A Gênese
Allan Kardec
Parte 3
Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
17. A revelação espírita
é progressiva?
Sim. A revelação espírita, apoiando-se em fatos, tem que ser
essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação. O Espiritismo
não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente
demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos
os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias
descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer
ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e
abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Caminhando de par
com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas
descobertas lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se
modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará. (A Gênese, cap. I, item 55.)
18. Por que a moral
ensinada pelos Espíritos superiores é a do Cristo e não a de outros
profetas?
A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão de que não há
outra melhor. O que o ensino dos Espíritos acrescenta à moral do Cristo é o
conhecimento dos princípios que regem as relações entre os mortos e os vivos,
princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, de seu passado
e de seu futuro, dando por sanção à doutrina cristã as próprias leis da
Natureza. (Obra citada, cap. I, item 56.)
19. Que autoridade tem a
revelação espírita, uma vez que ela emana de seres de limitadas luzes e
falíveis?
Tal objeção seria relevante se essa revelação consistisse apenas no
ensino dos Espíritos, se deles exclusivamente a devêssemos receber e
houvéssemos de aceitá-la de olhos fechados. Perde, porém, todo valor desde que
o homem concorra para a revelação com o seu raciocínio e o seu critério, e
desde que os Espíritos se limitem a pô-lo no caminho das deduções que ele pode
tirar da observação dos fatos. Ora, as manifestações, nas suas inumeráveis
modalidades, são fatos que o homem estuda para lhes deduzir a lei, auxiliado
nesse trabalho por Espíritos de todas as categorias, que, de tal modo, são mais
colaboradores seus do que reveladores, no sentido usual do termo. Todos os
Espíritos, pois, qualquer que seja o grau de elevação em que se encontrem,
alguma coisa nos ensinam; cabe-nos, porém, a nós, visto que eles são mais ou
menos esclarecidos, discernir o que há de bom ou de mau no que nos digam e
tirar, do ensino que nos deem, o proveito possível. (Obra citada, cap. I, itens
57 e 58.)
20. Quais são a
finalidade e a utilidade das manifestações espíritas?
Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o
homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com
relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entregue às suas
próprias forças. Suas manifestações servem para nos dar a conhecer o mundo
invisível que nos rodeia e do qual nem suspeitávamos, e somente esse
conhecimento já seria de capital importância, mesmo que nada mais pudessem os
Espíritos ensinar-nos. (Obra citada, cap. I, itens 60 e 61.)
21. Qual é o principal
argumento espírita em prol da existência de Deus?
Todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa inteligente. Se
perguntassem qual o construtor de certo mecanismo engenhoso, que pensaríamos de
quem respondesse que ele se fez a si mesmo? Lançando o olhar em torno de nós
sobre as obras da Natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que
presidem a essas obras, reconheceremos não haver nenhuma que não ultrapasse os
limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as
pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência superior à
Humanidade, a menos que se sustente que existem efeitos sem causa. (Obra
citada, cap. II, itens 3 a 5.)
22. Quais são os
atributos de Deus?
Deus é único. A unicidade de Deus é consequência do fato de serem
infinitas suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição
de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre
eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder
desse outro e, então, não seria Deus.
Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido
princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa
nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e,
nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim,
poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe
sobreviver, e assim por diante, ao infinito.
Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade
teriam as leis que regem o Universo.
Deus é imaterial, isto é, sua natureza difere de tudo o que chamamos
matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às
transformações da matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos
sentidos, sem o que seria matéria. São ridículas essas imagens em que Deus é
representado pela figura de um ancião de longas barbas e envolto num manto.
Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia
conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser
cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.
Deus é soberanamente justo e bom. A providencial sabedoria das leis
divinas se revela nas mais pequeninas como nas maiores coisas, não permitindo
essa sabedoria que se duvide de sua justiça, nem de sua bondade. A soberana
bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente
ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de
suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não
seria soberanamente bom. (Obra citada, cap. II, itens 9 a 19.)
23. Sob que aparência se
apresenta Deus aos que o veem?
Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria
matéria. Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o
homem, nada mais conhecendo além de si mesmo, toma a si próprio por termo de
comparação para tudo o que não compreende.
Sob que aparência, então, se apresenta Deus aos que se tornaram dignos de
vê-lo? Será sob uma forma qualquer? A linguagem humana é impotente para
dizê-lo, porque não existe para nós nenhum ponto de comparação capaz de nos
facultar uma ideia de tal coisa.
Somos quais cegos de nascença a quem procurassem inutilmente fazer
compreendessem o brilho do Sol. A nossa linguagem é limitada pelas nossas
necessidades e pelo círculo das nossas ideias. A dos selvagens não poderia
descrever as maravilhas da civilização; a dos povos mais civilizados é
extremamente pobre para descrever os esplendores dos céus; a nossa inteligência
é bastante restrita para os compreender e a nossa vista, por muito fraca,
ficaria deslumbrada. (Obra citada, cap. II, itens 12 e 37.)
24. Em que consiste a
providência divina?
A providência é a solicitude de Deus para com suas criaturas. Nenhuma das
nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está em contacto
ininterrupto com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer que Deus vê
os mais profundos refolhos do nosso coração. Ele está em toda parte, tudo vê, a
tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisso que consiste a ação
providencial. (Obra citada, cap. II, itens 20 e 24.)
Observação: Para acessar
a Parte 2 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/a-genese-allan-kardec-parte-2.html
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