O Céu e o Inferno
Allan Kardec
Parte 14
Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.
Eis as questões de hoje:
105. Qual o proveito de
nossas existências anteriores, uma vez que não nos lembramos delas?
Esta questão está superada pela razão de que tal lembrança seria inútil e
mesmo prejudicial à reabilitação dos Espíritos. Ademais, se estiver de todo
apagado da lembrança o mal cometido, sem que dele nos reste um traço no
coração, também com ele não nos devemos preocupar. Quanto aos vícios de que
porventura não estejamos inteiramente despojados, nós os conhecemos por nossas
tendências atuais, e é para estas que devemos voltar todas as atenções. Basta
saber o que somos, sem que seja necessário saber o que fomos. Se considerarmos
as dificuldades que há na existência para a reabilitação do Espírito, por maior
que seja o seu arrependimento, e as reprovações de que se torna objeto, devemos
louvar a Deus por ter cerrado esse véu sobre o nosso passado. (O Céu e o Inferno – Segunda Parte, cap.
VI, Jacques Latour, Estudo sobre o Espírito de Jacques Latour; e cap. VIII,
Letil.)
106. Pode um Espírito,
ao invés de ser imerso em trevas, ser punido por ondas de luz?
Sim. A experiência comprova que enquanto alguns são imersos em trevas, ou
num absoluto insulamento, outros sofrem por longos anos as angústias da extrema
hora, ou acreditam-se ainda encarnados. Para o Espírito culpado, a luz brilha,
gozando ele, plenamente, das suas faculdades, sabendo-se morto e não se
lastimando, antes repelindo qualquer assistência e afrontando ainda as leis
divinas e humanas. Quererá isso dizer que tenha escapado à punição? De modo
algum; é que a justiça de Deus completa-se sob todas as formas, e o que a uns
causa alegria é para outros um tormento. A luz faz, pois, o suplício daquele
que a sofre. (Obra citada - Segunda Parte, cap. VII, Lapommeray, introdução e
item II, mensagem de Erasto.)
107. Como devemos
encarar o trabalho para nós, seres humanos?
O homem foi criado para a atividade. A atividade do Espírito é da sua
própria essência, e a do corpo, uma necessidade. A serviço do Espírito, o corpo
mais não é que uma máquina submetida à inteligência. Devemos, pois, trabalhar e
cultivar, portanto, a inteligência, para que dê salutar impulso ao instrumento
que deve auxiliá-la no cumprimento de sua missão. Não lhe concedamos trégua nem
repouso, tendo em mente que essa paz a que muitos aspiram não lhes será
concedida senão pelo trabalho. Segundo o Espírito de Monod, todo aquele que
desempenha conscientemente o papel mais ingrato e vil na sociedade é cem vezes
mais elevado aos olhos do Onipotente do que aquele que, impondo esse papel aos
outros, despreza o seu. (Obra citada - Segunda Parte, cap. VII, Angèle,
comunicação de Monod.)
108. Que ocorre aos
Espíritos das pessoas que foram na Terra preguiçosas e indolentes e só pensaram
em si mesmas?
Decepção, vazio, insulamento. Não se interessando por ninguém na Terra,
também no plano espiritual ninguém por eles se interessa. Permanecem sós,
insulados, abandonados, e nisso consiste a sua punição. (Obra citada - Segunda
Parte, cap. VII, Um Espírito aborrecido; e cap. VIII, Anna Bitter, mensagem do
Guia do médium.)
109. Há Espíritos que
ainda conservam, na erraticidade, as mesmas ilusões da vida terrena?
Sim. Como se verificou com a ex-rainha do Oude, Espíritos há que
conservam todos os preconceitos terrestres na plenitude da sua força, e nos
quais o orgulho nada perde de suas ilusões. (Obra citada - Segunda Parte, cap.
VII, A rainha do Oude.)
110. Por que o
Espiritismo não torna perfeitos, de imediato, nem mesmo os mais fervorosos
adeptos?
Não se arrebenta a pedra com a primeira marretada. Tal pensamento
aplica-se aos Espíritos, estejam ou não desencarnados. A explicação não é
difícil de compreender. A perfeição é fruto de um processo em que a crença é o
primeiro passo, vindo em seguida a fé e, por fim, a transformação. Ocorre que,
em muitos casos, é preciso que a pessoa venha revigorar-se no mundo espiritual,
para assumir e cumprir, de fato, o compromisso que a levará ao objetivo final.
(Obra citada - Segunda Parte, Cap. VII, Xumene, mensagem do Guia do médium.)
111. Todo sofrimento
humano tem uma causa justa?
Sim. Todo sofrimento tem uma causa justa, porque a justiça divina jamais
falha. (Obra citada - Segunda Parte, cap. VIII, Marcelo.)
112. Os Espíritos ficam
muitos séculos na erraticidade?
Podem ficar, sim, por muito tempo na chamada erraticidade, como ocorreu
com o Espírito de Szymel Slizgol, que permaneceu nesse estado durante três
séculos e meio. (Obra citada - Segunda Parte, cap. VIII, Szymel Slizgol,
primeira pergunta.)
Observação: Para
acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/06/blog-post_24.html
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