segunda-feira, 19 de julho de 2021

 



Painéis da Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 5

 

Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Painéis da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL  e, em seguida, no verbete "Painéis da Obsessão”.

Eis as questões de hoje:

 

33. É verdade que muitos Espíritos ociosos se movimentavam no Sanatório onde Argos se encontrava?

Sim. Era grande a população ociosa que por ali se movimentava, e não apenas os perseguidores invisíveis dos internos. Mas o trânsito de Benfeitores não era menor. Como, porém, cada criatura respira o clima mental que gera, muitos dos pacientes e funcionários arrastavam seus associados psíquicos e emocionais, no parasitismo em que permaneciam. (Painéis da Obsessão, cap. 14, pp. 112 a 115.)

34. Pode-se dizer que foi o ciúme que levou o Espírito de Ernestina a perseguir o ex-marido?

Sim. Casada com Egberto, Ernestina não aceitou de bom grado sua desencarnação, havendo-se rebelado, desde quando a lucidez se lhe apresentou na realidade inevitável da vida. Dominada pelo desejo carnal, de que não se conseguira liberar, logo que pôde passou a sitiar a casa mental do companheiro terreno com extremos de alucinação. O quadro piorou quando ele se sentiu atraído por Amenaide (a nova esposa), que já o sensibilizava mesmo antes de sua viuvez. Picada pelo ciúme doentio, Ernestina, ressumando rancor, sintonizou com técnicos em desforço moral e em obsessões que a auxiliavam, mediante negociata infeliz. Ajudá-la-iam na retirada da adversária do lado do esposo, desde que seus despojos lhes pertencessem e pudessem roubá-la em espírito, após a tragédia que programaram para aquele dia. (Obra citada, cap. 15, pp. 118 e 119.)

35. Como Ernestina, estando já desencarnada, conseguiu influenciar Egberto para que o acidente ocorresse?

É preciso primeiramente lembrar que Egberto, feliz com a alta de seu irmão, que ele fora buscar no Sanatório, fizera uso de bebida alcoólica, emulado pela alegria, sem se lembrar dos perigos que espreitam os motoristas nas viagens, particularmente naquela, que impunha a descida da Serra da Mantiqueira em pista molhada, com curvas fechadas e contínuas, tendo o abismo ao lado. Numa sucessão de curvas, o Espírito de Ernestina passou a chamar o marido com vigor, enquanto os outros comparsas desencarnados puseram-se a gritar, produzindo dentro do veículo uma psicosfera atordoante. Aturdido, Egberto passou a escutar na casa mental, ligeiramente excitada pelos vapores do álcool, a voz da mulher desencarnada e, sob a forte incidência vibratória dela, viu-a, apavorando-se com seu aspecto terrível e passando a conduzir o veículo com desespero ante a cena alucinadora. Então, numa manobra brusca, equivocada, o caminhão tombou no despenhadeiro, ante os gritos de seus ocupantes. Em consequência do acidente, Amenaide e o irmão de Egberto faleceram no local. (Obra citada, cap. 15, pp. 120 e 121.)

36. Por que Amenaide, e não Egberto, faleceu no acidente provocado pela ex-esposa ciumenta?

Os esclarecimentos sobre as causas da tragédia foram logo prestados pelo Dr. Arnaldo. "A nossa irmã Amenaide – disse ele – acaba de resgatar um grave erro praticado há pouco menos de um século... Agora se recompõe sob o amparo da atual trisavó, que fora, nos dias distantes, sua mãezinha abnegada. Despertará lentamente e será orientada pelo carinho da nobre senhora, que a poupará de choques e aflições dispensáveis, informando-a, no momento próprio, sobre a desencarnação, até que se possa inteirar de todo o ocorrido.” O sofrimento imposto a Egberto, que não faleceu naquela oportunidade, seria, assim, de natureza diferente, atendidas sempre os impositivos da lei de causa e efeito que rege nossos destinos. (Obra citada, cap. 16, pp. 124 a 126.)

37. Nos casos de gestantes acidentadas, em que mãe e feto morrem, que providências são tomadas pelos Benfeitores?

Segundo o Dr. Arnaldo Lustoza, em muitos casos assim, quando a gestação está bastante adiantada, é hábito proceder como se nada houvesse ocorrido na vida física. Realiza-se então algo semelhante a uma cesariana. "Em primeiro lugar, porque o Espírito, em tais ocorrências, quase sempre já se encontra absorvido pelo corpo que foi interpenetrado e modelado pelo perispírito, no processo da reencarnação, merecendo ser deslindado por cirurgia mui especial para poupar-lhe choques profundos e aflições várias, o que não se daria se permanecesse atado aos despojos materiais, aguardando a consumpção deles." Esse período é muito penoso para o Espírito reencarnante que, pelo processo da natural diminuição da forma e perda parcial da lucidez, é colhido por um acidente desse porte, sem crédito para a libertação mais cuidadosa. "Quando isto se dá – asseverou o doutor – os envolvidos são, quase sempre, irmãos calcetas, inveterados na sandice e na impiedade, que sofrem, a partir de então, demoradamente, as consequências das torpezas que os arrojam a esses lôbregos sítios de tormentos demorados... No caso em tela, o pequenino se desenvolverá como se a reencarnação se houvera completado, crescendo normalmente, participando das atividades compatíveis aos seus vários períodos em Institutos próprios, que os amigos conhecem." (Obra citada, cap. 16, pp. 124 a 127)

38. Quais as causas da tragédia provocada por Ernestina? 

As matrizes do caso remontam à época em que vigorava no Brasil a escravatura. Amenaide (a vítima de agora), movida pelo ciúme, levou à morte uma jovem liberta pela Lei do Ventre Livre que servia à sua casa, somente porque seu esposo havia elogiado a beleza física e o porte altivo da moça. Egberto era também, àquela época, seu esposo. Quanto à jovem então vitimada, tratava-se do mesmo Espírito (Ernestina) que, assim que se viu no plano espiritual, jurara vingança. (Obra citada, cap. 16, pp. 127 a 129.)

39. Antes de provocar a tragédia a que nos referimos, que fez o Espírito de Ernestina em seu projeto de vingança? 

Nesse meio tempo, depois de muitos anos, Ernestina (a vítima naquela oportunidade) reencarnou e, sob o impositivo das Leis, acabou consorciando-se com Egberto, o homem que fora o motivo indireto de sua desdita. A reencarnação amorteceu-lhe as recordações infelizes e, sob a custódia do afeto, ajustou-se ao lar, que teve, porém, duração efêmera, visto que ela desencarnou um decênio depois, sem deixar filhos. Egberto, na condição de viúvo, reencontrou, anos depois, a antiga esposa (a atual Amenaide), com quem se consorciou, despertando assim o ciúme da falecida, que reencontrou na rival a adversária que a levara à morte no século anterior. Na urdidura do resgate compulsório – que dispensaria a interferência de Ernestina e seus comparsas – encontrava-se também Jaime, o irmão de Egberto, que faleceu no mesmo acidente. Jaime tinha sido o capataz que – cumprindo ordens da mandante do crime – decepara os seios da mucama (Ernestina), levando-a à morte. (Obra citada, cap. 16, pp. 129 a 131.)

40. Em casos como o de Ernestina, que tipo de sentimento passa a ter a pessoa que consegue vingar-se? 

Geralmente, o sentimento de frustração. Pelo menos é o que ocorreu com o Espírito de Ernestina. A esse respeito, Dr. Arnaldo comentou: "Nossa irmã Ernestina agora sentir-se-á frustrada, como todo vingador que, após a sanha do desforço, perde a razão da luta exauriente, descobre a inutilidade dos propósitos alimentados, aturde-se, sofre e desperta para outra realidade. Cessada a razão central da sua pertinácia no tentame do mal, experimentará o recrudescer dos remorsos”. (Obra citada, cap. 16, pp. 132 e 133.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/paineis-da-obsessao-manoel-philomeno-de.html

 

 

 

 

 

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2 comentários:

  1. Bom dia, de acordo com esse texto, dá a entender que muitos dos sofrimentos mentais e psíquicos se dá por espírito obsessores, para se livrar de tais sofrimentos o que se deve fazer?

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  2. Praticar o bem e ter uma vida digna. O bem que fazemos anula o mal que fizemos. A caridade cobre a multidão dos pecados (1.Pedro 4:8). Nem todos os que dizem Senhor, Senhor entrarão no reino dos céus, mas sim os que fazem a vontade do Pai que está nos céus (Mateus, 7:21).

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