segunda-feira, 31 de dezembro de 2018




Eis mais alguns exemplos de erros comuns que se verificam no uso do idioma português:
1 – Durante a campanha eleitoral, ele andou por todo país.
O correto: Durante a campanha eleitoral, ele andou por todo o país.
A explicação: “todo o” e “toda a” é que dão a ideia de inteiro/inteira. Exemplos: Andou por todo o país (pelo país inteiro). Andou por toda a cidade (pela cidade inteira). Todo o elenco foi demitido (o elenco inteiro foi demitido). Toda a tripulação foi responsabilizada (a tripulação inteira foi responsabilizada).
2 - Todos amigos o cumprimentaram.
O correto: Todos os amigos o cumprimentaram.
A explicação: na forma plural, é indispensável o artigo “os” ou “as”. Exemplo: Ele convidou todos os amigos. Todos os eleitores se equivocaram. Era difícil descobrir todas as contradições do texto.
3 - Maria trabalhava ali há muito tempo.
O correto: Maria trabalhava ali havia muito tempo.
A explicação: a forma verbal “havia” é que deve acompanhar o termo “trabalhava”, que pertence ao pretérito imperfeito do verbo trabalhar.
Se invertermos a ordem dos termos que compõem o texto, o leitor entenderá melhor o porquê de tal regra: Havia muito tempo (que) Maria trabalhava ali.
4 - Não se o diz.
O correto: Não se diz isso. Outra opção: Isso não se diz.
A explicação: é um erro juntar a palavra “se” com os pronomes o, os, a, as. É grave erro, pois, escrever: fazendo-se-os, não se o diz etc.
5 - Acordos políticos-partidários.
O correto: Acordos político-partidários.
A explicação: nos adjetivos compostos, só o último elemento varia. Exemplo: bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.



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domingo, 30 de dezembro de 2018




Adeus, ano velho; feliz ano novo!

Constitui uma praxe no final de cada ano desejar aos amigos e familiares que tenham no ano que se aproxima um longo período de paz e de prosperidade.
A propósito do assunto, até uma simpática canção foi concebida e é cantada por muita gente, pelo menos aqui no Brasil:

“Adeus, ano velho, feliz ano novo.
Que tudo se realize no ano que vai nascer...
Muito dinheiro no bolso,
Saúde pra dar e vender!”

Não fugindo a essa regra, também formulamos aqui para nossos leitores e amigos votos de que 2019 seja realmente, para todos, bem melhor do que foi o ano recém-findo e, sobretudo, repleto de paz e prosperidade.
Cabe-nos, porém, aditar uma explicação com respeito ao vocábulo prosperidade, que não é utilizado aqui no seu sentido usual, mas no sentido verdadeiro pelo qual esse vocábulo deve ser entendido, em face do que aprendemos nos ensinamentos espíritas. Prosperidade é algo que advém da consecução do programa que trazemos para a presente existência.
Como muitos certamente ignoram, nem sempre realizamos no plano terrestre o que foi programado antes de nosso mergulho na carne. É por isso que, conforme observou J. Herculano Pires, muitas existências na Terra compõem o que ele chamou de círculo vicioso da reencarnação.
Diz-nos o saudoso escritor que o desenvolvimento do ser humano não é contínuo, mas descontínuo. Em cada experiência reencarnatória o indivíduo desenvolve certas potencialidades, mas a lei de inércia pode retê-lo em uma posição determinada pelos limites da própria cultura em que se desenvolveu.
Com a morte do corpo físico, ele volta ao mundo espiritual, suas percepções se ampliam e, aos poucos, compreende que sua perfectibilidade não tem limites. Ao voltar a uma nova existência, pode reencetar com mais eficiência o desenvolvimento de sua perfectibilidade. Mas, se não receber nessa fase reencarnatória os estímulos adequados, poderá novamente sentir-se preso à condição da existência anterior e estacionar numa repetição de estágio. É a isso, a essa repetição, que Herculano deu o nome de círculo vicioso da reencarnação.
A teoria foi exposta em seu livro Pedagogia Espírita, mas tem sido comprovada por vários autores, como André Luiz menciona no livro Sexo e Destino, obra psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira, publicada no ano de 1963.
Conforme relatado por André, em 82 anos de existência do instituto “Almas Irmãs”, um educandário existente no Plano Espiritual, de cada 100 alunos necessitados de reeducação sexual que procuram aplicar na existência corpórea os ensinamentos colhidos no Instituto, 34 fracassam, retornando à vida espiritual onerados com novas dívidas, 26 melhoram ligeiramente, embora imperfeitamente, 22 registram alguma melhora e 18, somente dezoito, vencem nos compromissos da reencarnação.
Os desafios da existência corpórea não são, como é fácil observar, algo que se vence facilmente. Para obter vitória nessa luta, é preciso dedicação, oração, vigilância e uma busca permanente da meta a ser alcançada, que é a perfeição, um objetivo possível e, segundo os benfeitores espirituais, perfeitamente factível, como nos é ensinado com toda a clareza na questão 787 d’O Livro dos Espíritos.
A prosperidade que auguramos aos nossos amigos não é, portanto, o ganho pecuniário, a simples melhora das condições de vida, mas a vitória real do indivíduo nessa busca incessante, que deve ser a razão principal de nossa vida.




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sábado, 29 de dezembro de 2018




Um Natal com Machado

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Enquanto comemorávamos a vinda ao mundo do Cordeiro de Deus, com rabanadas, tender, sucos, vinhos etc., conversávamos sobre diversos temas, menos sobre o homenageado. Nisso não vai nenhuma crítica, pois os diálogos variavam da política aos crimes e destes aos vídeos pornográficos de WhatsApp que parentes e amigos compartilham.
A conclusão a que cheguei, em relação à questão do sexo, tão vulgarizada em nossos dias, em diálogo com um irmão, foi a seguinte:
— No meu entendimento, meu querido irmão, o sexo banal, realizado sem qualquer comprometimento moral, é puro instinto animalizado, eu falei.
— Também penso assim, ele respondeu-me. Há alguns anos, quando alguém desejava ver cenas picantes na internet, a pessoa ocultava de sua esposa o que estava vendo ou, no caso desta, ocultava do marido o que não desejava que ele visse. Atualmente, a nossa privacidade é invadida com esses compartilhamentos no celular e até as crianças podem ter acesso fácil a eles. 
— Antigamente, eu disse-lhe, bastava à sociedade que alguém fosse casado, tivesse filhos e uma relação matrimonial estável para que não pairasse sobre si qualquer dúvida sobre sua opção sexual. Atualmente, a todo tempo é preciso demonstrar que não se aderiu à moda da libidinagem. É por isso que às vezes costumo pedir mentalmente: — Para o mundo, que eu quero descer!
— E a criminalidade? já foi calculado um número próximo de setenta mil assassínios, no Brasil, a cada ano.
— Recorde mundial, confirmei ao Paulinho, meu querido irmão. Acredito que somente a educação responsável, sem o viés materialista, porá fim, no médio prazo, a essa triste estatística.
De repente, eis que Machado de Assis, presente ao conclave familiar, entra na conversa:
— Meus caros, segundo Emmanuel, ausente por ter sido convidado à comemoração do Natal pelo Senhor em Mundo Sideral, Deus, em sua bondade e sabedoria, corrige amando. Ao contrário dos homens, que enviam o criminoso à condenação com penas cruéis e os atira a prisões úmidas e infectas, nosso Pai Eterno exige somente o retorno à carne de todo ser ainda imperfeito para sua redenção por meio de expiações e provas.
— Amigo Bruxo, haja vista a ausência do nobre Emmanuel, você poderia brindar-nos com um dos seus poemas em homenagem ao natalício de Jesus? Pedi-lhe.
Machado não se fez de rogado e brindou-nos com o seguinte poema antes de se despedir de todos nós:

A presença de Deus (J.L.O.)  

Perguntava aquele filho
A seu douto genitor
A respeito de alguns temas
Sobre o Supremo Senhor:

— Pai, onde é que Deus está?
— Ele está em toda a parte,
No espaço, na Terra e mar...
E até no singelo altar...

— Mas como podemos vê-Lo?
— Na vastidão do universo,
Na força da natureza
E até num bonito verso...

— Porém, como percebê-Lo?
— Nas conquistas da Ciência,
Nos pensamentos dos sábios,
E na nossa Consciência...

— Podemos, pai, ouvir Deus?
—Nos pios de um passarinho,
Nos zumbidos de um inseto,
No amor provindo de um ninho...

— Que fazer para senti-Lo?
— No banho da cachoeira,
Nos raios do Sol ameno,
No perfume da roseira...

— Em tudo Ele está presente?
— Vivemos no seio d’Ele...
Sendo Deus o nosso Pai,
Tudo vem e volta a Ele.

Deus é o Amor Infinito!
Ele está em toda parte,
Está dentro de você,
E na beleza das artes.

E por ser Deus puro Amor,
A ninguém tem por eleito.
Deu-nos por modelo o Cristo,
Dentre nós o mais perfeito.

O nosso Mestre Jesus,
Que nasceu pobre em Belém,
Mas que pregamos na cruz,
E nunca matou ninguém...

Pois Ele bem que sabia
Que, por ser bom e imortal,
Logo ressuscitaria,
E o bem sempre vence o mal.

Aqui deixo meu abraço
À família universal.
Aperte mais esse laço.
A todos, feliz Natal!

                     
Nota do autor: À exceção das citações, todos os textos de minhas crônicas são fictícios, ou seja, de minha elaboração pessoal ou por mim parafraseados. Nada há neles que se possa dizer ter sido psicografado, exceto o que for mediúnico e, nesse caso, referenciado.





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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018





O Fenômeno Espírita

Gabriel Delanne

Parte 3

Damos sequência ao estudo do clássico O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne, conforme o texto da 4ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, com base em tradução de Francisco Raymundo Ewerton Quadros. O estudo será aqui apresentado em 12 partes.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Que repercussão teve na França o surgimento de “O Livro dos Espíritos”?
B. Como estava em 1893, quando da elaboração deste livro, o movimento espírita na Europa?
C. Delanne referiu-se também, em seu livro, ao movimento espírita na América latina?
D. Que razões, na opinião de Delanne, nos levam a crer que os fatos espíritas não são produto de fraude ou de ilusão?

Texto para leitura

34. A luta na Inglaterra contra o Espiritismo não foi menos vivaz que nos Estados Unidos, mas os convertidos não recearam dar afirmação nítida e franca de sua mudança de ideias. Curiosamente, um dos céticos mais tenazes, que fizera grande campanha contra a nova doutrina, acabou convertendo-se, depois de quinze anos: O dr. Georges Sexton. (P. 37)
35. Dez anos antes desta obra de Delanne, uma agremiação intitulada “Society for Psychical Research” abriu um grande inquérito sobre as aparições. A Sociedade publicou regularmente o relatório de seus trabalhos nos “Proceedings”, e editou um livro: “Phantasms of the Living”, que relata mais de 200 casos de aparições bem averiguadas. (PP. 37 e 38)
36. A notícia dos fenômenos misteriosos que se produziam na América suscitou na França viva curiosidade e, em pouco tempo, a experiência das mesas girantes atingiu um grau extraordinário. (P. 38)
37. Em 1857, o Barão de Guldenstubbé publicou um livro, “La Réalité des Esprits”, onde se encontram relatadas as primeiras experiências de escrita direta obtidas na França. O livro não teve, porém, grande sucesso. (PP. 38 e 39)
38. Quando surgiu, no mesmo ano, “O Livro dos Espíritos”, de Kardec, essa publicação atiçou a guerra, e o público soube, com espanto, que o que tinha sido considerado até então como distração encerrava as mais profundas deduções filosóficas. (P. 39)
39. De todas as partes elevou-se uma gritaria contra Kardec. Jornais, revistas e academias protestaram, mas, honra seja feita, não se viram na França as cenas de violência que tinham acolhido o Espiritismo na América. (P. 39)
40. Duas correntes de opiniões se formaram nitidamente. Para uns, o fenômeno não tinha nenhuma realidade. Tal foi a opinião da Academia e dos srs. Babinet e Chevreul. Para outros, os deslocamentos da mesa e suas respostas eram devidos a uma ação magnética, sem participação de Espíritos. (P. 39)
41. As pesquisas levaram grande número de experimentadores a concluir que, nos movimentos das mesas, havia algo mais que pura ação física. Admitiu-se, então, a existência de forças psíquicas que poderiam agir sobre a matéria e dois horizontes se descortinaram. Os filósofos espiritualistas concluíram a favor das comunicações das almas de pessoas falecidas, enquanto os religiosos atribuíam os fatos a Satanás. (P. 40)
42. Auguste Vacquerie relatou, então, as experiências que fez em companhia da  sra. de Girardin em casa de Victor Hugo, em Jersey, atestando, no seu depoimento, sua crença nos Espíritos batedores. (P. 41)
43. Delanne menciona declarações pró-Espiritismo de Victor Hugo, Victorien Sardou e Eugène Bonnemère e diz que Camille Flammarion, Théophile Gautier , Maurice Lachâtre e dr. Paul Gibier foram espíritas. (PP. 41 e 42)
44. O movimento estava então, na França, mais florescente do que nunca. (N.R.: Este livro é de 1893.) (P. 42)
45. Existia em Paris regular quantidade de pequenos Centros espíritas e duas Sociedades abriam suas portas ao público: a Federação Espírita e a Sociedade de Espiritismo Científico. As principais cidades da França contavam com uma organização de propaganda bem estabelecida e havia diversos jornais espíritas, dentre eles a “Revista Espírita”. A recrudescência do movimento Delanne atribui ao Congresso Espírita de Paris, realizado em 1889. (P. 43)
46. Na Alemanha, Delanne cita os trabalhos do dr. Kerner, que foi levado a constatar fenômenos espíritas em 1840, ao ministrar seus cuidados à sra. Hauffe, mais conhecida sob o nome de Vidente de Prévorst. (PP. 43 e 44)
47. No mesmo país destacam-se as experiências realizadas pelo célebre astrônomo Zöllner, professor na Universidade de Leipzig, com o médium Slade. O famoso astrônomo relata em sua obra o curioso fenômeno de penetração de uma matéria por outra matéria, pela ação de inteligências desencarnadas, imaginando para tanto a existência de uma quarta dimensão da matéria. Seu testemunho foi confirmado por Fechner, pelo professor Ulrici e pelo célebre fisiologista Weber. (P. 44)
48. Outras sumidades do campo científico que aderiram ao Espiritismo são mencionadas, a seguir, por Delanne: o professor Butlerof e o conselheiro Alexander Aksakof, ambos da Rússia; e os professores Ercole Chiaia e Lombroso, da Itália, devendo notar-se que em 1893, ano desta obra, Lombroso não havia ainda aderido às teses espíritas. (PP. 45 e 46)
49. A Bélgica é descrita por Delanne como tendo um movimento espírita ardente e organizado como na França; mas é a Espanha que o autor considera como sendo o país onde o número de espíritas é, proporcionalmente, maior que em qualquer outro lugar, e onde existiam jornais e Sociedades espíritas bem organizadas em todas as cidades importantes. (P. 46)
50. Pode-se dizer – afirma Delanne – que o Espiritismo possui partidários convictos em todo o mundo. E relaciona diversos periódicos publicados na América latina, como as revistas “Reformador”, do Rio de Janeiro, e “Constancia”, de Buenos Aires. Segundo ele, o Paraná possuía à época três periódicos espíritas. (P. 47)
51. Concluindo, diz ele que, como foi visto, milhões de pessoas adotam as crenças espíritas. O movimento nascido na América em 1848 propagou-se, pois, com inaudita rapidez, e 150 jornais ou revistas instruem o público sobre as teorias novas. Delanne arrola, então, as quatro razões pelas quais é impossível que os fatos espíritas sejam resultado de fraude ou de ilusão:
1ª. Eles têm sido estudados por sábios eminentes, aptos para se pronunciarem, com conhecimento de causa, sobre a validade das experiências;
2ª. As experiências têm sido analisadas, grande número de vezes, por observadores independentes, céticos a princípio, e o resultado obtido tem sido idêntico em todos os países;
3ª. Esses fenômenos oferecem, em todas as latitudes, os mesmos caracteres fundamentais, donde resulta que são devidos à mesma causa;
4ª. Por último, os fatos ditos espíritas e sua autenticidade são tais que é impossível negá-los sem um exame aprofundado.  (PP. 48 e 49)
52. As experiências da sra. de Girardin em casa de Victor Hugo, em Jersey, são descritas por Delanne, conforme relato de Auguste Vacquerie em seu livro “Les Miettes de l’Histoire”. (PP. 51 a 54)

Respostas às questões preliminares

A. Que repercussão teve na França o surgimento de “O Livro dos Espíritos”?
No ano em que surgiu, “O Livro dos Espíritos” atiçou uma verdadeira guerra de palavras e o público soube, com espanto, que o que tinha sido considerado até então como distração encerrava as mais profundas deduções filosóficas. De todas as partes elevou-se uma gritaria contra Kardec. Jornais, revistas e academias protestaram e duas correntes de opiniões se formaram nitidamente. Para uns, o fenômeno não tinha nenhuma realidade. Para outros, os deslocamentos da mesa e suas respostas eram devidos a uma ação magnética, sem participação de Espíritos. Os filósofos espiritualistas concluíram a favor das comunicações das almas de pessoas falecidas, enquanto os religiosos atribuíam os fatos a Satanás. (O Fenômeno Espírita, págs. 39 a 41.)
B. Como estava em 1893, quando da elaboração deste livro, o movimento espírita na Europa?
Na França, o movimento espírita estava mais florescente do que nunca. Existia em Paris regular quantidade de pequenos Centros espíritas, e duas Sociedades abriam suas portas ao público: a Federação Espírita e a Sociedade de Espiritismo Científico. As principais cidades da França contavam com uma organização de propaganda bem estabelecida e havia diversos jornais espíritas, dentre eles a “Revista Espírita”. Na Alemanha, se destacavam os trabalhos do Dr. Kerner e as experiências realizadas pelo célebre astrônomo Zöllner, professor na Universidade de Leipzig, com o médium Slade. Outras sumidades do campo científico que aderiram ao Espiritismo são mencionadas por Delanne: o professor Butlerof e o conselheiro Alexander Aksakof, ambos da Rússia, e os professores Ercole Chiaia e Lombroso, da Itália. A Bélgica foi descrita por Delanne como tendo um movimento espírita ardente e organizado como na França; mas era na Espanha onde havia um número de espíritas proporcionalmente maior do que em qualquer outro lugar e onde existiam jornais e Sociedades espíritas bem organizadas em todas as cidades importantes. (Obra citada, págs. 42 a 47.)
C. Delanne referiu-se também, em seu livro, ao movimento espírita na América latina?
Sim. Disse ele que o Espiritismo possuía, então, partidários convictos em todo o mundo. E relacionou diversos periódicos publicados na América latina, como as revistas “Reformador”, do Rio de Janeiro, e “Constancia”, de Buenos Aires. Segundo ele, o estado do Paraná possuía à época três periódicos espíritas. (Obra citada, p. 47.)
D. Que razões, na opinião de Delanne, nos levam a crer que os fatos espíritas não são produto de fraude ou de ilusão?
As razões apresentadas por Delanne são estas: 1ª - Eles têm sido estudados por sábios eminentes, aptos para se pronunciarem, com conhecimento de causa, sobre a validade das experiências; 2ª - As experiências têm sido analisadas, grande número de vezes, por observadores independentes, céticos a princípio, e o resultado obtido tem sido idêntico em todos os países; 3ª – Os fatos ditos espíritas oferecem, em todas as latitudes, os mesmos caracteres fundamentais, donde resulta que são devidos à mesma causa; 4ª – Por fim, esses fenômenos e sua autenticidade são tais que é impossível negá-los sem um exame aprofundado.  (Obra citada, págs. 48 a 54.)





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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018




Educação e formação do médium

Este é o módulo 112 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Que fatores influenciam a prática da mediunidade?
2. Há um fato praticamente geral que ocorre no processo de formação e iniciação dos médiuns. Qual é esse fato?
3. Que é que o instrutor Alexandre recomenda aos médiuns que aspiram ao desenvolvimento superior e ao intercâmbio com os sábios desencarnados?
4. É certo dizer que a mediunidade em si mesma é neutra?
5. Qual é, no dizer de Emmanuel, a primeira necessidade do médium?

Texto para leitura

A educação mediúnica é fruto de uma lenta e laboriosa iniciação
1. A prática mediúnica, além de subordinada a leis que regem o relacionamento e o comportamento dos seres que habitam este e o outro mundo, envolve uma série de fatores inerentes à personalidade do médium, do Espírito comunicante e dos demais participantes da sessão mediúnica. É por isso que tudo o que diga respeito ao mundo físico, ao mundo espiritual e ao mundo íntimo dos participantes de uma sessão exerce influência na atividade mediúnica.
2. Faz-se necessário, portanto, não apenas compreender o fenômeno mediúnico, mas promover a educação do aprendiz da mediunidade, o qual, admitido a construções de ordem superior, é convidado ao discernimento e à disciplina, para que se lhe aclarem e aprimorem as faculdades. Para tanto, é indispensável que ele se esclareça nos princípios salutares e libertadores da Doutrina Espírita.
3. Médiuns para a produção de fenômenos surgem de toda a parte e de todas as posições. Médiuns para edificação do aprimoramento e da felicidade entre as criaturas são apenas aqueles que se fazem autênticos servidores da Humanidade. 
4. Nada de importante, como sabemos, se adquire sem trabalho. Uma lenta e laboriosa iniciação impõe-se aos que buscam os bens superiores. Um fato, porém, que todos devem ter presente é que a formação e o exercício da mediunidade encontrarão sempre dificuldades, o que não é difícil de entender, visto que uma multidão de Espíritos pouco adiantados nos cerca, ávidos de se comunicarem com os homens, o que explica a sucessão de comunicações mediúnicas sem valor, triviais e às vezes inconvenientes, que impacientam e desanimam os principiantes.

Mediunidade não é disposição da carne transitória, mas expressão do Espírito
5. Decepções e dissabores inúmeros seriam evitados se compreendêssemos que a mediunidade percorre fases sucessivas e que, no período inicial do seu desenvolvimento, é o médium envolvido sobretudo por Espíritos de ordem inferior, cujos fluidos, ainda impregnados da matéria terrestre, se adaptam melhor aos fluidos do medianeiro encarnado.
6. Só mais tarde, quando a faculdade mediúnica se encontra suficientemente desenvolvida, é que os Espíritos elevados podem intervir e utilizá-la para um fim mais nobre. Obviamente, não se deve concluir que todos os médiuns, no início do seu trabalho, transmitam obrigatoriamente mensagens de Espíritos inferiores. Essa constitui, segundo Léon Denis, a regra, mas, evidentemente, existem as exceções.
7. O fato sugere que, paralelamente ao estudo do Espiritismo, deve o médium empenhar-se para que ocorra a sua reforma moral e se esforce pela vivência dos ensinamentos evangélicos. Esse é o sentido das seguintes palavras ditas pelo instrutor Alexandre, conforme podemos ler no cap. 9, p. 103, do livro Missionários da Luz, de André Luiz:
“Mediunidade não é disposição da carne transitória e sim expressão do Espírito imortal”.
“Se aspirais ao desenvolvimento superior, abandonai os planos inferiores. Se pretendeis o intercâmbio com os sábios, crescei no conhecimento, valorizai as experiências, intensificai as luzes do raciocínio! Se aguardais a companhia sublime dos santos, santificai-vos na luta de cada dia, porque as entidades angélicas não se mantêm insuladas nos júbilos celestes e trabalham também pelo aperfeiçoamento do mundo, esperando a vossa angelização! Se desejais a presença dos bons, tornai-vos bondosos por vossa vez!”
8. Esclarecem os instrutores espirituais que a perseverança no compromisso assumido e o recolhimento íntimo, com desapego natural das paixões inferiores e dos artifícios secundários da vida social, produzem uma liberação das matrizes dos registros psíquicos, aos quais se adaptam as tomadas mentais dos Benfeitores espirituais, estabelecendo-se com isso um seguro intercâmbio.

A mediunidade é coisa santa e deve ser praticada santamente
9. Como a mediunidade em si mesma é neutra e reflete o nível moral de quem a pratica, é justo concluir que a atividade mediúnica exercida pelo espírita deve refletir a moral espírita. E sendo a moral espírita a expressão do Evangelho, a prática mediúnica espírita deve ser a vivência plena e consciente dos ensinamentos cristãos. O candidato ao mediunato espírita deve ter, portanto, entre os seus primeiros deveres, o estudo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita.
10. Adverte Emmanuel, na questão 387 do seu livro “O Consolador”, que a primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, porque, se não o fizer, poderá esbarrar com o fantasma do personalismo em detrimento de sua missão. A mediunidade colocada a serviço de Jesus torna o medianeiro dócil e submisso ao trabalho superior.
11. Quem deseje comunicações sérias deve, antes de tudo, pedi-las seriamente e, em seguida, fazer o que for preciso para granjear a benevolência dos bons Espíritos, ou seja, cultivar as virtudes que os atraem, tais como a humildade, o devotamento, a abnegação e o mais absoluto desinteresse moral e material.
12. O médium precisa evangelizar-se para tornar-se instrumento de melhoria espiritual que beneficiará não apenas a si mesmo, mas também todos os que se encontrem à sua volta. A mediunidade – ensina o Codificador do Espiritismo – é coisa santa e deve ser praticada santamente, o que significa exercitá-la com assiduidade, pontualidade e fidelidade a Jesus e a Kardec.

Respostas às questões propostas

1. Que fatores influenciam a prática da mediunidade?
Esses fatores estão ligados à personalidade do médium, do Espírito comunicante e dos demais participantes da sessão mediúnica. Eis por que tudo o que diga respeito ao mundo físico, ao mundo espiritual e ao mundo íntimo dos participantes de uma sessão exerce influência na atividade mediúnica.
2. Há um fato praticamente geral que ocorre no processo de formação e iniciação dos médiuns. Qual é esse fato?
O fato, que todos devem ter presente, é que a formação e o exercício da mediunidade encontrarão sempre dificuldades, o que não é difícil de entender, visto que uma multidão de Espíritos pouco adiantados nos cerca, ávidos de se comunicarem com os homens, o que explica a sucessão de comunicações mediúnicas sem valor, triviais e às vezes inconvenientes, que impacientam e desanimam os principiantes.
3. Que é que o instrutor Alexandre recomenda aos médiuns que aspiram ao desenvolvimento superior e ao intercâmbio com os sábios desencarnados?
A recomendação do instrutor é clara e objetiva: “Se aspirais ao desenvolvimento superior, abandonai os planos inferiores. Se pretendeis o intercâmbio com os sábios, crescei no conhecimento, valorizai as experiências, intensificai as luzes do raciocínio! Se aguardais a companhia sublime dos santos, santificai-vos na luta de cada dia, porque as entidades angélicas não se mantêm insuladas nos júbilos celestes e trabalham também pelo aperfeiçoamento do mundo, esperando a vossa angelização! Se desejais a presença dos bons, tornai-vos bondosos por vossa vez!”
4. É certo dizer que a mediunidade em si mesma é neutra?
Sim.
5. Qual é, no dizer de Emmanuel, a primeira necessidade do médium?
Diz Emmanuel que a primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, porque, se não o fizer, poderá esbarrar com o fantasma do personalismo em detrimento de sua missão. 

Bibliografia:
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XXVI, itens 8 a 10.
No Invisível, de Léon Denis, pp. 60 e 61.
O Consolador, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, questões 387 e 392.
Missionários da Luz, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, cap. 9.
Estude e Viva, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, p. 211.
Mediunidade e Evolução, de Martins Peralva, p. 17.
Terapêutica de Emergência, por Espíritos diversos, psicografado por Divaldo P. Franco, pp. 50 e 51.

Observação:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:




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