Ação e Reação
André Luiz
Parte 14 e final
Concluímos hoje o estudo da obra Ação e Reação, psicografia de Chico Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira. Na próxima semana iniciaremos o estudo do livro Sexo e Destino, também de autoria de André Luiz.
Eis as questões pertinentes à etapa final do estudo:
105. Que devemos entender por regime de sanções?
Todos nós, para o recomeço das lides carnais, solicitamos o
regime de sanções, ou alguém, em nosso nome, o faz, quando não dispomos do
direito de fazê-lo. Por regime de sanções não se devem entender as lutas morais
dentro do lar, nem a reaproximação com os Espíritos de que sejamos devedores,
mas sim as providências retificantes, depois de muitas quedas reiteradas nos
mesmos deslizes e deserções, que imploramos em favor de nós e em nós mesmos,
como as deficiências congeniais com que ressurgimos no berço físico. Os que
perderam oportunidades de trabalho na Terra pela ingestão de elementos
corrosivos, como o álcool e outros tóxicos, tanto quanto os cultores da gula,
atravessam quase sempre o sepulcro como suicidas indiretos e, despertando para
a obra de reajuste indispensável, imploram o regresso à carne em corpos
inclinados desde a infância à estenose do piloro, à ulceração gástrica, ao
desequilíbrio do pâncreas, à colite e às múltiplas enfermidades do intestino.
Inteligências notáveis, com sucessivas quedas morais, através da leviandade com
que se utilizaram do esporte e da dança, pedem formas orgânicas ameaçadas de
paralisia e reumatismo, visitadas de achaques e neoplasmas diversos, que lhes
obstem os movimentos. "A cegueira, a mudez, a idiotia, a surdez, a
paralisia, o câncer, a lepra, a epilepsia, o diabete, o pênfigo, a loucura e
todo o conjunto das moléstias dificilmente curáveis – explicou Druso –
significam sanções instituídas pela Misericórdia Divina, portas adentro da
Justiça Universal, atendendo-nos aos próprios rogos, para que não venhamos a
perder as bênçãos eternas do Espírito a troco de lamentáveis ilusões
humanas." (Ação e Reação, cap.
19, pp. 257 e 258.)
106. Em face das
sanções referidas na questão anterior, que valor tem então a prece?
A prece é sempre um atestado de boa vontade e compreensão,
no testemunho da nossa condição de Espíritos devedores. Sem dúvida, não poderá
modificar o curso das leis, diante das quais nos fazemos réus sujeitos a penas
múltiplas, mas renova-nos o modo de ser, valendo não só como abençoada
plantação de solidariedade em nosso benefício, mas também como vacina contra a reincidência
no mal. Além disso, a prece faculta-nos a aproximação com os grandes
benfeitores que nos presidem os passos, auxiliando-nos a organização de novo
roteiro para a caminhada segura. Apesar das dificuldades que enfrenta, a
criatura humana carreia consigo a faculdade de criar no próprio cosmo orgânico
todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne,
faculdades essas que ela pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas
disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo
serviço ao próximo, com que atrai preciosos recursos em seu favor. "Não
podemos esquecer - disse Druso - que o bem é o verdadeiro antídoto do
mal." (Obra citada, cap. 19, pp. 259 e 260.)
107. Quantos e
quais são os tipos de dores que acometem a Humanidade?
Há, segundo Druso, três tipos: a dor-evolução, a
dor-expiação e a dor-auxílio. (Obra citada, cap. 19, pp. 260 a 262.)
108. Que
diferenças existem entre os tipos de dores citados?
A dor-evolução atua de fora para dentro, aprimorando o ser,
e sem ela não haveria progresso. O ferro sob o malho, a semente na cova, o
animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou
semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução. A
dor-expiação vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos
séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la,
perante a Justiça. Quanto à dor-auxílio, disse Druso: "Em muitas ocasiões,
no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vultosos nesse ou
naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da
experiência, perdendo em outros. Às vezes, interessamo-nos vivamente pela
sublimação do próximo, olvidando a melhoria de nós mesmos. É assim que, pela
intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos
a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja
para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente,
para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos
por surpresas arrasadoras na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia,
o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da
vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere
de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso,
habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o
ingresso respeitável na Vida Espiritual". (Obra citada, cap. 19, pp. 260 a
262.)
109. Como foi o
reencontro de Druso com sua ex-esposa Aída?
O encontro foi extremamente comovente. Aída – então desencarnada
– trazia o corpo seviciado, que imundos trapos mal cobriam, as mãos com os
dedos em forma de garras e o semblante alterado por terrível hipertrofia. A
mulher exalava nauseante bafio. Ao ver Druso, que a afagava, ela gritou:
"Druso!... Druso!... compadece-te de mim!..." Surpresos com o fato,
André e seus amigos viram o amigo cambalear, quase desfalecente, como se fora
atingido por invisíveis raios de angústia e morte. Silas, que se fizera lívido,
avançou para ele, enlaçando-lhe o busto, como se lhe temesse a queda. Algo
ocorria ali, cujo sentido, de pronto, André não pôde entender. (Obra citada,
cap. 20, pp. 265 e 266.)
110. Aída
percebeu naquele momento que estava diante de Druso e Silas?
Não. A prova disso é que, mesmo quando conversava com Silas,
evidenciando a extrema fixação mental a que se ajustava, ela perguntou ao
Assistente: "Onde está Silas que também não me ouve?” A surpresa de André
diante do fato era enorme, sobretudo quando viu que Druso e Silas caíram de
joelhos em pranto insofreável. Foi então que ele e Hilário entenderam tudo,
rememorando a noite inolvidável em que Silas lhes falara de sua história. A
pobre dementada era Aída, a madrasta sofredora, e Druso e Silas haviam sido, na
Terra, pai e filho, responsáveis diretos pela morte dela. (Obra citada, cap.
20, pp. 267 e 268.)
111. Que
providências Druso tomou em seguida?
Primeiro, ele recolheu Aída nos braços generosos e,
genuflexo, após conchegá-la de encontro ao peito, exclamou para o Alto, com voz
sumida em lágrimas: "Obrigado, Senhor!... Os penitentes como eu encontram
igualmente o seu dia de graças!... Agora que me devolves ao coração criminoso a
companheira que envenenei no mundo, dá-me forças para que eu possa erguê-la do
abismo de sofrimento a que se precipitou por minha culpa!..." Os soluços
embargaram a voz do diretor, enquanto vasto jorro de safirina luz fluía do
teto, como se a Infinita Bondade respondesse, de imediato, à comovente súplica.
Silas, muito abatido, ajudou-o a levantar-se e ambos se afastaram, carregando
consigo aquele trapo de mulher, com a emoção de quem conquistara valioso
troféu. (Obra citada, cap. 20, pp. 267 e 268.)
112. Que solução
foi arquitetada, na sequência, para o caso Druso-Aída?
Segundo Silas, dentro de três dias seu pai deixaria o
encargo de diretor da instituição, alçando-se à companhia de sua mãe, para
juntos regressarem à carne. Druso partiria primeiro, pouco depois a mãe de
Silas o seguiria e, mais tarde, ele, como primogênito, e Aída renasceriam como
filhos de Druso e sua esposa, que renunciara à alegria da ascensão imediata, em
benefício deles. Quanto a Silas, ele próprio informou: "Com o afastamento
de meu pai, obtive permissão para ingressar em grande educandário, no qual me
habilitarei para as novas tarefas na medicina humana, com vistas à minha
próxima romagem terrestre". (Obra citada, cap. 20, pp. 269 e 270.)
Observação:
Para acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/blog-post_04.html
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