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terça-feira, 5 de outubro de 2021

 



Observações sobre a ilusão

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

De repente, tudo o que não é tão afeito ao bem parece triunfar. A vaidade, o egoísmo, o orgulho, a prepotência começam a atuar no palco da ilusão que, de tão incerta, já se contradiz no meio mesmo da atuação. Os campos de flores nos ensinam que só são apreciados porque as flores são verdadeiras.

E as cenas continuam e beiram ao ridículo, mas apenas podem observar isso os que não estão com idêntica vibração. Talvez os olhares mais sensatos sintam mais pesar do que qualquer outro sentimento e constatem como a ínfima conduta pode acarretar tanto prejuízo e perturbação ao seu feitor.

Quando se envereda por campos não tão Elísios, o desassossego começa a cegar o senso que de muito oprimido decide não querer mais existir gerando, por assim dizer, um comportamento ofensor e absurdo no lugar de todo bom comportamento que poderia existir. E o orgulho começa a dançar numa esfumaçada ilusão. A partir daí, o abismo se descobre ficando bem próximo de ser invadido por incautos seres que só se interessam pelos tristes prazeres efêmeros, e esses seres começam a desenvolver condutas reprováveis ainda mais, a comprometer a sua felicidade e a distanciar muito a sua paz de espírito.

De repente, os que se perderam pelo caminho ‒ depois de grande sofrimento ‒ começam, por misericórdia divina, a recobrar a razão e a sair desse torpor que os tornou ensandecidos, ridicularizados, desacreditados contraindo inúmeros débitos a serem pagos... um a um. O choro nasce, a vergonha os abraça, a humilhação os saúda e a própria consciência torna-se a grande inimiga relembrando cada erro, equívoco criado, desrespeito, abuso, ultraje feito a outrem, a muitos. O teto se abre e o céu é visto, o céu que tudo vê e observa.

E o palco da ilusão é desmontado, nenhuma plateia está presente ‒ cada um quer se salvar ‒, mas os atores de seus enredos são responsabilizados por cada atitude e palavra, desde a pequenina à maior má conduta. É assim para todos. E os atores começam ainda mais a reconhecer os infelizes atos. Os Olhos Onipotentes e Onipresentes conhecem cada pequenina consciência.

Num determinado momento da vida, o espírito compreende que há apenas um caminho verdadeiro: o do bem. E qualquer outro é somente ilusão, sofrimento e ridícula atuação.

De repente, cada espírito começa a encontrar a luz e sentir quão maravilhosa é a vibração do amor, sentimento que realmente só faz bem.

 

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