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terça-feira, 12 de outubro de 2021

 



Olhai as simples coisas da vida

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Quanta falta nos faz a simplicidade diária! E isso não é por não existir, mas por tornar-se invisível diante da confusão e dificuldade que criamos na vida. Valorizamos o que não se deveria e nem observamos as portas para o céu. E os pássaros continuam com o mesmo encanto e as flores, com a mesma formosura.

As folhas secas não são mais vistas voando com a graça dourada do outono, nem os raios de sol são sentidos entre as folhas das árvores no verão, também o processo dos brotinhos para as vivas flores nem mais é percebido durante toda a primavera e, no inverno, pouquíssimas memórias de infância são resgatadas de quando alguém ‒ nossos avós ou pais ‒ nos abraçou apertado para nos esquentar mais depressa.

Dificilmente vejo alguém tomar sorvete na praça, pois qualquer ato assim é mais criticado que compreendido, ainda mais, pelos workaholics de plantão, ou seja, foi-nos embutido, de alguma maneira, que precisamos estar sempre ocupados. Ledo engano. De fato, precisamos ter o coração mais alegre e amoroso já que o nosso tesouro é somente o que carregamos em nós.

E por deixarmos de observar a simplicidade dos dias, estamos mais doentes, infelizes, ansiosos, depressivos e desestimulados, estamos sem a energia da vida, sem a luz que Deus nos quer ver, mas completos das ilusões terrenas. Pobres de nós por querermos viver de um jeito mais cinza que feliz.

Numa manhã recente, presenciei algo que me fez sorrir e constatar, mais uma vez, que precisamos de muito pouco para termos a leveza da felicidade. Era uma rua com árvores frondosas e, de repente, um senhor idoso deu uma corridinha olhando para o céu para ver o avião no alto e ficou alguns segundos observando-o e, certamente, nesse breve tempo, o senhor, encantado, esqueceu-se dos problemas terrenos, os quais, muito poucos, podemos resolver sozinhos. E o avião sumiu no horizonte e o senhor seguiu o seu destino com ar de menino, com mais alegria do que amargura.

Também, nesses segundos, as simples coisas continuaram acontecendo com a sua própria singeleza desejando o nosso aprendizado sobre a felicidade e mostrando-nos como é tão melhor a vida mais humana que terrena.

Os animais, as flores, as nuvens, os rios, o ar, a chuva, o sol, a lua, a natureza não cansam de ensinar sobre a simplicidade que preenche o coração.

E, hoje de manhã, comecei a olhar mais para as flores do que para as telas tecnológicas e a pensar mais em tudo de bom que ocorre na simplicidade da vida.

 

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