Casamento, destino e livre-arbítrio
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Muitas
pessoas, mesmo em nosso meio, entendem que na questão do casamento tudo o que
nele ocorre foi predeterminado, não existindo espaço para experiências não
previstas no momento em que, elaborando sua programação reencarnatória, o
Espírito planeja os fatos principais da existência corpórea que se avizinha.
A
experiência mostra o equívoco desse pensamento. Basta olhar o que tem ocorrido
no meio artístico, tanto aqui quanto no exterior, em que existem atores e
atrizes que já se encontram no terceiro ou quarto casamento. Seria ingenuidade
imaginar que todos eles ocorreram como resultado de um programa previamente
elaborado no mundo espiritual.
Com
efeito, examinando o tema fatalidade, os instrutores espirituais disseram a
Kardec: “Não creias que tudo o que ocorre esteja escrito, como se diz”. “Um
acontecimento é, frequentemente, a consequência de uma coisa que fizeste por um
ato de tua livre vontade, de tal sorte que, se tu não tivesses feito essa
coisa, o acontecimento não ocorreria.” (O
Livro dos Espíritos, item 859-A.)
Com
relação especificamente ao casamento, Divaldo Franco declarou oportunamente, em
entrevista ao jornal O Imortal, que
existem casamentos programados e casamentos resultantes tão somente de
precipitação. No rol destes últimos podemos relacionar, sem medo de errar,
todas essas uniões que, motivadas unicamente por uma atração de momento, não
duram seis meses.
Podemos,
portanto, afirmar que as programações reencarnatórias estão, sim, sujeitas a
mudança e que um homem – graças ao livre-arbítrio de que é dotado – pode,
perfeitamente, envolver-se com uma mulher não incluída em seu projeto
reencarnatório e dessa união até mesmo nascerem filhos, o que não significa que
os filhos venham por acaso, simplesmente porque o acaso inexiste.
O
neófito em Espiritismo certamente perguntará como isso é possível. A razão não
é difícil de compreender: os Benfeitores Espirituais aproveitam toda
oportunidade, mesmo as equivocadas, para semearem o bem. O filho que nasce de
um envolvimento dessa natureza tem, evidentemente, ligação com os pais, ou com
um deles, na maior parte das vezes com a mãe.
Kardec
tratou do assunto de forma bem clara no item 872 d´O Livro dos Espíritos, no
qual explica que o livre-arbítrio se exerce de duas formas bem diferentes na
vida de uma pessoa.
Na
erraticidade, ou seja, quando está desencarnada, o livre-arbítrio se expressa
na escolha que dá forma à chamada programação reencarnatória; depois, na
condição de encarnada, é o livre-arbítrio que concede à pessoa o direito de adotar
essa ou aquela conduta, que pode atender ou não ao que foi programado.
Existem
ainda os casos de reprogramação, em que, para atender a uma emergência, pode
ser dado novo rumo à história de uma pessoa. Exemplos disso, inúmeros,
encontramos nas obras de André Luiz. Um dos casos é quando, por exemplo, o
marido se suicida, deixando mulher e filhos sem o arrimo necessário ao
cumprimento de suas tarefas. Um segundo casamento na vida dessa mulher pode
perfeitamente ser estabelecido, com a ajuda dos Benfeitores Espirituais.
O
caso Otávio, narrado no cap. 7 do livro Os
Mensageiros, de André Luiz, mostra-nos o que pode acontecer na vida de um
homem que se rebela ante o programa traçado, e revela que, embora não destinado
a casar-se, o indivíduo pode fazê-lo e até mesmo ter filhos, descumprindo o
compromisso inicialmente firmado e assumindo, por isso mesmo, todas as
consequências decorrentes do seu ato.
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