Observações
sobre a ilusão
CÍNTHIA
CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
De repente, tudo o que não é tão afeito ao bem
parece triunfar. A vaidade, o egoísmo, o orgulho, a prepotência começam a atuar
no palco da ilusão que, de tão incerta, já se contradiz no meio mesmo da
atuação. Os campos de flores nos ensinam que só são apreciados porque as flores
são verdadeiras.
E as cenas continuam e beiram ao ridículo, mas
apenas podem observar isso os que não estão com idêntica vibração. Talvez os
olhares mais sensatos sintam mais pesar do que qualquer outro sentimento e
constatem como a ínfima conduta pode acarretar tanto prejuízo e perturbação ao
seu feitor.
Quando se envereda por campos não tão Elísios,
o desassossego começa a cegar o senso que de muito oprimido decide não querer
mais existir gerando, por assim dizer, um comportamento ofensor e absurdo no
lugar de todo bom comportamento que poderia existir. E o orgulho começa a
dançar numa esfumaçada ilusão. A partir daí, o abismo se descobre ficando bem
próximo de ser invadido por incautos seres que só se interessam pelos tristes
prazeres efêmeros, e esses seres começam a desenvolver condutas reprováveis
ainda mais, a comprometer a sua felicidade e a distanciar muito a sua paz de
espírito.
De repente, os que se perderam pelo caminho ‒ depois
de grande sofrimento ‒ começam, por misericórdia divina, a recobrar a razão e a
sair desse torpor que os tornou ensandecidos, ridicularizados, desacreditados
contraindo inúmeros débitos a serem pagos... um a um. O choro nasce, a vergonha
os abraça, a humilhação os saúda e a própria consciência torna-se a grande
inimiga relembrando cada erro, equívoco criado, desrespeito, abuso, ultraje
feito a outrem, a muitos. O teto se abre e o céu é visto, o céu que tudo vê e
observa.
E o palco da ilusão é desmontado, nenhuma
plateia está presente ‒ cada um quer se salvar ‒, mas os atores de seus enredos
são responsabilizados por cada atitude e palavra, desde a pequenina à maior má
conduta. É assim para todos. E os atores começam ainda mais a reconhecer os
infelizes atos. Os Olhos Onipotentes e Onipresentes conhecem cada pequenina
consciência.
Num determinado momento da vida, o espírito
compreende que há apenas um caminho verdadeiro: o do bem. E qualquer outro é
somente ilusão, sofrimento e ridícula atuação.
De repente, cada espírito começa a encontrar a
luz e sentir quão maravilhosa é a vibração do amor, sentimento que realmente só
faz bem.
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