Painéis da Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 8
Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Painéis da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.
Eis as questões de hoje:
57. É perigosa a obsessão que passa quase despercebida?
Sim. É perigosa
porque se instala vagarosa e firmemente nos painéis mentais, estabelecendo
comportamentos equivocados com aparência respeitável. Esse tipo de perturbação é
mais difícil de ser erradicada, pelo fato de o paciente negar sua condição de
enfermo e até, muitas vezes, de comprazer-se nela, porque o narcisismo a que se
entrega converte-se em autofascinação por valores que se atribui e que está
longe de possuir, o que anula qualquer contribuição que lhe é oferecida. (Painéis da Obsessão, cap. 24, pp. 186 e
187.)
58. Na terapia desobsessiva devemos cuidar também do
desencarnado, tanto quanto cuidamos de sua vítima?
Sim. Na terapia
desobsessiva devemos cuidar do encarnado e do desencarnado. Nunca será demais
repetir que, em todo processo obsessivo, a vítima de hoje é o algoz de ontem,
transferido no tempo, sendo a dívida a razão do mecanismo perturbador. Aquele
que foi dilapidado imanta-se ao infrator que o infelicitou e assume a posição
de cobrador ou justiceiro, com o que incide em erro não menor. Enquanto o amor
não luz no defraudado, ante a mudança de comportamento do seu adversário, o
problema permanece. O trabalho não consiste, pois, em simplesmente afastar a
Entidade obsessora, mas ampará-la e esclarecê-la. (Obra citada, cap. 24, pp.
187 a 190.)
59. Há pacientes para os quais a melhor terapia é a
permanência da doença?
Sim. Obsidiados ou
não, existem pacientes para os quais, graças à sua rebeldia sistemática e
teimosa acomodação nas disposições inferiores, a melhor terapia é a permanência
da doença, que os poupará de males maiores. No campo das obsessões não são
poucos os que, logo que se melhoram, abandonam o trabalho, para retornarem aos
hábitos vulgares em que se compraziam. Logo que passe o sofrimento, a ilusão
substitui a realidade, a volúpia do prazer estiola os desejos de servir e a
pessoa cai na indiferença, quando não ocorrem males piores. (Obra citada, cap.
24, pp. 190 e 191.)
60. Qual é, na essência, a função do Espiritismo?
A função do
Espiritismo é, essencialmente, a de iluminar a consciência, com a consequente
orientação do comportamento, armando o aprendiz com os recursos que o capacitem
a vencer-se, superando as paixões selvagens e sublimando as tendências
inferiores, com o que se elevará. Na terapia desobsessiva, portanto, o
contributo do enfermo é de vital importância, porque serão seus pensamentos e
atos que responderão pela sua transformação moral, para recuperar-se dos males
praticados e repará-los. A evangelização do Espírito desencarnado é
fundamental, mas igualmente o é a da criatura que se emaranhou na delinquência
e ainda não se recuperou do delito praticado. (Obra citada, cap. 24, pp. 190 e
191.)
61. No atendimento a nós encarnados, até que ponto pode ir a
ação dos Benfeitores espirituais?
Os Benfeitores, como
se sabe, auxiliam e esclarecem, mas não poupam ninguém aos compromissos
próprios de elevação, às tarefas reparadoras, aos deveres imediatos. Eles
inspiram, consolam, suavizam as asperezas da marcha; no entanto, cada qual terá
que caminhar com os próprios pés. (Obra citada, cap. 24 e 25, pp. 191 a 193.)
62. Podemos afirmar, sem medo de errar, que cada pessoa sempre
responderá na vida pelos seus atos?
Sim. Cada pessoa
responderá sempre pelos seus atos e – além disso – respirará no clima da
paisagem que elegeu e na qual se compraz. É por isso que causava justa preocupação
a atitude irrefletida de Argos, que não fazia a parte que lhe cabia no processo
de cura. Qual seria a melhor atitude a fim de melhor auxiliá-lo? Respondendo a
essa pergunta, Irmã Angélica explicou que Deus não abandona a nenhum filho e
que as leis de equilíbrio por Ele estabelecidas funcionam com perfeição e com
igualdade para todos. Não há preferências nem privilégios em face das leis do
Pai. Desse modo, o tempo nos traz, no momento próprio, o auxílio específico
para a solução de todas as dificuldades, e a dor funciona com mestria,
ensinando a conduta mais compatível com o objetivo de alcançar a paz. No caso
de Argos, a providência socorrista resultaria de sua própria conduta.
"Quem desce ao paul – explicou Irmã Angélica – vive a condição ali existente,
da mesma forma que ocorre com aquele que alcança o planalto...”. (Obra citada,
cap. 25, pp. 198 e 199.)
63. Por que, no curso da vida, a humildade constitui um fator
importante?
A razão disso é simples.
A vivência da humildade equilibra e sustenta o homem na manutenção dos ideais
superiores que abraça, auxiliando-o a vencer-se nas más inclinações e a superar
quaisquer obstáculos. Colaborando na realização de autênticas autoavaliações, a
humildade permite que a criatura se conscientize de suas limitações e
necessidades, emulando-a à superação. A crítica mordaz não a alcança, o elogio
vulgar não a fere, a discriminação infeliz não a atinge, a perseguição não a
desanima, a tentação não a perturba, se se impuser a condição da humildade, porque,
conselheira lúcida, ela lhe apontará o caminho seguro a percorrer. Ao mesmo
tempo, em razão de lhe dar a medida do que é e o de que realmente necessita
para a vitória, concita a pessoa à oração, despindo-se assim dos atavios
inúteis, para apresentar-se ao Senhor como realmente é, colocando-se à
disposição da sua superior vontade. Nesse clima, estabelece-se a paz íntima, e
a confiança, despojada da presunção, emula à insistência na ação edificante com
que cresce, emocional e espiritualmente, tornando-se instrumento infatigável do
Bem. (Obra citada, cap. 25, pp. 201 a 203.)
64. Que efeito produz na pessoa a lapidação de suas arestas
morais negativas?
A lapidação das
arestas morais negativas cria defesas que impedem a instalação dos plugs
obsessivos, produzindo satisfações indescritíveis, que levam à perseverança no
esforço iluminativo, sem o qual ninguém alcança a saúde integral. Nos processos
obsessivos de qualquer natureza, as conquistas morais do paciente são-lhe o
salvo-conduto para o trânsito sem problemas durante a sua vilegiatura carnal.
Liberado da constrição afligente, começa o período de recuperação dos débitos
passados, mediante outras provações e testemunhos que lhe aferirão as novas
disposições abrigadas n’alma. A dor-conquista segue-se à dor-resgate, mediante
a qual o Espírito se supera, autodoando-se em favor dos semelhantes e
contribuindo para a mudança da paisagem sofrida do planeta. (Obra citada, cap.
25, pp. 204 e 205.)
Observação:
Para acessar a parte 7 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/paineis-da-obsessao-manoel-philomeno-de.html
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Bom dia, fiquei com uma dúvida, como distinguir a obsessão de uma doença mental, como transtorno bipolar ou esquisofrenia?
ResponderExcluirSegundo médicos psiquiatras espíritas, só examinando o caso e todas as suas minúcias será possível dizer se é um caso de obsessão ou um caso de doença como esquizofrenia, transtorno bipolar ou qualquer outro. O motivo é que quando ocorre o surto, todos eles são muito parecidos. Assim é que muitos chamados loucos e assim internados eram apenas pessoas obsidiadas, enquanto que pessoas que achamos estarem sob influência espiritual (de um obsessor, como se diz popularmente) são na verdade doentes que precisam de tratamento psiquiátrico, e não apenas de passes espirituais.
ResponderExcluirMuito obrigada pela resposta. Foi esclarecedora.
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