O que é essencial no tratamento da obsessão
Vez
por outra o tema obsessão volta à discussão porque, como sabemos, muitos dos
que nos leem são pessoas que estão dando os primeiros passos no tocante ao
conhecimento da doutrina espírita. Além disso, a obsessão continua sendo um dos
motivos que mais tem levado espíritas e não espíritas a buscar ajuda nos
centros e instituições espíritas.
Uma
pergunta frequente diz respeito às obras em que o tema é tratado objetivamente
por Allan Kardec.
Kardec
examinou o tema em vários textos da Revista
Espírita e nas obras A Gênese, O
Livro dos Médiuns e Obras Póstumas,
mas é no cap. 28 d´O Evangelho segundo o
Espiritismo que o leitor encontrará um roteiro prático que elucida como as
obsessões devem ser tratadas.
No
capítulo a que nos reportamos, o Codificador do Espiritismo adverte
inicialmente que a cura das obsessões graves requer paciência, perseverança e
devotamento e exige tato e habilidade, porquanto é preciso, para que a tarefa
tenha sucesso, que encaminhemos para o bem Espíritos muitas vezes perversos,
endurecidos e astuciosos.
Lembra-nos
Kardec que, seja qual for o caráter do Espírito causador da obsessão, nada se
obterá pelo constrangimento ou pela ameaça, mas tão somente pelo ascendente
moral daqueles que se dediquem à tarefa. É por isso que é completamente
ineficaz a prática dos exorcismos ou o uso de fórmulas, amuletos, talismãs ou
qualquer objeto a isso assemelhado.
É
preciso que se atue sobre o ser inteligente que provoca a obsessão, ao qual
importa se fale com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. O
objetivo é convencer ou induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus
desígnios maus e fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem,
por meio de instruções ministradas com habilidade, cujo objetivo é sua educação
moral.
Outra
observação importante feita por Kardec é que a obsessão muito prolongada pode
ocasionar desordens patológicas e, por isso, requer geralmente tratamento
simultâneo ou consecutivo, por meio do magnetismo e da medicina tradicional,
com vistas a restabelecer a saúde da pessoa que sofre o assédio obsessivo. E
mesmo quando a causa esteja afastada, resta ainda combater os efeitos.
Nos
casos de obsessão grave, o obsidiado acha-se como que envolvido e impregnado de
um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele.
Importa, pois, desembaraçá-lo desse fluido, motivo pelo qual recorremos aos
chamados passes magnéticos, cuja eficácia é bem conhecida dos que estudam a
doutrina espírita.
A
participação do indivíduo que sofre o processo – o chamado obsidiado – é outro
ponto que Kardec destaca na obra a que nos referimos. É preciso ao obsidiado
fortificar sua alma, trabalhar por seu aprimoramento moral, fazer a parte que
lhe cabe, sem o que será difícil obter o resultado desejado.
A
esse respeito, o Codificador afirma que a tarefa desobsessiva se apresenta mais
fácil quando o obsidiado, compreendendo sua situação, presta o concurso de sua
vontade e de suas preces, modificando-se moralmente, adotando nova conduta e
buscando aprimorar-se espiritualmente, certo de que, no tocante aos processos
obsessivos, o melhor médico será sempre ele mesmo.
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