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sábado, 31 de julho de 2021

 



As rodas da vida

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

           

Bom dia, amigos leitores!

Enquanto eu esperava o retorno de minha esposa, que conduzi para tratamento no CBV/Hospital de Olhos, em Brasília, sentei-me do lado de fora do nosocômio. Dali observei os movimentos dos passantes e acompanhantes, como foi o caso do menino de cerca de três anos e seus pais. O pai faria uma consulta oftalmológica.

Então, vi quando o menino veio correndo, após despedir-se do pai, e subiu no colo de sua mãe, que estava sentada. Em seguida, ele desceu e ficou brincando com seu carrinho sob a vigilância materna.

Passei, então, a observar os pacientes que voltavam amparados por seus acompanhantes ou enfermeiros. Senhor idoso, com grande dificuldade de deambular, foi levado por seu jovem acompanhante até o carro que os aguardava; enfermeiro cuidadoso guiou moça de triste expressão, em cadeira de rodas, até o interior do prédio; e senhora d'olhos vendados foi amparada por sua filha até sumir do alcance dos meus olhos.

Lembrei-me então da história do príncipe Sidarta Gautama. Após ter visto, em espírito, um velho, um doente, um cadáver e um monge, Gautama deixou mulher e filho para trás, devolveu as roupas principescas que usava ao pai, vestiu-se de monge e foi para o deserto, em busca da autoiluminação. Conseguida esta, após anos de renúncia às paixões do mundo, deduziu que a causa do sofrimento é o desejo. Ao longo do tempo, conquistou adeptos à sua crença, que se expandiu, passou a ser conhecida como Budismo e Gautama foi considerado Buda, que, em sânscrito, significa "o iluminado".

Longe de mim dizer que minha visão possa ser comparada com a do Buda. Entretanto, ao ver as cenas descritas acima, refleti nas conclusões iniciais pregadas por esse iluminado espírito: as três primeiras visões representam a natureza do mundo; a quarta simboliza a solução para as misérias humanas. Então podemos dizer que o monge simboliza a espiritualidade proposta por Deus a cada um de nós para nos libertarmos das misérias inerentes às paixões nefastas.

Ao contrário das visões do Buda, minha primeira visão representa o compromisso da família ante a educação da criança e, portanto, a mais importante de todas que vi. Também ali há um simbolismo...

Pouco antes de morrer, aos 80 anos de idade, Buda disse isto em suas últimas palavras: "A decadência é inerente a todas as coisas. Com a mente clara, dê a devida atenção à sua salvação". Lembrei-me então desta máxima espírita: "Fora da caridade não há salvação". Paz e luz!

 

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sexta-feira, 30 de julho de 2021

 



Fatos Espíritas


William Crookes


Parte 10

 

Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que fotografia de Katie King é considerada por Crookes uma das mais interessantes?

B. Que diferenças físicas entre Katie e a Srta. Cook foram notadas por Crookes?

C. Como foram os momentos finais da despedida entre Katie e a médium Florence Cook?

 

Texto para leitura

 

181. Referindo-se à Srta. Cook, William Crookes diz que durante esses seis últimos meses ela lhe fez numerosas visitas e demorava-se algumas vezes uma semana em sua casa, trazendo consigo pequena mala de mão, que não fechava à chave.

182. Durante o dia estava em companhia da Sra. Crookes, dele próprio ou de algum outro membro de sua família. Não dormia só e, portanto, não tinha ocasião de preparar algo, mesmo de caráter menos aperfeiçoado, que fosse apto para representar o papel de Katie King.

183. Ele mesmo preparou e dispôs sua biblioteca, assim como a câmara escura, e, como de costume, depois que a Srta. Cook jantava e conversava com a família, ela se dirigia logo ao gabinete. A seu pedido, ele fechava à chave a segunda porta, guardando a chave consigo durante toda a sessão; então, abaixava-se o gás e deixava-se a Srta. Cook na escuridão.

184. Entrando no gabinete, a Srta. Cook deitava-se no soalho, repousando a cabeça num travesseiro, e logo depois caía em letargia. Durante as sessões fotográficas, Katie envolvia a cabeça da médium com um xale, para impedir que a luz lhe caísse sobre o rosto. Várias vezes Crookes levantou um lado da cortina, quando Katie estava em pé, muito perto, e então não era raro que as 7 ou 8 pessoas que estavam no laboratório pudessem ver, ao mesmo tempo, a Srta. Cook e Katie, à plena claridade da luz elétrica.

185. Não se podia então perceber o rosto da médium, por causa do xale, mas todos notavam suas mãos e pés, e viam-na mover-se, penosamente, sob a influência dessa luz intensa e, por momentos, ouviam-lhe os gemidos.

186. Diz Crookes: “Tenho uma prova de Katie e da médium fotografadas juntamente; mas Katie está colocada diante da cabeça da Srta. Cook. Enquanto eu tomava parte ativa nessas sessões, a confiança que em mim tinha Katie aumentava gradualmente, a ponto de ela não querer mais prestar-se à sessão, sem que eu me encarregasse das disposições a tomar, dizendo que queria sempre me ter perto dela e perto do gabinete. Desde que essa confiança ficou estabelecida, e quando ela teve a satisfação de estar certa de que eu cumpriria as promessas que lhe fazia, os fenômenos aumentaram muito em força e foram-me dadas provas que me seriam impossíveis obter se me tivesse aproximado da médium de maneira diferente”.

187. Katie King o interrogava muitas vezes a respeito das pessoas presentes às sessões e sobre o modo de serem colocadas, pois nos últimos tempos se tinha tornado muito nervosa, em consequência de certas sugestões imprudentes, que aconselhavam empregar a força para tornar as pesquisas mais científicas.

188. Uma das fotografias mais interessantes é aquela em que Crookes está em pé, ao lado de Katie, tendo ela o pé descalço sobre determinado ponto do soalho. Vestiu-se em seguida a Srta. Cook como Katie; ela e ele se colocaram exatamente na mesma posição, e foram fotografados pelas mesmas objetivas colocadas perfeitamente como na outra experiência, e alumiados pela mesma luz.

189. Quando os dois esboços foram postos um sobre o outro, as duas fotografias de Crookes coincidiram perfeitamente quanto ao porte, etc., mas Katie era maior meia cabeça do que a Srta. Cook e perto desta parecia uma mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho do seu rosto e a estatura do seu corpo diferem essencialmente da médium e as fotografias fazem ver vários outros pontos de dessemelhança.

190. A fotografia é, no entanto, tão impotente para representar a beleza perfeita do rosto de Katie quanto as próprias palavras o são para descrever o encanto de suas maneiras. A fotografia pode, é verdade, dar um desenho do seu porte; mas como poderá ela reproduzir a pureza brilhante de sua tez ou a expressão sempre cambiante dos seus traços, tão móveis, ora velados pela tristeza, quando narrava algum acontecimento doloroso da sua vida passada, ora sorridente, com toda a inocência de uma menina, quando reunia os filhos de Crookes ao redor de si e os divertia contando-lhes episódios das suas aventuras na Índia?

191. Crookes viu tão bem Katie, recentemente, quando estava alumiada pela luz elétrica, que lhe é possível acrescentar alguns traços às diferenças que, em precedente artigo, estabeleceu entre ela e a médium.

192. Afirma Crookes: “Tenho a mais absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades distintas, pelo menos no que diz respeito aos seus corpos. Vários pequenos sinais, que se acham no rosto da Srta. Cook, não existem no de Katie. A cabeleira da Srta. Cook é de um castanho tão forte que parece quase preto; um cacho da cabeleira de Katie, que tenho à vista e que ela me permitira cortar de suas tranças luxuriantes, depois de ter seguido com os meus próprios dedos até ao alto da sua cabeça e de haver convencido de que ali nascera, é de um rico castanho dourado”.

193. Continua Crookes: “Uma noite, contei as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da Srta. Cook, poucos instantes depois, atingia a 90, seu número habitual. Auscultando o peito de Katie, eu ouvia um coração bater no interior e as suas pulsações eram ainda mais regulares que as do coração da Srta. Cook, quando, depois da sessão, ela me permitia igual verificação. Examinados da mesma forma, os pulmões de Katie mostraram-se mais sãos que os da médium, pois, no momento em que fiz a experiência, a Srta. Cook seguia tratamento médico por motivo de grave bronquite”.

194. Quando chegou o momento de Katie os deixar, Crookes pediu-lhe o obséquio de ser ele o último a vê-la. Chamou ela a si cada pessoa da sociedade e lhes disse algumas palavras em particular, dando instruções gerais sobre a proteção a dispensar à Srta. Cook. Essas instruções, que foram estenografadas, dizem o seguinte: “O Sr. Crookes sempre agiu muito bem, e é com a maior confiança que deixo Florence em suas mãos, perfeitamente convicta de que não faltará à confiança que tenho nele. Em todas as circunstâncias imprevistas, o Sr. Crookes poderá agir melhor do que eu mesma, porque tem mais força”.

195. Tendo terminado suas instruções, Katie convidou-o a entrar no gabinete consigo e permitiu-lhe ficar nele até o fim. Depois de fechada a cortina, conversou durante algum tempo, em seguida atravessou o quarto para ir até à Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho. Inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: “Acorda, Florence, acorda! É preciso que eu te deixe agora!”

196. A Srta. Cook acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda. “Minha cara, não posso; a minha missão está cumprida; Deus te abençoe!”, respondeu Katie, e continuou a falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos conversaram juntas, até que enfim as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar. Seguindo as instruções de Katie, Crookes precipitou-se para suster Cook, que ia cair sobre o soalho e soluçava convulsivamente. Olhou ao redor de si, mas Katie, com o seu vestido branco, tinha desaparecido. Logo que a Srta. Cook ficou suficientemente calma, trouxeram luz e ela foi conduzida para fora do gabinete.

197. As sessões quase diárias, com que a Srta. Cook favoreceu as pesquisas de William Crookes, muito esgotaram as suas forças. A qualquer prova que ele propusesse, concordava ela em submeter-se com a maior boa vontade; sua palavra é franca e viva e vai diretamente ao assunto. Crookes nunca viu nela a menor coisa que pudesse assemelhar-se à mais ligeira aparência do desejo de enganar. E na verdade, não acreditava que ela pudesse levar uma fraude a bom termo, porque, se o tentasse, seria prontamente descoberta, por ser completamente estranho à sua natureza tal modo de proceder.

198. Concluindo suas anotações, diz Crookes:

“E quanto a imaginar que uma inocente colegial de 15 anos tenha sido capaz de conceber e de pôr em prática durante três anos, com grande êxito, tão gigantesca impostura como esta, e que durante esse tempo se tenha submetido a todas as condições que dela se exigiram, que tenha suportado as pesquisas mais minuciosas, que tenha consentido em ser examinada a cada momento, fosse antes, fosse depois das sessões; que tenha obtido ainda mais êxito na minha própria casa do que na casa de seus pais, sabendo que ia para ali expressamente com o fim de se submeter a rigorosos ensaios científicos, quanto a imaginar que a Katie King dos três últimos anos é o resultado de uma impostura, isso faz mais violência à razão e ao bom senso do que crer que Katie King é o que ela própria afirma ser. Não me seria conveniente concluir este artigo sem agradecer igualmente ao Sr. e à Sra. Cook as grandes facilidades que me proporcionaram para poder prosseguir nas minhas observações e experiências. Os meus agradecimentos e os de todos os espiritualistas são também devidos ao Sr. Charles Blackburn, pela sua generosidade que permitiu à Srta. Cook consagrar todo o seu tempo ao desenvolvimento dessas manifestações e, em último lugar, ao seu exame científico.”

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Que fotografia de Katie King é considerada por Crookes uma das mais interessantes?

Trata-se de uma fotografia em que Crookes está em pé, ao lado de Katie, tendo ela o pé descalço sobre determinado ponto do soalho. Vestiu-se em seguida a Srta. Cook como Katie; ela e ele se colocaram exatamente na mesma posição, e foram fotografados pelas mesmas objetivas colocadas perfeitamente como na outra experiência, e alumiados pela mesma luz. Quando os dois esboços foram postos um sobre o outro, as duas fotografias de Crookes coincidiram perfeitamente quanto ao porte, etc., mas Katie era maior meia cabeça do que a Srta. Cook e perto desta parecia uma mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho do seu rosto e a estatura do seu corpo diferiam essencialmente da médium e as fotografias mostram vários outros pontos de dessemelhança. (Fatos Espíritas – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)

B. Que diferenças físicas entre Katie e a Srta. Cook foram notadas por Crookes?

Segundo ele, vários pequenos sinais, que se achavam no rosto da Srta. Cook [a médium], não existiam no de Katie King [o Espírito materializado]. A cabeleira da Srta. Cook era de um castanho tão forte que parecia quase preto; um cacho da cabeleira de Katie, que ele próprio cortou de suas tranças, era de um rico castanho dourado. Uma noite, ele contou as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da Srta. Cook, poucos instantes depois, atingia a 90, seu número habitual. Auscultando o peito de Katie, ele ouviu um coração bater no interior e suas pulsações eram ainda mais regulares que as do coração da Srta. Cook, quando, depois da sessão, ela lhe permitiu igual verificação. Examinados da mesma forma, os pulmões de Katie mostraram-se mais sãos que os da médium, pois, no momento em que fez a experiência, a Srta. Cook seguia tratamento médico por motivo de grave bronquite. (Obra citada – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)

C. Como foram os momentos finais da despedida entre Katie e a médium Florence Cook?

Foram comoventes. Katie atravessou o quarto para ir até à Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho. Inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: “Acorda, Florence, acorda! É preciso que eu te deixe agora!”  A Srta. Cook acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda. “Minha cara, não posso; a minha missão está cumprida; Deus te abençoe!”, respondeu Katie, e continuou a falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos conversaram juntas, até que enfim as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar. Seguindo as instruções de Katie, Crookes precipitou-se para suster Cook, que ia cair sobre o soalho e soluçava convulsivamente. Olhou ao redor de si, mas Katie, com o seu vestido branco, tinha desaparecido. (Obra citada – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/blog-post_23.html

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 29 de julho de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 3

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

17. A revelação espírita é progressiva? 

Sim. A revelação espírita, apoiando-se em fatos, tem que ser essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação. O Espiritismo não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará. (A Gênese, cap. I, item 55.)

18. Por que a moral ensinada pelos Espíritos superiores é a do Cristo e não a de outros profetas? 

A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão de que não há outra melhor. O que o ensino dos Espíritos acrescenta à moral do Cristo é o conhecimento dos princípios que regem as relações entre os mortos e os vivos, princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, de seu passado e de seu futuro, dando por sanção à doutrina cristã as próprias leis da Natureza. (Obra citada, cap. I, item 56.)

19. Que autoridade tem a revelação espírita, uma vez que ela emana de seres de limitadas luzes e falíveis? 

Tal objeção seria relevante se essa revelação consistisse apenas no ensino dos Espíritos, se deles exclusivamente a devêssemos receber e houvéssemos de aceitá-la de olhos fechados. Perde, porém, todo valor desde que o homem concorra para a revelação com o seu raciocínio e o seu critério, e desde que os Espíritos se limitem a pô-lo no caminho das deduções que ele pode tirar da observação dos fatos. Ora, as manifestações, nas suas inumeráveis modalidades, são fatos que o homem estuda para lhes deduzir a lei, auxiliado nesse trabalho por Espíritos de todas as categorias, que, de tal modo, são mais colaboradores seus do que reveladores, no sentido usual do termo. Todos os Espíritos, pois, qualquer que seja o grau de elevação em que se encontrem, alguma coisa nos ensinam; cabe-nos, porém, a nós, visto que eles são mais ou menos esclarecidos, discernir o que há de bom ou de mau no que nos digam e tirar, do ensino que nos deem, o proveito possível. (Obra citada, cap. I, itens 57 e 58.)

20. Quais são a finalidade e a utilidade das manifestações espíritas?

Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entregue às suas próprias forças. Suas manifestações servem para nos dar a conhecer o mundo invisível que nos rodeia e do qual nem suspeitávamos, e somente esse conhecimento já seria de capital importância, mesmo que nada mais pudessem os Espíritos ensinar-nos. (Obra citada, cap. I, itens 60 e 61.)

21. Qual é o principal argumento espírita em prol da existência de Deus?

Todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa inteligente. Se perguntassem qual o construtor de certo mecanismo engenhoso, que pensaríamos de quem respondesse que ele se fez a si mesmo? Lançando o olhar em torno de nós sobre as obras da Natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que presidem a essas obras, reconheceremos não haver nenhuma que não ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência superior à Humanidade, a menos que se sustente que existem efeitos sem causa. (Obra citada, cap. II, itens 3 a 5.)

22. Quais são os atributos de Deus? 

Deus é único. A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus.

Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por diante, ao infinito.

Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.

Deus é imaterial, isto é, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria. São ridículas essas imagens em que Deus é representado pela figura de um ancião de longas barbas e envolto num manto.

Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.

Deus é soberanamente justo e bom. A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas como nas maiores coisas, não permitindo essa sabedoria que se duvide de sua justiça, nem de sua bondade. A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não seria soberanamente bom. (Obra citada, cap. II, itens 9 a 19.)

23. Sob que aparência se apresenta Deus aos que o veem?

Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria. Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o homem, nada mais conhecendo além de si mesmo, toma a si próprio por termo de comparação para tudo o que não compreende.

Sob que aparência, então, se apresenta Deus aos que se tornaram dignos de vê-lo? Será sob uma forma qualquer? A linguagem humana é impotente para dizê-lo, porque não existe para nós nenhum ponto de comparação capaz de nos facultar uma ideia de tal coisa.

Somos quais cegos de nascença a quem procurassem inutilmente fazer compreendessem o brilho do Sol. A nossa linguagem é limitada pelas nossas necessidades e pelo círculo das nossas ideias. A dos selvagens não poderia descrever as maravilhas da civilização; a dos povos mais civilizados é extremamente pobre para descrever os esplendores dos céus; a nossa inteligência é bastante restrita para os compreender e a nossa vista, por muito fraca, ficaria deslumbrada. (Obra citada, cap. II, itens 12 e 37.)

24. Em que consiste a providência divina? 

A providência é a solicitude de Deus para com suas criaturas. Nenhuma das nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está em contacto ininterrupto com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisso que consiste a ação providencial. (Obra citada, cap. II, itens 20 e 24.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 2 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/a-genese-allan-kardec-parte-2.html

 

 

 

 

 

 

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quarta-feira, 28 de julho de 2021

 


Ação e Reação

 

André Luiz

 

Parte 12

 

Estamos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros de André Luiz, psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, integrantes da chamada Série Nosso Lar.

Uma vez concluído o estudo dos oito primeiros livros da Série, damos prosseguimento ao estudo da nona obra: Ação e Reação, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND e, em seguida, no verbete “Ação e Reação".

Eis as questões de hoje:

 

89. Quem foi Adelino no passado recente?

Quando ainda vigorava a escravidão no Brasil, Adelino nasceu como filho bastardo de um jovem muito rico que o recebeu das mãos da genitora escrava, que desencarnou ao trazê-lo à luz. Gaspar, o moço rico que foi seu pai solteiro, era homem de coração enrijecido, muito cedo acostumado ao orgulho tiranizante, em face da incúria do lar em que nascera. Abusava das donzelas cativas a seu talante e, em muitas ocasiões, vendeu-as com os próprios filhos recém-natos para não ouvir seus choros e petitórios. Entretanto, para o filho Martim – o mesmo Adelino de agora – sua ternura e dedicação não mostravam limites. Inexplicavelmente para ele mesmo, amava-o com desvelado enternecimento, a ponto de providenciar-lhe educação esmerada na própria fazenda. (Ação e Reação, cap. 16, pp. 217 e 218.)

90. O amor do pai era correspondido por Martim, seu filho bastardo?

Sim. Pai e filho tornaram-se companheiros inseparáveis nos jogos, nos estudos, no serviço e na caça, e Gaspar tornou-o partícipe de seu nome e de sua herança. Tudo correu bem entre eles até que, aos 43 anos de idade, Gaspar resolveu casar-se com uma jovem de grande metrópole, de nome Maria Emília, 20 anos de idade na época. Atraído pela jovem madrasta, Martim, que contava então 21 anos, passou a experimentar torturantes conflitos sentimentais. Ele, que se julgava o melhor amigo de seu pai (Gaspar), entrou a detestá-lo, não lhe tolerando a posse sobre a mulher que desejava, sabendo-se por ela ardentemente querido. Maria Emília e ele entregaram-se, então, à paixão desvairada e foi assim que, auxiliado por dois capatazes de sua confiança - Antônio e Lucídio –, Martim administrou uma poção entorpecente no pai, que estava acamado naquele dia, provocando em seguida um incêndio no qual Gaspar veio a falecer. (Obra citada, cap. 16, pp. 217 e 218.)

91. Ao desencarnar, que atitude tomou Gaspar logo que se viu no plano espiritual?

Gaspar, a inflamar-se em cólera, envolveu o filho em nuvens de fluidos inflamados, contra os quais o infeliz não possuía defesa. Apegando-se ao afeto da mulher, Martim procurou anestesiar a consciência e esquecer tudo... Confiou a fazenda aos cuidados de seus dois cúmplices e demandou a Europa, em busca de repouso e distração. Tudo, porém, debalde... Ao fim de cinco anos de resistência, tombou integralmente vencido, sob o jugo do Espírito do pai que o cercava, incessantemente, apesar de invisível. Gaspar aguardou-o no túmulo, arrastando-o para as sombras infernais, onde passou a exercer sobre Martim pavorosa vingança. (Obra citada, cap. 16, pp. 219 e 220.)

92. Que fato levou Gaspar a redimir-se e perdoar a quem o levou à morte?

Martim (o Adelino de hoje) reencarnara com a epiderme atormentada por vibrações calcinantes que, desde cedo, se lhe expressaram por eczema de mau caráter, moléstia essa que deveria cobrir-lhe todo o corpo, durante muitos e angustiosos anos de sofrimento. Mas, graças aos méritos que ele foi adquirindo no esforço a favor do próximo, a enfermidade não tomou proporções que o impedissem de aprender e trabalhar, porque granjeara a ventura de continuar a servir, pelo seu impulso espontâneo na plantação constante do bem. Tocado pelos exemplos de seu ex-filho, Gaspar abandonou as companhias indesejáveis a que se adaptara e rogou asilo na Mansão Paz, onde aceitara severas disciplinas e iniciara, desse modo, o processo de sua própria redenção. (Obra citada, cap. 16, pp. 223 e 224.)

93. De que modo Gaspar reencarnou e voltou aos braços de Adelino?

Abandonado por sua mãe ao reencarnar, Gaspar foi conduzido – graças à intercessão dos bons Espíritos – à residência de Adelino. Era madrugada quando este ouviu o choro convulso de uma criança tenra. Enlaçado por Druso, Adelino viu, ao abrir a porta, pobre recém-nascido que vagia aflitivamente. Ele ajoelhou-se, enquanto Druso lhe dizia com segurança: "Adelino, eis o pai ofendido que, enjeitado pelo coração materno que ainda não mereceu, vem ao encontro do filho regenerado!" Tomado de alegria, para ele inexplicável, Adelino abraçou o pequerrucho com espontâneo gesto de amor e, após conchegá-lo ao peito, voltou para dentro, gritando jubiloso: "Meu filho... meu filho!..." Gaspar retornara à experiência física, asilando-se nos braços do filho que, um dia, o desprezara e traíra. (Obra citada, cap. 16, pp. 225 a 227.)

94. Por que Leo jazia em triste pavilhão de indigentes, às vésperas da morte?

Leo, vitimado por uma tuberculose pulmonar, jazia em triste pavilhão de indigentes em vasto hospital da Terra, porque seu irmão, Henrique, o havia declarado incapaz e, além de apossar-se dos recursos que lhe cabiam por herança, internou-o num hospício, em que Leo teve de amargar longos anos de isolamento. Quando saiu do manicômio e recorreu ao irmão, este o expulsou sem compaixão, condenando-o a uma vida de miséria e indigência. (Obra citada, cap. 17, pp. 229 a 232.)

95. Que características comuns apresentavam os desencarnados asilados na Mansão Paz?

Segundo Silas, os desencarnados asilados na Mansão formavam grande ajuntamento de criminosos e viciados, como ele mesmo o fora um dia. "Ali recebemos atenção e carinho, assistência e bondade, reeducando-nos, às vezes, por muitos anos”, explicou Silas. Para habilitar-se, porém, às tarefas do bem genuíno, é preciso purgar a condição inferior, agravada na culpa, visto que o conhecimento elevado, adquirido na Mansão, vale mais como teoria nobilitante, que cabe a cada um substancializar na prática correspondente, para que se incorpore, em definitivo, ao patrimônio moral do servidor. É por isso que, depois do aprendizado, são tais Espíritos novamente internados na esfera carnal, onde sofrem a aproximação dos antigos comparsas, para demonstrarem aproveitamento e assimilação do amparo recebido. (Obra citada, cap. 17, pp. 232 a 234.)

96. Por que motivo eram tão dolorosas as vicissitudes enfrentadas por Leo?

O motivo estava numa anterior existência, em que Leo, também movido pela ganância, fez a um irmão algo bem parecido com o que lhe ocorreu na existência atual. (Obra citada, cap. 17, pp. 234 a 236.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/blog-post_21.html

 

 

 

 

 

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terça-feira, 27 de julho de 2021

 



A florista e a sua constatação

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Era uma florista muito feliz, pois, antes de tudo, exercia o trabalho que amava e podia-se dizer que o seu trabalho eram flores. O gosto por essa atividade talvez tenha se desenvolvido a partir dos enormes canteiros que o avô cultivava e nos quais a florista passeava desde bem jovenzinha. Ela aprendera muito com as breves explicações do avô e, passado o tempo, a admiração pelas flores tornou-a uma apaixonada florista.

Ela também herdou os canteiros do avô e, com mais vida ainda, os cultivou com todo amor. As flores poderiam tanto animar os enlaces ou transformar-se, em respeito e gratidão, a despedida, ainda poderiam presentear mamães com seus recém-pequeninos ou reconhecer favores recebidos. “Flores sempre serão, além da beleza, uma notável e sincera essência”, eram as palavras do avô.

A cada dia, a florista constatava que a essência é o que importa em tudo na vida. A aparência se desgasta e perde tão facilmente o encanto que não mais se recupera. A jovem cansou de presenciar, em exuberantes recepções enfeitadas com suas flores, a infelicidade das pessoas em meio a tanta pompa, dinheiro e poder. Quanto sorriso forçado e acordos friamente estabelecidos, enquanto isso, as flores tentavam apaziguar o gélido enredo.

Nessas recepções, quando se observava os semblantes humanos e, em seguida, as doces e sensíveis flores, era como se assim percebesse a diferença entre o céu escuro do inverno e a linda luz da primavera. Aparência e essência, as flores já as possuem.

A florista, por isso, amava ainda mais as flores. Um dia, ela se certificou de que Deus as criara para dar mais sentido aos dias do Planeta, já que as flores, por si só, são flores.

E as recepções continuavam acontecendo e a florista mais se aprimorava na compreensão das flores, mas, quanto a uma análise, estava bem segura de que essência é tudo enquanto aparência se desfaz e as flores eram maravilhosos exemplos por já possuírem a essência e a verdadeira beleza.

A florista, recentemente, começou a preparar os canteiros para o cultivo de lavanda e girassol.

 

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segunda-feira, 26 de julho de 2021

 



Painéis da Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 6

 

Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Painéis da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL  e, em seguida, no verbete "Painéis da Obsessão”.

Eis as questões de hoje:

 

41. Por que no caso de Marcondes, apesar das preces das religiosas que o cercavam, não havia paz nem esperança? 

A conduta que Marcondes tivera no mundo, eis a causa principal. Espíritos de péssima procedência o rodeavam. Alguns lhe eram adversários pessoais, desde vidas anteriores; outros foram adquiridos na presente reencarnação, e outros, ainda, eram simpatizantes e amigos daqueles a quem o fazendeiro prejudicara mais recentemente. É que, embora dispusesse de meios valiosos para gerar simpatia e bem-estar, preferiu Marcondes a caminhada solitária do egoísmo, calcando sob os pés as oportunidades que negara ao seu próximo. Semeador de males inúmeros, colhia agora os primeiros frutos amargos de sua plantação. A alucinação que dele se apossou fê-lo afastar-se de Deus e de qualquer sentimento religioso, divorciando-se das bênçãos da fé, que constitui lenitivo seguro nesses momentos. (Painéis da Obsessão, cap. 17, pp. 136 e 137.)

42. Pode a obsessão dar origem a doenças orgânicas diversas?

Sim. O caso de Marcondes era exemplo disso. Com a intensificação do processo obsessivo, produziam-se nele inevitáveis choques vibratórios que, ao largo do tempo, tiveram as primeiras brechas, em razão da intensidade com que eram emitidos seus pensamentos destrutivos, alimentados pela fúria das suas vítimas, no lar e fora dele, somando força devastadora. Lentamente as sucessivas ondas prejudiciais alcançaram-lhe os equipamentos orgânicos, desarticulando as defesas imunológicas que foram vencidas, degenerando células e dando início à irrupção do bacilo de Koch. Há casos em que a incidência do pensamento maléfico, aceito pela mente culpada, destrambelha a intimidade da célula, interferindo no seu núcleo, acelerando sua reprodução e dando gênese a neoplasias e cânceres de variadas expressões. (Obra citada, cap. 17, pág. 138.)

43. Cultivar pensamentos positivos ajuda as pessoas a manter a saúde equilibrada? 

Obviamente. Há enfermidades de diferentes procedências que se instalam sob a contribuição da conduta mental dos próprios pacientes, dando margem a fenômenos de autodestruição a curto ou largo prazo, de desarticulação das defesas psíquicas e orgânicas, quando irrompem problemas graves na área da saúde, com muitas dificuldades para uma diagnose correta, quanto para uma terapêutica segura. O homem é, intrinsecamente, resultado daquilo que pensa, sendo esse seu mecanismo mental a consequência de suas experiências pregressas, em outras reencarnações, o que motiva as fixações, as preferências e os ideais sustentados. É, pois, de mais alto valor o cultivo sistemático dos pensamentos positivos, das ideias enobrecedoras, da conversação edificante, das aspirações otimistas, que facultam a renovação das paisagens íntimas e a substituição dos clichês infelizes, propiciadores de doenças, de turbações do raciocínio, de desajustes de todo tipo. (Obra citada, cap. 17, pp. 139 e 140.)

44. Como devemos entender o fenômeno da morte? 

Manoel Philomeno diz, ao falar sobre o tema vampirismo, que a morte é somente mudança de traje, sem o descartar das roupagens fluídicas, que condensam a matéria. "Rompem-se e desgastam-se os aparatos externos, conquanto permaneçam as matrizes fomentadoras das suas formas, mantendo a camada envolvente do Espírito que, no caso de viver experiências grosseiras, favorece a demorada subjugação vampirizadora." (Obra citada, cap. 18, pp. 146 e 147.)

45. Que reação teve Maurício ao ser apresentado à doutrina espírita?

Ele ficou sensibilizado pelo que ouvira e parecia despertar para uma realidade nova, porque agora tudo lhe parecia claro, familiar, simples, de tal forma que se interrogava como lhe fora possível viver até aquele momento sem a identificação com esses conceitos e ideias. Um súbito entusiasmo pela vida lhe assomou, dominando-lhe o Espírito, e ele prometeu dar sua existência e dedicar-se por inteiro a essa Revelação que se lhe apresentava maravilhosa e confortadora. (Obra citada, cap. 19, pp. 154 a 156.)

46. Que devemos aconselhar a um neófito que deseja tornar-se espírita? 

Maurício fez ao palestrante uma pergunta parecida: "Que deverei fazer para tornar-me um espírita?" O palestrante sorriu e respondeu, entusiasmado: "A verdade não é patrimônio de indivíduos nem de grupos. Tem caráter universal. É a mesma em toda parte e em todos os tempos, variando na forma, no vestuário, com que se apresenta para ser oferecida aos homens. O Espiritismo é uma doutrina perfeita na sua estruturação científica, filosófica e religiosa, tendo muito a ver com os diversos ramos do conhecimento, que aclara, já que investiga as causas, enquanto a Ciência ainda examina os seus efeitos. A sua fonte de inexaurível orientação são os livros que Allan Kardec publicou, devendo o neófito adentrar-se no exame e estudo da Doutrina, propriamente dita, através de O Livro dos Espíritos, compêndio que responde às mais diversas questões complexas e embaraçosas do pensamento, propondo soluções aos enigmas das ciências da alma bem como dos conflitos da fé que tanto têm atormentado religiosos honestos ou não, que se debatem em dúvidas afligentes". Dito isso, o palestrante acrescentou: "Busque sempre elaborar um programa de renovação, mergulhando a mente e o sentimento nos conceitos superiores do Espiritismo, que lhe facultará o encontro com você próprio, colorindo sua vida com esperança e proporcionando-lhe paz". (Obra citada, cap. 19, pp. 154 a 156.) 

47. Que efeitos imediatos se observam quando são tomadas as primeiras providências para a terapia desobsessiva?

Conforme o caso, dois costumam ser esses efeitos: 1º) a revolta do inimigo, que muda a técnica da agressão, reformulando a sua programática perseguidora, atacando mais ainda a presa com o objetivo de desanimá-la; 2º) o obsessor enseja uma falsa concessão de liberdade, isto é, afrouxa o cerco, antes pertinaz, permanecendo, porém, em vigília, aguardando oportunidade para desferir um assalto fatal, no qual triunfem seus planos infelizes.

Na primeira hipótese, a vítima, não adestrada no conhecimento da desobsessão, porque se sente piorar, planeja abandonar o procedimento novo, o que, às vezes, realiza, permitindo à astuta Entidade liberá-lo, momentaneamente, das sensações constritoras para o surpreender, mais tarde, quando suas reservas de forças sejam menores.

No segundo caso, sentindo-se menos opresso, o obsidiado se crê desobrigado dos novos compromissos e volve às atitudes vulgares de antes, tombando, posteriormente, na urdidura hábil do seu vigilante carcereiro espiritual. (Obra citada, cap. 20, pp. 157 e 158.)

48. É correto afirmar que todo obsidiado de hoje foi o algoz de ontem?

Na obsessão motivada por vingança, sim. Segundo Irmã Angélica, o obsidiado de hoje é o algoz de ontem que passou sem a conveniente correção moral, ora tombando na maldade que ele próprio cultivou. (Obra citada, cap. 20, pp. 158 e 159.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/paineis-da-obsessao-manoel-philomeno-de_19.html

 

 

 

 

 

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