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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020



O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.

Parte 10

73. Qual a causa das simpatias e antipatias terrenas? 
A simpatia nem sempre tem por princípio um anterior conhecimento. Dois Espíritos que se ligam bem naturalmente se procuram um ao outro, sem que se tenham conhecido como homens. Entre os seres pensantes há ligações que ainda não conhecemos. O magnetismo é o piloto dessa ciência, que mais tarde compreenderemos melhor. A antipatia pode derivar da diversidade no modo de pensar. Um Espírito mau antipatiza com quem quer que o possa julgar e desmascarar. Ao ver pela primeira vez uma pessoa, logo sabe que vai ser censurado. Seu afastamento dessa pessoa se transforma em ódio, em inveja e lhe inspira o desejo de praticar o mal. O bom Espírito sente repulsão pelo mau, por saber que este o não compreenderá e porque díspares dos dele são seus sentimentos. (O Livro dos Espíritos, questões 386 a 391.)
74. Por que o Espírito reencarnado perde a lembrança do seu passado? 
O homem não pode nem deve saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, a pessoa ficaria ofuscada, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido de seu passado, o homem é mais senhor de si. (Obra citada, questões 392, 393 e 395.)
75. Por quais indícios podemos saber o gênero de nossa existência anterior? 
O indício mais seguro quanto a isso são nossas tendências instintivas. Não conhecemos os atos que praticamos no passado, mas podemos saber qual o gênero das faltas cometidas e qual o cunho predominante do nosso caráter pelas tendências que nos caracterizam o ser. A natureza das vicissitudes e das provas que sofremos também nos podem esclarecer acerca do que fomos e do que fizemos, do mesmo modo que neste mundo julgamos dos atos de um culpado pelo castigo que lhe inflige a lei. Assim, o orgulhoso será castigado no seu orgulho, mediante a humilhação de uma existência subalterna; o mau rico e o avarento, pela miséria; o que foi cruel para os outros, pelas crueldades que sofrerá; o tirano, pela escravidão; o mau filho, pela ingratidão de seus filhos; o preguiçoso, por um trabalho forçado etc. (Obra citada, questão 399, seguida dos comentários de Kardec.)
76. Que acontece durante o sono? A alma também repousa como o corpo? 
Durante o sono, a alma não repousa como o corpo. O Espírito jamais está inativo. Durante esse estado afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. Podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono pelos sonhos. (Obra citada, questões 401, 402 e 407.)
77. É necessário o sono completo para a emancipação do Espírito?
Não; basta que os sentidos entrem em torpor para que o Espírito recobre sua liberdade. Para se emancipar, ele se aproveita de todos os instantes de trégua que o corpo lhe concede. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, tornando-se tanto mais livre quanto mais fraco for o corpo. (Obra citada, questões 407 a 409.)
78. Duas pessoas que se conhecem podem visitar-se durante o sono? 
Sim, e muitas pessoas que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se. É tão habitual o fato de irmos encontrar-nos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conhecemos e que nos podem ser úteis, que quase todas as noites fazemos essas visitas. (Obra citada, questões 414, 415 e 416.)
79. Qual é a causa de uma mesma ideia surgir ao mesmo tempo em muitos lugares diferentes? 
São Espíritos simpáticos que se comunicam e veem reciprocamente seus pensamentos respectivos. Há, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamento, que dá causa a que duas pessoas se vejam e compreendam sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam entre si a linguagem dos Espíritos. O fato é, aliás, comum durante o chamado sono corpóreo. (Obra citada, questões 419, 420 e 421.)
80. Como duas pessoas podem comunicar-se a distância? 
O Espírito não se acha encerrado no corpo como numa caixa; ele irradia por todos os lados. Segue-se que pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo em estado de vigília, se bem que mais dificilmente. (Obra citada, questões 420 e 421.)


Observação:
Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/02/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_20.html




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