Memórias do
Padre Germano
Amalia Domingo Soler
Parte 9
Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na
21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o
leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas
encontram-se no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Qual foi a consequência imediata do primeiro sermão do
Padre Germano?
B. Decidido a não ficar na aldeia para onde o levaram, que
fez Padre Germano?
C. Que fim teve a mãe do Padre Germano?
D. Que conselho Padre Germano nos dá sobre a vigilância?
E. Nossa conduta pode atrair Espíritos inferiores?
Texto para
leitura
104. No cap. 21 de suas Memórias,
Padre Germano reitera que a Igreja não é mãe, mas madrasta, e que o sacerdote
desejoso de cumprir seu dever é um indivíduo profundamente desgraçado. Se as
paredes dos conventos falassem, revelações horríveis, confissões patéticas
seriam de todos conhecidas, afirma Germano. (P. 220)
105. O amor de Germano pela Igreja era grande. Isto ele
sempre o disse, e foi por amá-la tanto que desejou vê-la despojada de suas
ricas e subversivas vestes e de seus palácios de mármore. Essas e outras ideias
tornadas públicas em sua primeira missa selaram, porém, o seu destino, visto
que logo no dia seguinte o Geral dos Penitentes Negros o procurou e lhe disse:
“Vai-te, foge, uma vez que tua palavra é inspirada pelo inimigo de Deus!”,
acrescentando que, para não dizerem que a Igreja o abandonava, lhe caberia
preencher a vaga de um curato de aldeia. (P. 222)
106. Sobre esse momento difícil de sua vida, anotou Padre
Germano que, antes de seguir para seu destino, sofreu o desterro, a fome e a
calúnia, e, ao chegar o momento de tomar posse de sua pequena igreja, sentiu
frio. Situado num vale rodeado de altíssimas montanhas, constantemente coberto
de espesso nevoeiro, naquele lugarejo a Natureza não falava à alma, nem havia
formosas paisagens que elevassem o Espírito. (PP. 222 e 223)
107. A aldeia continha muitas mulheres formosas desejosas
de confiar ao pároco seus segredos, um encargo insuportável, por apresentar-se
superior às débeis forças do homem. “Se o demônio existisse – conta Padre
Germano –, dir-lhe-ia ter sido ele o inventor da confissão. Falar com uma
mulher, sem peia alguma; saber, um por um, dos seus pensamentos, dos seus mais
íntimos desejos; dominar sua alma; regulamentar seu método de vida e depois...
ficar isolado ou cometer um crime, abusando da confiança, da ignorância de uma
mulher... ou ver passar gozos e alegrias, como visões fantásticas de um sonho,
é impossível!” (P. 223)
108. Decidido a não mais residir naquele lugar, onde
lutavam em plena efervescência as paixões, a ignorância e a mocidade, Padre
Germano, acompanhado de Miguel e Sultão, caminhou dias e dias, parando em
diversas aldeias, sem em parte alguma sentir-se bem, até que encontrou a aldeia
onde passaria todos os anos restantes de sua existência. (P. 224)
109. A paisagem encantadora daquele sítio impressionou
tanto o Padre Germano que, durante largo tempo, permaneceu imerso em extática
meditação, enquanto, em resposta ao seu desejo de ficar, uma voz longínqua lhe
dizia: “Ficarás!”... (P. 225)
110. Conduzido pelas crianças até a aldeia, os habitantes o
receberam com afeto e um ancião lhe disse: “Chegais bem a tempo e com a maior
oportunidade, porque o nosso cura está moribundo e sabe Deus quantos meses, ou
mesmo anos, ficaríamos sem pastor...” Curiosamente, naquela mesma noite o velho
cura deixava a Terra, abrindo a vaga para Germano. (PP. 226 e 227)
111. No cap. 22, Padre Germano narra seu reencontro com sua
mãe, que o abandonara aos cinco anos de idade. Havia oito anos que ele chegara
à aldeia e já formara ali uma grande família, além de transformar a velha
igreja em ninho de amor e de esperança. (P. 230)
112. Uma tarde, quando o Padre Germano estava entregue aos
estudos, Sultão entrou e apoiou sua cabeça nos joelhos do pároco; em seguida,
fitou-o, ladrou lastimoso e cerrou os olhos. Dois meninos que acompanhavam o
cão, ao verem-no piscar os olhos, alternativamente, puseram-se a rir e um deles
disse: “Padre, não entendeis o que vos diz Sultão? É que encontramos uma pobre
cega”. Era a mãe que Germano perdera na infância e nunca mais vira. (PP. 230 e
231)
113. Quando Germano se aproximou, sua mãe gritava
furiosamente, dizendo que queria morrer, porque seus filhos a atormentavam. A
infeliz via os dez filhos, irmãos de Padre Germano, que ela enjeitara,
acrescentando que eles a ameaçavam e se convertiam em répteis que se lhe
enroscavam no corpo. (PP. 232 a 235)
114. Sem lhe revelar a verdade sobre sua pessoa, Padre
Germano a acolheu durante alguns meses em casa de uns aldeães, que a trataram
com o maior carinho; mas, logo que ela se fez forte e saudável, passou a
cometer abusos de toda espécie, inclusive pervertendo jovens e crianças, o que
obrigou Germano a interná-la numa enfermaria de uma associação religiosa, para
tratamento, providência que não se consumou, porquanto, em meio à viagem, ela
se precipitou num desfiladeiro, buscando assim a morte em que tanto pensava.
(PP. 235 a 238)
115. Um ano e meio depois, Germano conheceu a menina pálida
dos cabelos negros, o grande amor da vida de um sacerdote que, em momento
nenhum, se deixou levar pelo ardor da paixão, mas respeitou em todo o tempo os
seus votos. (P. 239)
116. No cap. 23, intitulado “O Último Canto”, Padre Germano
chama atenção especial para a necessidade de vigilância, a fim de não cairmos
sob o jugo de uma influência espiritual negativa. “Permanecei sempre de
sobreaviso; perguntai continuamente a vós mesmos – recomenda Germano – se o que
pensais hoje está de acordo com o que ontem pensáveis; e se desse exame resultar
sensível diferença, acautelai-vos, lembrando que não estais sós, que os
invisíveis vos rodeiam, expostos que vos achais ao seu assédio. Fui fraco uma
vez e asseguro-vos que esse fatal descuido me custou muitas horas de tormento.”
(P. 242)
117. Quando alguém se alegra, sem saber por quê, é que
almas benfazejas o cercam, atraídas por bons pensamentos; ao contrário, quando
alguém se empenha em tudo ver negro, atrai, por sua intemperança, Espíritos
inferiores. (P. 243)
118. Germano narra então como se recusou a orientar e
aconselhar a uma mulher que a ele se dirigiu buscando o amparo da religião. O
pároco não apenas se negou a confortá-la, como ainda a amaldiçoou,
dirigindo-lhe palavras inconcebíveis na boca de um sacerdote equilibrado:
“Fugi, daqui, maldita dos séculos! Fugi daqui, leprosa incurável! Fugi, fugi,
que o Sol se empana para esquivar-se ao vosso contágio!” (PP. 245 e 246)
119. A infeliz mulher, rejeitada nestes termos pelo Padre
Germano, assustada com o tratamento recebido, deu um grito horroroso e fugiu
qual sombra. Germano sentiu então, no mesmo momento, agudíssima dor de coração,
que o fez rolar por terra, ficando dois dias desacordado. E, como consequência
do seu ato invigilante, o remorso tomou sua alma, apesar do consolo recebido
dos paroquianos, de Rodolfo, de Maria e das crianças. (PP. 246 a 248)
120. Dois dias antes de morrer, o Padre disse aos fiéis de
sua igreja: “Meus filhos, quero confessar-me convosco: ouvi-me”. E contou-lhes
seu procedimento com a pecadora, pedindo em seguida que sua velha capa fosse
queimada em praça pública, visto que, se muitos culpados cobrira com ela, com
ela negara abrigo à infeliz que lhe rogara misericórdia. (P. 248)
121. Como a prostração do pároco continuava, Rodolfo teve a
ideia de pedir às crianças da aldeia que cantassem um hino dedicado por Germano
a um velho ancião, falecido fazia algum tempo. Ao ouvir o canto dos petizes,
Germano sentiu um bem-estar indizível e sua mente acalmou-se, desaparecendo as
sombras do terror. Ele viu então o quarto inundado de intensa luz, enquanto
várias Entidades rodeavam seu leito, destacando-se dentre todas a menina pálida
dos cabelos negros, que lhe disse com voz carinhosa: “Escuta, alma boa...
Escuta o último canto que te consagram na Terra... Escuta as vozes dos
pequenitos que dizem: Bendito sejas!” (PP. 248 e 249) (Continua
na próxima edição.)
Respostas às
questões preliminares
A. Qual foi a
consequência imediata do primeiro sermão do Padre Germano?
As ideias tornadas públicas em sua primeira missa selaram
seu destino, visto que logo no dia seguinte o Geral dos Penitentes Negros o
procurou e lhe disse: “Vai-te, foge, uma vez que tua palavra é inspirada pelo
inimigo de Deus!”, acrescentando que, para não dizerem que a Igreja o
abandonava, lhe caberia preencher a vaga de um curato de aldeia. (Memórias do Padre Germano, pp. 222 e
223.)
B. Decidido a
não ficar na aldeia para onde o levaram, que fez Padre Germano?
Primeiro é preciso explicar por que
ele não quis ficar ali. É que, segundo Padre Germano, além do clima péssimo, a
aldeia continha muitas mulheres formosas desejosas de confiar ao pároco seus
segredos, um encargo insuportável, por apresentar-se superior às débeis forças
do homem. “Se o demônio existisse – diz ele – dir-lhe-ia ter sido ele o
inventor da confissão. Falar com uma mulher, sem peia alguma; saber, um por um,
dos seus pensamentos, dos seus mais íntimos desejos; dominar sua alma;
regulamentar seu método de vida e depois... ficar isolado ou cometer um crime,
abusando da confiança, da ignorância de uma mulher... ou ver passar gozos e
alegrias, como visões fantásticas de um sonho, é impossível!” Então, acompanhado
de Miguel e Sultão, ele deixou o lugar e caminhou dias e dias, parando em
diversas aldeias, sem em parte alguma sentir-se bem, até que encontrou a aldeia
onde passaria todos os anos restantes de sua existência. A paisagem encantadora daquele sítio o impressionara
tanto que, durante largo tempo, permaneceu imerso em extática meditação,
enquanto, em resposta ao seu desejo de ficar, uma voz longínqua lhe dizia:
“Ficarás!”. Conduzido pelas crianças até à aldeia, os habitantes o receberam
com afeto e um ancião lhe disse: “Chegais bem a tempo e com a maior
oportunidade, porque o nosso cura está moribundo e sabe Deus quantos meses, ou
mesmo anos, ficaríamos sem pastor...” Curiosamente, naquela mesma noite o velho
cura deixava a Terra, abrindo a vaga para Germano. (Obra citada, pp. 223 a
227.)
C. Que fim teve
a mãe do Padre Germano?
Sem lhe revelar a verdade sobre sua pessoa, Padre Germano
acolheu sua mãe durante alguns meses em casa de uns aldeães, que a trataram com
o maior carinho; mas, logo que ela se fez forte e saudável, passou a cometer
abusos de toda espécie, inclusive pervertendo jovens e crianças, o que obrigou
Germano a interná-la numa enfermaria de uma associação religiosa, para
tratamento. Essa providência, porém, não se consumou, porquanto, em meio à
viagem, ela se precipitou num desfiladeiro, buscando assim a morte em que, nos
últimos dias, tanto pensava. (Obra citada, pp. 232 a 238.)
D. Que conselho
Padre Germano nos dá sobre a vigilância?
No cap. 23 do livro ele chama atenção especial para a
necessidade de vigilância, a fim de não cairmos sob o jugo de uma influência
espiritual negativa. “Permanecei sempre de sobreaviso; perguntai continuamente
a vós mesmos – recomendou Germano – se o que pensais hoje está de acordo com o
que ontem pensáveis; e se desse exame resultar sensível diferença,
acautelai-vos, lembrando que não estais sós, que os invisíveis vos rodeiam,
expostos que vos achais ao seu assédio.” (Obra citada, pág. 242.)
E. Nossa
conduta pode atrair Espíritos inferiores?
Sim. Padre Germano diz que quando alguém se alegra, sem
saber por quê, é que almas benfazejas o cercam, atraídas por bons pensamentos;
ao contrário, quando alguém se empenha em tudo ver negro, atrai, por sua
intemperança, Espíritos inferiores. Certa vez, ele se recusou a orientar e
aconselhar uma mulher que a ele se dirigiu buscando o amparo da religião.
Germano não apenas se negou a confortá-la, como ainda a amaldiçoou,
dirigindo-lhe palavras inconcebíveis na boca de um sacerdote equilibrado. A
infeliz mulher, rejeitada e assustada com o tratamento recebido, deu um grito
horroroso e fugiu qual sombra. Germano sentiu, então, no mesmo momento,
agudíssima dor de coração, que o fez rolar por terra, ficando dois dias
desacordado. E, como consequência de seu ato invigilante, o remorso tomou sua
alma, apesar do consolo recebido dos paroquianos, de Rodolfo, de Maria e das crianças.
(Obra citada, pp. 243 a 248.)
Nota:
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