O Céu e o Inferno
Allan Kardec
Parte 13
Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.
Eis as questões de hoje:
97. O assassino, ao
escolher sua existência, sabia antes de reencarnar que nela cometeria um crime?
Não. Ele sabia apenas que, escolhendo uma vida de luta, teria
probabilidades de matar um semelhante, ignorando porém se o faria, pois estava
quase sempre em luta consigo mesmo. (O
Céu e o Inferno – Segunda Parte, cap. VI, Verger, item 18.)
98. Qual a punição
reservada aos criminosos?
Depende de cada caso. Respondendo a semelhante questão, o Espírito de
Verger disse: “Sou punido porque tenho consciência da minha falta, e para ela
peço perdão a Deus; sou punido porque reconheço a minha descrença nesse Deus,
sabendo agora que não devemos abreviar os dias de vida de nossos irmãos; sou
punido pelo remorso de haver adiado o meu progresso, enveredando por caminho
errado, sem ouvir o grito da própria consciência que me dizia não ser pelo
assassínio que alcançaria o meu desiderato. Deixei-me dominar pela inveja e
pelo orgulho; enganei-me e arrependo-me, pois o homem deve esforçar-se sempre
por dominar as más paixões – o que aliás não fiz”. (Obra citada - Segunda
Parte, cap. VI, Verger, perguntas 14 e 15.)
99. Que sente o Espírito
de um indivíduo decapitado?
No caso de Lemaire, que foi condenado e decapitado, a primeira sensação
foi de vergonha. Imerso em grande perturbação, sentiu uma dor imensa,
afigurando-se-lhe ser o coração quem a sofria. Viu rolar não sei quê aos pés do
cadafalso; viu o sangue que corria e mais pungente se lhe tornou a sua dor. Na
sequência, o primeiro sentimento que experimentou ao penetrar na nova
existência foi um sofrimento intolerável, uma espécie de remorso pungente cuja
causa então ignorava. (Obra citada - Segunda Parte, cap. VI, Lemaire.)
100. Um religioso que
fracassa é mais culpável do que um indivíduo qualquer?
Sim. Referindo-se ao caso Benoist, o guia espiritual do médium explicou
que as atrocidades por ele cometidas não tinham número nem conta, e maior era a
sua culpa porque possuía inteligência, instrução e luzes para guiar-se. Tendo
falido com conhecimento de causa, mais terríveis lhe seriam os sofrimentos, os
quais, não obstante, se suavizariam com o exemplo e o auxílio da prece, de modo
a que, confortado pela esperança, pudesse vislumbrar seu termo. (Obra citada -
Segunda Parte, cap. VI, Benoist, perguntas 3 e 23 e mensagem do Guia do
médium.)
101. A prece beneficia
também os Espíritos votados ao mal?
Sim, mas a prece só aproveita ao Espírito que se arrepende. Para aqueles
que, arrebatados de orgulho, se revoltam contra Deus e persistem no erro,
exagerando-o mesmo, tal como procedem os infelizes, a prece nada adianta, nem
adiantará, senão quando tênue vislumbre de arrependimento começar a
germinar-lhes na consciência. A ineficácia da prece também é para eles um
castigo. Enfim, ela só alivia os não totalmente endurecidos. (Obra citada -
Segunda Parte, cap. VI, O Espírito de Castelnaudary, pergunta inicial a S. Luís
e perguntas 9 e 10 da segunda mensagem.)
102. O tempo corre para
os Espíritos como para os homens?
Não. Em alguns casos, como o do Espírito de Castelnaudary, o tempo parecia
até mais longo. De modo diverso com o que se dá com os Espíritos que já
atingiram elevadíssimo grau de adiantamento, o tempo é, para os inferiores,
frequentemente moroso, sobretudo quando sofrem. (Obra citada - Segunda Parte,
cap. VI, O Espírito de Castelnaudary, perguntas 4 e 5.)
103. Existem casas
mal-assombradas?
Sim. Os fatos ocorridos em Castelnaudary são uma prova disso. A casa em
que houve o crime ficou desabitada por longo tempo. (Obra citada - Segunda
Parte, cap. VI, O Espírito de Castelnaudary, perguntas 1 e 2.)
104. O Espírito de um
criminoso pode ficar magneticamente preso a uma casa localizada na Crosta da
Terra?
Pode. O Espírito que cometeu o crime em Castelnaudary ficou por longo
tempo como que condenado a habitar a casa em que o fato ocorreu, sem poder
fixar o pensamento noutra coisa que não no crime, tendo-o sempre ante os olhos
e acreditando na eternidade de tal tortura. Ele ali permanecia como no momento
do próprio crime, porque qualquer outra recordação lhe foi retirada e
interditada toda comunicação com qualquer outro Espírito. Sobre a Terra, só
podia permanecer naquela casa, e no Espaço só lhe restavam solidão e trevas.
(Obra citada - Segunda Parte, cap. VI, O Espírito de Castelnaudary, perguntas 1
a 4.)
Observação: Para
acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/06/blog-post_17.html
Como consultar as matérias deste blog? Se você não
conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo. |
Bom dia. Lendo sobre a prece, percebi que primeiramente precisa haver arrependimento. Na igreja católica, só é possível o perdão dos pecados se confessando com um sacerdote. Gostaria de saber, se há outra forma de se reconciliar com Deus, fora a confissão. Obrigada por compartilhar seus conhecimentos. Grande abraço.
ResponderExcluirQuando a pessoa comete um crime ou um erro equivalente, e devido ao remorso percebe que é preciso dar a volta por cima, o processo de sua regeneração é composto de 3 coisas: o arrependimento sincero (que é diferente de remorso), a reparação da lesão cometida contra alguém e a expiação (que é passar por uma situação semelhante à que a pessoa infligiu à sua vítima). Quanto à expiação, a pessoa pode ser beneficiada com uma certa atenuação de sua falta praticando bem. O apóstolo Pedro, em sua 1a. Epístola (cap. 4, vers. 8), escreveu que a caridade cobre a multidão dos nossos pecados, um ensinamento que no Espiritismo é conhecida pela frase: o bem que fazemos anula o mal que fizemos. É por isso que no Espiritismo as pessoas são convidadas desde o primeiro momento a praticar a caridade por pensamentos, palavras e atos. A confissão perante um sacerdote, sugerida pela Igreja romana, só produzirá efeito se a pessoa cumprir as etapas acima mencionadas. Seria uma espécie de iniciação da regeneração, mas é bom lembrar que na conhecida epístola de Tiago é dito, com toda a clareza, que a fé sem obras é morta.
ResponderExcluirSuas palavras foram esclarecedoras. Muito obrigada.
ResponderExcluir