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terça-feira, 17 de setembro de 2019




Sempre podem ser lindos dias

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

A primeira coisa que me chamou atenção foi a pequenina flor amarela bem rente ao canteiro das rosas brancas e vermelhas no jardim de casa; na verdade, ainda quase não as havia percebido com todos os seus admiráveis detalhes. Sabemos que as singelas e verdadeiras coisas, várias vezes, não as percebemos e, por isso, quanto perdemos.  
Admirei-as como se as visse pela primeira vez, mas há quanto lá estavam e somente agora as enxerguei. Que céu azul perfeito com nuvens brancas de algodão aconchegando nossos lares. Sinto agora o ar mais puro que minha respiração pôde sorver, recebo o olá mais doce que meus olhos já puderam sentir, esse cumprimento foi o da senhora, vizinha, que há anos mora ali, na mesma casa, e tão pouco, com ela, conversei. Passei sob a sombra do flamboyant mais refrescante e acolhedora de todo o caminho. Vi um passarinho, prodígio cantor, passeando pelo muro enquanto eu andava na calçada com canteiro ao redor. Nunca tinha visto essas maravilhas tão de perto.
A melodia continuava. Um bem-te-vi também veio ao encontro e, também pelo muro, me acompanhou um pouco. Logo deu lugar ao intrépido voo de um beija-flor, e veja que magnífica flor este último encontrou.
Mais uma saudação e não bastou um só aceno de cabeça, esse agora veio até aqui e...
− Há quanto tempo! – meu antigo professor de português, agora velhinho, falou e me abraçou com saudade dos tempos de escola.
− Que bom vê-lo! − também falei e o abracei muito.
Conversamos um pouquinho. Deixei-lhe um até logo e segui.
O sol estava a cor laranja mais viva e vibrante que meus sentidos já constataram; era luz mantendo a vida terrena.
− Bom dia! − o dono do quiosque de frutas me falou com um sorriso lindo.
− Bom dia, senhor... − não me recordei seu nome.
− Que a paz esteja com você neste tão belo dia... − e falou meu nome baixinho.
Ele sabe meu nome? Surpreendi-me.
Acenei com a mão e continuei.
De repente, um chuvisquinho de chuva, que não era provável, mas vejam só... apenas para fazer florir o arco-íris no céu.
Que dia é esse? Quanta imagem sequenciada maravilhosa! O que será? Algum aviso?  Será o meu último dia aqui? Tentei desvendar. Parei para pensar e é lógico que há as mais belas ocasiões, fenômenos, pessoas o tempo todo, a grande diferença é o estado de ânimo no qual nos encontramos. Se nosso foco está limitado, assim nosso ânimo também estará. Veremos e viveremos o que construirmos em nós.
E após o percurso de três quadras e toda essa experiência, cheguei ao trabalho. Em minha mesa havia flores. De alguém para mim. Fiquei curiosa e logo peguei o cartão no sutil envelope.
Assim estava escrito: Um lindo dia.
Da mesma maneira que se olha e se sente a vida, assim também ela sentirá o ser.

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