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terça-feira, 30 de novembro de 2021

 



O autêntico e valioso ser

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Seremos realmente apenas o que está em nosso coração, não há outra forma. Há os que criam uma mentira com ar de verdade, há os que escondem a verdade criando uma mentira, ou seja, de uma maneira ou outra, muitas pessoas vivem o que ainda não são. Puro engano, perda de tempo e energia. Por um curto período até se pode parecer, mas parecer é estado transitório enquanto ser, definitivo.

Se por enquanto não é o que deseja, tão mais conveniente é procurar desenvolver as características favoráveis ao adiantamento e reprimir as inconvenientes. Não há segredo. Ninguém foi criado em estágio primoroso, mas todos fomos criados como simples e ignorantes, porém com toda a capacidade para o desenvolvimento. Ninguém é melhor do que ninguém somente por aquilo que possui, nem por aquilo que conquistou de aprendizado e não pratica, mas o que sempre se valorizará é o que já está no coração, o que somos de fato e o que poderemos levar a todo espaço e tempo.

Quando pessoas tentam passar pelo que ainda não conquistaram e isso é descoberto... sem dúvida, é muito penoso, pois quando a confiança é também envolvida ‒ para outra vez reconquistar ‒, até mesmo o tempo fica inseguro. A melhor escolha é o caminho com flores verdadeiras porque o de flores artificiais nunca poderemos sentir a sua energia, o seu perfume, pois não possuem vida. As flores artificiais se envergonham quando colocadas ao lado das verdadeiras.

Todos os dias são ocasiões para o progresso, então, se há tantos amanheceres que sejamos a nossa verdade na vida e queiramos aplicar a boa energia para o nosso adiantamento e não alimentarmos a mentira que nos empurra para tristes abismos. Quanto mais se busca a melhoria também se recebe condições para isso, contudo quanto mais se quer sofrer impedindo o crescimento também se recebe as suas justas reações. Lei universal.

Ser o que somente ainda se conquistou é compreender que tudo possui um curso de aprendizado e não aparentar o que não é representa humildade sábia de que somos vistos de cima de onde nada se esconde.

Já conquistamos um pouco, entretanto há um infinito a conquistarmos, e isso não é problema algum, é a ordem natural da vida. O mais importante é o coração aparentar o que é verdadeiramente e não querer ser o que ainda não sabe explicar.

As crianças são crianças porque elas são o que são, assim como as flores que são flores e ambas nos encantam profundamente.

E quando quisermos mostrar a nossa verdade que sejamos realmente nós e não uma criação sem vida e infeliz do que ainda não compreendemos.

Toda a natureza é a sua pura representação... a chuva, o sol, as plantas, a fauna. As estrelas também. E, assim, como a natureza ensina, só seremos, de fato, o que já está em nosso coração.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 

 

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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 



Loucura e Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 3

 

Damos sequência neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988. Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

17. É verdade que a hediondez está presente em diversos núcleos espirituais próximos da Crosta?

Sim. O que ocorre em determinados núcleos supera tudo o que a imaginação desequilibrada pode conceber. Ali estagiam, à noite, sob coação, diversos encarnados alucinados pelas drogas, a elas conduzidos por sutilezas de inspiração produzida por comparsas do Além. Posturas exóticas, música estridente e primitiva, gestos selvagens e caracterizações aberrantes, em açodamento às manifestações do sexo ultrajado, se originam nesses redutos. Campeões do cinismo, vanguardeiros da corrupção e da insensibilidade para com os valores éticos da vida, técnicos na ironia e no menosprezo às conquistas da moral e da justiça, eram frequentadores habituais, por sintonia psíquica, daqueles grupos, onde renovavam experiências sórdidas, retornando depois ao corpo, sempre ansiosos e insatisfeitos pelo vivido e padecendo irrefreável avidez pelo novo gozar. (Loucura e Obsessão, cap. 5, pp. 55 a 57.)

18. Se os recursos do bem são inesgotáveis, por que o mal impera nos núcleos espirituais mencionados nesta obra?

Os recursos do bem, além de serem inesgotáveis, apresentam-se em qualidade superior ao que chamamos mal, cuja aparente vitória é resultado da transitória sintonia com ele dos que tateiam nas sombras da ignorância, ainda não alcançados pelas luzes do discernimento, ou primários nas experiências da evolução, mais instinto que inteligência, mais sensação que emoção. (Obra citada, cap. 5, pp. 57 e 58.)

19. Lício era um ser com inclinação feminina em um corpo de rapaz. Por que procurou ele ajuda espiritual?

Depois de expor os conflitos de ordem sexual que o acometiam, Lício disse à Mentora: “Creio em Deus e na alma, razões que me afligem a consciência, ante os tormentos que me assaltam. Valeram, indago-me, os parcos minutos de relax e prazer em relação aos dias e noites de ansiedade e incerteza? E depois, quando a morte advier, sempre penso, o que acontecerá, como será?” Concluída a narração, ele disse à Benfeitora que estava ali para pedir socorro! “Soube – explicou o jovem – que, talvez, um trabalho de vossa parte me pudesse aliviar o sofrimento, já que não creio seja possível arrancá-lo de mim, por entender que sou um ser feminino numa forma masculina, graças a um sortilégio da Divindade, que não consigo entender. O que sei é que necessito de uma tábua qualquer de salvação, mesmo que imaginária, qual náufrago que, em se debatendo na procela, se agarra a uma navalha que lhe dilacera as carnes, mas que é a única possibilidade de salvação ao seu alcance.” (Obra citada, cap. 5, pp. 63 e 64.)

20. Conflitos como o de Lício são comuns em nosso mundo? 

Sim. Segundo Dr. Bezerra de Menezes, a situação descrita por Lício alcança número muito maior de criaturas do que se possa imaginar, na Terra, como no Além. Contam-se aos milhões, no mundo, os que padecem conflitos dessa natureza, que ainda não encontraram compreensão adequada, nem estudo conveniente, das doutrinas que lhe investigam as causas, procurando soluções. (Obra citada, cap. 5, pp. 63 e 64.)

21. Qual a atitude recomendada em face dos conflitos ligados à área sexual?

A orientação do Dr. Bezerra Menezes é, nesse sentido, muito clara: “O respeito e a linha de equilíbrio devem viger no homem, em qualquer compromisso de relacionamento estabelecido”. “Enquanto, porém, o sexo mantiver-se na condição de produto para venda e a criatura permanecer como objeto de prazer, a situação prosseguirá nos seus efeitos crescentes, mais amplos e dolorosos do que aqueles que se digladiam em nossa sociedade consumidora e inquieta.” (Obra citada, cap. 5, pp. 64 a 66.)

22. Como Dr. Bezerra de Menezes define transexualismo?

Dá-se o transexualismo quando o corpo se encontra definido numa ou noutra forma e o arcabouço psicológico não corresponde à realidade física. Era o caso de Lício: alma de mulher, corpo de homem. Em tais casos, empurrado pelos impulsos incontrolados do eu espiritual perturbado em si mesmo, ou pelos fatores externos, pode o indivíduo marchar para a homossexualidade, caindo em desvios patológicos, expressivos e dolorosos. Segundo Dr. Bezerra, é ainda na forma transexual, quando o Espírito supera a aparência e aspira pelos supremos ideais, que surgem as grandes realizações da Humanidade, como também sucede na heterossexualidade destituída de tormentos e anseios lúbricos, que lhe causam graves distonias. Em qualquer forma, portanto, pode o Espírito dignificar-se, elevando-se, desde que se não deixe acometer pela loucura do prazer desregrado, que sempre lhe propiciará a necessidade de reparação em estado mais afligente. (Obra citada, cap. 6, pp. 69 a 71.)

23. Que ocorreu no passado de Lício que justificasse sua atual condição?

Segundo a Mentora espiritual que o atendeu, nas três últimas reencarnações Lício viveu experiências femininas, utilizando-se de corpos desse gênero. Na antepenúltima, enredou-se numa trama que a paixão insensata fez enlouquecer. Logo depois, recomeçou para liberar-se das consequências danosas que lhe permaneciam como insegurança e necessidade, vindo a fracassar de forma rude. Não há muito, utilizou-se de toda a força que a atração física lhe emprestava, para usufruir e malsinar vidas que hoje se lhe enroscavam, perturbando-lhe a marcha. Consequência direta disso, os efeitos emocionais lhe dilaceraram as fibras sensíveis da aparelhagem espiritual que modelaram um corpo-presídio, no qual a forma sofre o tormento da essência e vice-versa. (Obra citada, cap. 6, pp. 73 a 75.)

24. Quem foi no passado o tio que o levou à homossexualidade?

O tio pervertido era uma companhia antiga, do mesmo grupo de perversão de que Lício participara. Como se vê, ele não teve resistências morais para vencer os impulsos físicos, provenientes dos refolhos do ser viciado, que soube identificar, embora sem entender, a antiga companheira de alucinação. Em seu desvario, ele esteve inspirado por um adversário desencarnado de ambos – dele e de Lício – que aguardava ensejo para vingar-se, na condição de esposo traído e vilipendiado pelos dois. (Obra citada, cap. 6, pp. 75 a 76.)

 

 

Observação:

Para acessar a 2ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/11/blog-post_22.html


 

 

 

 

 

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domingo, 28 de novembro de 2021

 



As crianças não batizadas e seu destino após a morte

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Faz 14 anos e sete meses que foi publicado o documento "A esperança de salvação para bebês que morrem sem serem batizados", no qual a Comissão Teológica Internacional da Igreja Católica considerou inadequado o conceito de limbo.

A palavra limbo – originária do latim limbu, 'orla' – tem vários significados, mas, no âmbito da religião, é o nome que se dava ao lugar onde, segundo a teologia católica posterior ao século XIII, se encontrariam as almas das crianças muito novas que, embora não tivessem alguma culpa pessoal, morreram sem o batismo que as livraria do pecado original.

O texto publicado em abril de 2007 pela Igreja “diz que a graça tem preferência sobre o pecado, e a exclusão de bebês inocentes do céu não parecia refletir o amor especial que Cristo tinha pelas crianças". O documento, de 41 páginas, entendeu que o conceito de limbo refletia uma "visão excessivamente restritiva da salvação". Segundo seus autores, "Deus é piedoso e quer que todos os seres humanos sejam salvos". E aduziram: "Nossa conclusão é que os vários fatores que analisamos fornecem uma base teológica e litúrgica séria para esperar que os bebês não batizados que morrerem sejam salvos".

Em face deste novo entendimento da Igreja, os bebês que morrem sem batismo são considerados inocentes e sua destinação, portanto, passa a ser o céu, verificando-se o mesmo com os chamados infiéis, ou não batizados, desde que tenham levado uma vida justa.

O pensamento acima traz algumas implicações que pouca atenção mereceram dos estudiosos em matéria de religião.

Uma delas diz respeito diretamente ao batismo, conhecido sacramento da Igreja Católica, considerado indispensável para apagar os efeitos do pecado original e as faltas cometidas pela pessoa anteriormente, o qual passa assim a não ser mais condição necessária para a salvação, fato que representa uma evolução do pensamento católico e faz justiça à bondade e à misericórdia de Deus.

Antes disso, sob o pontificado de João Paulo II, o inferno deixara de ser considerado um lugar determinado, para tornar-se, segundo palavras do próprio papa, um estado de espírito. Os anos se sucederam e, com o documento ora em exame, a ideia de limbo deixou também de existir.

A Igreja, contudo, ainda insiste em um equívoco lamentável ao ensinar a seus fiéis que a alma é criada por ocasião da concepção, o que explicaria sua condição de inocência no período da infância, quando sabemos, com base em fatos inúmeros, que a alma de uma criança pode chegar a uma nova existência corpórea trazendo um longo passivo de erros e enganos.

Conforme os ensinamentos espíritas, criada simples e ignorante, a alma tem de passar pela experiência da encarnação para progredir. A perfeição é sua meta, mas o caminho até ela é árduo e longo, o que significa que terá de passar por uma série de existências até que esteja depurada o suficiente para desligar-se em definitivo dos liames materiais.

A Igreja, ao não reconhecer o limbo, avança para uma visão mais justa da vida humana e rompe com o sectarismo que caracteriza a necessidade do batismo para a destinação feliz do homem. Esta nova visão está, além disso, de conformidade com a lógica, porquanto, como sabemos, apenas um terço dos que habitam nosso planeta professa as ideias cristãs, enquanto dois terços as ignoram e, evidentemente, não se submetem ao batismo cristão.

Não sendo batizadas, para onde irão essas pessoas?

Até abril de 2007, segundo a Igreja, não poderiam ir para o céu. Mas, agora, com as novas ideias contidas no documento em exame, sim. Basta que tenham levado uma vida justa.

Aliás, sempre que falarmos em céu e em inferno, lembremo-nos das palavras proferidas pelo saudoso papa João Paulo II.

"Nem o inferno é uma fornalha nem o céu um lugar”, afirmou o papa. “O céu não é o paraíso nas nuvens nem o inferno é aterradora fornalha. O primeiro é uma situação em que existe comunhão com Deus e o segundo é uma situação de rejeição.” (Correio da Manhã, de 29/7/1999.)

 

 

 


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sábado, 27 de novembro de 2021

 



Ave, Cristo!

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

             

Ao norte de Israel, na região da Galileia, numa linda primavera, ele subiu a um monte e começou a pregar:

 

— Aventurados os pobres

que vivem sem ambições,

por já terem aprendido

que só se vive feliz

fazendo boas ações.

 

Benditos são os humildes,

por já terem percebido

que toda alma orgulhosa,

caniço pensante da Terra,

ficará só e chorosa.

 

Felizes estão os justos,

porém não os justiceiros;

aqueles terão justiça,

e estes, nem travesseiro

pra pôr a cabeça em paz.

 

Aventurados os puros,

quem no mal não se compraz,

pois os puros herdarão

os reinos celestiais

e os maus perderão a paz.

 

Quando ele terminou de falar, as mães se ajoelharam com seus filhinhos no colo, louvaram a Deus e agradeceram àquele jovem por tão consoladoras palavras. Os moços e anciãos, filhos e pais, filhas e mães choraram comovidos, e um deles, dentre os mais idosos, perguntou-lhe:

— Senhor, que devemos fazer para alcançar as bênçãos dos reinos celestiais?

Ele olhou para o alto e respondeu-lhe com estas duas palavras: — Ama e perdoa.

Em seguida, saiu de Nazaré a demonstrar como se deve semear essas virtudes, deambulando por toda a Galileia, além de Jerusalém: Cafarnaum, Corazim, Betsaida, Cesareia... Por onde passava, curava leprosos, restituía visão a cegos, fazia andar paralíticos e "ressuscitava" mortos do corpo e da alma.

Com ele, seguiam doze apóstolos e multidões... Como sói acontecer com os virtuosos, ele sofria ameaças diversas de mercadores do templo, fariseus, sacerdotes e escribas orgulhosos. Não aceitavam que ele produzisse tantos prodígios sem nada cobrar e, despeitados, ameaçavam matá-lo.

Um dia, ele olhou para o templo de Jerusalém e disse-lhes:

— Destruam este templo e, em três dias, eu o reconstruirei.

Todos riram de Jesus de Nazaré, pois não perceberam que ele se referia ao templo do seu corpo.

Dias depois, inventaram diversas calúnias sobre ele e o crucificaram entre dois ladrões. No terceiro dia, porém, de seu assassinato infame, quando dois guardas vigiavam sua sepultura, ouviram um estrondo e viram a pedra que selava o túmulo toda quebrada. Então, saindo do túmulo, o Cristo lhes apareceu em toda a sua glória, e os guardas caíram como mortos ao solo.

A partir de então, novos discípulos do Senhor também passaram a pregar seus ensinamentos evangélicos e realizar curas por toda a parte. E, onde chegavam, eram saudados com estas palavras: Ave, Cristo!

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

 

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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

 



Os mortos nos falam

 

Padre François Brune

 

Parte 4

  

Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Os mortos nos falam, de autoria do padre François Brune. O estudo baseia-se na primeira edição em português desta obra, publicada pela Edicel em 1991.

Embora este livro não seja, propriamente falando, um clássico espírita, trata-se de uma ótima contribuição de publicação recente que confirma a realidade das manifestações dos chamados mortos.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. O corpo espiritual tem uma consistência correspondente à do mundo onde o Espírito irá viver? 

B. Há semelhança entre o corpo espiritual e o corpo carnal?

C. O corpo espiritual também progride?

 

Texto para leitura

 

40. A alma era concebida como absolutamente imaterial, segundo a filosofia grega. A teologia ensinava a possibilidade de essa alma imortal não somente continuar a existir, mas purificar-se ou fruir a contemplação de Deus, considerada como a recompensa eterna dos justos, sem o seu corpo. (P. 70)

41. O indivíduo ressuscitaria, mesmo assim, no último dia, no fim do mundo. O problema era, pois, o seguinte: se as almas já estavam plenamente felizes sem o corpo, para que ressuscitar? (P. 70)

42. A verdade, porém, é que o corpo ressuscitado, o corpo de glória, é o corpo espiritual. Nossas velhas roupas poderão decompor-se tranquilamente, em paz, nos cemitérios, porque não desceremos jamais com elas ao túmulo. (P. 71)

43. Quando se fala de “corpo espiritual”, segundo a expressão de São Paulo, e se explica que esse corpo tem uma consistência correspondente àquela do mundo onde irá viver, muitos entram totalmente em pânico. (P. 71)

44. O corpo espiritual assemelha-se ao carnal: no meio espiritual, as crianças continuam a crescer até chegarem à idade adulta e os anciãos rejuvenescem. A maioria dos mensageiros do Além dá-nos como referencial, na vida espiritual, a idade média de trinta anos. (P. 72)

45. Padre Brune disserta então sobre as percepções do corpo espiritual e cita comunicações em que os mortos a si mesmos se referem como tendo uma aparência humana. (PP. 72 a 79)

46. Cabe a nós, diz Brune, já nesta vida terrestre, através de nossa vida espiritual, fazer com que esse corpo glorioso, esta cópia, evolua em direção a um esplendor maior. Roland de Jouvenel, um dos grandes místicos do Além, já o repetia sem cessar à sua mãe. (P. 79)

47. Roland falou à sua mãe a respeito do corpo espiritual, que ele chamava de cópia de nós mesmos, afirmando que esse corpo irradia permanentemente em torno de si. É o que chamamos de “aura”, afirmou-lhe o rapaz.  (PP. 80 e 81)

48. Comentando o assunto, padre Brune diz que a tradição cristã reporta-se à luz branca, com reflexos ligeiramente dourados, que seria irradiada por entidades de grande evolução espiritual. Essa luz, diz ele, é mencionada em quase todas as narrativas da vida dos santos e é também referida no Antigo e no Novo Testamento. Neste, sua mais alta manifestação continua sendo a que aparece na descrição da transfiguração do Cristo no Monte Tabor. (PP. 81 e 82)

49. Brune lembra a propósito desse fenômeno que os apóstolos, além de verem Jesus transfigurado, viram Moisés e Elias, revestidos de seu corpo de glória, em longa conversa com o Cristo. (P. 82)

50. Quando Santa Teresa de Ávila, ou Santa Bernadete, em Londres, veem essa mesma luz, notando que ela é mais fulgurante do que o Sol, e todavia não fere os olhos, parece que se dá o mesmo fenômeno, percebido pelos olhos da cópia, do corpo espiritual, através de seus corpos de carne. (P. 82)

51. Padre Brune explica com os poderes do corpo espiritual o fenômeno da levitação e, citando vários fatos, defende a tese de que o corpo espiritual progride com o tempo, como afirmam Roland de Jouvenel e Pierre Monnier. (PP. 83 a 89)

52. Rosemary Brown, a conhecida médium inglesa, é focalizada também pelo autor, que mostra como se deu o primeiro contato dela com Franz Liszt. Rosemary tinha na época apenas sete anos de idade. (P. 89)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. O corpo espiritual tem uma consistência correspondente à do mundo onde o Espírito irá viver? 

Sim. Aliás, o corpo espiritual é o corpo ressuscitado, é o chamado corpo de glória. Nossas velhas roupas podem, pois, decompor-se tranquilamente, em paz, nos cemitérios, porque não desceremos jamais com elas ao túmulo. O corpo espiritual acompanha o ser na vida de além-túmulo. (Os mortos nos falam, pág. 71.)

B. Há semelhança entre o corpo espiritual e o corpo carnal?

Sim. O corpo espiritual assemelha-se ao carnal. No meio espiritual – afirma padre Brune – as crianças continuam a crescer até chegarem à idade adulta e os anciãos rejuvenescem. A propósito disso, a maioria dos mensageiros do Além dá-nos como referencial, na vida espiritual, a idade média de trinta anos. (Obra citada, pp. 72 a 81.)

C. O corpo espiritual também progride?

Sim. Padre Brune, citando vários fatos, defende a tese de que o corpo espiritual progride com o tempo, como afirmam Roland de Jouvenel e Pierre Monnier. Diversos autores que escreveram por meio de Chico Xavier dizem o mesmo. (Obra citada, pp. 83 a 89.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/11/blog-post_19.html

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

 



A Gênese

 

Allan Kardec

 

Parte 19

 

Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

145. Como se opera a cura através da ação magnética?

O fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele. Condensado no perispírito, ele pode fornecer princípios reparadores ao corpo físico. O Espírito é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância de seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada, mas depende também da energia da vontade do agente. Quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provoca e tanto maior força de penetração dá ao fluido.

Variados são os efeitos da ação fluídica sobre os doentes. Algumas vezes ela é lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder, que operam curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição das mãos, ou mesmo exclusivamente por ato da vontade. As curas desse gênero são variedades do magnetismo e o princípio é sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o papel de agente terapêutico, cujo efeito se acha subordinado a sua qualidade e a circunstâncias especiais. (A Gênese, cap. XIV, itens 31 a 34.)

146. Como se explicam as aparições de Espíritos?

Para nós que estamos encarnados, o perispírito, em seu estado normal, é invisível; mas, como é formado de substância etérea, o Espírito, em certos casos, pode, por ato de sua vontade, fazê-lo passar por uma modificação molecular que o torna momentaneamente visível. É assim que se produzem as aparições, que não ocorrem, do mesmo modo que os outros fenômenos, fora das leis da Natureza. Nada tem esse de mais extraordinário do que o do vapor que, quando muito rarefeito, é invisível, mas que se torna visível, quando condensado. Conforme o grau de condensação do fluido perispirítico, a aparição é às vezes vaga e vaporosa; doutras vezes, mais nitidamente definida; doutras, enfim, com todas as aparências da matéria tangível. Pode, mesmo, chegar até à tangibilidade real, a ponto de o observador se enganar com relação à natureza do ser que tem diante de si. (Obra citada, cap. XIV, itens 35 a 37.)

147. Como se dá o fenômeno da transfiguração?

Podendo o Espírito operar transformações na contextura de seu envoltório perispirítico e irradiando-se esse envoltório em torno do corpo qual atmosfera fluídica, pode produzir-se na superfície mesma do corpo um fenômeno análogo ao das aparições. Pode a imagem real do corpo apagar-se mais ou menos completamente, sob a camada fluídica, e assumir outra aparência; ou, então, vistos através da camada fluídica modificada, os traços primitivos podem tomar outra expressão. Se, saindo do terra a terra, o Espírito encarnado se identifica com as coisas do mundo espiritual, pode a expressão de um semblante feio tornar-se bela, radiosa e até luminosa; se, ao contrário, o Espírito é presa de paixões más, um semblante belo pode tomar um aspecto horrendo. Assim se operam as transfigurações, que refletem sempre qualidades e sentimentos predominantes no Espírito. O fenômeno resulta, portanto, de uma transformação fluídica; é uma espécie de aparição perispirítica, que se produz sobre o próprio corpo do vivo e, algumas vezes, no momento da morte, em lugar de se produzir ao longe, como nas aparições propriamente ditas. O que distingue as aparições desse gênero é o serem, geralmente, perceptíveis por todos os assistentes e com os olhos do corpo, precisamente por se basearem na matéria carnal visível, ao passo que nas aparições puramente fluídicas não há matéria tangível. (Obra citada, cap. XIV, itens 38 e 39.)

148. Na tiptologia, como ocorre a ação do Espírito?

Por meio de seu corpo espiritual ou perispírito é que o Espírito – durante a encarnação – atua sobre seu corpo vivo; e é ainda por intermédio dele que – quando desencarnado – ele se manifesta. Atuando sobre a matéria inerte, produz ruídos, movimentos de mesa e outros objetos, que pode levantar, derrubar ou transportar. É igualmente com o concurso de seu perispírito que o Espírito faz com que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando quer manifestar-se, ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue como se fora seu, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele. Pelo mesmo processo atua o Espírito sobre a mesa, quer para que esta se mova, sem que seu movimento tenha significação determinada, quer para que dê pancadas inteligentes, indicativas das letras do alfabeto, a fim de formarem palavras e frases, fenômeno esse denominado tiptologia. A mesa não passa de um instrumento de que o Espírito se utiliza, como se utiliza do lápis para escrever. Para esse efeito, dá-lhe ele uma vitalidade momentânea, por meio do fluido que lhe inocula. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o Espírito não a ergue com a força de um braço; envolve-a e penetra-a de uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como faz o ar com os balões e papagaios. O fluido que se infiltra na mesa dá-lhe momentaneamente maior leveza específica. Quando fica pregada ao solo, ela se acha numa situação análoga à da campânula pneumática sob a qual se fez o vácuo. Quando pancadas são ouvidas na mesa ou em outro lugar, não é que o Espírito esteja a bater com a mão ou com qualquer objeto. Ele apenas dirige sobre o ponto donde vem o ruído um jato de fluido e este produz o efeito de um choque elétrico. (Obra citada, cap. XIV, itens 41 a 43.)

149. Como podemos conceituar a obsessão? 

Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência.  (Obra citada, cap. XIV, itens 45 e 46.)

150. Que é possessão? 

Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda de seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado e constrangido a proceder contra sua vontade. Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado por seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, visto que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção. De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele, ou seja, fala por sua boca, vê por seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse encarnado.

Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta, como emprestaria uma vestimenta a outro encarnado. Isso se verifica sem qualquer perturbação ou incômodo, durante o tempo em que o Espírito encarnado se acha em liberdade, como no estado de emancipação, conservando-se este último ao lado de seu substituto para ouvi-lo.

Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo. Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, mas sim o arrebata, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Age então por maldade para com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, já por estrangulação, já atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam, além de entregar-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa. (Obra citada, cap. XIV, itens 47 e 48.)

151. Como o Espiritismo explica os fatos considerados milagrosos do Evangelho?

Os fatos que o Evangelho relata e que são até hoje considerados milagrosos pertencem, em sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma. O princípio dos fenômenos psíquicos repousa nas propriedades do fluido perispiritual, que constitui o agente magnético; nas manifestações da vida espiritual durante a vida corpórea e depois da morte; e, finalmente, no estado constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como força ativa da Natureza. Conhecidos esses elementos e comprovados seus efeitos, tem-se, como consequência, de admitir a possibilidade de certos fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía uma origem sobrenatural. (Obra citada, cap. XV, item 1.)

152. Como era Jesus do ponto de vista orgânico?  

Como homem, Jesus tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. Sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares de seu corpo, mas das de seu Espírito e de seu perispírito, elaborado com a parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres. Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa forca magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem. (Obra citada, cap. XV, itens 1 e 2.)

 

 

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