quarta-feira, 11 de agosto de 2021

 


Ação e Reação

 

André Luiz

 

Parte 14 e final

 

Concluímos hoje o estudo da obra Ação e Reação, psicografia de Chico Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira. Na próxima semana iniciaremos o estudo do livro Sexo e Destino, também de autoria de André Luiz.

Eis as questões pertinentes à etapa final do estudo:


105. Que devemos entender por regime de sanções?

Todos nós, para o recomeço das lides carnais, solicitamos o regime de sanções, ou alguém, em nosso nome, o faz, quando não dispomos do direito de fazê-lo. Por regime de sanções não se devem entender as lutas morais dentro do lar, nem a reaproximação com os Espíritos de que sejamos devedores, mas sim as providências retificantes, depois de muitas quedas reiteradas nos mesmos deslizes e deserções, que imploramos em favor de nós e em nós mesmos, como as deficiências congeniais com que ressurgimos no berço físico. Os que perderam oportunidades de trabalho na Terra pela ingestão de elementos corrosivos, como o álcool e outros tóxicos, tanto quanto os cultores da gula, atravessam quase sempre o sepulcro como suicidas indiretos e, despertando para a obra de reajuste indispensável, imploram o regresso à carne em corpos inclinados desde a infância à estenose do piloro, à ulceração gástrica, ao desequilíbrio do pâncreas, à colite e às múltiplas enfermidades do intestino. Inteligências notáveis, com sucessivas quedas morais, através da leviandade com que se utilizaram do esporte e da dança, pedem formas orgânicas ameaçadas de paralisia e reumatismo, visitadas de achaques e neoplasmas diversos, que lhes obstem os movimentos. "A cegueira, a mudez, a idiotia, a surdez, a paralisia, o câncer, a lepra, a epilepsia, o diabete, o pênfigo, a loucura e todo o conjunto das moléstias dificilmente curáveis – explicou Druso – significam sanções instituídas pela Misericórdia Divina, portas adentro da Justiça Universal, atendendo-nos aos próprios rogos, para que não venhamos a perder as bênçãos eternas do Espírito a troco de lamentáveis ilusões humanas." (Ação e Reação, cap. 19, pp. 257 e 258.)

106. Em face das sanções referidas na questão anterior, que valor tem então a prece?

A prece é sempre um atestado de boa vontade e compreensão, no testemunho da nossa condição de Espíritos devedores. Sem dúvida, não poderá modificar o curso das leis, diante das quais nos fazemos réus sujeitos a penas múltiplas, mas renova-nos o modo de ser, valendo não só como abençoada plantação de solidariedade em nosso benefício, mas também como vacina contra a reincidência no mal. Além disso, a prece faculta-nos a aproximação com os grandes benfeitores que nos presidem os passos, auxiliando-nos a organização de novo roteiro para a caminhada segura. Apesar das dificuldades que enfrenta, a criatura humana carreia consigo a faculdade de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades essas que ela pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo, com que atrai preciosos recursos em seu favor. "Não podemos esquecer - disse Druso - que o bem é o verdadeiro antídoto do mal." (Obra citada, cap. 19, pp. 259 e 260.)

107. Quantos e quais são os tipos de dores que acometem a Humanidade?

Há, segundo Druso, três tipos: a dor-evolução, a dor-expiação e a dor-auxílio. (Obra citada, cap. 19, pp. 260 a 262.)

108. Que diferenças existem entre os tipos de dores citados?

A dor-evolução atua de fora para dentro, aprimorando o ser, e sem ela não haveria progresso. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução. A dor-expiação vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça. Quanto à dor-auxílio, disse Druso: "Em muitas ocasiões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vultosos nesse ou naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da experiência, perdendo em outros. Às vezes, interessamo-nos vivamente pela sublimação do próximo, olvidando a melhoria de nós mesmos. É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual". (Obra citada, cap. 19, pp. 260 a 262.)

109. Como foi o reencontro de Druso com sua ex-esposa Aída?

O encontro foi extremamente comovente. Aída – então desencarnada – trazia o corpo seviciado, que imundos trapos mal cobriam, as mãos com os dedos em forma de garras e o semblante alterado por terrível hipertrofia. A mulher exalava nauseante bafio. Ao ver Druso, que a afagava, ela gritou: "Druso!... Druso!... compadece-te de mim!..." Surpresos com o fato, André e seus amigos viram o amigo cambalear, quase desfalecente, como se fora atingido por invisíveis raios de angústia e morte. Silas, que se fizera lívido, avançou para ele, enlaçando-lhe o busto, como se lhe temesse a queda. Algo ocorria ali, cujo sentido, de pronto, André não pôde entender. (Obra citada, cap. 20, pp. 265 e 266.)

110. Aída percebeu naquele momento que estava diante de Druso e Silas?

Não. A prova disso é que, mesmo quando conversava com Silas, evidenciando a extrema fixação mental a que se ajustava, ela perguntou ao Assistente: "Onde está Silas que também não me ouve?” A surpresa de André diante do fato era enorme, sobretudo quando viu que Druso e Silas caíram de joelhos em pranto insofreável. Foi então que ele e Hilário entenderam tudo, rememorando a noite inolvidável em que Silas lhes falara de sua história. A pobre dementada era Aída, a madrasta sofredora, e Druso e Silas haviam sido, na Terra, pai e filho, responsáveis diretos pela morte dela. (Obra citada, cap. 20, pp. 267 e 268.)

111. Que providências Druso tomou em seguida?

Primeiro, ele recolheu Aída nos braços generosos e, genuflexo, após conchegá-la de encontro ao peito, exclamou para o Alto, com voz sumida em lágrimas: "Obrigado, Senhor!... Os penitentes como eu encontram igualmente o seu dia de graças!... Agora que me devolves ao coração criminoso a companheira que envenenei no mundo, dá-me forças para que eu possa erguê-la do abismo de sofrimento a que se precipitou por minha culpa!..." Os soluços embargaram a voz do diretor, enquanto vasto jorro de safirina luz fluía do teto, como se a Infinita Bondade respondesse, de imediato, à comovente súplica. Silas, muito abatido, ajudou-o a levantar-se e ambos se afastaram, carregando consigo aquele trapo de mulher, com a emoção de quem conquistara valioso troféu. (Obra citada, cap. 20, pp. 267 e 268.)

112. Que solução foi arquitetada, na sequência, para o caso Druso-Aída?

Segundo Silas, dentro de três dias seu pai deixaria o encargo de diretor da instituição, alçando-se à companhia de sua mãe, para juntos regressarem à carne. Druso partiria primeiro, pouco depois a mãe de Silas o seguiria e, mais tarde, ele, como primogênito, e Aída renasceriam como filhos de Druso e sua esposa, que renunciara à alegria da ascensão imediata, em benefício deles. Quanto a Silas, ele próprio informou: "Com o afastamento de meu pai, obtive permissão para ingressar em grande educandário, no qual me habilitarei para as novas tarefas na medicina humana, com vistas à minha próxima romagem terrestre". (Obra citada, cap. 20, pp. 269 e 270.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/blog-post_04.html

 

  

 

 

 

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