A infância e seu propósito
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
O
tema evangelização da infância tem ganhado nos últimos tempos, em nosso meio,
um destaque expressivo, embora muito aquém de sua verdadeira importância.
Lemos
em O Livro dos Espíritos que a
infância existe em todos os globos. “Em toda parte a infância é uma transição
necessária, mas não é, em toda parte, tão obtusa como no vosso mundo.” (Obra
citada, questão 183.)
As
questões 383 e 385 da principal obra espírita explicam por que existe a
infância e qual é sua finalidade:
“Encarnando,
com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível
às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que
devem contribuir os incumbidos de educá-lo.” (L.E., 383.)
“As
crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhes
possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da
inocência.” (L.E., 385.)
Vê-se,
então, com clareza que a infância nada mais é do que uma fase de adaptação
necessária ao Espírito que retorna à existência corpórea.
Recém-saído do mundo espiritual, onde gozava de maior liberdade e dispunha de maiores recursos, o Espírito se vê, durante essa fase, em dificuldades para exprimir plenamente seus pensamentos e manifestar suas sensações.
Nesse
período de sua vida, em que se vê limitado em sua liberdade, a infância é para
ele uma demonstração da misericórdia de Deus, que lhe propicia uma dupla
vantagem. Primeira vantagem: ele ganha o tempo indispensável para se preparar
para as futuras e difíceis tarefas da nova existência corpórea. Segunda:
revestido da simplicidade e da inocência comuns a todas as crianças, desperta
nos pais e no núcleo a que pertence simpatia, interesse e boa vontade, o que
facilitará o desempenho de suas tarefas no mundo.
Evidentemente,
ao desenvolver-se, a criança apresentará, nos anos que se seguirem, as
tendências e os defeitos morais inerentes ao seu real adiantamento espiritual,
mas este poderá ser sensivelmente modificado pela influência recebida desde o
berço dos pais e das pessoas incumbidas de educá-la.
É
exatamente aí, graças a esse ensinamento, que compreendemos a importância da chamada
evangelização ou educação da criança, realizada na intimidade do lar e
reforçada por seus professores e educadores, assunto a que Emmanuel se reporta
no cap. 151 de seu livro Caminho, Verdade
e Vida, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Nessa
obra, ele diz que a juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um
barco para viagem importante. A infância foi a preparação, a velhice será a
chegada ao porto. “Todas as fases – adverte o estimado instrutor espiritual –
requisitam as lições dos marinheiros experientes, aprendendo-se a organizar e a
terminar a viagem com êxito desejável.”
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