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domingo, 28 de fevereiro de 2021

 



O descanso dos que partem para o Além

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

A propósito do tema morte, que é sempre lembrado por ocasião do feriado de Finados, há quem persista na ideia de que ninguém jamais voltou para dizer se a vida realmente continua.

Os cristãos, como sabemos, creem na continuidade da vida e demonstram essa crença ao evocar os chamados santos, que, em verdade, são pessoas como nós que um dia passaram por aqui e retornaram ao mundo espiritual, uma vez mortos seus corpos.

Com efeito, os fatos têm-nos mostrado que os Espíritos sobrevivem à morte corpórea e que, havendo permissão superior, podem, sim, comunicar-se com os chamados vivos. Os que conseguem essa permissão trazem-nos notícias do mundo espiritual, falam do trabalho que realizam e das preocupações que os movem, além de informar-nos que são muitas as ocupações e missões que desempenham, tendo por objetivo a harmonia do Universo.

A felicidade dos Espíritos bem-aventurados não consiste, pois, na ociosidade contemplativa, que seria uma eterna e fastidiosa inutilidade.

Os imortais nos dizem que sua ocupação é contínua, embora nada tenha ela de penosa, uma vez que não estão sujeitos à fadiga tal qual a conhecemos, nem às necessidades próprias da vida terrena.

Engana-se, portanto, quem imagina que os seres desencarnados se encontram descansando, sem obrigações e deveres a cumprir.

Desencarnados ou não, são eles incumbidos de auxiliar o progresso da Humanidade, dos povos ou dos indivíduos, dentro de um círculo de ideias mais ou menos amplas, mais ou menos especiais, cabendo-lhes ainda velar pela execução de determinadas coisas.

Alguns desempenham missões mais restritas e, de certo modo, pessoais ou inteiramente locais, como assistir os enfermos, os agonizantes, os aflitos, velar por aqueles de quem se constituíram guias e protetores, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons pensamentos.

Existem tantos gêneros de missões quantas as espécies de interesses a resguardar, tanto no mundo físico como no moral, e o Espírito se adianta conforme a maneira pela qual desempenha sua tarefa.

Os superiores só se ocupam com o que seja útil ao progresso. Os inferiores ligam-se mais às coisas materiais e delas se ocupam.

As atribuições conferidas aos Espíritos são proporcionadas ao seu grau evolutivo, às luzes que possuem, à sua capacidade, experiência e ao grau de confiança que inspiram ao Supremo Criador.

Mas, ao lado das grandes missões confiadas aos Espíritos superiores, existem outras de importância relativa, concedidas a Espíritos de todas as categorias, podendo afirmar-se que cada um tem a sua, de modo que todos têm deveres a preencher a bem do semelhante e que é, portanto, equivocada a conhecida frase: “Morreu, descansou”.

 

 

 

 

 

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sábado, 27 de fevereiro de 2021

 


Reflexões sobre a caridade

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

       

Segundo o Espírito Irmão X, "Em todos os tempos, há exércitos de criaturas que ensinam a caridade, todavia poucas pessoas praticam-na verdadeiramente"[1]. É certo que a teoria nos auxilia muito, quando seus conceitos elevados são postos em prática, mas também é certo que ainda é mais fácil divulgar as qualidades morais elevadas ao próximo do que praticá-las. Por isso, Paulo, em I Coríntios, 13:1, afirma: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".

Ainda o Irmão X ensina-nos como devemos praticar a caridade: "A caridade, antes de tudo, pede compreensão. Não basta entregar os haveres ao primeiro mendigo que surja à porta, para significar a posse da virtude sublime [...]"[2]. Realmente, é tão importante o sentimento de compaixão ao caído quanto a pura entrega de alguma moeda a ele. Então, completa o Espírito que: "É preciso entender-lhe a necessidade e ampará-lo com amor. Desembaraçar-se dos aflitos, oferecendo-lhes o supérfluo, é livrar-se dos necessitados, de maneira elegante, com absoluta ausência de iluminação espiritual" (id).

Há quem julgue estar fazendo grande caridade ao pedir a outrem que auxilie alguém em penúria material ou espiritual. A esse respeito, o Espírito Neio Lúcio esclarece-nos: "A caridade, por substitutos, indiscutivelmente, é honrosa e louvável, mas o bem que praticamos em sentido direto, dando de nós mesmos, é sempre o maior e o mais seguro de todos".[3]

A sublimidade da caridade é quando já somos capazes de nos sacrificar, em benefício do próximo, como o fez a viúva que se privou de duas moedas de ínfimo valor, mas que lhe representava "todo o seu sustento", segundo disse Jesus, e Marcos registrou em 12:41- 44.

Devotamento e abnegação para com o próximo são as duas virtudes que representam a mais alta expressão do amor. Quando nós entendermos os sentidos que essas palavras representam, passaremos a praticar a caridade no seu mais profundo sentido. Então, onde quer que estejamos, com o que dispusermos, ante qualquer situação estaremos atentos à recomendação do Cristo: "Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também [...]" (Mateus, 7:12).

 



[1] Irmão X (Espírito). Lázaro redivivo. Psicografia de Chico Xavier. Apud SOARES, Sylvio Brito. Pérolas do além. 5. ed. Brasília: FEB, 1992. p. 40, Caridade.

[2] _____. Pontos e contos. Psicografia de Chico Xavier. Apud SOARES, Sylvio Brito. Pérolas do além. 5. ed. Brasília: FEB, 1992. p. 41, Caridade.

[3] Neio Lúcio (Espírito). Jesus no lar. Psicografia de Chico Xavier. Apud SOARES, Sylvio Brito. Pérolas do além. 5. ed. Brasília: FEB, 1992. p. 41, Caridade.

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 


 

 

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 



O Além e a Sobrevivência do Ser

 

Léon Denis

 

Parte 6

 

Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Há nesta obra registros de casos de aparição do Espírito no momento de sua morte corpórea?

B. A ocorrência mencionada na questão acima não teve testemunhas. É relatado neste livro algum fato que tenha sido corroborado por pessoas presentes à manifestação do Espírito?

C. Muitos cépticos supunham, no caso das aparições, que se as pessoas segurassem o fantasma, certamente encontrariam em seu lugar o médium disfarçado. Essa suposição chegou a ser derrubada por meio de fatos?

 

Texto para leitura

 

79. Na carta que mencionamos anteriormente o general L. G. assinala ainda o seguinte fenômeno:

“O Sr. Contaut, velho amigo de meu pai, nascido como ele no Épinal, donde veio para Périgneux, lugar em que se aposentou no cargo de diretor do registro, me referiu o seguinte fato: - Um dia, em Épinal, acabava de me deitar, quando de súbito vi aos pés de minha cama o meu amigo Goenry, comandante de engenharia, então muito distante dos Vosges. Estava uniformizado e me olhava tristemente. Tal foi a minha surpresa que exclamei: ‘Como, Goenry, tu aqui!’ Nesse momento ele desapareceu. Fiquei impressionadíssimo. Fui ter com minha mulher e lhe narrei o que acabava de passar-se, acrescentando: ‘Aposto que Goenry morreu.’ No dia seguinte recebi um telegrama comunicando-me a sua morte, que ocorrera exatamente à mesma hora da aparição.

Ora, o Sr. Contaut é um espírito muito positivo; ignorava toda esta espécie de fenômenos e só me confiou o fato porque eu lhe estivera relatando outros da mesma natureza, passados comigo. Ele me declarou: ‘Jamais me fora possível compreender esse incidente. Que de vezes pensei nele sem conseguir achar-lhe explicação!”  

80. Citemos ainda um caso mais antigo, porém dos mais sugestivos também, em razão dos testemunhos oficiais que o comprovam:

“A 17 de março de 1863, em Paris, no primeiro andar da casa nº 26, rua Pasquier, por detrás da Madalena, a Sra. baronesa de Boilève oferecia um jantar a muitas pessoas, entre as quais se contavam o general Fleury, escudeiro-mor do imperador Napoleão II, o Sr. Devienne, primeiro presidente da Corte de Cassação, o Sr. Delescaux, presidente da Câmara no Tribunal Civil do Sena. Durante o jantar tratou-se sobretudo da expedição ao México, começada havia já um ano. O filho da baronesa, tenente de caçadores a cavalo, Honoré de Boilève, fazia parte da expedição e sua mãe não deixara de perguntar ao general Fleury se o governo tinha notícias dela. Não as tinha. Falta de notícias, boas notícias. O banquete terminou alegremente, conservando-se os convivas à mesa até às 9 horas da noite. A essa hora, Mme. de Boilève se levantou e foi sozinha ao salão para mandar servir o café. Mal entrara, um grito terrível alarmou os convidados. Todos se precipitaram para o salão e encontraram a baronesa desmaiada, estendida no tapete.

Voltando a si, contou-lhes ela uma história extraordinária. Ao transpor a porta do salão, dera com seu filho Honoré em pé na outra extremidade do aposento, uniformizado, mas sem armas e sem quepe. Tinha o rosto pálido e ensanguentado. Fora tal o espanto da pobre senhora, que pensara morrer. Todos se apressaram em tranquilizá-la, fazendo-lhe ver que tinha sido joguete de uma alucinação, que sonhara acordada.

Sentindo-se ela, porém, inexplicavelmente fraca, chamaram com urgência o médico da família, que era o ilustre Nélaton. Posto ao corrente da estranha aventura, o facultativo prescreveu calmantes e retirou-se. No dia seguinte a baronesa estava fisicamente restabelecida, mas o moral ficara abalado. Daí por diante mandava duas vezes ao dia um portador ao ministério da guerra pedir notícias do tenente.

Ao cabo de uma semana recebeu a notícia oficial de que a 17 de março de 1863, às 2 horas e 50 minutos da tarde, no assalto de Puebla, Honoré de Boilève caíra morto por uma bala mexicana, que o atingira no olho esquerdo e lhe atravessara a cabeça.

Três meses mais tarde o Dr. Nélaton transmitiu a seus colegas da Academia uma comunicação do sucedido, escrita pelo punho do primeiro presidente Devienne e assinada por todos os convivas do famoso jantar.”  

81. Em seu número de 24 de dezembro de 1905, L’Éclair publicou uma importante declaração do Senhor Montorgueil, redator desse jornal, que então se decidira a falar das experiências de que participara em 1896 ou 1897, em casa do engenheiro Mac-Nob, rua Lepic. Foi necessária a afirmação corajosa do professor Charles Richet sobre a realidade do fantasma da vivenda Cármen para que ele saísse do silêncio em que se mantivera durante dezoito anos.

82. Muitos cépticos, pouco a par dessas investigações, ingenuamente supõem que, se se atirassem ao fantasma e o impedissem de mover-se, encontrariam o médium disfarçado. A seguinte experiência do Sr. Montorgueil responde peremptoriamente a esta hipótese, patenteando-lhe a parvoíce.

83. Vamos sem delongas ao ponto interessante da narrativa:

“Uma noite recebi uma pancada no ombro, uma pancada algum tanto brusca. Passado um instante, notei que me roçava os joelhos uma saia. Segurei-a, mas escapou-me dos dedos. O fantasma atirou-se de novo a mim. Senti de repente que me esfregava o rosto com um pano. Acreditei ser um gracejo: agarrei, furioso, a mão que me correra pela face. A cólera, junto a um certo medo, me decuplicava as forças. Pedi em gritos que acendessem as luzes, o que logo foi feito pelo engenheiro.

Achava-me então de pé e com um dos braços apertava de encontro ao corpo um outro braço, cujo pulso segurava com a mão, que a raiva havia transformado em tenaz. Reinava absoluto silêncio; meus ouvidos não percebiam nenhum ruído de respiração; nem minhas faces lhe sentiam o calor característico. Somente meus pés sapateavam.

A mão do fantasma tentava, no entanto, fugir da minha. Dava-me a sensação de se estar fundindo entre os meus dedos. A luz brilhara de novo: a luta não durara mais de dez segundos. Contra mim ninguém; todos estavam nos seus lugares e denotavam mais curiosidade do que ansiedade. É fora de dúvida que se tivesse agarrado por aquela maneira uma pessoa, eu a houvera derrubado, ou, numa luta corpo a corpo, como a em que me vira empenhado, ela só conseguiria atirar-me ao chão, depois que nossas mãos se houvessem separado. Tal pessoa não lograria libertar-se de mim sem um empurrão.”

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Há nesta obra registros de casos de aparição do Espírito no momento de sua morte corpórea?

Sim. Um deles, relatado pelo general L. G., ocorreu com o Sr. Contaut, que declarou o seguinte: - Um dia, em Épinal, acabava de me deitar, quando de súbito vi aos pés de minha cama o meu amigo Goenry, comandante de engenharia, então muito distante dos Vosges. Estava uniformizado e me olhava tristemente. Tal foi a minha surpresa que exclamei: ‘Como, Goenry, tu aqui!’ Nesse momento ele desapareceu. No dia seguinte recebi um telegrama comunicando-me a sua morte, que ocorrera exatamente à mesma hora da aparição. (O Além e a Sobrevivência do Ser.)

B. A ocorrência mencionada na questão acima não teve testemunhas. É relatado neste livro algum fato que tenha sido corroborado por pessoas presentes à manifestação do Espírito?

Sim. No dia 17 de março de 1863, em Paris, registrou-se um fato na presença de várias testemunhas. A Sra. baronesa de Boilève oferecia um jantar a muitas pessoas, entre as quais se contavam o general Fleury, escudeiro-mor do imperador Napoleão II, o Sr. Devienne, primeiro presidente da Corte de Cassação, e o Sr. Delescaux, presidente da Câmara no Tribunal Civil do Sena. Durante o jantar tratou-se sobretudo da expedição ao México, começada havia já um ano. O filho da baronesa, tenente de caçadores a cavalo, Honoré de Boilève, fazia parte da expedição. O banquete terminou alegremente, conservando-se os convivas à mesa até às 9 horas da noite. A essa hora, Mme. de Boilève se levantou e foi sozinha ao salão para mandar servir o café. Mal entrara, um grito terrível alarmou os convidados. Todos se precipitaram para o salão e encontraram a baronesa desmaiada, estendida no tapete. Voltando a si, ela contou-lhes uma história extraordinária. Ao transpor a porta do salão, dera com seu filho Honoré em pé na outra extremidade do aposento, uniformizado. Ele tinha o rosto pálido e ensanguentado. Ao cabo de uma semana ela recebeu a notícia de que a 17 de março de 1863, às 2 horas e 50 minutos da tarde, no assalto de Puebla, Honoré de Boilève caíra morto por uma bala mexicana, que o atingira no olho esquerdo e lhe atravessara a cabeça. Três meses mais tarde o Dr. Nélaton transmitiu a seus colegas da Academia uma comunicação do sucedido, escrita pelo punho do primeiro presidente Devienne e assinada por todos os convivas do famoso jantar. (Obra citada.)

C. Muitos cépticos supunham, no caso das aparições, que se as pessoas segurassem o fantasma, certamente encontrariam em seu lugar o médium disfarçado. Essa suposição chegou a ser derrubada por meio de fatos?

Sim. Uma experiência vivida pelo Sr. Montorgueil, redator do jornal L’Éclair, e publicada na edição de 24 de dezembro de 1905 do citado periódico, desmentiu peremptoriamente tal hipótese, patenteando-lhe a parvoíce. O fato e todo o seu desdobramento são narrados por Léon Denis na obra que ora estudamos. (Obra citada.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/o-alem-e-asobrevivencia-do-ser-leon_19.html

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

 



O Evangelho segundo o Espiritismo

 

Allan Kardec

 

Parte 15

 

Prosseguimos o estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Eis as questões de hoje:

 

113. O divórcio é contrário à lei natural estabelecida por Deus?

Não. O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina – a lei do amor. É bom que lembremos que nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento, visto que, conforme já vimos, ele admitia o divórcio nos casos de adultério. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXII, item 5.)

114. Que é mais importante para nós: a existência terrestre ou a vida espiritual? 

A vida espiritual é a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito e, por esse motivo, muito mais importante que a existência terrestre. (Obra citada, cap. XXIII, itens 6 a 8.)

115. Que é a vida terrestre para a Doutrina Espírita?

A existência terrestre, embora indispensável ao progresso do Espírito, é transitória e passageira. O papel que desempenhamos numa existência corpórea finda-se com a morte do corpo. É, pois, no mundo espiritual que transcorre a verdadeira vida, e nela os disfarces não são possíveis. (Obra citada, cap. XXIII, item 8.)

116. Como interpretar esta frase de Jesus: "Não vim trazer a paz, mas a divisão"?

Quando Jesus disse: "Não acrediteis que eu tenha vindo trazer a paz, mas, sim, a divisão", seu pensamento era este: "Não acrediteis que a minha doutrina se estabeleça pacificamente; ela trará lutas sangrentas, tendo por pretexto o meu nome, porque os homens não me terão compreendido, ou não me terão querido compreender. Os irmãos, separados pelas suas respectivas crenças, desembainharão a espada um contra o outro e a divisão reinará no seio de uma mesma família, cujos membros não partilhem da mesma crença. Vim lançar fogo à Terra para expungi-la dos erros e dos preconceitos, do mesmo modo que se põe fogo a um campo para destruir nele as ervas más, e tenho pressa de que o fogo se acenda para que a depuração seja mais rápida, visto que do conflito sairá triunfante a verdade. À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida. Então, quando o campo estiver preparado, eu vos enviarei o Consolador, o Espírito de Verdade, que virá restabelecer todas as coisas, isto é, dando a conhecer o sentido verdadeiro das minhas palavras, que os homens mais esclarecidos poderão enfim compreender, porá termo à luta fratricida que desune os filhos do mesmo Deus. Cansados, afinal, de um combate sem resultado, que traz consigo unicamente a desolação e a perturbação até ao seio das famílias, reconhecerão os homens onde estão seus verdadeiros interesses, com relação a este mundo e ao outro. Verão de que lado estão os amigos e os inimigos da tranquilidade deles. Todos então se porão sob a mesma bandeira: a da caridade, e as coisas serão restabelecidas na Terra, de acordo com a verdade e os princípios que vos tenho ensinado". (Obra citada, cap. XXIII, itens 9, 10, 11 e 16.)

117. Por que surgiram no mundo tantas seitas, muitas vezes conflitantes entre si, tendo por origem comum os Evangelhos? 

Infelizmente, os adeptos da nova doutrina não se entenderam quanto à interpretação das palavras do Mestre, veladas, as mais das vezes, pela alegoria e pelas figuras da linguagem. Daí nascerem numerosas seitas, pretendendo todas possuir de modo exclusivo a verdade. Olvidando o mais importante dos preceitos divinos, o que Jesus colocou por pedra angular do seu edifício e como condição expressa da salvação: a caridade, a fraternidade e o amor do próximo, tais seitas lançaram anátema umas sobre as outras, e umas contra as outras se atiraram, as mais fortes esmagando as mais fracas, afogando-as em sangue, aniquilando-as nas torturas e nas chamas das fogueiras. Vencedores do Paganismo, os cristãos, de perseguidos que eram, fizeram-se perseguidores. A ferro e fogo foi que se puseram a plantar a cruz do Cordeiro sem mácula. E, como ninguém ignora, as guerras de religião foram as mais cruéis e mais vítimas causaram do que as guerras políticas; além disso, em nenhuma outra se praticaram tantos atos de atrocidade e de barbárie. (Obra citada, cap. XXIII, item 15.)

118. Depois de haver enfrentado tantos inimigos poderosos, quais as lutas que o Espiritismo terá ainda de enfrentar? 

O Espiritismo veio para realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos. Tal como Jesus, ele topa com o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cupidez e o fanatismo cego, os quais, levados às suas últimas trincheiras, tentam barrar-lhe o caminho e lhe suscitam entraves e perseguições. Em face de tudo isso, ele terá também de combater, mas o tempo das lutas e das perseguições sanguinolentas passou. São, pois, de ordem moral as que terá de sofrer e próximo está o seu termo. (Obra citada, cap. XXIII, itens 16 e 17.)

119. Que proveito puderam as pessoas tirar das parábolas narradas por Jesus, que até para nós são, em alguns casos, incompreensíveis e ilógicas? 

É de notar que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre as partes de certo modo abstratas da sua doutrina. Mas, tendo feito da caridade para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambiguidade alguma. Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante, à qual ele se limitava a dizer: "Eis o que é preciso se faça para ganhar o reino dos céus." Sobre as outras partes, apenas aos discípulos desenvolvia o seu pensamento. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Daí o haver dito: Aos que já têm, ainda mais se dará. (Obra citada, cap. XXIV, itens 6 e 7.)

120. Por que Jesus recomendou a seus apóstolos não ir aos gentios, sem antes procurar as ovelhas perdidas da casa de Israel? 

Em muitas circunstâncias, Jesus mostra que suas vistas não se circunscrevem ao povo judeu, mas abrangem a Humanidade toda. Se, portanto, disse a seus apóstolos que não fossem ter com os pagãos, não é que desdenhasse da conversão deles, o que nada teria de caridoso; é que os judeus, que já acreditavam no Deus uno e esperavam o Messias, estavam preparados, pela lei de Moisés e pelos profetas, a lhes acolherem a palavra. Com os pagãos, onde até mesmo a base faltava, estava tudo por fazer e os apóstolos não se achavam ainda bastante esclarecidos para tão pesada tarefa. Foi por isso que lhes disse: "Ide em busca das ovelhas transviadas de Israel", isto é, ide semear em terreno já arroteado. Sabia que a conversão dos gentios se daria a seu tempo. Mais tarde, com efeito, os apóstolos foram plantar a cruz no centro mesmo do Paganismo. (Obra citada, cap. XXIV, itens 8 a 10.)

 

Observação:

Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan_18.html

 

 

 

 

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

 


Nos Domínios da Mediunidade

 

André Luiz

 

Parte 5

 

Vimos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros de André Luiz, psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, integrantes da chamada Série Nosso Lar.

Concluído o estudo dos sete primeiros livros da Série, estudamos agora a oitava obra: Nos Domínios da Mediunidade, publicada em 1954 pela Federação Espírita Brasileira.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND e, em seguida, no verbete " Nos Domínios da Mediunidade".

Eis as questões de hoje:

 

33. Que é uma sonâmbula perfeita?

A explicação foi dada pelo Assistente Aulus, referindo-se à médium Celina, para ele uma sonâmbula perfeita: "A psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade de ligação da corrente nervosa do cérebro mediúnico à mente do hóspede que o ocupa". A espontaneidade dela é tamanha na cessão de seus recursos, que não tem qualquer dificuldade para desligar-se de maneira automática do campo sensório, perdendo provisoriamente o contacto com os centros motores da vida cerebral. "Sua posição medianímica é de extrema passividade. Por isso mesmo, revela-se o comunicante mais seguro de si na exteriorização da própria personalidade", acrescentou Aulus. Esse fato não significa, contudo, que a médium estivesse ausente ou irresponsável. Junto de seu corpo, agia como mãe generosa, auxiliando o sofredor que por ela se exprimia, qual se fora frágil protegido de sua bondade. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 8, págs. 72 a 74.)

34. Na atividade mediúnica, é preferível a psicofonia consciente ou a sonambúlica?

Depende do médium. Falando sobre o assunto, Aulus explicou: "O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e que, por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às forças vampirizantes". (Obra citada, cap. 8, págs. 74 a 76.)

35. Que ocorreu quando o obsessor viu no recinto sua vítima?

O obsessor voltou-se para Pedro (a vítima) e pareciam dois contendores engalfinhados em luta feroz. O obsidiado sentiu o golpe como se ali estivesse ocorrendo um autêntico ataque epiléptico, com toda a sua clássica sintomatologia, porque tinha a face transfigurada por indefinível palidez, os músculos jaziam tetanizados e a cabeça, exibindo os dentes cerrados, mostrava-se flectida para trás, enquanto os braços se assemelhavam a dois galhos de arvoredo, quando retorcidos pela tempestade. Em seguida à rigidez do corpo, vieram estranhas convulsões que se estenderam aos olhos que se moviam em reviravoltas contínuas. O insensível perseguidor como que se entranhou no corpo da vítima e pronunciou duras palavras, que só André e seus companheiros puderam ouvir, uma vez que as funções sensoriais de Pedro mostravam-se em deplorável inibição. (Obra citada, cap. 9, págs. 77 a 79.)

36. No fenômeno da possessão que é que se observa no paciente?

Primeiro, ele fica incapaz de qualquer domínio sobre si mesmo. No caso de Pedro (o obsidiado), Aulus informou: "Todas as células do córtex sofrem o bombardeio de emissões magnéticas de natureza tóxica. Os centros motores estão desorganizados. Todo o cerebelo está empastado de fluidos deletérios. As vias do equilíbrio aparecem completamente perturbadas". Pedro não dispunha de controle para governar-se, nem de memória comum para registrar a ocorrência. Mas isso somente no setor da forma de matéria densa, visto que, em espírito, ele arquivava todas as particularidades da situação em que se encontrava, de modo a enriquecer o patrimônio das próprias experiências. O Assistente explicou que estavam diante de um transe mediúnico de baixo teor, embora na linguagem médica o fato constituísse um ataque epiléptico, porquanto ali se via a associação de duas mentes desequilibradas, a prender-se às teias do ódio recíproco. (Obra citada, cap. 9, págs. 79 a 81.)

37. A oração pode ajudar de algum modo em casos assim?

Sim. E foi isso que a médium Celina, percebendo a dificuldade para atingir o obsessor com a palavra falada, buscou, com o auxílio de Aulus. Formulou, então, vibrante prece, implorando a Compaixão Divina para os infortunados companheiros que ali se digladiavam inutilmente. As palavras da médium libertaram jactos de força luminescente a lhe saltarem das mãos e a envolverem em sensações de alívio os participantes do conflito. O perseguidor, qual se houvesse aspirado alguma substância anestesiante, se desprendeu automaticamente da vítima, que repousou, enfim, num sono profundo e reparador. O obsessor foi, então, conduzido, semiadormecido, a um local de emergência e Dona Celina ofereceu um pouco d'água fluidificada à chorosa e assustadiça genitora do enfermo. (Obra citada, cap. 9, págs. 81 e 82.)

38. Onde se radicava a causa da obsessão sofrida por Pedro?

Na derradeira metade do século 19, Pedro era um médico que abusava da missão de curar. Uma análise mental particularizada identificá-lo-ia em numerosas aventuras menos dignas. O perseguidor que presentemente lhe dominava as energias era-lhe irmão consanguíneo, cuja esposa nosso amigo doente de agora procurou seduzir. Para isso, insinuou-se de formas diversas, além de prejudicar o irmão em todos os seus interesses econômicos e sociais, até incliná-lo à internação num hospício, onde estacionou por muitos anos, aparvalhado e inútil, à espera da morte. Desencarnando e encontrando-o na posse da mulher, desvairou-se no ódio de que passou a nutrir-se. Martelou-lhes, então, a existência e aguardou-o, além-túmulo, onde os três se reuniram em angustioso processo de regeneração. A companheira, menos culpada, foi a primeira a retornar ao mundo, onde mais tarde recebeu o médico delinquente nos braços maternais, como seu próprio filho, purificando o amor de sua alma. O irmão atraiçoado de outro tempo, todavia, não encontrou forças para modificar-se e continuava vampirizando-o, obstinado no ódio a que se rendeu impensadamente". (Obra citada, cap. 9, págs. 82 e 83.)

39. A cura de Pedro (o ex-médico vítima da possessão) poderia vir logo?

A esta pergunta feita por André Luiz, Aulus respondeu: "Isso dependerá muito dele e da vítima com quem se encontra endividado. A assimilação de princípios mentais renovadores determina mais altas visões da vida. Todos os dramas obscuros da obsessão decorrem da mente enfermiça. Aplicando-se com devotamento às novas obrigações de que será investido, caso persevere no campo de nossa Consoladora Doutrina, sem dúvida abreviará o tempo de expiação a que se acha sujeito, de vez que, em se convertendo ao bem, modificará o tônus mental do adversário, que se verá arrastado à própria renovação pelos seus exemplos de compreensão e renúncia, humildade e fé". (Obra citada, cap. 9, pp. 84 e 85.)

40. Após a cura, ver-se-iam ainda alguns resquícios da possessão?

Sim. De acordo com as explicações de Aulus, depois de se extinguirem os acessos da possessão, Pedro sofreria os reflexos do desequilíbrio em que se envolveu, a se exprimirem nos fenômenos mais leves da epilepsia secundária, que emergiriam, por algum tempo, ante as simples recordações mais fortes da luta que vem atravessando, até o integral reajuste do corpo perispirítico. (Obra citada, cap. 9, pp. 84 e 85.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/nos-dominios-damediunidade-andre-luiz_17.html

 

 

 

 

 

 

 

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

 



O bem precisa estar em atividade

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Muito se fala em conquistar material ou intelectualmente, conquistar posições em inúmeras áreas, fala-se em conquistar, ter, usufruir. No entanto nada possuirá valor se não puder alcançar a necessidade do próximo, pois será apenas egoísmo e vaidade. O que trará sentido ao coração é realizar o bem, abrandar a dor também alheia, diminuir o desespero da fome, doar um pouco de amor a quem nunca soube o que é ser amado, abraçar o ser desprotegido, seguir um pouquinho, pelo menos, os passos do Mestre e não os de tolos sentindo-se deuses terrenos.

Não há sentido algum em olhar o mundo sem a bondade e o propósito que curam tudo. O doutor não se realizará se não puder cuidar do paciente aflito, o professor não se sentirá pleno se não for capacitador de futuros profissionais felizes e competentes. Todos que podem bem cooperar e não o fazem, definitivamente, sofrerão a ausência da completude. Se o alimento existe para alimentar e não o cumpre, algo não está bem; se a água é vida e não mata a sede de tantos seres, algo de ruim está ocorrendo; se tantas ideias geniais se transformam em benefício para poucos, há bem mais egoísmo que prosperidade.

Tudo o que é benéfico precisa realizar o seu trabalho. Se os frutos não são colhidos de sua árvore estragarão deixando de alimentar. Se uma água cristalina não continuar o seu curso transformar-se-á num pântano, já dizia Victor Hugo. Se os bons não encabeçarem as propostas de vida, os maus trarão sofrimentos a milhares e a dor será grande.

A vida é dinâmica e seu dinamismo coopera muito para os bons acontecimentos e a felicidade multiplicarem-se amparando inúmeros corações em menor tempo. Mas também o seu oposto pode ocorrer, no entanto conhece-se a infinita diferença entre o bem e o mal.

Amanhã pode ser tarde para a vida a ser salva hoje. Ninguém estará perfeitamente preparado para ajudar, mas todos podem servir, basta a vontade aliada ao amor. O pouco que se realiza pode ser a salvação de pessoas. Não se deve pensar se há perfeitas condições, mas que se pode ser o raio de luz na escuridão de muitas vidas, até os cientistas começaram a aprender com professores primários.

E rotineiramente o sol traz a mensagem de que não há sentido se não for para o bem.

 

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