O Fenômeno
Espírita
Gabriel Delanne
Parte 3
Damos sequência ao estudo do clássico O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne, conforme o texto da 4ª
edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, com base em tradução de
Francisco Raymundo Ewerton Quadros. O estudo será aqui apresentado em 12
partes.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que repercussão teve na França o surgimento de “O Livro
dos Espíritos”?
B. Como estava em 1893, quando da elaboração deste livro, o
movimento espírita na Europa?
C. Delanne referiu-se também, em seu livro, ao movimento
espírita na América latina?
D. Que razões, na opinião de Delanne, nos levam a crer que
os fatos espíritas não são produto de fraude ou de ilusão?
Texto para
leitura
34. A luta na Inglaterra contra o Espiritismo não foi menos
vivaz que nos Estados Unidos, mas os convertidos não recearam dar afirmação
nítida e franca de sua mudança de ideias. Curiosamente, um dos céticos mais
tenazes, que fizera grande campanha contra a nova doutrina, acabou
convertendo-se, depois de quinze anos: O dr. Georges Sexton. (P. 37)
35. Dez anos antes desta obra de Delanne, uma agremiação
intitulada “Society for Psychical Research” abriu um grande inquérito sobre as
aparições. A Sociedade publicou regularmente o relatório de seus trabalhos nos
“Proceedings”, e editou um livro: “Phantasms of the Living”, que relata mais de
200 casos de aparições bem averiguadas. (PP. 37 e 38)
36. A notícia dos fenômenos misteriosos que se produziam na
América suscitou na França viva curiosidade e, em pouco tempo, a experiência
das mesas girantes atingiu um grau extraordinário. (P. 38)
37. Em 1857, o Barão de Guldenstubbé publicou um livro, “La
Réalité des Esprits”, onde se encontram relatadas as primeiras experiências de
escrita direta obtidas na França. O livro não teve, porém, grande sucesso. (PP.
38 e 39)
38. Quando surgiu, no mesmo ano, “O Livro dos Espíritos”,
de Kardec, essa publicação atiçou a guerra, e o público soube, com espanto, que
o que tinha sido considerado até então como distração encerrava as mais
profundas deduções filosóficas. (P. 39)
39. De todas as partes elevou-se uma gritaria contra
Kardec. Jornais, revistas e academias protestaram, mas, honra seja feita, não
se viram na França as cenas de violência que tinham acolhido o Espiritismo na
América. (P. 39)
40. Duas correntes de opiniões se formaram nitidamente.
Para uns, o fenômeno não tinha nenhuma realidade. Tal foi a opinião da Academia
e dos srs. Babinet e Chevreul. Para outros, os deslocamentos da mesa e suas
respostas eram devidos a uma ação magnética, sem participação de Espíritos. (P.
39)
41. As pesquisas levaram grande número de experimentadores
a concluir que, nos movimentos das mesas, havia algo mais que pura ação física.
Admitiu-se, então, a existência de forças psíquicas que poderiam agir sobre a
matéria e dois horizontes se descortinaram. Os filósofos espiritualistas
concluíram a favor das comunicações das almas de pessoas falecidas, enquanto os
religiosos atribuíam os fatos a Satanás. (P. 40)
42. Auguste Vacquerie relatou, então, as experiências que
fez em companhia da sra. de Girardin em
casa de Victor Hugo, em Jersey, atestando, no seu depoimento, sua crença nos
Espíritos batedores. (P. 41)
43. Delanne menciona declarações pró-Espiritismo de Victor
Hugo, Victorien Sardou e Eugène Bonnemère e diz que Camille Flammarion,
Théophile Gautier , Maurice Lachâtre e dr. Paul Gibier foram espíritas. (PP. 41
e 42)
44. O movimento estava então, na França, mais florescente
do que nunca. (N.R.: Este livro é de 1893.) (P. 42)
45. Existia em Paris regular quantidade de pequenos Centros
espíritas e duas Sociedades abriam suas portas ao público: a Federação Espírita
e a Sociedade de Espiritismo Científico. As principais cidades da França
contavam com uma organização de propaganda bem estabelecida e havia diversos
jornais espíritas, dentre eles a “Revista Espírita”. A recrudescência do
movimento Delanne atribui ao Congresso Espírita de Paris, realizado em 1889.
(P. 43)
46. Na Alemanha, Delanne cita os trabalhos do dr. Kerner,
que foi levado a constatar fenômenos espíritas em 1840, ao ministrar seus
cuidados à sra. Hauffe, mais conhecida sob o nome de Vidente de Prévorst. (PP.
43 e 44)
47. No mesmo país destacam-se as experiências realizadas
pelo célebre astrônomo Zöllner, professor na Universidade de Leipzig, com o
médium Slade. O famoso astrônomo relata em sua obra o curioso fenômeno de
penetração de uma matéria por outra matéria, pela ação de inteligências desencarnadas,
imaginando para tanto a existência de uma quarta dimensão da matéria. Seu
testemunho foi confirmado por Fechner, pelo professor Ulrici e pelo célebre
fisiologista Weber. (P. 44)
48. Outras sumidades do campo científico que aderiram ao
Espiritismo são mencionadas, a seguir, por Delanne: o professor Butlerof e o
conselheiro Alexander Aksakof, ambos da Rússia; e os professores Ercole Chiaia
e Lombroso, da Itália, devendo notar-se que em 1893, ano desta obra, Lombroso
não havia ainda aderido às teses espíritas. (PP. 45 e 46)
49. A Bélgica é descrita por Delanne como tendo um
movimento espírita ardente e organizado como na França; mas é a Espanha que o
autor considera como sendo o país onde o número de espíritas é,
proporcionalmente, maior que em qualquer outro lugar, e onde existiam jornais e
Sociedades espíritas bem organizadas em todas as cidades importantes. (P. 46)
50. Pode-se dizer – afirma Delanne – que o Espiritismo
possui partidários convictos em todo o mundo. E relaciona diversos periódicos
publicados na América latina, como as revistas “Reformador”, do Rio de Janeiro,
e “Constancia”, de Buenos Aires. Segundo ele, o Paraná possuía à época três
periódicos espíritas. (P. 47)
51. Concluindo, diz ele que, como foi visto, milhões de
pessoas adotam as crenças espíritas. O movimento nascido na América em 1848
propagou-se, pois, com inaudita rapidez, e 150 jornais ou revistas instruem o
público sobre as teorias novas. Delanne arrola, então, as quatro razões pelas
quais é impossível que os fatos espíritas sejam resultado de fraude ou de
ilusão:
1ª. Eles têm sido estudados por sábios eminentes, aptos
para se pronunciarem, com conhecimento de causa, sobre a validade das
experiências;
2ª. As experiências têm sido analisadas, grande número de
vezes, por observadores independentes, céticos a princípio, e o resultado
obtido tem sido idêntico em todos os países;
3ª. Esses fenômenos oferecem, em todas as latitudes, os
mesmos caracteres fundamentais, donde resulta que são devidos à mesma causa;
4ª. Por último, os fatos ditos espíritas e sua
autenticidade são tais que é impossível negá-los sem um exame aprofundado. (PP. 48 e 49)
52. As experiências da sra. de Girardin em casa de Victor
Hugo, em Jersey, são descritas por Delanne, conforme relato de Auguste
Vacquerie em seu livro “Les Miettes de l’Histoire”. (PP. 51 a 54)
Respostas às
questões preliminares
A. Que
repercussão teve na França o surgimento de “O Livro dos Espíritos”?
No ano em que surgiu, “O Livro dos Espíritos” atiçou uma
verdadeira guerra de palavras e o público soube, com espanto, que o que tinha
sido considerado até então como distração encerrava as mais profundas deduções
filosóficas. De todas as partes elevou-se uma gritaria contra Kardec. Jornais,
revistas e academias protestaram e duas correntes de opiniões se formaram
nitidamente. Para uns, o fenômeno não tinha nenhuma realidade. Para outros, os
deslocamentos da mesa e suas respostas eram devidos a uma ação magnética, sem
participação de Espíritos. Os filósofos espiritualistas concluíram a favor das
comunicações das almas de pessoas falecidas, enquanto os religiosos atribuíam
os fatos a Satanás. (O Fenômeno Espírita,
págs. 39 a 41.)
B. Como estava
em 1893, quando da elaboração deste livro, o movimento espírita na Europa?
Na França, o movimento espírita estava mais florescente do
que nunca. Existia em Paris regular quantidade de pequenos Centros espíritas, e
duas Sociedades abriam suas portas ao público: a Federação Espírita e a
Sociedade de Espiritismo Científico. As principais cidades da França contavam
com uma organização de propaganda bem estabelecida e havia diversos jornais
espíritas, dentre eles a “Revista Espírita”. Na Alemanha, se destacavam os
trabalhos do Dr. Kerner e as experiências realizadas pelo célebre astrônomo Zöllner,
professor na Universidade de Leipzig, com o médium Slade. Outras sumidades do
campo científico que aderiram ao Espiritismo são mencionadas por Delanne: o
professor Butlerof e o conselheiro Alexander Aksakof, ambos da Rússia, e os
professores Ercole Chiaia e Lombroso, da Itália. A Bélgica foi descrita por
Delanne como tendo um movimento espírita ardente e organizado como na França;
mas era na Espanha onde havia um número de espíritas proporcionalmente maior do
que em qualquer outro lugar e onde existiam jornais e Sociedades espíritas bem
organizadas em todas as cidades importantes. (Obra citada, págs. 42 a 47.)
C. Delanne
referiu-se também, em seu livro, ao movimento espírita na América latina?
Sim. Disse ele que o Espiritismo possuía, então, partidários
convictos em todo o mundo. E relacionou diversos periódicos publicados na
América latina, como as revistas “Reformador”, do Rio de Janeiro, e
“Constancia”, de Buenos Aires. Segundo ele, o estado do Paraná possuía à época
três periódicos espíritas. (Obra citada, p. 47.)
D. Que razões,
na opinião de Delanne, nos levam a crer que os fatos espíritas não são produto
de fraude ou de ilusão?
As razões apresentadas por Delanne são estas: 1ª - Eles têm
sido estudados por sábios eminentes, aptos para se pronunciarem, com
conhecimento de causa, sobre a validade das experiências; 2ª - As experiências
têm sido analisadas, grande número de vezes, por observadores independentes,
céticos a princípio, e o resultado obtido tem sido idêntico em todos os países;
3ª – Os fatos ditos espíritas oferecem, em todas as latitudes, os mesmos
caracteres fundamentais, donde resulta que são devidos à mesma causa; 4ª – Por fim,
esses fenômenos e sua autenticidade são tais que é impossível negá-los sem um
exame aprofundado. (Obra citada, págs.
48 a 54.)
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