
conversas, em especial das piadas. Tudo isso, com um cérebro cem vezes menor
que o de uma criança.
– Muito bem, disse-lhe o símio, mas ainda não
entendi por que os seres humanos brigam tanto para domesticar-vos, junto com
cães e gatos, mas não tentam fazer o mesmo conosco, seus parentes mais
próximos.
– Deixa de ser burro, homem – disse a mulher do
macaco, que estivera, até então, escondida atrás da árvore. Então não vês que
se formos domesticados pelos homens acabaremos nos tornando seus serviçais?
– Desta vez estais certa, concordou o marido, se
formos amansados, eles nos obrigarão a cuidar de seus filhos, cozinhar para
eles e até mesmo educar suas crias. E concluiu filosoficamente:
– Abaixo a escravidão e viva a liberdade!
Ouvindo isso, o gato, o cachorro, o papagaio e
até uma besta que passava por ali deram um só berro, dando vazão a um
sentimento há 13 mil anos reprimido. Foi uma choradeira só...
Apenas o menino sorriu... e tratou de voar de
lá...
(Sobre a inteligência dos animais, clique em: http://super.abril.com.br/ciencia/estudos-mostram-passa-pela-cabeca-animais-623040.shtml
/ Acesso em 2 nov. 2013.)
Visite o blog Jorge, o sonhador: http://www.jojorgeleite.blogspot.com.br/
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