Até
que aprendamos com o Cristo
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília, DF
Bom
dia, amigo leitor.
Proponho-lhe
que reflitamos um pouquinho sobre a ignorância do ser humano e o porquê de
Jesus haver dito ser necessário abandonar a própria família, se preciso fosse,
para ser digno dele. Não é fácil abandonarmos nossos hábitos ainda grandemente
influenciados por nossa origem orgânica material.
Calcula-se
em 7,5 bilhões o número de pessoas existentes atualmente no mundo físico. Sabe-se
também que no mundo espiritual, segundo estimativas espíritas, há cerca de três
vezes mais espíritos aguardando uma nova reencarnação. A ascensão é árdua, como
diz o Espírito Victor Hugo em obra psicografada pelo médium Divaldo Franco,
cujo título é exatamente este: Árdua Ascensão. Desta soma de encarnados com
desencarnados, ou seja, 30 bilhões de almas, somente as vinculadas ao planeta
azul chamado Terra, cremos que apenas 3 milhões já estarão livres da reencarnação,
o que dá um percentual de 0,01% de Espíritos purificados em relação ao número
total de almas interexistentes. Daí a “tremenda ignorância” dos 29.997.000.000
seres existentes nos dois planos de vida: física e espiritual, de acordo com
minha estimativa.[1]
Isso
explica o porquê de serem tão poucos os espíritos completistas no corpo
físico, como um Chico Xavier, um Mahatma Gandhi, um Francisco Xavier, uma
Isabel de Aragão, uma Teresa d´Ávila e outras poucas almas. Daí concluo que
enquanto o ser humano não se saciar dos seus instintos animais ele necessitará
nascer e renascer para progredir espiritualmente. Quem é que está em condição
de deixar família para dedicar-se, sem necessariamente tornar-se asceta, às
coisas espirituais? Os poucos que se atrevem a isso são ridicularizados,
chamados de loucos e até de imbecis.
Já
conheci pessoas que se dizem espíritas e que só faltaram pedir-me para fazer
como elas: fingem que acreditam na revelação que Jesus nos traz, por meio do
Espiritismo cristão, e buscam destacar-se, hipocritamente, no meio social,
pleno de fingimentos, como vemos na política, que Allan Kardec nos pediu para
não incluir na Doutrina Espirita. Também conheci, ainda no tempo em que vesti a
farda, um colega que se tornou pastor e trabalhava com a Bíblia sobre sua mesa,
mas que continuava prejudicando outras pessoas. Não cabe aqui dizer o que ele
fez, mas seu comportamento inadequado, em prejuízo dos demais colegas de farda,
levou seus superiores a afastá-lo da função e transferi-lo para uma unidade
isolada.
Pessoas
de todas as crenças, em especial muitas que são tidas como líderes, não nos
servem de modelo, que só o é Jesus Cristo, como lemos na questão 625 d'O
Livro dos Espíritos, primeiro da monumental obra de Allan Kardec, inspirada
pelo Espírito de Verdade, manifestação do próprio Jesus Cristo. Entretanto,
entre os seguidores dessa ou daquela ideologia, dessa ou daquela religião, há
os que se consideram donos da verdade e proíbem, em suas famílias, a
manifestação dos membros que não comungam de suas ideias.
Foi
por isso que Jesus, pela voz do Espírito de Verdade, n'O Evangelho Segundo o
Espiritismo, aconselhou-nos: "Espíritas, amai-vos, este é o primeiro
mandamento. Instruí-vos, este é o segundo." Quem ama respeita os que não
agem ou não pensam como eles, embora não seja conivente com o que não considera
certo, mas jamais impõe seu modo de agir ou suas ideias a ninguém, sabedor que
é de que todos precisamos desfrutar de nossas experiências e consequências,
tanto no acerto quanto no erro.
Deus
não tem pressa, pois nos criou para o aperfeiçoamento eterno, mas quanto mais alimentarmos
o egoísmo e trabalharmos contra o progresso alheio, na inútil tentativa de
atrasar o progresso humano, mais tardará nosso crescimento espiritual e mais
demorado será nosso acesso ao diminuto grupo de Espíritos moralmente elevados: um
em cada 10 mil dos seres humanos encarnados e desencarnados ligados ao nosso
planeta.
Enquanto
vivermos egoisticamente, sem respeitar os conhecimentos e mesmo os limites do
nosso próximo, enquanto não duvidarmos de tudo o que aprendemos, até termos a
certeza de que estamos no caminho que nos conduz à verdade, e enquanto não
colocarmos a compaixão, irmã da piedade, e ambas filhas do amor em nossas
vidas, viveremos pela satisfação da ambição e do poder, mas muito longe da
erradicação do mal que trazemos das nossas experiências animais.
Antes,
o domínio era da força, agora o é da astúcia. Deus, porém, não tem pressa, pois
até as estrelas têm seu fim, mas a alma é imortal e fadada à perfeição ao longo
dos evos. Cabe a cada um de nós vestir a capa da humildade e acompanhar as
almas elevadas, que se unem ao Cristo em direção à Inteligência Suprema, causa
primeira de tudo o que existe, porém nosso Pai, que nos ama sempre, espera
pacientemente por nós, como nos ensinou Jesus.
[1] Tomei por base de minhas estimativas as informações lidas
na obra Roteiro, do Espírito Emmanuel, psicografada por Chico Xavier.
Para mais esclarecimentos, leia este belo livro e O livro dos Espíritos,
tópicos: Escala espírita, Progressão dos Espíritos e o cap. 4, Pluralidade das
existências: Reencarnação, item 100 a 127 e 166 a 170, de Allan Kardec.
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