A Gênese
Allan Kardec
Parte 2
Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
9. Qual o ponto capital
da revelação cristã?
Toda a doutrina do Cristo se funda no caráter que ele atribui à
Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso,
ele fez do amor de Deus e da caridade para com o próximo a condição
indeclinável da salvação, dizendo: Amai a Deus sobre todas as coisas e o vosso
próximo como a vós mesmos; nisto estão toda a lei e os profetas; não existe
outra lei. Sobre esta crença, assentou o princípio da igualdade dos homens
perante Deus e o da fraternidade universal. A revelação dos verdadeiros
atributos da Divindade, de par com a da imortalidade da alma e da vida futura,
modificava profundamente as relações mútuas dos homens, impunha-lhes novas
obrigações, fazia-os encarar a vida presente sob outro aspecto e tinha, por
isso mesmo, de reagir contra os costumes e as relações sociais. É esse
incontestavelmente, por suas consequências, o ponto capital da revelação do
Cristo, cuja importância não foi compreendida suficientemente e é também o
ponto de que mais a Humanidade se tem afastado, que mais há desconhecido na
interpretação dos seus ensinos. (A Gênese, cap. I, itens 24 e 25.)
10. Por que Jesus chama
de Consolador ao Espírito de Verdade?
Ao chamar de Consolador o novo messias, Jesus previu que os homens teriam
necessidade de consolações, o que implica a insuficiência daquelas que eles
achariam na crença que iam fundar. Talvez nunca o Cristo fosse tão claro, tão
explícito, como nessas palavras, às quais poucas pessoas deram atenção
bastante, provavelmente porque evitaram esclarecê-las e aprofundar-lhes o
sentido profético. (Obra citada, cap. I, itens 26 a 28.)
11. Por que o
Espiritismo é considerado o Consolador prometido por Jesus?
O Espiritismo não nega o Evangelho, mas, ao contrário, confirma, explica
e desenvolve tudo quanto o Cristo disse e fez, bem como elucida os pontos
obscuros do ensino cristão, de tal sorte que aqueles para quem eram
ininteligíveis ou pareciam inadmissíveis certas partes do Evangelho passam a
compreendê-las e admiti-las, vendo melhor o seu alcance e distinguindo assim
entre a realidade e a alegoria. Ora, se se considerar o poder moralizador do
Espiritismo, pela finalidade que assinala a todas as ações da vida, por tornar
quase tangíveis as consequências do bem e do mal, pela força moral, a coragem e
as consolações que dá nas aflições, reconhecer-se-á que ele realiza todas as
promessas do Cristo a respeito do Consolador e que, por isso, nos é lícito
considerá-lo como o Consolador prometido. (Obra citada, cap. I, itens 30, 41 e
42.)
12. Que lei revelada
pelo Espiritismo é considerada das mais importantes?
A pluralidade das existências. Essa é uma das mais importantes leis
reveladas pelo Espiritismo, que demonstra sua realidade e sua importância para
o progresso. Com a pluralidade das existências, o homem consegue compreender
todas as aparentes anomalias da vida humana, as diferenças de posição social,
as mortes prematuras e a desigualdade de aptidões intelectuais e morais, pela
ancianidade do Espírito que mais ou menos aprendeu e progrediu, e traz,
renascendo, o que adquiriu em suas existências anteriores. Com a reencarnação,
desaparecem os motivos dos preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo
Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe
ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. (Obra citada, cap. I, itens
34 e 36.)
13. Sabendo-se não ser
verdadeiro o dogma relativo ao pecado original, qual é o verdadeiro pecado que
o homem traz ao nascer?
O homem traz, ao renascer, o gérmen das suas imperfeições, dos defeitos
de que se não corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos
pendores para tal ou tal vício. É esse o seu verdadeiro pecado original, cujas
consequências naturalmente sofre, mas com a diferença capital de que sofre a
pena das suas próprias faltas e com a outra diferença, ao mesmo tempo
consoladora, animadora e soberanamente equitativa, de que cada existência lhe
oferece os meios de se redimir pela reparação e de progredir, quer
despojando-se de alguma imperfeição, quer adquirindo novos conhecimentos e,
assim, até que, suficientemente purificado, não necessite mais da vida corporal
e possa viver exclusivamente a vida espiritual. (Obra citada, cap. I. item 38.)
14. Qual a importância
do estudo acerca dos fluidos espirituais e do perispírito?
O estudo das propriedades do perispírito, dos fluidos espirituais e dos
atributos fisiológicos da alma abre novos horizontes à Ciência e nos dá a chave
de uma multidão de fenômenos incompreendidos até então e – por falta de
conhecimento da lei que os rege – qualificados como milagres ou sortilégios. Tais
são, entre muitos, os fenômenos da vista dupla, da visão a distância, do
sonambulismo natural e artificial, dos efeitos psíquicos da catalepsia e da
letargia, da presciência, dos pressentimentos, das aparições, das
transfigurações, da transmissão do pensamento, da fascinação, das curas
instantâneas, das obsessões e possessões etc. Demonstrando que esses fenômenos
repousam em leis naturais, como os fenômenos elétricos, e em quais condições
normais se podem reproduzir, o Espiritismo derroca o império do maravilhoso e
do sobrenatural e, conseguintemente, a fonte da maior parte das superstições. (Obra
citada, cap. I, itens 39 e 40.)
15. Se Moisés
personifica a primeira revelação e Jesus personifica a segunda, pode-se
concluir que Kardec personifica a terceira?
Não. As duas primeiras revelações foram individuais, a terceira é
coletiva; aí está um caráter essencial de grande importância. Ela é coletiva no
sentido de não ser feita ou dada como privilégio a pessoa alguma. Ninguém, por
consequência, pode inculcar-se como seu profeta exclusivo, porque foi ela
espalhada simultaneamente, por sobre a Terra, a milhões de pessoas, de todas as
idades e condições, desde a mais baixa até a mais alta da escala, conforme esta
predição registrada por Lucas no cap. II de Atos dos Apóstolos: "Nos
últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a carne;
os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões, e os velhos,
sonhos". (Obra citada, cap. I, itens 45 e 46.)
16. Como saber se um
princípio é ensinado por toda parte ou se apenas exprime uma opinião
pessoal?
Não estando os grupos independentes em condições de saber o que se diz
alhures, necessário se fazia que um centro reunisse todas as instruções, para
proceder a uma espécie de apuro das vozes e transmitir a todos a opinião da
maioria. Esse, segundo Allan Kardec, foi o objetivo de suas publicações, que se
podem considerar o resultado de um trabalho de apuro. Por meio delas foi
possível verificar a concordância entre os ensinamentos recebidos e sua
generalidade. Nelas, todas as opiniões foram discutidas e apresentadas em forma
de princípios somente depois de haverem recebido a consagração de todas as
comprovações, as quais, só elas, lhes podem imprimir força de lei e permitir
afirmações. É daí que o Espiritismo tira a sua força e o que lhe garante o
futuro. (Obra citada, cap. I, itens 53 e 54.)
Observação: Para acessar
a 1ª Parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/a-genese-allan-kardec-parte-1-iniciamos.html
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