terça-feira, 10 de junho de 2014

Da mesma forma que o ar é para todos


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Percebi, com lágrimas nos olhos, a alegria de alguns animais. Esses sem opção e defesa passaram, quase toda uma existência, confinados, em um local sem luz de ambas as formas. Doaram tudo o que podiam a seu dono, todo o leite de uma vida, restaram apenas a solidão dos dias, a sua exclusão da natureza, do brilho do sol, do vento manso e refrescante, dos pingos de chuva, da energia da vida; isso pelo egoísmo de seu irmão maior, um homem, e agora, pela fraqueza e velhice, eram descartados, conduzidos para o abate a fim de desocuparem o lugar.
No entanto, há sempre a conclusão de ciclos e novos momentos também nascem criando possibilidades novas junto de pessoas, cujo amor já é energia num grau mais elevado; essas pessoas aparecem, encaminhadas, por mãos guiadoras e bondosas para o socorro de irmãos menores e desprotegidos.
E portas são abertas para a luz chegar e iluminar os olhos dos que luz quase não conheciam.
São pequeninos ainda no seu desenvolvimento, mas com a sede da liberdade, sentimento que deveria ser igualitário a todos... no entanto, de acordo com os estágios, um dia será.
E aqueles animais, confinados, bem no término de sua existência ganharam a paz, refrigério para os poucos luares da natureza plena, da tão magnânima oportunidade de vida que contemplariam, mas ainda assim poderiam admirar e viver como criaturas integrantes que são. Eles agora foram comprados por alguns irmãos amorosos para simplesmente se emanciparem pela relva verdinha da liberdade dos dias.
Quando a porteira do confinamento, tristeza do ser que viveu quase toda a sua existência, se abriu, os irmãos menores saíram sem imaginar tudo o que podiam fazer. Pularam como a criança que se aproxima do parque no fim de tarde; alegraram-se como a pessoa que encontra o seu ser amado; celebraram como as flores que recebem a chuva depois de um longo tempo de estiagem; choraram fazendo a lágrima da felicidade apagar a da tristeza de uma vivência quase por completa.
E por receberem essa luz, o que mais se presenciava naquele pasto de recomeço era a expansividade da energia abençoada da vida. E sentiriam o brilho do sol e o refresco da noite; o frio do inverno e a bonança do outono; veriam as flores na primavera e sentiriam o calor vivo do verão.
Pulavam, aqueles lindos e agora pueris animais, por tanto júbilo do momento. Sim, agora terão os prados a correr e poderão, com toda a leveza do contentamento, aproveitar a liberdade do alvorecer até o último raio do sol; do presente até o derradeiro suspiro que será leve, em paz, como poderia ter sido.
A liberdade deveria ser dádiva para todos, homens e animais; no entanto, infelizmente, ainda há a lei do mais forte... que oprime, que coage, que humilha e que priva o seu próximo da leveza de viver livre seja na forma física, emocional ou espiritual.
Quem prejudica também é prejudicado;
quem prende se vê preso;
quem maltrata nunca é bem tratado;
mas quem ama é amado e traz luz aos corações;
quem ajuda é inteiramente amparado;
quem faz o bem também recebe a mesma energia.
A lei é justa em todos os aspectos.
Então, que o amor seja operante favorecendo os melhores frutos para a felicidade e o progresso do mundo. E essa mesma lei é tão clara quando apresenta as opções e oportunidades de no lugar do próximo se posicionar, verificando, assim, que o que fere o próximo pode também nos ferir e o que ao outro beneficia também pode nos trazer o bem.

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