Em
tempo de pandemia
JORGE LEITE DE
OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Allan Kardec explica, no cap. III, item
5 da sua obra intitulada O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina Segundo
o Espiritismo, que todos nós possuímos a natureza corpórea e a espiritual. E
acrescenta: "O Espírito é o ser principal, racional, inteligente, o corpo
é o envoltório material que reveste o Espírito temporariamente, para o
cumprimento de sua missão na Terra e a execução do trabalho necessário ao seu
adiantamento".
Em seguida, conclui: "Sem o
Espírito, o corpo não passa de matéria inerte, qual instrumento privado da mola
que o faz agir; sem o corpo, o Espírito é tudo: a vida, a inteligência. Ao
deixar o corpo, retorna ao mundo espiritual, de onde havia saído para reencarnar".
Quando passamos a ter a convicção
disso, nada mais nos abala o estado psicológico. Logicamente, isso não
significa que não tenhamos que ter cuidado com o corpo, mesmo após a
desencarnação de uma pessoa querida. Essa é uma homenagem justa e digna que se
presta a tais pessoas. Mas a melhor homenagem que lhes prestamos é a lembrança
dos bons momentos de nossa convivência, são as nossas orações, sejam estas de
solicitação de auxílio divino para elas, ou de gratidão pelo bem que fizeram
quando encarnadas. Nesse caso, não tenhamos dúvida de que estão muito melhor
agora do que estavam quando no corpo físico.
Devemos refletir, ainda, que as mais
longas existências havidas aqui na Terra não passam de cento e poucos anos. É
por isso que as pessoas idosas adquirem sabedoria, experiência, mas, se
pudessem, trocariam seu velho corpo por outro, jovem, para recomeçar a vida em
melhores condições, pois só o corpo envelhece, a alma está sempre sendo mais
aperfeiçoada, ainda que em corpo senil, quando já vive mais na pátria
espiritual do que na Terra. A reencarnação permite-nos o recomeço da existência
com vistas a evoluirmos sempre, mesmo que não nos lembremos do que fizemos em
vida anterior, o que é uma proteção provisória, pois no mundo espiritual, donde
viemos e para onde retornaremos, poderemos lembrar-nos de nossas passadas
existências.
Desse
modo, assim como uma roupa velha, que substituímos por outra nova, o mesmo
ocorre com o corpo físico, que precisamos respeitar e valorizar até o fim,
pois, como tudo o mais que é matéria, aqui na Terra, ele é um empréstimo de
Deus para o bom cumprimento da missão e trabalho citados pelo Codificador do
Espiritismo.
Nessa convicção, que só o estudo, a
reflexão e a prática do Espiritismo nos proporcionam
claramente, suportaremos resignados e confiantes em Deus quaisquer
provas ou expiações que forem necessárias ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
Os filósofos e poetas, intuitivamente, sabem disso.
Concluamos, com esta
quadra:
Hoje é dia de vida
abençoada
Não morremos jamais, pois
não existe
Despedida, por mais
pareça triste,
Que não seja, no além,
nova Alvorada.
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