quinta-feira, 22 de outubro de 2020

  



O Livro dos Médiuns

 

Allan Kardec

 

Parte 19

 

Continuamos o estudo metódico de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano. Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado d’ O Livro dos Médiuns, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Livro dos Médiuns”.

Eis as questões de hoje:


145. De que nos serve o ensino dos Espíritos, se ele não nos oferece mais certeza do que o ensino humano?

Como sabemos, não aceitamos com igual confiança o ensino de todos os homens e, entre duas doutrinas, preferimos aquela cujo autor nos parece mais esclarecido, mais capaz, mais judicioso, menos acessível às paixões. Do mesmo modo se deve proceder com os Espíritos. Se entre eles há os que não estão acima da Humanidade, muitos há que a ultrapassaram e estes nos podem dar ensinamentos que em vão buscaríamos com os homens mais instruídos. Distinguir uns e outros, eis a tarefa daqueles que desejam esclarecer-se, e o Espiritismo fornece os meios para isso. Mas mesmo esses ensinamentos têm um limite e, se aos Espíritos não é dado saber tudo, com mais forte razão isso se verifica relativamente aos homens. Há coisas, portanto, sobre as quais será inútil interrogar os Espíritos, seja porque lhes é vedado revelá-las, seja porque eles próprios as ignoram e a cujo respeito apenas podem expender suas opiniões pessoais. Por último, devemos compreender que, mesmo nas comunicações de Espíritos vulgares, podemos colher ensinamentos valiosos, dado que tais Espíritos nos mostram a aplicação prática das grandes e sublimes verdades cuja teoria é ensinada pelos Espíritos superiores. O estado feliz ou infeliz do ser desencarnado, suas condições na vida espiritual, a conservação de sua individualidade, eis situações que o Espiritismo nos revelou e que nos esclarecem sobre o futuro que nos aguarda a todos no além-túmulo. (O Livro dos Médiuns, item 300.)

146. Como devemos tratar o médium que é vítima de fascinação?

A única coisa a fazer com o médium fascinado é procurar convencê-lo de que ele está iludido, para assim transformar sua obsessão num caso de "obsessão simples". Mas isso nem sempre é fácil, e pode ser mesmo algumas vezes impossível. O predomínio do Espírito pode ser tal que torna o fascinado surdo a qualquer espécie de raciocínio e pode ir ao ponto de fazê-lo duvidar, quando o Espírito comete uma grossa heresia científica, se não é a Ciência que está enganada. Como já dissemos, o fascinado acolhe geralmente muito mal os conselhos; a crítica o ofende, irrita-o e lhe caem em antipatia aqueles que não lhe partilham a admiração. Suspeitar de Espírito que o engana é quase uma profanação a seus olhos e é tudo o que deseja o Espírito. Como não há pior cego do que aquele que não quer ver, quando reconhecemos a inutilidade de toda tentativa para abrir os olhos do fascinado, o que há de melhor a fazer é deixá-lo com suas ilusões. Não podemos curar um doente que se obstina em conservar sua doença e nisso se compraz. (Obra citada, item 250.)

147. Por que o passe magnético auxilia no tratamento dos obsidiados?

A razão disso é simples. O que falta às vezes no obsidiado é uma força fluídica suficiente. Ora, nesse caso a ação magnética de um bom magnetizador pode vir utilmente em seu auxílio, para lhe permitir a energia necessária para dominar os maus Espíritos. (Obra citada, item 251.)

148. Na moralização dos maus Espíritos, qual pode ser a influência dos homens?

O homem não tem certamente mais poder do que os Espíritos superiores, mas sua linguagem se identifica melhor com a natureza dos Espíritos imperfeitos, sendo certo, porém, que os ascendentes que o homem pode exercer sobre eles estão na razão de sua superioridade moral. Por meio de sábios conselhos o homem poderá levá-los ao arrependimento e apressar seu adiantamento. (Obra citada, item 254, parágrafo 5.)

149. Qual é, depois da obsessão, a maior dificuldade que deparamos no Espiritismo prático?

É a questão da identidade dos Espíritos, visto que estes não nos trazem um cunho indiscutível de identificação. Desse modo, depois da obsessão, é essa uma das maiores dificuldades da prática espírita. Devemos compreender, no entanto, que em muitos casos a identidade absoluta do Espírito que se comunica é uma questão secundária e sem real importância. (Obra citada, item 255.)

150. Quando a identificação do Espírito comunicante se torna mais fácil?

A identificação é mais fácil de averiguar quando se trata de Espíritos contemporâneos, dos quais conhecemos o caráter e os hábitos, porque são precisamente esses hábitos, dos quais ainda não tiveram tempo de se libertar, que permitem o seu reconhecimento e constituem mesmo um dos sinais mais certos da identidade. O Espírito pode, sem dúvida, fornecer provas quando lhe pedimos, mas não o faz sempre, a não ser que lhe convenha, e geralmente esse pedido o magoa; eis por que devemos evitá-lo. Ao deixar seu corpo, o Espírito não perdeu a susceptibilidade e, assim, se ofende com toda pergunta que tenha por fim pô-lo à prova. As provas de identidade surgem, aliás, de uma porção de circunstâncias imprevistas que não se apresentam sempre à primeira vista, mas no prosseguimento dos trabalhos. É conveniente, pois, esperá-las sem provocá-las, observando com cuidado todas as que podem decorrer da natureza das comunicações. (Obra citada, item 257.)

151. É importante fazermos a distinção entre bons e maus Espíritos?

Sim. Se a identidade absoluta dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão acessória e sem importância, não acontece o mesmo com a distinção entre bons e maus Espíritos; a individualidade deles nos pode ser indiferente, mas não a sua qualidade. Em todas as comunicações instrutivas, eis o ponto para o qual deve convergir toda a nossa atenção, porque unicamente esta distinção é que nos pode dar a medida da confiança que podemos atribuir ao Espírito que se manifesta, qualquer que seja o nome sob o qual se apresente. Julgamos os Espíritos como julgamos os homens: pela sua linguagem. Suponhamos que um homem receba vinte cartas de pessoas desconhecidas. Pelo estilo, pelos pensamentos, por inumeráveis sinais, enfim, julgará as pessoas que são instruídas ou ignorantes, polidas ou mal-educadas, superficiais, profundas, frívolas, orgulhosas, sérias, levianas, sentimentais etc. Ocorre o mesmo com os Espíritos; devemos considerá-los como correspondentes que jamais vimos e perguntar-nos o que pensaríamos da sabedoria e do caráter de um homem que dissesse ou escrevesse tais coisas. Podemos ter como regra invariável e sem exceção que a linguagem dos Espíritos está sempre em relação ao grau de sua elevação. (Obra citada, itens 262 e 263.)

152. Qual é, segundo Kardec, o único e infalível meio de se saber a natureza do Espírito comunicante?

Submetendo todas as comunicações a um exame escrupuloso, escrutando e analisando o pensamento e as expressões como fazemos quando se trata de julgar uma obra literária, rejeitando sem hesitar tudo o que peca contra a lógica e o bom senso, tudo o que desminta o caráter do Espírito comunicante, desencorajamos os Espíritos enganadores, que acabam por retirar-se, uma vez convencidos de que não nos podem enganar. Este meio é único, porém infalível, porque não existe uma comunicação má que possa resistir a uma crítica rigorosa. (Obra citada, item 266.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 18 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/10/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte_15.html

 

 

 

 

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