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quinta-feira, 24 de março de 2016

Pérolas literárias (143)



Velho João

Cornélio Pires

Velho João, agonizas triste e pobre,
Sem que o mundo, sequer, a mão te estenda;
Ninguém te oferta um caldo por merenda,
Nem um trapo de pano que lhe sobre...

Ah! ninguém te agradece ao peito nobre
O cansaço na roça e na moenda;
Morres, lembrando as pompas da fazenda,
No seboso molambo que te encobre.

Percebes, pelos vãos da própria furna,
Flores aos borbotões, na paz noturna,
E abandonas o corpo, a fim de vê-las...

Fitas, em prece, a noite calma e santa
E sobes, velho João, como quem canta
Nos milharais do Céu, plantando estrelas!





Do livro Antologia dos Imortais, obra ditada por Espíritos diversos, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier. 




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