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terça-feira, 31 de agosto de 2021

 



Uma observação sobre o que criamos

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Aceitar os pensamentos não quer dizer que se tornará esses pensamentos, significa apenas que se está vivendo, aprendendo, discernindo. Um exemplo, uma pessoa que tenha algum pensamento triste não quer dizer que ela seja assim, simplesmente que se está pensando com um pouco mais dessa energia, porém caso se afinize com eles e, assim, deseje realizá-los dependerá exclusivamente do livre-arbítrio. E cabe a ressalva de que toda ação gera uma reação.

Como os pensamentos, há dias mais melancólicos ou mais felizes; outros, ainda, mais preocupantes; há os dias os quais nunca se desejaria viver; mas também há os que não deveriam ser esquecidos. Os dias com mais amor são muito apreciados; os com guerra poderiam desaparecer de vez; os dias de conquistas deveriam demorar mais; entretanto todos os dias é que nos criam experiências, é que nos dão condições de escolhas, pois só valorizaremos o dia abençoado se conhecermos o dia gris.

A vida nos ensina cotidianamente que os nossos sentimentos e pensamentos são lições para o progresso já que são conteúdos para a reestruturação dos atos. O que mais se deve observar é a frequência do teor do pensamento, quanto mais um tipo é comum, mais dessa energia está em nós.

O pensamento apenas nos tornará ele próprio quando deixarmos isso acontecer. Uma pessoa se sentirá inferior quando ela realmente aceitar isso, pois a direção do comportamento e a essência são resultados do próprio consentimento. Ninguém poderá concluir algo no lugar de outro, também ninguém deverá ser o responsável pelo procedimento de alguém. Sempre haverá escolhas de acordo com a sintonia.

E sobre esse assunto há muito a se aprender e duas lições preciosas são discernir os pensamentos e sentimentos e compreender quão é possível um coração preferir ver a luz a permanecer na escuridão.

Decido estar mais em paz do que em conflito.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

  

 

 

 

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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

 



Painéis da Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 10

 

Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Painéis da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

73. Qual a importância em nossa vida do efetivo cumprimento de nossos deveres morais?

Segundo é demonstrado com clareza nesta obra, os deveres morais, quando bem cumpridos, são os agentes que propiciam o crescimento do ser, no rumo da libertação de suas mazelas. Foi exatamente isso que faltara na vida de Argos ao longo dos últimos séculos. (Painéis da Obsessão, cap. 28, pp. 227 e 228.)

74. Vendo a inutilidade da pugna verbal com Felipe (Espírito), Argos orou. Sua oração foi sincera?

Sim. Recuando em sua presunção, entre lágrimas de sincero sofrimento, ele orou, contrito, rogando a ajuda do Pai Celeste para ele e todos os envolvidos nas lamentáveis tramas do pretérito. A rogativa, que pedia ao Criador socorro e piedade para Felipe e misericórdia para os seus próprios atos, estava ungida de arrependimento e assinalada de propósitos de justa reabilitação. (Obra citada, cap. 28, pp. 233 a 235.)

75. Que propósito tinham os antigos hussitas?

Os hussitas preconizavam um Cristianismo novo, pelo qual se imolou João Huss, em eloquente testemunho de amor ao ideal, sem qualquer rancor por aquele que, lhe dando o salvo-conduto para ser interrogado pelo concílio de Constança, traiu-o, abandonando-o nas mãos dos seus inimigos gratuitos. (Obra citada, cap. 28, pp. 235 e 236.)

76. Quando a gente não dispõe de forças para perdoar, que é que acontece?

Essa pergunta foi feita por Felipe (o obsessor de Argos), depois de ouvir uma longa preleção de Irmã Angélica a respeito do perdão e de seus incontáveis benefícios. “E se eu não dispuser de forças para o perdoar?” Ante essas palavras de Felipe, a benfeitora respondeu: “Deus to concederá, por ser Ele a fonte donde se origina todo o bem. O amor encontra ressonância e recebe carga de revigoramento na razão direta em que ama. Todavia, se encontras momentaneamente impedimento para luarizar-te com o amor, vê o problema pela ótica do outro que te padece o cerco feroz e desculpa-o. Observa-o: abatido e lacerado, não é o mesmo de ontem, orgulhoso e dominador. Ele se te submete e pede-te trégua. Não é melhor doar do que receber? Cessada a tua fúria, quando concluído o teu plano nefasto, não o alcançarás, além da morte, porque ele estará liberado da culpa, enquanto tu cairás no abismo da dívida. Que farás, a partir de então? Reflete agora, enquanto ainda podes recuar. Um pouco mais e será tarde demais.” (Obra citada, cap. 28, pp. 236 a 238.)

77. Argos poderia ter evitado a recidiva da tuberculose?

Sim. Segundo Dr. Froebel, a recidiva não estava prevista, pelo menos para aquele período. Houvesse Argos vigiado convenientemente e tê-la-ia adiado ou mesmo evitado. "Enquanto o homem não aprender a comandar a mente sob o império de uma vontade bem direcionada – asseverou Dr. Froebel –, ser-lhe-á vítima contínua." "A acomodação mental responde por muitos males que esfacelam os planos ideais de muitos corações. Através dos fios invisíveis do pensamento movimentam-se forças de difícil catalogação pela linguagem convencional, que fomentam reações equivalentes às emissões iniciais... É através delas que se canalizam as vibrações obsessivas, que as utilizam ou as fomentam, dando gênese aos estados de desequilíbrio psíquico, de início, e físico, mais tarde..." (Obra citada, cap. 29, pp. 242 e 243.)

78. A presença da morte leva as pessoas a pensarem em mudança de vida e atitudes?

Sim. A presença da morte é sempre uma proposta de imediata reforma íntima. Quando o homem a pressente, valoriza a roupagem carnal e a oportunidade que, invariavelmente, desconsidera. Em tais momentos, não raro, fazem promessas e negociam com a Divindade, em vãs pechinchas, que denotam a infância moral em que estagiam, irresponsáveis. Quando o perigo passa e a saúde retorna, modificam as paisagens mentais e arrojam-se aos mesmos programas de insensatez, com raras exceções, mais ávidos, mais petulantes, mais imprudentes... Chega o momento, porém, em que não mais podem adiar o retorno e são colhidos entre prantos e lamentos, igualmente insensatos, rogando compaixão e apoio, que não quiseram ou não pretenderam dar-se ou doar aos outros. (Obra citada, cap. 29, pp. 244 e 245.)

79. É correto afirmar que compromisso que não se atende é dívida que se assume?

Sim. Foi isso que Irmã Angélica disse a Argos. O compromisso da reencarnação não é viagem ao país da futilidade, especialmente para os que estão muito comprometidos com tarefas interrompidas e têm, no passado, o caminho juncado de vítimas. Devemos agir no bem, com menos palavras e mais serviço. "Os teus atos próximos serão os teus advogados futuros... A consciência anestesiada, quando desperta, faz-se juiz severo, se nos surpreende em gravame ou queda", disse-lhe Irmã Angélica. (Obra citada, cap. 29, pp. 246 e 247.)

80. Como entender a tolerância e sua vivência?

Geralmente, todos nós esperamos por tolerância; no entanto, são poucos os que sabem vivê-la. Sempre a queremos para nós, mesmo que seja em prejuízo da ordem. Que se precatem, porém, os bons trabalhadores, do "fermento farisaico" e nunca receiem enfrentar o mal, mesmo que a prejuízos na área das amizades e dos relacionamentos humanos. O dever está acima do prazer. No caso das dificuldades que a Colônia passou a enfrentar, a prece, o trabalho e a humildade foram os fortes pilotis da caridade, para que o vendaval da amargura não derruísse o trabalho do bem. (Obra citada, cap. 30, pp. 252 e 253.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/blog-post_23.html

 

 

 

 

 

 

 

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domingo, 29 de agosto de 2021

 



Kardec e as discórdias entre os espíritas

 

  ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Quem já teve contato com os Evangelhos certamente conhece um dos mais importantes depoimentos deixados por Jesus, que asseverou, certa vez, que seus verdadeiros discípulos seriam conhecidos por muito se amarem.

Apesar de haver sido dita por Jesus, a frase foi solenemente ignorada por muitos indivíduos que, valendo-se do argumento de que defendiam a fé cristã, chegaram a combater e perseguir companheiros com cujas ideias não concordavam. A perseguição feita aos huguenotes(1) foi disso um expressivo exemplo, como aliás o fora toda a perseguição feita ao longo do tempo pela Igreja aos chamados hereges.

Estaria o movimento espírita isento de problemas dessa ordem?

Antes de tratar do assunto, examinemos a frase dita por Jesus: “Meus discípulos verdadeiros serão conhecidos por muito se amarem”.

A interpretação do texto leva-nos às considerações abaixo.

Se os que se dizem discípulos do Cristo não se amam, não são eles, em verdade, discípulos. Se insistem em dizer-se discípulos, não o são verdadeiros, ou seja, trata-se de falsos discípulos.

Em uma conhecida classificação dos espíritas publicada em O Livro dos Médiuns, Kardec valeu-se da denominação “espíritas cristãos” para designar os verdadeiros espíritas, isto é, os que conhecem, estudam, aceitam e, mais do que isso, praticam os ensinamentos espíritas, movidos sempre pelo desejo do bem e tendo por farol de suas ações a caridade.

Juntando os dois pensamentos – a afirmativa de Jesus e a análise feita por Kardec – podemos concluir que se não existir o sentimento de amor, de respeito, de fraternidade entre dois espíritas, não podem, tanto um quanto o outro, merecer o título de “discípulo do Senhor” nem o qualificativo de “verdadeiro espírita” e, por conseguinte, de “espírita cristão”.

Como o movimento espírita é formado por pessoas situadas nos mais diferentes níveis evolutivos, é evidente que não se encontra ele isento dos desentendimentos e das rusgas que deparamos, às vezes, nas instituições espíritas mais conceituadas, algo que não ocorre apenas em nossa cidade, mas em diferentes lugares.

Kardec referiu-se, certa vez, a esses conflitos em discurso pronunciado nas reuniões gerais dos espíritas de Lião e Bordéus. (Cf. “Viagem Espírita em 1862”, Editora O Clarim, pp. 76 a 105.)

Disse, então, o Codificador do Espiritismo:

 

“Se, entre vós, há dissidências, causas de antagonismos, se os grupos que devem todos marchar para um objetivo comum estiverem divididos, eu o lamento, sem me preocupar com as causas, sem examinar quem cometeu os primeiros erros e me coloco, sem hesitar, do lado daquele que tiver mais caridade, isto é, mais abnegação e verdadeira humildade, pois aquele a quem falta a caridade está sempre errado, assistido embora por qualquer espécie de razão, pois Deus maldiz quem diz a seu irmão: racca.” (Obra citada, pág. 101.)

 

O conselho do Codificador em casos tais é muito claro e vem a propósito nesta hora difícil em que desentendimentos diversos têm-se verificado em nosso meio. “Abafai as discórdias”, propõe-nos ele. “Seja-vos possível fundir-vos em uma única e mesma família e dar-vos mutuamente, do fundo do coração e sem pensamento premeditado, o nome de irmãos.” (Idem, ibidem.)

Uma providência que poderia ser útil a nós e aos nossos irmãos seria a divulgação dos pensamentos aqui examinados, os quais têm por base a exata dimensão do que o ensino moral contido nos Evangelhos representa em nossa vida.

Nesse sentido, é bom lembrar o que Kardec escreveu e consignou na Introdução d’ O Evangelho segundo o Espiritismo:

 

“Diante desse código divino [ele se refere ao ensino moral contido nos Evangelhos], a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. E, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura.” (Obra citada)

 

 

(1) Designação depreciativa que os católicos franceses deram aos protestantes, especialmente aos calvinistas, e que estes adotaram. P. extensão, protestante.

 

 

 

 

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sábado, 28 de agosto de 2021

 



Quem ensina aprende, e quem aprende ensina

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

Bom dia, amigos leitores!

Li uma frase de Paulo Freire com a qual me identifiquei de tal modo que resolvi comprar seu livro intitulado Pedagogia da autonomia.

Eis a frase desse homem que, por sua vida e obra, foi nomeado patrono da educação brasileira: "Ensinar exige a corporificação das palavras pelo exemplo" (it. 1.6 da pág. 35). Lindo pensamento, não é mesmo? Principalmente quando sabemos que toda a sua vida foi baseada na coerência entre o que ele ensinava e o que fazia.

Outro ser iluminado, que esteve mais uma vez hospitalizado e que agora já está em casa, sob os cuidados carinhosos de médicos e enfermeiros amigos, é Divaldo Franco. Nunca deixa de responder às mensagens que lhe envio, ainda que esteja sobrecarregado com múltiplas atividades ou mesmo em convalescência, como agora.

Senti saudades desse ser de luz e enviei-lhe algumas palavras de bom ânimo e satisfação por vê-lo superar mais este momento de hospitalização, em face da idade avançada. Aproveitei para lhe dizer de meu prazer em ler, desde a juventude, todas as obras psicografadas por ele que lhe são transmitidas por Manoel Philomeno de Miranda.

Gentilmente, mesmo bastante incapacitado, não deixou de me responder, informando que está muito feliz, aos cuidados médicos de pessoas amigas e podendo contemplar a maravilhosa luz de um novo dia. Verdadeiro exemplo de reconhecimento ao próximo e de amor à vida, este dom sublime que Deus nos concede a cada nova existência no corpo físico.

Comecei falando sobre a frase de Paulo Freire, agora transcrevo o que se lhe segue, para nosso deleite e reflexão:

 

O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como falsa, a fórmula farisaica do "faça o que mando e não o que eu faço". Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo" (op. cit., loc. cit.).

 

Não basta, portanto, escrever ou falar bonito. Temos que nos esforçar para, dia após dia, colocar em prática tudo o que aprendemos ou que ensinamos a outrem. Educar é agir assim mesmo, como diz Paulo Freire, com justiça intitulado o "Patrono da Educação Brasileira". Ainda outra frase sua basilar para quem deseja ensinar e aprender é a seguinte: "Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender".

Abraço fraternal a todos!

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

 

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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

 



Fatos Espíritas


William Crookes



Parte 13

 

Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. A comissão de sábios pôde presenciar fenômenos de efeitos físicos à plena luz? 

B. Enquanto tais fenômenos ocorriam, onde ficava a médium Eusápia Paladino? 

C. Qual era o argumento geralmente utilizado pelos que negavam os fenômenos realizados na escuridão?

 

Texto para leitura

 

233. Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos – Na sequência do Relatório os pesquisadores apresentaram a descrição dos fenômenos observados, iniciando pelos que foram verificados à luz.

234. Movimentos espontâneos de objetos – Esses fenômenos foram observados vários vezes durante as sessões; frequentemente uma cadeira, colocada para esses fins, não distante da mesa, entre a médium e um dos seus vizinhos, começou a mover-se e, algumas vezes, se aproximou da mesa. Um exemplo notável deu-se na segunda sessão, sempre em plena luz: uma pesada cadeira (10 quilogramas), que se achava a um metro da mesa e por trás da médium, aproximou-se do Sr. Schiaparelli, que estava sentado perto da médium; ele levantou-se para tornar a colocá-la no lugar; mas, apenas tinha sentado, a cadeira veio de novo colocar-se junto dele.

235. Movimento da mesa sem contacto – Como a comissão desejasse obter esses fenômenos, a mesa foi, para esse fim, colocada sobre roldanas. Enquanto os pés da médium eram vigiados, todos os assistentes fizeram uma cadeia com as mãos, inclusive a médium. Quando a mesa começou a mover-se, todos levantaram as mãos, sem romper a cadeia, e a mesa, assim isolada, fez vários movimentos. Essa experiência foi repetida várias vezes.

236. Movimento da alavanca de uma balança – Esta experiência foi feita, pela primeira vez, na sessão de 21 de setembro. Depois de ter sido verificada a influência que o corpo da médium exercia sobre a balança, enquanto nela estava sentada, a comissão quis verificar se essa experiência poderia ter bom êxito, a distância. Para isso, a balança foi colocada por trás da médium sentada à mesa, de tal modo que a plataforma estivesse a 10 centímetros da sua cadeira.

237. Pôs-se, em primeiro lugar, a barra do seu vestido em contato com a plataforma; a alavanca começou a mover-se. Então, o Sr. Broffério deitou-se no chão e, segurando a barra do vestido, verificou que ela não estava perfeitamente direita; depois voltou ao seu lugar. Continuando os movimentos com bastante força, o Sr. Aksakof deitou-se no chão, por trás da médium, isolou completamente a plataforma da barra do vestido, dobrou este por baixo da cadeira e certificou-se, com a mão, de que o espaço estava perfeitamente livre entre a plataforma e a cadeira. Enquanto ele estava nessa posição, a alavanca continuava a mover-se e a bater de encontro à barra de descanso, o que todos viram e ouviram.

238. Uma segunda vez realizou-se a mesma experiência na sessão de 27 de setembro, em presença do Professor Richet. Quando, depois de certa espera, o movimento da alavanca se produziu à vista de todos, batendo no descanso, o Sr. Richet deixou o seu lugar, perto da médium, e, passando a mão no ar e pelo chão entre a médium e a plataforma, certificou-se de que esses espaços estavam livres de qualquer comunicação, fio ou cordel.

239. Pancadas e reprodução de sons na mesa – Essas pancadas sempre se produziram durante as sessões, para exprimir sim ou não; algumas vezes eram fortes e nítidas e pareciam ressoar na madeira da mesa; mas, como se notou, a localização do som não é coisa fácil e não foi possível fazer, a esse respeito, nenhuma experiência, à exceção de pancadas ritmadas ou diversas arranhadelas que os pesquisadores produzíamos na mesa e que pareciam reproduzir-se, em seguida, no interior da madeira, mas fracamente.

240. Fenômenos observados na escuridão – Os fenômenos observados na escuridão completa produziram-se enquanto estavam todos sentados ao redor da mesa, fazendo a cadeia (pelo menos durante os primeiros minutos). As mãos e os pés da médium estavam seguros pelos seus dois vizinhos.

241. Estando as coisas desse modo, verificaram-se logo depois os fatos mais variados e singulares, que, sem dúvida, não seriam obtidos em plena luz, pois a escuridão aumentava evidentemente a facilidade dessas manifestações, que podem ser classificadas do seguinte modo: 

1. Pancadas na mesa, sensivelmente mais fortes que as que se ouviam em plena luz; em baixo ou em cima dela, ruídos semelhantes ao de um murro ou de uma palmada.

2. Choque e pancadas nas cadeiras dos vizinhos da médium, por vezes bastante fortes para fazerem voltar a cadeira com a pessoa. Algumas vezes, quando esta pessoa se levantava, a cadeira era retirada.

3. Transporte, para cima da mesa, de objetos diversos, tais como cadeiras, vestuários e outras coisas, distanciadas de vários metros e pesando vários quilos.

4. Transporte, no ar, de objetos diversos (instrumentos de música, por exemplo); percussões e sons produzidos por esses objetos.

5. Transporte, para cima da mesa, da médium com a cadeira em que se achava sentada.

6. Aparição de pontos fosforescentes de muito pouca duração (uma fração de segundo) e de claridades, notadamente de discos luminosos, que muitas vezes se desdobravam, de duração igualmente muito curta.

7. Ruído de duas mãos que se batiam no ar, uma na outra.

8. Sopros sensíveis, como uma ligeira aragem, limitada a um pequeno espaço.

9. Toques produzidos por mão misteriosa, ora nas partes vestidas do corpo dos pesquisadores, ora nas partes descobertas (rosto e mãos), e neste último caso experimentava-se exatamente a sensação de contato e de calor que produz a mão humana. Por vezes percebiam-se realmente esse toques, com um ruído correspondente.

10. Visão de uma ou duas mãos projetadas num papel fosforescente ou uma janela fracamente iluminada.

11. Diversos trabalhos efetuados por essas mãos: nós feitos e desfeitos, traços de lápis (conforme toda a aparência) deixados sobre uma folha de papel ou outro lugar. Impressões dessas mãos numa folha de papel enegrecida.

12. Contato das mãos dos assistentes com uma figura misteriosa, que não era certamente a da médium. 

242. Todos os que negam a possibilidade dos fenômenos mediúnicos tentam explicar esses fatos supondo que a médium tem a faculdade (declarada impossível pelo Professor Richet) de ver na escuridão completa onde se faziam as experiências, e que, por hábil artifício, agitando-se de mil maneiras na escuridão, acaba por fazer segurar uma das mãos pelos seus dois vizinhos, tornando a outra livre, para produzir os toques.

243. Aqueles dentre os sábios que tiveram ocasião de vigiar as mãos de Eusápia são obrigados a confessar que a médium não se prestava certamente a facilitar a sua vigilância. No momento em que se ia produzir algum fenômeno importante, ela começava a agitar-se, torcendo-se e tentando libertar as mãos, sobretudo a direita, como de um contato penoso.

244. Para tornar a vigilância contínua, os seus vizinhos eram obrigados a seguir todos os movimentos da mão fugitiva, o que ocasionava perder-se, por limitados instantes, o seu contato, exatamente na ocasião em que mais se desejava tê-la presa. Nem sempre era fácil saber se se segurava a mão direita ou a esquerda da médium.

245. Por essa razão, muitas das manifestações observadas na escuridão foram consideradas como de valor demonstrativo insuficiente, posto que, em realidade, provável. Assim, a comissão decidiu não mencioná-las, expondo somente alguns casos sobre os quais não se pode ter nenhuma dúvida, seja por causa da certeza do exame feito, seja pela impossibilidade manifesta de terem eles sido obra da médium.

 

Respostas às questões preliminares

 

A. A comissão de sábios pôde presenciar fenômenos de efeitos físicos à plena luz? 

Sim. Eles puderam observar inúmeros fenômenos à plena luz, como, por exemplo, a movimentação espontânea de objetos. Um exemplo notável citado no Relatório elaborado pela comissão deu-se na segunda sessão: uma pesada cadeira (10 quilos), que se achava a um metro da mesa e por trás da médium, aproximou-se do Sr. Schiaparelli, que estava sentado perto da médium. Ele levantou-se para tornar a colocá-la no lugar; mas, apenas tinha sentado, a cadeira veio de novo colocar-se junto dele. (Fatos Espíritas - Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos.)

B. Enquanto tais fenômenos ocorriam, onde ficava a médium Eusápia Paladino? 

Nesses momentos, enquanto os pés da médium eram vigiados, todos os assistentes faziam uma cadeia com as mãos, inclusive a médium, que ficava sentada entre dois pesquisadores. (Obra citada - Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos.)

C. Qual era o argumento geralmente utilizado pelos que negavam os fenômenos realizados na escuridão?

Todos eles tentavam explicar esses fenômenos supondo que a médium Eusápia teria a faculdade de ver na escuridão completa onde se faziam as experiências, e que, por hábil artifício, agitando-se de mil maneiras na escuridão, acabava por fazer segurar uma das mãos pelos seus dois vizinhos, tornando a outra livre para produzir os toques. Essa suposta faculdade atribuída à médium foi declarada impossível pelo Professor Richet. (Obra citada - Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/blog-post_13.html

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 6

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

41. Qual a origem do vocábulo "firmamento"?

Para os antigos, a Terra era uma superfície plana e circular, qual uma mó de moinho, estendendo-se a perder de vista na direção horizontal. Daí a expressão ainda em uso: ir ao fim do mundo. Desconheciam-lhe os limites, a espessura, o interior, a face inferior, o que lhe ficava por baixo. Por se mostrar sob forma côncava, o céu, na crença vulgar, era tido como uma abóbada real, cujos bordos inferiores repousavam na Terra e lhe marcavam os confins, vasta cúpula cuja capacidade o ar enchia completamente. Sem nenhuma noção do espaço infinito, incapazes mesmo de o conceberem, imaginavam os homens que essa abóbada era constituída de matéria sólida, donde a denominação de firmamento que lhe foi dada e que sobreviveu à crença, significando: firme, resistente (do latim firmamentum, derivado de firmus e do grego herma, hermatos, firme, sustentáculo, suporte, ponto de apoio). (A Gênese, cap. V, itens e 3.)

42. Quem descobriu que a Terra tem a forma esférica? 

Foi Tales, de Mileto (Ásia Menor), quem descobriu, no ano 600 a.C., a esfericidade da Terra, a obliquidade da eclíptica, ou plano da órbita terrestre, e a causa dos eclipses. (Obra citada, cap. V, item 10.)

43. Quem foi o autor do sistema que atribuiu à Terra a condição de centro do Universo? 

Foi Ptolomeu, um dos homens mais ilustres da Escola de Alexandria, quem compôs, no ano 140 da Era Cristã, um sistema que se pode qualificar de misto, que traz o seu nome e que, por perto de quinze séculos, foi o único que o mundo civilizado adotou. Segundo o sistema de Ptolomeu, a Terra seria uma esfera posta no centro do Universo. (Obra citada, cap. V, item 11.)

44. Quando se descobriu que o Sol é o centro de nosso sistema? 

Foi no começo do século 16 que Copérnico, astrônomo célebre, nascido em Thorn (Prússia), reconsiderou as ideias de Pitágoras e concebeu um sistema que, confirmado todos os dias por novas observações, teve acolhimento favorável e não tardou a desbancar o de Ptolomeu. Segundo o sistema de Copérnico, o Sol está no centro e ao seu derredor os astros descrevem órbitas circulares, sendo a Lua um satélite da Terra. Um século depois, em 1609, Galileu inventou o telescópio e, já no ano seguinte, descobriu que os planetas não têm luz própria como as estrelas, mas que são iluminados pelo Sol e são esferas semelhantes à Terra, oferecendo assim, por provas materiais, sanção definitiva ao sistema de Copérnico. Reconheceu-se então que os planetas são mundos semelhantes à Terra e, sem dúvida, habitados, como esta; que as estrelas são inumeráveis sóis, prováveis centros de outros tantos sistemas planetários, sendo o próprio Sol reconhecido como uma estrela, centro de um conjunto de planetas que se lhe acham sujeitos.  (Obra citada, cap. V, item 12.)

45. Em que consistem as constelações? 

As constelações são agregados aparentes formados por estrelas. Suas figuras não passam de efeitos de perspectiva, como as que as luzes espalhadas por uma vasta planície ou as árvores de uma floresta formam, aos olhos de quem as observa colocado num ponto fixo. Na realidade, porém, tais agrupamentos não existem. Se nos pudéssemos transportar para a reunião de uma dessas constelações, à medida que nos aproximássemos dela, a sua forma se desmancharia e novos grupos se nos desenhariam à vista. Ora, não existindo esses agrupamentos senão na aparência, é ilusória a significação que uma supersticiosa crença vulgar lhes atribui e que somente na imaginação pode existir. (Obra citada, cap. V, item 12.)

46. As antigas cosmogonias deixaram de subsistir a partir de que momento? 

Foi a partir de Copérnico e Galileu que as velhas cosmogonias deixaram para sempre de subsistir. A Astronomia só podia avançar, não recuar, e bastou a invenção de um instrumento de óptica para derrocar uma construção de muitos milhares de anos. (Obra citada, cap. V, itens 13 e 14.)

47. Podemos definir espaço e tempo?

A principal definição dada de espaço é esta: a extensão que separa dois corpos, na qual certos sofistas deduziram que onde não haja corpos não haverá espaço. Também definiram o espaço como sendo o lugar onde se movem os mundos, o vazio onde a matéria atua etc. Em verdade, espaço é uma dessas palavras que exprimem uma ideia primitiva e axiomática, de si mesma evidente, e a cujo respeito as diversas definições que se possam dar nada mais fazem do que obscurecê-la. “Todos sabemos – diz o Espírito de Galileu – o que é o espaço e eu apenas quero firmar que ele é infinito, a fim de que os nossos estudos ulteriores não encontrem uma barreira opondo-se às investigações do nosso olhar.”

Como a palavra espaço, tempo é também um termo já por si mesmo definido. Dele se faz ideia mais exata, relacionando-o com o todo infinito. O tempo é a sucessão das coisas. Está ligado à eternidade, do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao infinito.  (Obra citada, cap. VI, itens 1 e 2.)

48. De onde se originaram as diversas substâncias que existem no mundo?

Pode-se estabelecer como princípio absoluto que todas as substâncias, conhecidas e desconhecidas, são apenas modos diversos sob que a matéria se apresenta, variedades em que ela se transforma sob a direção das forças inumeráveis que a governam. Não há, em todo o Universo, senão uma única substância primitiva: o cosmo, ou matéria cósmica dos uranógrafos. (Obra citada, cap. VI, itens 3, 4 e 7.)

 

 

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