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sábado, 22 de junho de 2019




Liberdade não é libertinagem nem licenciosidade: por uma educação integral

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Na definição dos Espíritos, o ser humano é composto de alma (Espírito encarnado), perispírito e corpo físico. Possui, portanto, a natureza animal, pelo corpo; e a natureza espiritual, pela alma. O primeiro é mortal; a segunda é imortal.
Criado simples e ignorante, o ser humano necessita de muitas encarnações para alcançar a perfeição relativa. A perfeição absoluta é atributo exclusivo de Deus, que Jesus Cristo nos ensinou a adorar como Pai de infinitas perfeições. Algumas delas são a eternidade, a imutabilidade, a onisciência, a onipotência, a bondade e a justiça soberanas.
Precisamos passar um tempo pela matéria, um dos dois elementos do universo, além do elemento supremo, que é Deus. Esse estágio, entretanto, nos é concedido por nosso Pai com o objetivo de superarmos os instintos animalizados, haja vista que a evolução se processa desde o átomo ao anjo.
Por ser amor, quando, num dos seus mandamentos, o Senhor nos recomenda amar o próximo, está referindo-se ao amor transcendente e não à paixão degradante. Essa fase está restrita aos animais mais primitivos. Infelizmente, porém, muita gente ainda confunde paixão da carne com amor espiritual.
Até mesmo a alimentação do ser espiritualizado é frugal. Quem deseje libertar-se da influência material deve começar pela abstenção da carne animal. Atualmente, já existem várias alternativas para nossa nutrição, como a carne de soja e outros alimentos proteicos em substituição à carne.
Como Pai amoroso, Deus concede a todos nós, seus filhos, o livre-arbítrio. Ou seja, a liberdade para escolhermos o que consideramos melhor para nós e agir, reagir ou não, conforme nossa vontade.
A liberdade é, portanto, a faculdade que nos permite decidir ou agir de acordo com o que determinamos. Não se confunde, porém, com a libertinagem, que é o desregramento, a devassidão, próprios de quem perdeu o controle sobre a sua vontade de ser bom, como nos diz o Aurélio.
Outra palavra também muito parecida com liberdade e libertinagem é licenciosidade, de licencioso, ou seja, “que usa de excessiva licença, indisciplinado, desregrado” ou “sensual, libidinoso, libertino”, de acordo com o Dicionário Aurélio. A educação, que tem por base o lar, deve voltar-se para a disciplina do ser desde tenra idade. Isso porque, sendo eterno e já tendo vivido muitas experiências na carne, o Espírito traz consigo diversas tendências negativas ao lado das boas.
Em sua sabedoria, Deus quis que, na Terra, a reencarnação humana só se complete aos sete anos. Nessa idade, a autoridade dos pais ou responsáveis deve ser exercida com amor, mas também com energia, quando necessário. O que não pode haver são maus-tratos à criança. Nem físicos, nem psicológicos.
Infelizmente, porém, por não entender muito bem a imensa responsabilidade que lhes cabe em desenvolver, principalmente, nos primeiros anos da infância, hábitos saudáveis, respeito e obediência, a sociedade hodierna passa por grandes conflitos de gerações. Se antes as crianças tinham respeito até certo ponto exagerado pelos adultos, atualmente, com base em falsas teorias, o jovem é entregue a si mesmo, ao próprio senso ainda não desenvolvido do seu livre-arbítrio...
Vemos, assim, até mesmo crianças que chegam à escola sem ter o mínimo respeito aos seus colegas e aos próprios professores, que ameaçam e agridem. Tudo isso é consequência de ideologias materialistas.
Grave erro de pais e responsáveis é trocar seus cuidados afetivos por brinquedos e satisfação de todos os caprichos de suas crianças. Quando saem às ruas, compram quase tudo que seus filhos desejam. E ai desses pais e responsáveis se não atenderem às exigências infantis. Desse modo, os jovens crescem exigentes, egocêntricos e, por vezes, chegam a matar os próprios pais, como casos já divulgados na mídia, para se apoderarem, mais cedo, de seus bens materiais.
A criança necessita, desde cedo, aprender a ser grata e obediente aos seus pais. Não pode considerar os próprios responsáveis como seus vassalos, que sejam obrigados a tudo lhe cederem. Tem de respeitar os irmãos, coleguinhas e adultos. Necessita ter senso de responsabilidade, aprender, desde pequenina, a cuidar bem de seus brinquedos, a fazer bem sua higiene, a saber o valor das coisas, a colaborar com a família e a ter gosto pela leitura e estudo. Sem isso, o menino e a menina vão pensar que o mundo é seu, que os pais são seus vassalos e que todas as pessoas, inclusive os próprios professores, devem estar sempre ao seu dispor para servi-los.
Quando uma criança mal-educada faz birra por não lhe atenderem à vontade é preciso que se converse com ela com carinho, mas sem transigir com seus caprichos. A educação começa dentro do lar de cada um de nós. Por isso, é muito importante que não confundamos liberdade com libertinagem ou licenciosidade.
Sem que nos mortifiquemos voluntariamente, precisamos, desde jovens, domar nossas más inclinações espirituais e físicas. Podemos estar no mundo sem ser do mundo. Isso significa que necessitamos ser responsáveis no uso de nossa liberdade, para que não nos percamos por ignorar a linha tênue, por vezes, entre esta, a libertinagem e a licenciosidade.
A verdadeira finalidade da vida é esta: dominar a matéria com todo o seu séquito de imperfeições: orgulho, inveja, avareza, maledicência, crueldade e egoísmo. As virtudes que se opõem a isso foram ensinadas pelo Espírito da Verdade n’O Evangelho Segundo o Espiritismo: a abnegação, o devotamento.
Na prática dessas virtudes, estaremos a caminho do Reino dos Céus, que o Cristo prometeu aos que fazem a Vontade do Pai. Somente com o seu exercício diário, aliado à oração e à humildade, faremos a revolução da educação: a dos bons exemplos, que nos proporcionam a verdadeira liberdade, pois só é verdadeiramente livre quem vive bem. E só vive bem quem vive para o bem.





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