Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 13
Damos prosseguimento nesta edição ao
estudo metódico e sequencial do clássico Fatos
Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no
original inglês é Researches in the
phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. A comissão de sábios pôde presenciar fenômenos de
efeitos físicos à plena luz?
B. Enquanto tais fenômenos ocorriam, onde ficava a médium
Eusápia Paladino?
C. Qual era o argumento geralmente utilizado pelos que
negavam os fenômenos realizados na escuridão?
Texto para
leitura
233. Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892,
para o estudo dos fenômenos psíquicos – Na sequência do Relatório os
pesquisadores apresentaram a descrição dos fenômenos observados, iniciando
pelos que foram verificados à luz.
234. Movimentos espontâneos de objetos
– Esses fenômenos foram observados vários vezes durante as sessões;
frequentemente uma cadeira, colocada para esses fins, não distante da mesa,
entre a médium e um dos seus vizinhos, começou a mover-se e, algumas vezes, se
aproximou da mesa. Um exemplo notável deu-se na segunda sessão, sempre em plena
luz: uma pesada cadeira (10 quilogramas), que se achava a um metro da mesa e
por trás da médium, aproximou-se do Sr. Schiaparelli, que estava sentado perto
da médium; ele levantou-se para tornar a colocá-la no lugar; mas, apenas tinha
sentado, a cadeira veio de novo colocar-se junto dele.
235. Movimento da mesa sem contacto –
Como a comissão desejasse obter esses fenômenos, a mesa foi, para esse fim,
colocada sobre roldanas. Enquanto os pés da médium eram vigiados, todos os
assistentes fizeram uma cadeia com as mãos, inclusive a médium. Quando a mesa
começou a mover-se, todos levantaram as mãos, sem romper a cadeia, e a mesa,
assim isolada, fez vários movimentos. Essa experiência foi repetida várias
vezes.
236. Movimento da alavanca de uma
balança – Esta experiência foi feita, pela primeira vez, na sessão de 21 de
setembro. Depois de ter sido verificada a influência que o corpo da médium
exercia sobre a balança, enquanto nela estava sentada, a comissão quis verificar
se essa experiência poderia ter bom êxito, a distância. Para isso, a balança
foi colocada por trás da médium sentada à mesa, de tal modo que a plataforma
estivesse a 10 centímetros da sua cadeira.
237. Pôs-se, em primeiro lugar, a
barra do seu vestido em contato com a plataforma; a alavanca começou a
mover-se. Então, o Sr. Broffério deitou-se no chão e, segurando a barra do
vestido, verificou que ela não estava perfeitamente direita; depois voltou ao
seu lugar. Continuando os movimentos com bastante força, o Sr. Aksakof
deitou-se no chão, por trás da médium, isolou completamente a plataforma da
barra do vestido, dobrou este por baixo da cadeira e certificou-se, com a mão,
de que o espaço estava perfeitamente livre entre a plataforma e a cadeira.
Enquanto ele estava nessa posição, a alavanca continuava a mover-se e a bater
de encontro à barra de descanso, o que todos viram e ouviram.
238. Uma segunda vez realizou-se a
mesma experiência na sessão de 27 de setembro, em presença do Professor Richet.
Quando, depois de certa espera, o movimento da alavanca se produziu à vista de
todos, batendo no descanso, o Sr. Richet deixou o seu lugar, perto da médium,
e, passando a mão no ar e pelo chão entre a médium e a plataforma,
certificou-se de que esses espaços estavam livres de qualquer comunicação, fio
ou cordel.
239. Pancadas e reprodução de sons na
mesa – Essas pancadas sempre se produziram durante as sessões, para exprimir
sim ou não; algumas vezes eram fortes e nítidas e pareciam ressoar na madeira
da mesa; mas, como se notou, a localização do som não é coisa fácil e não foi
possível fazer, a esse respeito, nenhuma experiência, à exceção de pancadas
ritmadas ou diversas arranhadelas que os pesquisadores produzíamos na mesa e
que pareciam reproduzir-se, em seguida, no interior da madeira, mas fracamente.
240. Fenômenos observados na escuridão – Os fenômenos observados na
escuridão completa produziram-se enquanto estavam todos sentados ao redor da
mesa, fazendo a cadeia (pelo menos durante os primeiros minutos). As mãos e os
pés da médium estavam seguros pelos seus dois vizinhos.
241. Estando as coisas desse modo,
verificaram-se logo depois os fatos mais variados e singulares, que, sem
dúvida, não seriam obtidos em plena luz, pois a escuridão aumentava
evidentemente a facilidade dessas manifestações, que podem ser classificadas do
seguinte modo:
1. Pancadas na mesa, sensivelmente
mais fortes que as que se ouviam em plena luz; em baixo ou em cima dela, ruídos
semelhantes ao de um murro ou de uma palmada.
2. Choque e pancadas nas cadeiras dos
vizinhos da médium, por vezes bastante fortes para fazerem voltar a cadeira com
a pessoa. Algumas vezes, quando esta pessoa se levantava, a cadeira era
retirada.
3. Transporte, para cima da mesa, de
objetos diversos, tais como cadeiras, vestuários e outras coisas, distanciadas
de vários metros e pesando vários quilos.
4. Transporte, no ar, de objetos
diversos (instrumentos de música, por exemplo); percussões e sons produzidos
por esses objetos.
5. Transporte, para cima da mesa, da
médium com a cadeira em que se achava sentada.
6. Aparição de pontos fosforescentes
de muito pouca duração (uma fração de segundo) e de claridades, notadamente de
discos luminosos, que muitas vezes se desdobravam, de duração igualmente muito
curta.
7. Ruído de duas mãos que se batiam no
ar, uma na outra.
8. Sopros sensíveis, como uma ligeira
aragem, limitada a um pequeno espaço.
9. Toques produzidos por mão
misteriosa, ora nas partes vestidas do corpo dos pesquisadores, ora nas partes
descobertas (rosto e mãos), e neste último caso experimentava-se exatamente a
sensação de contato e de calor que produz a mão humana. Por vezes percebiam-se
realmente esse toques, com um ruído correspondente.
10. Visão de uma ou duas mãos
projetadas num papel fosforescente ou uma janela fracamente iluminada.
11. Diversos trabalhos efetuados por
essas mãos: nós feitos e desfeitos, traços de lápis (conforme toda a aparência)
deixados sobre uma folha de papel ou outro lugar. Impressões dessas mãos numa
folha de papel enegrecida.
12. Contato das mãos dos assistentes
com uma figura misteriosa, que não era certamente a da médium.
242. Todos os que negam a
possibilidade dos fenômenos mediúnicos tentam explicar esses fatos supondo que
a médium tem a faculdade (declarada impossível pelo Professor Richet) de ver na
escuridão completa onde se faziam as experiências, e que, por hábil artifício,
agitando-se de mil maneiras na escuridão, acaba por fazer segurar uma das mãos
pelos seus dois vizinhos, tornando a outra livre, para produzir os toques.
243. Aqueles dentre os sábios que
tiveram ocasião de vigiar as mãos de Eusápia são obrigados a confessar que a
médium não se prestava certamente a facilitar a sua vigilância. No momento em
que se ia produzir algum fenômeno importante, ela começava a agitar-se,
torcendo-se e tentando libertar as mãos, sobretudo a direita, como de um
contato penoso.
244. Para tornar a vigilância
contínua, os seus vizinhos eram obrigados a seguir todos os movimentos da mão fugitiva,
o que ocasionava perder-se, por limitados instantes, o seu contato, exatamente
na ocasião em que mais se desejava tê-la presa. Nem sempre era fácil saber se
se segurava a mão direita ou a esquerda da médium.
245. Por essa razão, muitas das manifestações
observadas na escuridão foram consideradas como de valor demonstrativo
insuficiente, posto que, em realidade, provável. Assim, a comissão decidiu não
mencioná-las, expondo somente alguns casos sobre os quais não se pode ter
nenhuma dúvida, seja por causa da certeza do exame feito, seja pela
impossibilidade manifesta de terem eles sido obra da médium.
Respostas às
questões preliminares
A. A comissão de sábios pôde presenciar fenômenos de
efeitos físicos à plena luz?
Sim. Eles puderam observar inúmeros
fenômenos à plena luz, como, por exemplo, a movimentação espontânea de objetos.
Um exemplo notável citado no Relatório elaborado pela comissão deu-se na
segunda sessão: uma pesada cadeira (10 quilos), que se achava a um metro da
mesa e por trás da médium, aproximou-se do Sr. Schiaparelli, que estava sentado
perto da médium. Ele levantou-se para tornar a colocá-la no lugar; mas, apenas
tinha sentado, a cadeira veio de novo colocar-se junto dele. (Fatos Espíritas - Relatório da comissão
dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos
psíquicos.)
B. Enquanto tais fenômenos ocorriam, onde ficava a médium
Eusápia Paladino?
Nesses momentos, enquanto os pés da
médium eram vigiados, todos os assistentes faziam uma cadeia com as mãos,
inclusive a médium, que ficava sentada entre dois pesquisadores. (Obra citada -
Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o
estudo dos fenômenos psíquicos.)
C. Qual era o argumento geralmente utilizado pelos que
negavam os fenômenos realizados na escuridão?
Todos eles tentavam explicar esses
fenômenos supondo que a médium Eusápia teria a faculdade de ver na escuridão
completa onde se faziam as experiências, e que, por hábil artifício,
agitando-se de mil maneiras na escuridão, acabava por fazer segurar uma das
mãos pelos seus dois vizinhos, tornando a outra livre para produzir os toques.
Essa suposta faculdade atribuída à médium foi declarada impossível pelo
Professor Richet. (Obra citada - Relatório da comissão dos sábios que se
reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos.)
Observação:
Para acessar a Parte 12 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/blog-post_13.html
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