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terça-feira, 19 de maio de 2020



A arte de bem ouvir e assim compreender

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Não faltam opiniões diante dos milhares acontecimentos diários. Juízes, sem nenhuma formação, expedem sentenças duras sem análise. E o intrigante é que esses juízes – pessoas que precisariam conhecer pelo menos um pouco do muito que falam – passeiam com suas palavras absurdas por todas as questões.
E os dias se tornam mais gris, pois as cores começam a se desbotar. As cores que trazem a alegria de estar com pessoas – a graça maior dos dias − e de conversar sobre as maravilhosas coisas que hoje estão enterradas, de ouvir com atenção e carinho a narrativa de alguém que simplesmente quer compartilhar alguns episódios e relembrar outros tempos.
E estamos carentes das palavras calmas que em meio à turbulência nos fortalecem tanto. Estamos carentes de conversas que ninguém precisa ter razão e muito menos forçar uma opinião esdrúxula conquistada por assustadora falta de conhecimento. Estamos carentes de amor, sim, bem mais amor.
Na escola, quando éramos bem pequenos, a professora dizia: quando um coleguinha fala os outros ouvem. E que pena, estamos esquecendo tantos valores. Estamos nos mostrando seres difíceis e truculentos quando o objetivo seria de refinamento e mais leveza. Mas a esperança de dias melhores sempre se renova com cada amanhecer.
A arte de bem ouvir se consagra entre os notáveis saberes. E como a época é bastante propícia para (re)conquistarmos tantos deles poderíamos incluir este saber à nossa lista de realizações obrigatórias.
À medida que compreendermos mais saberemos ouvir melhor, pois valorizaremos de imediato o que tem fundamento e dispensaremos sem alarde o que é infundamentado.
Não se ganha nada com uma imposição retórica se não houver base solidificada, muito menos com a de palavras ofensivas. Tudo na vida possui seu valor universal, são as mentes que violam esses valores. 
E quando assimilarmos que somos seres diferentes, mas de um único Criador, essas incontáveis descompensações se dissiparão, pois falaremos as mesmas palavras e compreenderemos tão naturalmente.
A arte de viver está simplesmente na sabedoria dos atos e na assimilação dos saberes em toda a sua dimensão, ou seja, quem conhece não despende tempo algum em convencer alguém, seus exemplos já fazem todo o trabalho. E ainda, em sua sabedoria, traz a arte de saber ouvir. 

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