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sábado, 22 de setembro de 2018





O Cristo ante a crítica do mundo


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Ante o momento atual da vida na Terra, é sempre oportuno refletir sobre o que nos dizem os Espíritos amigos quanto ao julgamento dos homens na indumentária carnal. Desse modo, escolhemos uma, para nossa reflexão, dentre as milhares de mensagens que os bons Espíritos nos vêm transmitindo, ao longo desses últimos 161 anos, após a compilação das 1.019 questões selecionadas por Allan Kardec sob a coordenação do Espírito Verdade:

Apontamentos do Ancião
Em face dos aborrecimentos que lhe fustigavam o espírito, ante a opinião pública a desvairar-se em torno de sua memória, humilde “jornalista morto” ouviu sereno ancião, que lhe falou com sabedoria:
— Quando Jesus transformou a água em vinho, nas bodas de Caná, os maledicentes cochicharam, em derredor:
— Que é isto? um messias, incentivando a embriaguez?
Mais tarde, em se reunindo aos pescadores da Galileia, a turba anotou, inconsciente:
— É um vagabundo em busca de pessoas tão desclassificadas quanto ele mesmo. Por que não procura os principais?
Logo às primeiras pregações, a chusma dos ignorantes, ao invés de reconhecer os benefícios da Palavra Divina, comentou, irreverente:
— É insubmisso. Vive sem horários, sem disciplinas de serviço.
À vista da multiplicação dos pães e dos peixes, a massa não se comoveu quanto seria de esperar. Muita gente perguntou, franzindo sobrancelhas:
— Como? um orientador sustentando ociosos?
Limpando as feridas de alguns lázaros que o buscavam, afirmou-se, em surdina:
— Vale-se da insensatez dos tolos para impressionar!
E quando o viram curar um paralítico, no sábado, consideraram os inimigos gratuitos:
— Agride publicamente a Lei.
Por aceitar a consideração afetuosa de Maria de Magdala, murmuraram os maledicentes:
— É desordeiro comum. Não consegue nem mesmo afivelar a máscara ao próprio rosto, dando-se à companhia de vil criatura, portadora de sete demônios.
Ao valer-se da contribuição de nobres senhoras, qual Joana de Cusa, no desdobramento do apostolado, soavam exclamações como estas:
— É um explorador de mulheres piedosas! Vive do dinheiro dos ricos, embora passe por virtuoso!
Porque se demorasse alguns minutos, junto de publicanos pecadores, a fim de ensinar-lhes a ciência de renovação íntima, acusavam-no, sem compaixão:
— É um gozador da vida como os outros!
Se buscava paisagens silenciosas para o reconforto na oração, gritava-se com desrespeito:
— Este é um salvador solitário, orgulhoso demais para ombrear com o povo.
Como se aproximasse da samaritana, com o propósito de socorrer-lhe a alma, indagou-se com malícia:
— Que faz ele em companhia de mulher que já pertenceu a vários maridos?
Atendendo às súplicas de um centurião cheio de fé, a leviandade intrigou:
— É um adulador de romanos desbriados.
Visitando Zaqueu, escutou apontamentos irônicos:
— É um pregador do Céu que se garante com os poderosos senhores da Terra…
Abraçando o cego de Jericó, registrou a inquirição que se fazia ao redor de seus passos:
— Que motivos o prendem a tanta gente imunda?
Penetrando Jerusalém, no dia festivo, e impossibilitado de impedir o regozijo de quantos confiavam em seu ministério, afrontou sentenças sarcásticas:
— Fora com o revolucionário! Morte ao falso profeta!…
Censurando o baixo comercialismo do grande Templo de Salomão, dele disseram abertamente:
— É criminoso perseguidor de Moisés.
Levantando Lázaro no sepulcro, gritavam não longe:
— É Satanás em pessoa!…
Reunindo os companheiros na última ceia, para as despedidas, e lavando-lhes os pés, observaram nas vizinhanças do cenáculo:
— É pobre demente.
Ao se deixar prender sem resistência, objetou a multidão:
— É covarde! comprometeu a muitos e foge sem reação!
Recebendo o madeiro, berraram-lhe aos ouvidos:
— Desertor! pagarás teus crimes!
No martírio supremo, era apostrofado sem comiseração:
— Feiticeiro! de onde virão teus defensores? Torturado, em plena agonia, ouviu de bocas inúmeras:
— Salva a ti mesmo e desce da cruz!
E antes que o cadáver viesse para os braços maternos, trêmulos de angústia, muita gente regressou do Gólgota, murmurando:
— Teve o fim que merecia, entre ladrões.
O velhinho fez intervalo expressivo e ajuntou:
— Como sabe, isto aconteceu com Jesus Cristo, o Divino Governador Espiritual do Planeta.
Sorriu, afável, e rematou:
— Endividados como somos, que devemos aguardar, por nossa vez, das multidões da Terra?
Foi, então, que vi o pobre escritor desencarnado exibir uma careta de alegria, que se degenerou em cristalina e saborosa gargalhada…

(Pelo Espírito Irmão X. Do livro Luz Acima, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.)






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