O Grande Enigma
Léon Denis
Parte 9
Damos continuidade ao estudo do clássico O Grande Enigma, de Léon Denis, conforme
o texto da 7ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo ora
iniciado será aqui apresentado em 10 partes.
Nossa expectativa é que este estudo sirva para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Ser velho é o mesmo que ser ancião?
B. No prelúdio da morte o que acontece com a alma?
C. Para onde vão as almas depois da morte corpórea?
Texto para leitura
142. A idade madura é o verão de nossa existência terrena.
A exemplo da estação estival, é feita de ardores, cheia de luz. O nascer do Sol
é logo manhã; o poente é radioso; as noites são alumiadas suntuosamente pelas
estrelas. A criatura sente-se aí feliz com o viver; tem a consciência de sua
força e dela sabe servir-se. É quando atinge física e moralmente o ponto
culminante da Beleza, porque existe uma beleza na idade madura e esta é a
verdadeira. Um de nossos erros está em crer que a beleza da mocidade é a única
senhora da vida, mas falta-lhe o elemento principal, a força, resultante do
equilíbrio geral e harmonioso do ser. (PP. 206 e 207)
143. A velhice é o outono da vida; no último declínio, a
vida está no inverno. A velhice, segundo o modo de ver comum dos homens, é a
decrepitude, a ruína; é o prelúdio melancólico e aflitivo do último adeus. Mas
existe aí um grave erro porque, em regra geral, nenhuma fase da vida humana é
inteiramente deserdada dos dons da Natureza. (P. 207)
144. Ao contrário. A velhice é bela, grande, santa.
Recapitula todo o livro da vida. Resume os dons das outras épocas da
existência, sem as ilusões, as paixões e os erros. O ancião viu o nada de tudo
quanto deixa; entreviu a certeza de tudo o que há de vir; é um vidente. (P.
208)
145. Entretanto é preciso não esquecer que em nossa época,
já dizia Chateaubriand, “há muitos velhos e poucos anciães”. Ora, o ancião é
bom, indulgente, estima e encoraja a mocidade; seu coração não envelheceu. Os
velhos são ciumentos, malévolos e severos. (PP. 208 e 209)
146. A velhice é santa, pura quanto a primeira infância;
por isso, aproxima-se de Deus e vê mais claro e mais longe nas profundezas do
Infinito. Ela é, em realidade, um começo de desmaterialização. A insônia,
característico ordinário dessa idade, oferece disso a prova material. A velhice
assemelha-se à vigília prolongada, à vigília da eternidade. O velho é uma
espécie de sentinela avançada, na extrema fronteira da vida, onde tem um pé na
terra prometida e vê a outra margem, a segunda vertente do destino. (P. 209)
147. As transformações, ou melhor, as transfigurações
operadas nas faculdades da alma pela velhice são admiráveis. Esse trabalho
interior resume-se em uma única palavra: a simplicidade. A velhice é
eminentemente simplificadora de tudo. Simplifica, inicialmente, o lado material
da vida e suprime todas as necessidades irreais, as mil necessidades
artificiosas que a mocidade e a idade madura criaram. O ancião tem uma
faculdade preciosa: a de esquecer. Tudo o que lhe foi fútil, supérfluo na vida,
apaga-se, só conservando na memória o que lhe foi e é substancial. (P. 211)
148. A velhice é o prefácio da morte; é o que a torna
santa, igual à vigília solene que faziam os iniciados antigos, antes de
levantar o véu que cobria os mistérios. A morte é, pois, uma iniciação. (P.
212)
149. Ainda desconhecida em seu verdadeiro caráter pelas
religiões e pelas filosofias, a morte é, simplesmente, um segundo nascimento.
Deixamos o mundo pela mesma razão por que nele entramos, segundo a mesma lei.
(P. 212)
150. Algum tempo antes da morte, um trabalho silencioso se
executa. A desmaterialização já está começada. A moléstia goza aqui de papel
considerável, pois acaba em alguns meses, em algumas semanas, em alguns dias, o
que o lento trabalho da idade havia preparado. Trata-se da obra de “dissolução”
de que fala Paulo de Tarso. (PP. 212 e 213)
151. Na fronteira dos dois mundos, a alma é visitada pelas
visões iniciais daquele em que vai entrar. O mundo que deixa envia-lhe os
fantasmas da lembrança, e todo um cortejo de Espíritos lhe aparece do lado da
aurora. Ninguém morre só, pela mesma forma que ninguém nasce só. Os invisíveis
que a conheceram, que a amaram, que a assistiram aqui, vêm ajudá-la a
desembaraçar-se das últimas cadeias do cativeiro terrestre. (P. 213)
152. Considerando apenas as vidas ordinárias, as
existências que seguem tranquilamente as fases lógicas do seu destino, que é a
condição comum da maior parte dos mortais, ao entrar na sombria galeria, a alma
aí fica em obscuridade, em uma penumbra próxima da luz. É o crepúsculo do Além.
(P. 216)
153. Aqui, as analogias entre a vida e a morte são
impressionantes. A criança permanece muitos dias sem fixar a luz e sem ter
conhecimento do que a rodeia. O recém-nascido no mundo invisível fica também
algum tempo sem tomar conhecimento do seu modo de ser e de seu destino. (P.
216)
154. Em tais momentos, as influências magnéticas da prece,
das lembranças, do amor, podem exercer um papel considerável e apressar o
advento das claridades reveladoras que vão iluminar essa consciência ainda
adormecida. (P. 217)
155. Esse período de transição e essa parada no túnel da
morte são, no entanto, absolutamente necessários, como preparação da visão de
luz que deve suceder à obscuridade. É preciso que o sentido psíquico se vá
adaptando proporcionalmente ao novo foco que o irá esclarecer. (P. 217)
156. As almas, por instinto infalível, vão para a esfera
proporcionada ao seu grau de evolução, à sua faculdade de iluminação, à sua
aptidão atual de perfectibilidade. As afinidades fluídicas conduzem-nas, qual
doce mas imperiosa brisa que impele um batel, para outras almas similares, com
as quais vão unir-se em uma espécie de amizade. No Além, as famílias, os grupos
de almas e os círculos de Espíritos reformam-se segundo as leis de afinidade e
simpatia. (P. 218)
157. O purgatório é visitado pelos anjos, diz a teologia
católica. O mundo errático é visitado, dirigido, harmonizado pelos Espíritos
superiores, e a lei circulatória que preside ao eterno progresso dos Estados e
dos mundos desenrola-se sem cessar em esferas e mundos cada vez mais
engrandecidos. (P. 219)
158. As almas, a quem a consciência acusa de haverem
falhado na última existência, compreendem a necessidade de reencarnar e
preparam-se para isso. Tudo então se agita, tudo se move nessas esferas, sempre
em vibração, sempre em movimento. O trabalho dos povos na Terra nada é, em
comparação com esse labor harmonioso do Universo. (PP. 219 e 220)
Respostas às
questões preliminares
A. Ser velho é
o mesmo que ser ancião?
Chateaubriand dizia que em sua época havia muitos velhos e
poucos anciães. Ora, o ancião é bom, indulgente, estima e encoraja a mocidade;
seu coração não envelheceu. Os velhos são ciumentos, malévolos e severos. O
período da vida é o mesmo para ambos, mas as atitudes e o modo de ver as coisas
é que distinguem o velho do ancião. (O
Grande Enigma, pp. 208 e 209.)
B. No prelúdio
da morte o que acontece com a alma?
Algum tempo antes da morte, um trabalho silencioso se
executa. A desmaterialização já está começada. Na fronteira dos dois mundos, a
alma é visitada pelas visões iniciais daquele em que vai entrar. O mundo que
deixa envia-lhe os fantasmas da lembrança, e todo um cortejo de Espíritos lhe
aparece do lado da aurora. Ninguém morre só, pela mesma forma que ninguém nasce
só. Os invisíveis que a conheceram, que a amaram, que a assistiram aqui, vêm
ajudá-la a desembaraçar-se das últimas cadeias do cativeiro terrestre. (Obra
citada, pp. 212 e 213.)
C. Para onde
vão as almas depois da morte corpórea?
As almas ou Espíritos vão para a esfera proporcionada ao
seu grau de evolução, à sua faculdade de iluminação, à sua aptidão atual de
perfectibilidade. As afinidades fluídicas conduzem-nas, qual doce mas imperiosa
brisa que impele um batel, para outras almas similares, com as quais vão
unir-se em uma espécie de amizade. No Além, as famílias, os grupos de almas e
os círculos de Espíritos reformam-se segundo as leis de afinidade e simpatia.
(Obra citada, p. 218.)
Observação:
Eis os links que remetem aos três
últimos textos:
Parte 6 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/11/o-grande-enigma-leon-denis-parte-6.html
Parte 7 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/11/o-grande-enigma-leon-denis-parte-7.html
Parte 8 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/11/o-grande-enigma-leon-denis-parte-8.html
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