sábado, 23 de abril de 2022

 



Até que aprendamos com o Cristo

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Bom dia, amigo leitor.

Proponho-lhe que reflitamos um pouquinho sobre a ignorância do ser humano e o porquê de Jesus haver dito ser necessário abandonar a própria família, se preciso fosse, para ser digno dele. Não é fácil abandonarmos nossos hábitos ainda grandemente influenciados por nossa origem orgânica material.

Calcula-se em 7,5 bilhões o número de pessoas existentes atualmente no mundo físico. Sabe-se também que no mundo espiritual, segundo estimativas espíritas, há cerca de três vezes mais espíritos aguardando uma nova reencarnação. A ascensão é árdua, como diz o Espírito Victor Hugo em obra psicografada pelo médium Divaldo Franco, cujo título é exatamente este: Árdua Ascensão. Desta soma de encarnados com desencarnados, ou seja, 30 bilhões de almas, somente as vinculadas ao planeta azul chamado Terra, cremos que apenas 3 milhões já estarão livres da reencarnação, o que dá um percentual de 0,01% de Espíritos purificados em relação ao número total de almas interexistentes. Daí a “tremenda ignorância” dos 29.997.000.000 seres existentes nos dois planos de vida: física e espiritual, de acordo com minha estimativa.[1]

Isso explica o porquê de serem tão poucos os espíritos completistas no corpo físico, como um Chico Xavier, um Mahatma Gandhi, um Francisco Xavier, uma Isabel de Aragão, uma Teresa d´Ávila e outras poucas almas. Daí concluo que enquanto o ser humano não se saciar dos seus instintos animais ele necessitará nascer e renascer para progredir espiritualmente. Quem é que está em condição de deixar família para dedicar-se, sem necessariamente tornar-se asceta, às coisas espirituais? Os poucos que se atrevem a isso são ridicularizados, chamados de loucos e até de imbecis.

Já conheci pessoas que se dizem espíritas e que só faltaram pedir-me para fazer como elas: fingem que acreditam na revelação que Jesus nos traz, por meio do Espiritismo cristão, e buscam destacar-se, hipocritamente, no meio social, pleno de fingimentos, como vemos na política, que Allan Kardec nos pediu para não incluir na Doutrina Espirita. Também conheci, ainda no tempo em que vesti a farda, um colega que se tornou pastor e trabalhava com a Bíblia sobre sua mesa, mas que continuava prejudicando outras pessoas. Não cabe aqui dizer o que ele fez, mas seu comportamento inadequado, em prejuízo dos demais colegas de farda, levou seus superiores a afastá-lo da função e transferi-lo para uma unidade isolada.

Pessoas de todas as crenças, em especial muitas que são tidas como líderes, não nos servem de modelo, que só o é Jesus Cristo, como lemos na questão 625 d'O Livro dos Espíritos, primeiro da monumental obra de Allan Kardec, inspirada pelo Espírito de Verdade, manifestação do próprio Jesus Cristo. Entretanto, entre os seguidores dessa ou daquela ideologia, dessa ou daquela religião, há os que se consideram donos da verdade e proíbem, em suas famílias, a manifestação dos membros que não comungam de suas ideias.

Foi por isso que Jesus, pela voz do Espírito de Verdade, n'O Evangelho Segundo o Espiritismo, aconselhou-nos: "Espíritas, amai-vos, este é o primeiro mandamento. Instruí-vos, este é o segundo." Quem ama respeita os que não agem ou não pensam como eles, embora não seja conivente com o que não considera certo, mas jamais impõe seu modo de agir ou suas ideias a ninguém, sabedor que é de que todos precisamos desfrutar de nossas experiências e consequências, tanto no acerto quanto no erro.

Deus não tem pressa, pois nos criou para o aperfeiçoamento eterno, mas quanto mais alimentarmos o egoísmo e trabalharmos contra o progresso alheio, na inútil tentativa de atrasar o progresso humano, mais tardará nosso crescimento espiritual e mais demorado será nosso acesso ao diminuto grupo de Espíritos moralmente elevados: um em cada 10 mil dos seres humanos encarnados e desencarnados ligados ao nosso planeta.

Enquanto vivermos egoisticamente, sem respeitar os conhecimentos e mesmo os limites do nosso próximo, enquanto não duvidarmos de tudo o que aprendemos, até termos a certeza de que estamos no caminho que nos conduz à verdade, e enquanto não colocarmos a compaixão, irmã da piedade, e ambas filhas do amor em nossas vidas, viveremos pela satisfação da ambição e do poder, mas muito longe da erradicação do mal que trazemos das nossas experiências animais.

Antes, o domínio era da força, agora o é da astúcia. Deus, porém, não tem pressa, pois até as estrelas têm seu fim, mas a alma é imortal e fadada à perfeição ao longo dos evos. Cabe a cada um de nós vestir a capa da humildade e acompanhar as almas elevadas, que se unem ao Cristo em direção à Inteligência Suprema, causa primeira de tudo o que existe, porém nosso Pai, que nos ama sempre, espera pacientemente por nós, como nos ensinou Jesus.

  

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