Revista
Espírita de 1859
Allan
Kardec
Parte
4
Prosseguimos
nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano
de 1859, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado
na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1859 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Qual é a posição espírita acerca da religião e suas bases fundamentais?
B.
Como deve agir o pesquisador espírita?
C.
Que é que o Espírito de Goethe disse sobre o Werther, uma de suas obras mais
famosas?
D.
Os Espíritos dos brancos podem reencarnar como negros?
Texto para leitura
79.
O Espiritismo está baseado na existência de um mundo invisível, formado de
seres incorpóreos e que não são outra coisa senão as almas dos que viveram na
Terra e em outros globos. Assim, pois, o Espiritismo pertence à Natureza e seu
verdadeiro caráter é o de uma ciência. (P. 148)
80.
O Espiritismo não nega a Deus, a alma, o livre-arbítrio, as penas e recompensas
futuras. Longe disso, ele prova, não pelo raciocínio, mas pelos fatos, essas
bases fundamentais da religião, cujo inimigo mais perigoso é o materialismo.
(P. 150)
81.
Don Fernando Guerrero, escrevendo de Lima (Peru), conta que um dia resolveu
relatar algumas passagens d' O Livro dos
Espíritos a uma tribo de aborígines que habitam a encosta oriental dos
Andes: os indígenas compreenderam perfeitamente o que lhes foi lido e fizeram
até observações muito judiciosas sobre o conteúdo da obra. A ideia de reviver
na Terra lhes pareceu, por exemplo, absolutamente natural. (P. 151)
82.
Kardec diz que somos, malgrado nosso, os agentes da vontade dos Espíritos para
aquilo que se passa no mundo, tanto no interesse geral, quanto no individual.
(P. 153)
83.
Há pessoas que não temem a morte, mas têm medo do escuro; não receiam os
ladrões, mas não vão sozinhas, à noite, ao cemitério. É que os Espíritos estão
junto delas e seu contacto produz-lhes uma impressão que resulta num medo
inexplicável. (P. 153)
84.
A Revista noticia a curiosa descoberta feita pelo Sr. Jobert, de Lamballe,
sobre a contração muscular rítmica do pequeno peroneal lateral direito, que
parecia, na época, desmentir o fenômeno das batidas. (P. 155)
85.
O fato difundiu-se por toda a parte, mas, evidentemente, se podia explicar os
sons da tiptologia, era insuficiente para explicar o erguimento da mesa sem
nenhum contacto, a sua movimentação pela sala, sua queda e as batidas com os
pés, fatos então bastante conhecidos e comprovados. (P. 161)
86.
A Revista informa que, antes de Jobert, em 1854, o Dr. Rayer, célebre clínico,
apresentou ao Instituto um alemão cuja habilidade, na sua opinião, dava a chave
de todos os "knokings" e "rappings". (P. 164)
87.
Falando sobre a opinião dos cientistas a respeito do Espiritismo, Kardec afirma
que ninguém é juiz em causa própria, que os sábios não são infalíveis e que,
assim, seu julgamento não é a última instância. (P. 165)
88.
Se quisermos construir uma casa, consultaremos um astrônomo? Se estivermos
doentes, chamaremos um arquiteto? As ciências vulgares repousam sobre as
propriedades da matéria, que podemos manejar à vontade; a ciência espírita tem
como agentes inteligências que possuem independência, livre-arbítrio, e não se
submetem aos nossos caprichos. (P. 165)
89.
Não cabe aos Espíritos descer até nós; nós é que devemos subir até eles, o que
conseguiremos pelo estudo e pela observação. Os Espíritos gostam dos
observadores assíduos e conscienciosos. (P. 168)
90.
Aos olhos do observador atento e ativo multiplicam-se os fenômenos. Que faz o
naturalista que deseja estudar os costumes de um animal? Acaso lhe ordena que
faça isto ou aquilo, a fim de observá-lo? Não, pois sabe que não será
obedecido. Ele espia, espera e observa de passagem. (P. 169)
91.
O simples bom senso nos mostra que, com mais forte razão, assim deve ser com os
Espíritos, que são inteligências muito mais independentes que a dos animais.
(P. 169)
92.
Kardec evoca Alexandre Humboldt, falecido em maio de 1859, e diz que em
pessoas, como Humboldt, que morrem de morte natural e pela extinção gradual das
forças vitais, o Espírito se reconhece mais prontamente do que naqueles cuja
vida é bruscamente interrompida por um acidente. (P. 170)
93.
Humboldt diz que o futuro do Espiritismo será grandioso, mas o caminho, penoso.
Certamente ele será aceito, um dia, nos meios científicos, mas isso não é
indispensável. "Ocupai-vos, antes, de firmar seus primeiros preceitos no
coração dos infelizes que enchem vosso mundo: é o bálsamo que acalma os
desesperos e dá esperança", assevera Humboldt. (P. 173)
94.
Tudo é transição na Natureza – diz Humboldt –, por isso mesmo nada é
semelhante, apesar de que tudo se liga. As plantas não pensam e, assim, não têm
vontade. As ostras que se abrem, como todos os zoófitos, não pensam; possuem
apenas um instinto natural. (P. 174)
95.
Goethe, evocado por Kardec, explica que sua intuição a respeito da influência
dos maus Espíritos sobre o homem derivava de uma lembrança. Ele tinha
recordação quase exata de um mundo onde via exercer-se a influência dos
Espíritos sobre os seres materiais. (P. 176)
96.
Goethe diz que, na Terra, recordava-se de uma existência precedente e lamenta o
final do Werther, uma de suas obras mais famosas, porque fez e causou muitas
desgraças, de que ele se sentia responsável e pela qual, embora estivesse
arrependido, ainda sofria. (P. 177)
97.
Kardec evoca Pai César, um homem de cor negra que nasceu na África e foi levado
para Louisiana com cerca de 15 anos, onde faleceu em fevereiro de 1859, aos 138
anos de idade. O Espírito se diz mais feliz agora porque seu Espírito não é
mais negro, quer dizer, ele se livrara das humilhações a que estava sujeita a
raça negra. (P. 179)
98.
Respondendo a Kardec, São Luís diz que a raça negra desaparecerá da Terra,
porquanto ela foi feita para uma latitude diferente. (P. 179)
99.
Os brancos se reencarnam em corpos negros? São Luís diz que sim. Quando, por
exemplo, um senhor maltratou um escravo, pode pedir como expiação viver num
corpo de negro, a fim de sofrer por sua vez aquilo que fez sofrer e, por esse
meio, adiantar-se e obter o perdão de Deus. (P. 180)
100.
Kardec relata o caso da aparição do Major Georges Sydenham ao Capitão V. Dyke,
publicado em 1682 em Londres. Ficara combinado entre ambos que quem morresse
primeiro viria visitar o outro; e isso aconteceu. (P. 185)
Respostas às
questões propostas
A. Qual é a posição
espírita acerca da religião e suas bases fundamentais?
O
Espiritismo não as nega, ou seja, não nega a Deus, a alma, o livre-arbítrio, as
penas e recompensas futuras. Longe disso, ele prova por meio de fatos, não somente
pelo raciocínio, a realidade das bases fundamentais da religião. (Revista Espírita, p. 150.)
B. Como deve agir o
pesquisador espírita?
Deve
agir como age o naturalista que se propõe a estudar os costumes de um animal.
Obviamente, ele não ordena ao animal que faça isto ou aquilo, porque sabe que
não será obedecido. Então, espia, espera e observa atentamente. Assim se deve
proceder com os Espíritos, que gostam dos observadores assíduos e
conscienciosos. Os ingredientes da pesquisa espírita são, assim, o estudo e a
observação, porque o simples bom senso nos mostra que, tal como age o
naturalista em relação aos animais, com mais forte razão devemos agir com os
Espíritos, que são inteligências muito mais independentes. (Obra citada, pp.
168 e 169.)
C. Que é que o
Espírito de Goethe disse sobre o Werther, uma de suas obras mais famosas?
O
famoso escritor disse que lamentava o final do Werther, porque fez e causou
muitas desgraças, de que ele se sentia responsável e pela qual, embora
estivesse arrependido, ainda sofria. (Obra citada, p. 177.)
D. Os Espíritos dos
brancos podem reencarnar como negros?
São
Luís diz que sim e explica que quando, por exemplo, um senhor maltratou um
escravo, pode pedir como expiação viver num corpo de pele negra, a fim de
sofrer por sua vez aquilo que fez outros sofrerem e, por esse meio, adiantar-se
e obter o perdão de Deus. (Obra citada, p. 180.)
Observação:
Para acessar a Parte 3 parte deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/04/blog-post_20.html
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