O Além e a
Sobrevivência do Ser
Léon Denis
Parte 6
Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de
autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela
Federação Espírita Brasileira.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Há nesta obra registros de casos de
aparição do Espírito no momento de sua morte corpórea?
B. A ocorrência mencionada na questão
acima não teve testemunhas. É relatado neste livro algum fato que tenha sido
corroborado por pessoas presentes à manifestação do Espírito?
C. Muitos cépticos supunham, no caso
das aparições, que se as pessoas segurassem o fantasma, certamente encontrariam
em seu lugar o médium disfarçado. Essa suposição chegou a ser derrubada por
meio de fatos?
Texto para
leitura
79. Na carta que mencionamos
anteriormente o general L. G. assinala ainda o seguinte fenômeno:
“O Sr. Contaut, velho amigo de meu
pai, nascido como ele no Épinal, donde veio para Périgneux, lugar em que se
aposentou no cargo de diretor do registro, me referiu o seguinte fato: - Um
dia, em Épinal, acabava de me deitar, quando de súbito vi aos pés de minha cama
o meu amigo Goenry, comandante de engenharia, então muito distante dos Vosges.
Estava uniformizado e me olhava tristemente. Tal foi a minha surpresa que
exclamei: ‘Como, Goenry, tu aqui!’ Nesse momento ele desapareceu. Fiquei
impressionadíssimo. Fui ter com minha mulher e lhe narrei o que acabava de
passar-se, acrescentando: ‘Aposto que Goenry morreu.’ No dia seguinte recebi um
telegrama comunicando-me a sua morte, que ocorrera exatamente à mesma hora da
aparição.
Ora, o Sr. Contaut é um espírito muito
positivo; ignorava toda esta espécie de fenômenos e só me confiou o fato porque
eu lhe estivera relatando outros da mesma natureza, passados comigo. Ele me
declarou: ‘Jamais me fora possível compreender esse incidente. Que de vezes
pensei nele sem conseguir achar-lhe explicação!”
80. Citemos ainda um caso mais antigo,
porém dos mais sugestivos também, em razão dos testemunhos oficiais que o
comprovam:
“A 17 de março de 1863, em Paris, no
primeiro andar da casa nº 26, rua Pasquier, por detrás da Madalena, a Sra.
baronesa de Boilève oferecia um jantar a muitas pessoas, entre as quais se
contavam o general Fleury, escudeiro-mor do imperador Napoleão II, o Sr.
Devienne, primeiro presidente da Corte de Cassação, o Sr. Delescaux, presidente
da Câmara no Tribunal Civil do Sena. Durante o jantar tratou-se sobretudo da
expedição ao México, começada havia já um ano. O filho da baronesa, tenente de
caçadores a cavalo, Honoré de Boilève, fazia parte da expedição e sua mãe não
deixara de perguntar ao general Fleury se o governo tinha notícias dela. Não as
tinha. Falta de notícias, boas notícias. O banquete terminou alegremente,
conservando-se os convivas à mesa até às 9 horas da noite. A essa hora, Mme. de
Boilève se levantou e foi sozinha ao salão para mandar servir o café. Mal
entrara, um grito terrível alarmou os convidados. Todos se precipitaram para o
salão e encontraram a baronesa desmaiada, estendida no tapete.
Voltando a si, contou-lhes ela uma
história extraordinária. Ao transpor a porta do salão, dera com seu filho
Honoré em pé na outra extremidade do aposento, uniformizado, mas sem armas e
sem quepe. Tinha o rosto pálido e ensanguentado. Fora tal o espanto da pobre
senhora, que pensara morrer. Todos se apressaram em tranquilizá-la, fazendo-lhe
ver que tinha sido joguete de uma alucinação, que sonhara acordada.
Sentindo-se ela, porém,
inexplicavelmente fraca, chamaram com urgência o médico da família, que era o
ilustre Nélaton. Posto ao corrente da estranha aventura, o facultativo
prescreveu calmantes e retirou-se. No dia seguinte a baronesa estava
fisicamente restabelecida, mas o moral ficara abalado. Daí por diante mandava
duas vezes ao dia um portador ao ministério da guerra pedir notícias do
tenente.
Ao cabo de uma semana recebeu a
notícia oficial de que a 17 de março de 1863, às 2 horas e 50 minutos da tarde,
no assalto de Puebla, Honoré de Boilève caíra morto por uma bala mexicana, que
o atingira no olho esquerdo e lhe atravessara a cabeça.
Três meses mais tarde o Dr. Nélaton
transmitiu a seus colegas da Academia uma comunicação do sucedido, escrita pelo
punho do primeiro presidente Devienne e assinada por todos os convivas do
famoso jantar.”
81. Em seu número de 24 de dezembro de
1905, L’Éclair publicou uma
importante declaração do Senhor Montorgueil, redator desse jornal, que então se
decidira a falar das experiências de que participara em 1896 ou 1897, em casa
do engenheiro Mac-Nob, rua Lepic. Foi necessária a afirmação corajosa do
professor Charles Richet sobre a realidade do fantasma da vivenda Cármen para
que ele saísse do silêncio em que se mantivera durante dezoito anos.
82. Muitos cépticos, pouco a par
dessas investigações, ingenuamente supõem que, se se atirassem ao fantasma e o
impedissem de mover-se, encontrariam o médium disfarçado. A seguinte
experiência do Sr. Montorgueil responde peremptoriamente a esta hipótese,
patenteando-lhe a parvoíce.
83. Vamos sem delongas ao ponto
interessante da narrativa:
“Uma noite recebi uma pancada no
ombro, uma pancada algum tanto brusca. Passado um instante, notei que me roçava
os joelhos uma saia. Segurei-a, mas escapou-me dos dedos. O fantasma atirou-se
de novo a mim. Senti de repente que me esfregava o rosto com um pano. Acreditei
ser um gracejo: agarrei, furioso, a mão que me correra pela face. A cólera,
junto a um certo medo, me decuplicava as forças. Pedi em gritos que acendessem
as luzes, o que logo foi feito pelo engenheiro.
Achava-me então de pé e com um dos braços
apertava de encontro ao corpo um outro braço, cujo pulso segurava com a mão,
que a raiva havia transformado em tenaz. Reinava absoluto silêncio; meus
ouvidos não percebiam nenhum ruído de respiração; nem minhas faces lhe sentiam
o calor característico. Somente meus pés sapateavam.
A mão do fantasma tentava, no entanto,
fugir da minha. Dava-me a sensação de se estar fundindo entre os meus dedos. A
luz brilhara de novo: a luta não durara mais de dez segundos. Contra mim
ninguém; todos estavam nos seus lugares e denotavam mais curiosidade do que
ansiedade. É fora de dúvida que se tivesse agarrado por aquela maneira uma
pessoa, eu a houvera derrubado, ou, numa luta corpo a corpo, como a em que me
vira empenhado, ela só conseguiria atirar-me ao chão, depois que nossas mãos se
houvessem separado. Tal pessoa não lograria libertar-se de mim sem um
empurrão.”
Respostas às questões preliminares
A. Há nesta obra registros de casos de aparição do Espírito
no momento de sua morte corpórea?
Sim. Um deles, relatado pelo general
L. G., ocorreu com o Sr. Contaut, que declarou o seguinte: - Um dia, em Épinal,
acabava de me deitar, quando de súbito vi aos pés de minha cama o meu amigo
Goenry, comandante de engenharia, então muito distante dos Vosges. Estava
uniformizado e me olhava tristemente. Tal foi a minha surpresa que exclamei:
‘Como, Goenry, tu aqui!’ Nesse momento ele desapareceu. No dia seguinte recebi
um telegrama comunicando-me a sua morte, que ocorrera exatamente à mesma hora
da aparição. (O Além e a Sobrevivência do
Ser.)
B. A ocorrência mencionada na questão acima não teve
testemunhas. É relatado neste livro algum fato que tenha sido corroborado por
pessoas presentes à manifestação do Espírito?
Sim. No dia 17 de março de 1863, em
Paris, registrou-se um fato na presença de várias testemunhas. A Sra. baronesa
de Boilève oferecia um jantar a muitas pessoas, entre as quais se contavam o
general Fleury, escudeiro-mor do imperador Napoleão II, o Sr. Devienne,
primeiro presidente da Corte de Cassação, e o Sr. Delescaux, presidente da
Câmara no Tribunal Civil do Sena. Durante o jantar tratou-se sobretudo da
expedição ao México, começada havia já um ano. O filho da baronesa, tenente de
caçadores a cavalo, Honoré de Boilève, fazia parte da expedição. O banquete
terminou alegremente, conservando-se os convivas à mesa até às 9 horas da
noite. A essa hora, Mme. de Boilève se levantou e foi sozinha ao salão para
mandar servir o café. Mal entrara, um grito terrível alarmou os convidados.
Todos se precipitaram para o salão e encontraram a baronesa desmaiada,
estendida no tapete. Voltando a si, ela contou-lhes uma história
extraordinária. Ao transpor a porta do salão, dera com seu filho Honoré em pé
na outra extremidade do aposento, uniformizado. Ele tinha o rosto pálido e
ensanguentado. Ao cabo de uma semana ela recebeu a notícia de que a 17 de março
de 1863, às 2 horas e 50 minutos da tarde, no assalto de Puebla, Honoré de
Boilève caíra morto por uma bala mexicana, que o atingira no olho esquerdo e
lhe atravessara a cabeça. Três meses mais tarde o Dr. Nélaton transmitiu a seus
colegas da Academia uma comunicação do sucedido, escrita pelo punho do primeiro
presidente Devienne e assinada por todos os convivas do famoso jantar. (Obra
citada.)
C. Muitos cépticos supunham, no caso das aparições, que se
as pessoas segurassem o fantasma, certamente encontrariam em seu lugar o médium
disfarçado. Essa suposição chegou a ser derrubada por meio de fatos?
Sim. Uma experiência vivida pelo Sr.
Montorgueil, redator do jornal L’Éclair,
e publicada na edição de 24 de dezembro de 1905 do citado periódico, desmentiu
peremptoriamente tal hipótese, patenteando-lhe a parvoíce. O fato e todo o seu
desdobramento são narrados por Léon Denis na obra que ora estudamos. (Obra
citada.)
Observação:
Para acessar a Parte 5 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/o-alem-e-asobrevivencia-do-ser-leon_19.html
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