O Livro dos Médiuns
Allan Kardec
Parte 20
Continuamos o estudo metódico de “O
Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco
Kardequiano. Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado d’ O Livro dos Médiuns,
para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Livro dos Médiuns”.
Eis as questões de hoje:
153. Kardec enumera 26 princípios que devem ser levados em conta para se reconhecer a qualidade dos Espíritos. Como podemos resumi-los?
Julgam-se os Espíritos pela sua linguagem e por suas ações. As ações dos
Espíritos são os sentimentos que inspiram e os conselhos que dão. Admitindo-se
que os bons Espíritos dizem e praticam somente o bem, tudo o que for mau não
pode provir de um bom Espírito. Os Espíritos superiores têm uma linguagem
sempre digna, nobre, elevada, sem mescla de nenhuma trivialidade; falam tudo
com simplicidade e modéstia, não se gabam jamais, nunca ostentam seu saber nem
sua posição entre os outros. A linguagem dos Espíritos inferiores ou vulgares
tem sempre algum reflexo das paixões humanas; qualquer expressão que demonstre
baixeza, presunção, arrogância, charlatanismo, acrimônia, é um indício
característico de inferioridade ou de velhacaria se o Espírito se apresenta sob
um nome respeitável e venerado. Os bons Espíritos dizem apenas o que sabem;
exprimem-se simplesmente, sem prolixidade, jamais dão ordens; não se impõem,
mas aconselham e, se não são ouvidos, retiram-se; não elogiam, aprovam-nos
quando fazemos o bem, mas sempre com reservas; são muito escrupulosos nos atos
que aconselham; em todos os casos visam apenas a um fim sério e eminentemente
útil; procuram corrigir os erros e pregam a indulgência, e jamais semeiam a
cizânia por insinuações pérfidas; da parte dos Espíritos superiores o gracejo é
frequentemente fino e espirituoso, jamais vulgar; prescrevem apenas o bem e seus
conselhos são perfeitamente racionais. (O
Livro dos Médiuns, item 267.)
154. Que pensar dos
Espíritos que se valem, às vezes, de nomes de santos ou personagens conhecidas?
Todos os nomes dos santos e das personagens conhecidas não bastariam para
fornecer um protetor a cada homem da Terra. Entre os Espíritos há poucos que
tenham um nome conhecido na Terra; eis por que muito frequentemente eles se
abstêm de dar seu nome. Mas como a maior parte das criaturas encarnadas lhes
pede o nome, para satisfazê-las tomam o nome de alguém que as pessoas conheçam
ou respeitem. Quando é para o bem, Deus permite que assim se faça entre
Espíritos da mesma categoria, porque entre eles há solidariedade e semelhança
de pensamentos. (Obra citada, item 268, parágrafo 3.)
155. Pode-se reconhecer
os Espíritos pelas impressões que nos causam à sua aproximação?
Sim. Muitos médiuns reconhecem os bons e os maus Espíritos pela impressão
agradável ou penosa que experimentam à sua aproximação. O médium experimenta as
sensações do estado em que se acha o Espírito que chega próximo dele. Quando o
Espírito é feliz, seu estado é tranquilo, leve, calmo; quando é infeliz, é
agitado, febril e esta agitação passa naturalmente para o sistema nervoso do
médium. (Obra citada, item 268, parágrafo 28.)
156. Por que a
reencarnação não era, ao tempo de Kardec, ensinada por todos os Espíritos
comunicantes?
Duas são as razões: de um lado a ignorância dos Espíritos comunicantes,
cujas ideias estavam ainda muito limitadas ao presente. Para eles, o presente
deve durar sempre; nada enxergam além do círculo de suas percepções e não se
inquietam em saber donde vêm e para onde irão. A reencarnação é para eles uma
necessidade na qual não pensam senão quando ela chega; sabem que o Espírito
progride, mas não sabem como. Isso é para eles um problema. Em segundo lugar, é
preciso entender a prudência que em geral usam os Espíritos na disseminação da
verdade: uma luz muito viva e súbita ofusca e não aclara. Podem, então, em
certos casos, julgar útil não divulgá-la senão gradualmente, de acordo com os
tempos, os lugares e as pessoas. Moisés não ensinou tudo o que ensinou o Cristo
e o próprio Cristo não disse muitas coisas cuja compreensão estava reservada às
gerações futuras. Num país onde o preconceito da cor reina soberano, onde a
escravidão está enraizada nos costumes, teriam repelido o Espiritismo
simplesmente porque proclama a reencarnação, visto que a ideia de que o senhor
possa tornar-se escravo, e reciprocamente, lhes pareceria monstruosa. Não era
melhor fazer aceitar primeiro o princípio geral, para daí tirar mais tarde as
consequências? (Obra citada, item 301, parágrafos 8 e 9.)
157. Quais as causas das
contradições que se apresentam nas comunicações espíritas?
As contradições que se apresentam nas comunicações espíritas podem ser
devidas às causas seguintes: à ignorância de certos Espíritos; à velhacaria dos
Espíritos inferiores que, por malícia ou malvadeza, dizem o contrário do que,
em outra parte, disse o Espírito cujo nome usurpam; à vontade do mesmo Espírito,
que fala segundo os tempos, os lugares e as pessoas, e pode julgar útil não
dizer tudo a todo mundo; à insuficiência da linguagem humana para exprimir as
coisas do mundo incorpóreo; à insuficiência dos meios de comunicações que nem
sempre permitem ao Espírito transmitir todo o seu pensamento; enfim, à
interpretação que cada um pode dar de uma palavra ou de uma explicação, segundo
suas ideias, seus preconceitos ou o ponto de vista sob o qual vê as coisas. (Obra
citada, item 302.)
158. Por que Deus
permite que ocorram as mistificações?
Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros
adeptos e punir os que fazem do Espiritismo um objeto de divertimento. Se isto
lhes abala a crença, é porque sua fé não é muito sólida. Quem renuncia ao
Espiritismo por causa de um simples desapontamento prova que não o compreende e
não o toma em sua parte séria. (Obra citada, item 303, parágrafo 2.)
159. Qual o meio de
evitar as mistificações na prática mediúnica?
Este é um dos inconvenientes mais fáceis de evitar. O meio de obtê-lo é
não exigir do Espiritismo senão o que ele pode e deve dar-lhe. Seu fim é a
melhoria moral da Humanidade: se não nos afastarmos daí, não seremos jamais
enganados, porque não há duas maneiras de compreender a verdadeira moral,
aquela que pode ser admitida por todo homem de bom senso. Os Espíritos não vêm
para guiar os homens no caminho das honras e da fortuna, ou para servirem a
suas mesquinhas paixões. Eles vêm instruir a Humanidade e guiá-la no caminho do
bem. Se não lhes pedissem nada de fútil ou fora de suas atribuições, não dariam
oportunidade alguma aos Espíritos enganadores, donde se conclui que quem é
mistificado tem apenas o que merece. (Obra citada, item 303, parágrafo 1)
160. Como podemos
prevenir a ocorrência de fraude nas manifestações?
A melhor garantia contra a fraude está na moralidade notória dos médiuns
e na ausência de todas as causas de interesse material ou de amor-próprio que
lhes poderiam estimular o exercício das faculdades mediúnicas que possuem,
porque essas mesmas causas podem levá-los a simular as faculdades que não
possuem. (Obra citada, item 323.)
Observação: Para acessar a Parte 19
deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/10/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte_22.html
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