A Alma é
Imortal
Gabriel Delanne
Parte 4
Continuamos o estudo do clássico A Alma é Imortal, de Gabriel Delanne, conforme tradução de Guillon
Ribeiro, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma
forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Além de admitir a existência dos Espíritos, que
fenômenos espíritas descreve G. Billot, doutor em Medicina, em obra publicada
em 1839, muito antes do advento do Espiritismo?
B. Que informações podemos encontrar na obra Fisiologia do Magnetismo, de Chardel, a
respeito do passe e do êxtase?
C. Por que razão os sonâmbulos são dotados da faculdade de
ver os Espíritos?
Texto para
leitura
31. Na correspondência que manteve com Deleuze, o doutor
Billot afirma sua crença na existência dos Espíritos e admite que os guias
espirituais podem atuar sobre o corpo dos pacientes, pois foi, certa vez,
testemunha de uma sangria que por si mesmo cessou, logo que o sangue saiu em
quantidade suficiente, sem que houvesse necessidade de fazer-se qualquer
ligadura. (Págs. 43 e 44)
32. Nessa correspondência, Deleuze revela, a princípio,
dificuldade em aceitar as ponderações do Dr. Billot, mas, por fim, admite
também ter podido observar pacientes que se achavam em comunicação com as almas
dos mortos. (Pág. 45)
33. O magnetismo, segundo ele, demonstra a espiritualidade
da alma e sua imortalidade, e prova a possibilidade da comunicação das
Inteligências separadas da matéria com as que lhe estão ainda ligadas. Relata
Deleuze: “Uma moça sonâmbula, que perdera o pai, por duas vezes o viu muito
distintamente. Viera dar-lhe conselhos importantes. Depois de lhe elogiar o
proceder, anunciou-lhe que um partido se lhe ia apresentar; que esse partido
pareceria convir e que o rapaz não lhe desagradaria; mas que ela não seria
feliz desposando-o, e, portanto, o recusasse. Acrescentou que, se ela não
aceitasse esse partido, outro logo depois apareceria, devendo achar-se tudo
concluído antes do fim do ano”. Os fatos ocorreram tal como foram preditos pelo
pai da jovem sonâmbula. (Pág. 45)
34. A fim de levar seu amigo a uma crença completa, o Dr.
Billot narrou-lhe alguns fenômenos de trazimento de objetos de que fora
testemunha. Num deles, ocorrido a 17 de outubro de 1820, diz o Dr. Billot que
fora trazida à sessão uma planta - um arbúsculo com flores labiadas e em
espigas - a exalar delicioso perfume. Antes que o transporte se desse, a
sonâmbula informou ter visto uma donzela apresentando-lhe aquela planta, que,
segundo ela, seria útil no tratamento de uma senhora com amaurose presente à
sessão. (Págs. 46 e 47)
35. Por esse testemunho se vê que os fenômenos de
trazimento já eram conhecidos nos começos do século XIX, o que demonstra mais
uma vez a continuidade das manifestações espíritas que constantemente se têm
realizado, mas que o público rejeitava como diabólicas ou considerava
apócrifas. O Dr. Billot mostra ainda, em sua correspondência, que não lhe era
estranho o conhecimento da tiptologia. (Pág. 48)
36. Conta Chardel, autor da obra Fisiologia do Magnetismo, que a sonâmbula Lefrey explicou-lhe certa
vez, após lhe ditar algumas prescrições terapêuticas, que lhe era possível ver
muito bem o que saía do corpo do magnetizador quando este a magnetizava. “A
cada passe que o senhor me dá - disse-lhe a sonâmbula -, vejo sair-lhe das
extremidades dos dedos como que pequenas colunas de uma poeira ígnea, que se
vem incorporar em mim e, quando o senhor me isola, fico por assim dizer envolta
numa atmosfera ardente, formada dessa mesma poeira ígnea.” (Pág. 49)
37. Na sequência, a sonâmbula informou ser-lhe possível
ouvir - sempre que quisesse - ruídos produzidos ao longe e sons emitidos a cem
léguas dali. Eis o que textualmente ela disse: “Não preciso que as coisas
venham a mim; posso ir ter com elas, onde quer que estejam, e apreciá-las com
muito maior exatidão, do que o poderia qualquer outra pessoa que não se
encontre em estado análogo ao meu”. (Pág. 49)
38. Refere ainda Chardel que uma outra sonâmbula costumava
ter, à noite, uma espécie de êxtase, que explicava assim: “Entro, então, num
estado semelhante ao em que o magnetizador me põe e, dilatando-se o meu corpo
pouco a pouco, vejo-o muito distintamente longe de mim, imóvel e frio, como se
estivesse morto. Quanto a mim, assemelho-me a um vapor luminoso e sinto-me a
pensar separada do meu corpo. Nesse estado, compreendo e vejo muito mais coisas
do que no sonambulismo, quando a faculdade de pensar se exerce sem que eu
esteja separada dos meus órgãos. Mas, escoados alguns minutos, um quarto de
hora, no máximo, o vapor luminoso de minha alma se aproxima cada vez mais do
meu corpo, perco os sentidos, cessa o êxtase”. (Págs. 49 e 50)
39. Delanne argumenta que, se as almas desencarnadas podem
comunicar-se entre si, claro é que poderão manifestar-se aos sonâmbulos, quando
estes se acharem mergulhados no sono magnético, ocasião em que - desprendido em
parte do laço fisiológico - a alma se encontra num estado quase idêntico ao em
que um dia se achará permanentemente. (Págs. 50 e 51)
40. Os magnetizadores - esclarece Delanne - se viram, em
sua maioria, obrigados a reconhecer tal fato, como admite o Dr. Bertrand, autor
de Tratado de Sonambulismo, o qual,
falando de uma sonâmbula muito lúcida, disse que a mulher se exprimia sempre
como se um ser distinto, separado dela, lhe houvesse transmitido as noções
extraordinárias que ela manifestava no estado sonambúlico. (Pág. 51)
41. Atesta o Dr. Bertrand, em sua obra referida:
“Verifiquei o mesmo fenômeno na maior parte dos sonâmbulos que tenho observado.
O caso mais vulgar é o em que ao sonâmbulo parece que os acontecimentos que ele
anuncia lhe são revelados por uma voz”. (Pág. 51)
42. O barão du Potet, por longo tempo incrédulo, foi também
constrangido a confessar a verdade. Diz ele ter encontrado de novo, no
magnetismo, a espiritologia antiga e afirma que se pode entrar em contato com
os Espíritos desprendidos da matéria, a ponto de obter-se deles aquilo de que
tenhamos necessidade. (Pág. 51)
43. Delanne adverte, contudo, que devemos preservar-nos com
cuidado de dar crédito às afirmações dos sonâmbulos, salvo quando assentem em
provas absolutas, do gênero das que foram aqui reproduzidas, apresentadas pelo
Dr. Billot. É que, na maior parte das vezes, os pacientes são sugestionados
pelo experimentador e por sua própria imaginação. Carece, pois, de valor
positivo a visão de um Espírito, se não existe certeza absoluta de que não se
trata de uma autossugestão do sonâmbulo ou de uma transmissão de pensamento do
operador. (Pág. 52) (Continua no
próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. Além de
admitir a existência dos Espíritos, que fenômenos espíritas descreve G. Billot,
doutor em Medicina, em obra publicada em 1839, muito antes do advento do
Espiritismo?
O Dr. Billot menciona em seu livro alguns fenômenos de
transporte de objetos. Num deles, ocorrido a 17 de outubro de 1820, diz o Dr.
Billot que fora trazida à sessão uma planta que exalava delicioso perfume.
Antes que o transporte se desse, a sonâmbula informou ter visto uma donzela
apresentando-lhe aquela planta, que, segundo ela, seria útil no tratamento de
uma senhora com amaurose presente à sessão. O Dr. Billot mostra ainda, em sua
obra, que não lhe era estranho o conhecimento da tiptologia. (A Alma é Imortal, págs. 43 a 48.)
B. Que
informações podemos encontrar na obra Fisiologia
do Magnetismo, de Chardel, a respeito do passe e do êxtase?
Chardel diz na obra mencionada que a sonâmbula Lefrey
explicou-lhe certa vez que lhe era possível ver muito bem o que saía do corpo
do magnetizador quando este a magnetizava. “A cada passe que o senhor me dá –
disse ela -, vejo sair-lhe das extremidades dos dedos como que pequenas colunas
de uma poeira ígnea, que se vem incorporar em mim e, quando o senhor me isola,
fico por assim dizer envolta numa atmosfera ardente, formada dessa mesma poeira
ígnea.” Ela informou também ser-lhe possível ouvir ruídos produzidos ao longe e
sons emitidos a cem léguas dali. Eis suas palavras textuais: “Não preciso que
as coisas venham a mim; posso ir ter com elas, onde quer que estejam, e
apreciá-las com muito maior exatidão, do que o poderia qualquer outra pessoa
que não se encontre em estado análogo ao meu”. Uma outra sonâmbula costumava
ter, à noite, uma espécie de êxtase, que explicava assim: “Entro, então, num
estado semelhante ao em que o magnetizador me põe e, dilatando-se o meu corpo
pouco a pouco, vejo-o muito distintamente longe de mim, imóvel e frio, como se
estivesse morto. Quanto a mim, assemelho-me a um vapor luminoso e sinto-me a
pensar separada do meu corpo. Nesse estado, compreendo e vejo muito mais coisas
do que no sonambulismo, quando a faculdade de pensar se exerce sem que eu
esteja separada dos meus órgãos. Mas, escoados alguns minutos, um quarto de
hora, no máximo, o vapor luminoso de minha alma se aproxima cada vez mais do
meu corpo, perco os sentidos, cessa o êxtase”. (Obra citada, págs. 49 e 50.)
C. Por que
razão os sonâmbulos são dotados da faculdade de ver os Espíritos?
A respeito deste assunto, Delanne argumenta que, se as
almas desencarnadas podem comunicar-se entre si, claro é que poderão
manifestar-se aos sonâmbulos, quando estes se acharem mergulhados no sono
magnético, ocasião em que - desprendida em parte do laço fisiológico - a alma
se encontra num estado quase idêntico ao em que um dia se achará
permanentemente. Eis aí, nesse desprendimento, a origem da faculdade de vidência.
(Obra citada, págs. 50 a 52.)
Nota:
Eis os links que
remetem aos textos anteriores:
Parte 1 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/a-alma-eimortal-gabriel-delanne-1-parte.html
Parte 2 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/04/a-alma-eimortal-gabriel-delanne-parte-2.html
Parte 3 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/04/a-alma-eimortal-gabriel-delanne-parte-3.html
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