sexta-feira, 23 de novembro de 2018




O Grande Enigma

Léon Denis

Parte 8

Damos continuidade ao estudo do clássico O Grande Enigma, de Léon Denis, conforme o texto da 7ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo ora iniciado será aqui apresentado em 10 partes.
Nossa expectativa é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Quando se inicia a união da alma e do corpo?
B. O esquecimento do passado é definitivo?
C. O que caracteriza o período da mocidade?

Texto para leitura

126. A união da alma e do corpo começa com a concepção e só fica completa na ocasião do nascimento. No intervalo da concepção ao nascimento, as faculdades da alma vão, pouco a pouco, sendo aniquiladas pelo poder sempre crescente da força vital recebida dos geradores, que diminui o movimento vibratório do perispírito. Esta diminuição vibratória do envoltório fluídico produz a perda da lembrança das vidas anteriores. (PP. 192 e 193)
127. As aquisições do passado são latentes em cada alma: as faculdades não se destroem; têm raízes no inconsciente, e sua aparência depende do progresso anteriormente capitalizado, dos conhecimentos, das impressões, das imagens, do saber e da experiência. É o que constitui o caráter de cada indivíduo vivo e lhe dá as aptidões originais e proporcionais ao seu grau evolutivo. (P. 193)
128. A criança recebe dos pais apenas a força vital, a que é preciso ajuntar certos elementos hereditários. Por ocasião da encarnação, o perispírito une-se, molécula a molécula, à matéria do gérmen. (P. 193)
129. É, assim, sob a influência dessa força vital, emanada dos geradores, que por sua vez a receberam dos antepassados, que o perispírito desenvolve suas propriedades funcionais, reproduzindo, sob a forma de movimentos, o traço indelével de todos os estados da alma. De outro lado, o gérmen material recebe a impressão de todos os estados sucessivos do perispírito: eis aí um paralelismo vital absolutamente lógico e harmonioso. (P. 194)
130. Cada encarnação perispiritual introduz modalidades novas na alma da criança, que reedita sua vida, mas encontra o terreno já cultivado para isso. Platão tinha, pois, inteira razão ao dizer que aprender é recordar. (P. 195)
131. A obliteração do passado não é, porém, nem absoluta, nem definitiva. O perispírito, que registrou todos os conhecimentos, todas as sensações, todos os atos, acorda. Sob a influência do hipnotismo, as vozes profundas do passado se fazem ouvir. (P. 196)
132. Fato estranho! Essa ciência da origem das coisas, do ser, do destino, a Antiguidade a conhecia e compreendia infinitamente melhor que nós outros. O que mal começamos a entender e provar cientificamente, sabiam-no por intuição e iniciação a Grécia, o Egito e o Oriente. (PP. 197 e 198)
133. A mitologia pagã possuía no mais elevado grau a inteligência das origens e a noção da gênese vital, e sob a forma de mitos poéticos transpirava a verdade inicial, tal qual sob a casca da árvore se revela a seiva da vida. (P. 198)
134. Concordando com Maurice de Guérin, que asseverou que a mocidade é semelhante às florestas, Denis diz que o que caracteriza a mocidade é a opulência, a plenitude da vida, a superabundância das coisas, o impulso para o futuro. A dedicação, a necessidade de amar, de nos comunicarmos, caracteriza esse período da vida em que a alma, novamente ligada a um corpo cujos elementos são novos e fortes, se sente capaz de empreender vasta carreira e se promete a si mesma grandes esperanças. (P. 200)
135. Evocando os bons exemplos da Antiguidade sagrada, Denis diz que hoje tudo repousa na ciência oficial, no tocante ao método, e na democracia, como princípio social. Ambas, porém, estão ameaçadas. A ciência materialista esvai-se na dissecação e na análise; decompõe em lugar de criar, disseca em lugar de agir. Por outra parte, a democracia, em suas obras vivas, traz já os germens da decadência, preconiza a mediocridade em todos os gêneros, proscreve o gênio e desconfia da força. (P. 202)
136. O século XX começou com esse balanço intelectual e moral, impotente e doloroso. “O erro - afirma Denis - foi tomar a ciência por ideal e a democracia por fim, enquanto que ambas são meios, apenas.” A mocidade de amanhã deverá reagir vigorosamente contra essas duas idolatrias; a de hoje já começa a fazê-lo. Há entre os nossos jovens alguns Espíritos de elite, iniciados, esclarecidos, que desbravam o caminho e preparam o êxodo e a marcha do Espírito para o futuro. São os espiritualistas de bom quilate, os que sabem que lá, onde sopra o Espírito, é que está a verdadeira bondade. (P. 202)
137. A idade madura é, por sua vez, a idade de ouro da vida, porque é a época da colheita, em que a maturação se opera no coração, no espírito, em todo o ser. (P. 203)
138. Nesse período da vida, uma grande desgraça ameaça, no entanto, a maior parte dos homens: o ceticismo. Infeliz daquele que se deixa invadir por essa larva malsã, que neutraliza todas as forças da maturidade! (P. 204)
139. A idade madura é, sem dúvida, menos prática, menos primaveril que a adolescência. As flores já decaíram do seu colorido e perfume. Mas os frutos, igualando-se aos dos ramos de uma árvore, começam a aparecer na extremidade da alma. A idade madura é, por excelência, o período da plenitude; é o rio que corre com toda a força e espalha pelas campinas a riqueza e a fecundidade. (P. 204)
140. Nas almas evoluídas, ricas do capital acumulado nas vidas anteriores, as grandes obras são escritas ou esboçadas na mocidade. O gênio é adolescente, podemos exprimir-nos assim. Cristóvão Colombo era ainda criança e já o visitavam as visões do Novo Mundo. Rafael era imortal antes de atingir a segunda mocidade. Milton contava 12 anos de idade, quando germinou em sua mente a primeira ideia do “Paraíso Perdido”. Mas, para a maioria dos homens, visto que o gênio é a exceção, o talento, apenas, é a regra ordinária e é na maturidade da vida, no meio da floresta, como dizia Dante, que se realizam tanto os grandes pensamentos quanto as grandes obras. (PP. 204 e 205)
141. O grande inimigo da idade madura, e assim o da vida inteira, é o egoísmo. O homem se diminui e mata pela necessidade de gozar. As paixões carnais e cerebrais calcinam o homem pelas duas extremidades: esvaziam o cérebro e o coração. (P. 206)

Respostas às questões preliminares

A. Quando se inicia a união da alma e do corpo?
Ela se inicia com a concepção, mas só fica completa na ocasião do nascimento. No intervalo da concepção ao nascimento, as faculdades da alma vão, pouco a pouco, sendo aniquiladas pelo poder sempre crescente da força vital recebida dos geradores, que diminui o movimento vibratório do perispírito. É essa diminuição vibratória do envoltório fluídico que produz a perda da lembrança das vidas anteriores. (O Grande Enigma, pp. 192 e 193.)
B. O esquecimento do passado é definitivo?
Não, nem definitivo, nem absoluto. Cada encarnação introduz modalidades novas na alma da criança, que reedita sua vida, mas encontra o terreno já cultivado para isso. Platão tinha, pois, inteira razão ao dizer que aprender é recordar. O perispírito, que registrou todos os conhecimentos, todas as sensações, todos os atos, acorda e, sob a influência do hipnotismo, as vozes profundas do passado se fazem ouvir. (Obra citada, pp. 195 e 196.)
C. O que caracteriza o período da mocidade?
Nesse ponto Léon Denis concorda com Maurice de Guérin, que asseverou que a mocidade é semelhante às florestas. O que a caracteriza é a opulência, a plenitude da vida, a superabundância das coisas, o impulso para o futuro. A dedicação, a necessidade de amar, de nos comunicarmos são também características desse período da vida, em que a alma, novamente ligada a um corpo cujos elementos são novos e fortes, se sente capaz de empreender vasta carreira e se promete a si mesma grandes esperanças. (Obra citada, p. 200.)


Observação:
Eis os links que remetem aos três últimos textos:




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