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sexta-feira, 6 de maio de 2022

 



A Vida no Outro Mundo

 

Cairbar Schutel

 

Parte 15

 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP). 

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Este estudo será publicado neste blog sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. Dura muito tempo a perturbação que se segue à transição da vida corporal para a espiritual? 

B. Como é o despertar do Espírito no plano em que, após a desencarnação, passa ele a viver? 

C. Qual é o fator determinante da maior ou menor facilidade de desprendimento da alma?

 

Texto para leitura

 

179. Lê-se no introito da segunda parte do livro O Céu e o Inferno um texto de Allan Kardec em que o tema passamento é focalizado com notável clareza. Nos itens seguintes Cairbar Schutel apresenta um resumo do que Kardec escreveu. (A Vida no Outro Mundo – Cap. XIV - O Passamento.)

180. A certeza da vida futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida. Há muita gente que teme, não a morte em si, mas o momento da transição. Sofremos ou não nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém foge à lei fatal dessa transição. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

181. Podemos dispensar-nos de uma viagem neste mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos fazê-la, e por dolorosa que seja a franquia, nem posição nem fortuna podem suavizá-la. Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as mesmas. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

182. O conhecimento do laço fluídico que une o Espírito ao corpo é a chave desse e de muitos outros fenômenos. A insensibilidade da matéria inerte é um fato; só a alma experimenta sensações de dor e de prazer. A desagregação repercute na alma que, por tal motivo, recebe uma ‘impressão’ mais ou menos dolorosa. É a alma e não o corpo quem sofre, pois este não é mais que o instrumento da dor: a alma é o paciente. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

183. Após a morte, separado o Espírito, o corpo pode ser impunemente mutilado que nada sentirá, enquanto que a alma, isolada, nada experimenta da destruição orgânica. O Espírito tem sensações próprias cuja fonte não reside na matéria tangível. O perispírito é o envoltório da alma, e não se separa dela nem antes nem depois da morte: forma com ela uma só entidade – o Espírito – e nem mesmo se pode conceber uma sem o outro. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

184. Durante a vida o fluido perispiritual penetra o corpo em todas as suas partes e serve de veículo às sensações físicas da alma, do mesmo modo como esta, por seu intermédio, atua sobre o corpo e dirige-lhe os movimentos. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

185. A extinção da vida orgânica acarreta a separação do Espírito, em consequência do rompimento do laço fluídico que o une ao corpo, mas essa separação não é brusca. O fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo de perispírito ligado às moléculas do corpo. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

186. A sensação dolorosa da alma, por ocasião da morte, está na razão direta da soma de pontos de contato existentes entre o corpo e o perispírito, e, por conseguinte, também da maior ou menor dificuldade que apresenta o rompimento. A morte pode ser, assim, mais ou menos penosa. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

187. Estabeleçamos, em primeiro lugar, e como princípio, os quatro seguintes casos, que podemos reputar situações extremas, dentro de cujos limites há uma infinidade de variantes:

1º - Se, no momento em que se extinguisse a vida orgânica, o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria.

2º - Se, nesse momento, a coesão de ambos elementos estiver no auge de sua força, produzir-se-á uma espécie de ruptura, que reagirá dolorosamente sobre a alma.

3º - Se a coesão for fraca, a separação tornar-se-á fácil, operando-se sem abalo.

4º - Se, após a cessação completa da vida orgânica, existirem ainda numerosos pontos de contato entre o corpo e o perispírito, o Espírito poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do corpo até que o laço inteiramente se desfaça. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

188. Disso resulta que o sofrimento que acompanha a morte está subordinado à força adesiva que une o corpo ao perispírito; que tudo quanto puder atenuar essa força, tanto quanto a rapidez do desprendimento, tornará a passagem menos penosa; e, finalmente, que, se o desprendimento operar-se sem dificuldade, a alma deixará de experimentar qualquer sentimento desagradável. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

189. Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se ainda um outro fenômeno de importância capital – a perturbação. Nesse instante, a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações. É um estado semelhante ao da catalepsia, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

190. Dizemos quase nunca porque há casos em que a alma pode completar conscientemente o desprendimento, como em breve veremos. A perturbação deve, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte, e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

191. À proporção que se liberta, o Espírito encontra-se em situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono: as ideias são confusas, vagas, incertas; a vista apenas distingue como que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe a memória e o conhecimento de si mesma. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

192. Bem diverso é, contudo, esse despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico, aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo. Mas o último alento quase nunca é doloroso, uma vez que, ordinariamente, ocorre em momento de inconsciência. O Espírito sofre, antes dele, a desagregação da matéria, nos estertores da agonia, e, depois, as angústias da perturbação. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

193. Esse estado, contudo, não é geral, porque a intensidade e duração do sofrimento estão na razão direta da afinidade existente entre corpo e perispírito. Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e prolongados serão os esforços do Espírito para desprender-se. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

194. Há pessoas nas quais a coesão é tão fraca, que o desprendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; é como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule: é o caso das mortes calmas e do pacífico despertar no Mundo Espiritual. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

195. A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge seu grau máximo no homem cujas preocupações dizem respeito unicamente à vida e aos gozos materiais. Ao contrário, nas almas puras que, antecipadamente, se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. E, desde que a lentidão e dificuldade do desprendimento se filia ao grau de pureza e desmaterialização da alma, depende somente de nós tornar fácil ou penoso, agradável ou doloroso, esse desprendimento. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

196. Posto isto, quer como teoria, quer como resultado das observações, resta-nos examinar a influência do gênero de morte sobre as sensações da alma, nos últimos transes. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

197. Em se tratando de morte natural, resultante da extinção das forças vitais por velhice ou doença, o desprendimento opera-se gradualmente; para o homem cuja alma se desmaterializou, e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, isto é, ao passo que o corpo ainda tem vida orgânica, o Espírito já penetra a vida espiritual, apenas ligado por elo tão frágil, que se rompe com a última pancada do coração. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Dura muito tempo a perturbação que se segue à transição da vida corporal para a espiritual? 

Depende da condição moral do desencarnante. Considerada um estado normal no chamado pós-morte, a perturbação perdura por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. (A Vida no Outro Mundo – Cap. XIV - O Passamento.)

B. Como é o despertar do Espírito no plano em que, após a desencarnação, passa ele a viver? 

À medida que se liberta, o Espírito encontra-se em situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono: as ideias são confusas, vagas, incertas. Bem diverso é, contudo, esse despertar. Calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico, aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

C. Qual é o fator determinante da maior ou menor facilidade de desprendimento da alma?

A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge seu grau máximo no homem cujas preocupações dizem respeito unicamente à vida e aos gozos materiais. Ao contrário, nas almas puras que, antecipadamente, se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/04/blog-post_29.html

 

 

 

 

 

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