Demos
prosseguimento, ontem à noite, ao estudo do livro Ação e Reação, obra escrita por André Luiz, psicografada pelo
médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita
Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. As
palavras de consolo e carinho ajudam o Espírito torturado pelo remorso?
B. Onde
ficava a região cujas sombras não permitiam saber se era dia ou noite?
C. Os Espíritos
recém-desligados do corpo traziam ainda os sinais das moléstias que lhes haviam
causado a desencarnação?
Texto para leitura
17. O caso Antônio Olímpio – Antônio
Olímpio revelou ali, de forma comovente, a sua triste história: "O fogo
tortura minhalma sem consumi-la... É o remorso, bem sei... Se eu soubesse, não
teria... cometido a falta... entretanto, não pude resistir à ambição... Depois
da morte de meu pai... vi-me obrigado... a partilhar nossa grande fazenda com
meus dois irmãos mais novos... Clarindo e Leonel... Trazia, porém, a cabeça...
dominada de planos... Pretendia converter a propriedade... que eu
administrava... em larga fonte de renda, contudo... a partilha me estorvava...
Notei que os manos... tinham ideias diferentes das minhas... e comecei a
maquinar o projeto que acabei... executando..." (Uma crise de soluços
embargou-lhe a voz, mas Druso, amparando-o magneticamente, insistiu para que
continuasse.) "Admiti – prosseguiu
a Entidade enferma – que somente poderia
ser feliz, aniquilando meus irmãos e... quando o inventário estava prestes a
decidir-se, convidei-os a passear comigo... de barco... inspecionando grande
lago de nosso sítio... Antes, porém, dei-lhes a beber um licor entorpecente...
Calculei o tempo que a droga reclamaria para um efeito seguro e... quando a
nossa conversação ia acesa... percebendo-lhes os sinais de fadiga... num gesto
deliberado desequilibrei a embarcação, em conhecido trecho... onde as águas
eram mais fundas... Ah! que calamidade inesquecível!... Ainda agora, escuto-lhes
os brados arrepiantes de horror, implorando socorro... mas... de nervos
dormentes... a breves minutos... encontraram a morte... Nadei de consciência
pesada, mas firme em meus aloucados propósitos... abordando a praia e clamando
por auxílio... Com atitudes estudadas, pintei um imaginário acidente... Foi
assim que me apossei da fazenda inteira, legando-a, mais tarde, a Luís... o meu
filho único... Fui um homem rico e tido por honesto... O dinheiro granjeou-me
considerações sociais e privilégios públicos que a política distribui com todos
aqueles que se fazem vencedores no mundo... pela sagacidade e pela
inteligência... De quando em quando... recordava meu crime... nuvem constante a
sombrear-me a consciência... mas... em companhia de Alzira... a esposa
inolvidável... procurava distrações e passeios que me tomavam a
atenção..." (Capítulo 3, pp. 43 e 44)
18. Os irmãos se vingam – Olímpio
prosseguiu sua narrativa: "Quando meu filho se fez jovem... minha mulher
adoeceu gravemente... e da febre que a devorou por muitas semanas... passou à
loucura... com a qual se afogou no lago... numa noite de horror. Viúvo...
perguntava a mim mesmo se não estava sendo joguete... do fantasma de minhas
vítimas... entretanto... temia todas as referências em torno da morte... e
busquei simplesmente gozar a fortuna que era bem minha..." (Fez-se ligeira
pausa.) "Ai de mim, porém!...
– informou a Entidade. – Tão logo cerrei os olhos físicos... diante do
sepulcro... não me valeram as preces pagas... porque meus irmãos que eu supunha
mortos... se fizeram visíveis à minha frente... Transformados em vingadores,
ladearam-me o túmulo... Atiraram-me o crime em rosto... cobriram-me de
impropérios e flagelaram-me sem compaixão... até que... talvez... cansados de
me espancarem... conduziram-me a tenebrosa furna... onde fui reduzido ao
pesadelo em que me encontro... Em meu pensamento... vejo apenas o barco no
crepúsculo sinistro... ouvindo os brados de minhas vítimas... que soluçam e
gargalham estranhamente... Ai de mim!... estou preso à terrível embarcação...
sem que me possa desvencilhar... Quem me fará dormir ou morrer?..."
(Aliviado pela confissão, o doente arrojou-se a enorme apatia.) Druso
enxugou-lhe o pranto e dirigiu-lhe palavras de consolo e carinho, recomendando
ao Assistente recolhê-lo em enfermaria especializada, quando um mensageiro
avisou que uma caravana de recém-desencarnados estava prestes a chegar à
Mansão. (Capítulo 3, pp. 44 e 45)
Respostas às questões propostas
A. As palavras de consolo e carinho ajudam
o Espírito torturado pelo remorso?
Sim, mas não
são capazes de apagar a lembrança dos atos praticados. O caso Antônio Olímpio é
um exemplo expressivo do que realmente ocorre. Seus irmãos, que ele supunha
mortos, se faziam visíveis à sua frente e, mesmo depois dos inúmeros flagelos a
que foi submetido, ele ainda via o barco que usou para matá-los e ouvia seus
brados. “Ai de mim!... estou preso à terrível embarcação... sem que me possa
desvencilhar... Quem me fará dormir ou morrer?..." Estas palavras revelam
o que efetivamente acontece em casos semelhantes. (Ação e Reação, cap. 3, pp.
44 e 45.)
B. Onde ficava a região cujas sombras não
permitiam saber se era dia ou noite?
Segundo André
Luiz, tratava-se de uma região encravada nos domínios do próprio globo
terrestre, submetida, portanto, às mesmas leis que regulam o tempo. Um grande
relógio no pátio em que se encontravam apontava as horas. Ali era aguardado um
grupo de Espíritos recém-desencarnados em desequilíbrio mental que seriam
assistidos por servidores da Mansão Paz. (Obra citada, cap. 4, pp. 47 a 49.)
C. Os Espíritos recém-desligados do corpo
traziam ainda os sinais das moléstias que lhes haviam causado a desencarnação?
Sim, esse
fato é, aliás, bastante comum. Além disso, muitos deles, movidos pelo remorso
dos erros cometidos na existência recém-finda, diziam que não queriam morrer,
suplicando para isso a ajuda dos servidores da Mansão que ali se encontravam.
(Obra citada, cap. 4, pp. 49 e 50.)
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