A Vida no Outro Mundo
Cairbar Schutel
Parte 15
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP).
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Este estudo será publicado neste blog
sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Dura muito tempo a perturbação que
se segue à transição da vida corporal para a espiritual?
B. Como é o despertar do Espírito no
plano em que, após a desencarnação, passa ele a viver?
C. Qual é o fator determinante da
maior ou menor facilidade de desprendimento da alma?
Texto para
leitura
179. Lê-se no introito da segunda
parte do livro O Céu e o Inferno um
texto de Allan Kardec em que o tema passamento é focalizado com notável
clareza. Nos itens seguintes Cairbar Schutel apresenta um resumo do que Kardec
escreveu. (A Vida no Outro Mundo –
Cap. XIV - O Passamento.)
180. A certeza da vida futura não
exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida. Há muita gente
que teme, não a morte em si, mas o momento da transição. Sofremos ou não nessa
passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém foge à lei
fatal dessa transição. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
181. Podemos dispensar-nos de uma
viagem neste mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos fazê-la, e por
dolorosa que seja a franquia, nem posição nem fortuna podem suavizá-la.
Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de outros,
pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as
mesmas. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
182. O conhecimento do laço fluídico
que une o Espírito ao corpo é a chave desse e de muitos outros fenômenos. A
insensibilidade da matéria inerte é um fato; só a alma experimenta sensações de
dor e de prazer. A desagregação repercute na alma que, por tal motivo, recebe
uma ‘impressão’ mais ou menos dolorosa. É a alma e não o corpo quem sofre, pois
este não é mais que o instrumento da dor: a alma é o paciente. (Obra citada –
Cap. XIV - O Passamento.)
183. Após a morte, separado o
Espírito, o corpo pode ser impunemente mutilado que nada sentirá, enquanto que
a alma, isolada, nada experimenta da destruição orgânica. O Espírito tem
sensações próprias cuja fonte não reside na matéria tangível. O perispírito é o
envoltório da alma, e não se separa dela nem antes nem depois da morte: forma
com ela uma só entidade – o Espírito – e nem mesmo se pode conceber uma sem o
outro. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
184. Durante a vida o fluido
perispiritual penetra o corpo em todas as suas partes e serve de veículo às
sensações físicas da alma, do mesmo modo como esta, por seu intermédio, atua
sobre o corpo e dirige-lhe os movimentos. (Obra citada – Cap. XIV - O
Passamento.)
185. A extinção da vida orgânica
acarreta a separação do Espírito, em consequência do rompimento do laço
fluídico que o une ao corpo, mas essa separação não é brusca. O fluido
perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a
separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo de
perispírito ligado às moléculas do corpo. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
186. A sensação dolorosa da alma, por
ocasião da morte, está na razão direta da soma de pontos de contato existentes
entre o corpo e o perispírito, e, por conseguinte, também da maior ou menor
dificuldade que apresenta o rompimento. A morte pode ser, assim, mais ou menos
penosa. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
187. Estabeleçamos, em primeiro lugar,
e como princípio, os quatro seguintes casos, que podemos reputar situações
extremas, dentro de cujos limites há uma infinidade de variantes:
1º - Se, no momento em que se
extinguisse a vida orgânica, o desprendimento do perispírito fosse completo, a
alma nada sentiria.
2º - Se, nesse momento, a coesão de
ambos elementos estiver no auge de sua força, produzir-se-á uma espécie de
ruptura, que reagirá dolorosamente sobre a alma.
3º - Se a coesão for fraca, a
separação tornar-se-á fácil, operando-se sem abalo.
4º - Se, após a cessação completa da
vida orgânica, existirem ainda numerosos pontos de contato entre o corpo e o
perispírito, o Espírito poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do
corpo até que o laço inteiramente se desfaça. (Obra citada – Cap. XIV - O
Passamento.)
188. Disso resulta que o sofrimento
que acompanha a morte está subordinado à força adesiva que une o corpo ao
perispírito; que tudo quanto puder atenuar essa força, tanto quanto a rapidez
do desprendimento, tornará a passagem menos penosa; e, finalmente, que, se o
desprendimento operar-se sem dificuldade, a alma deixará de experimentar
qualquer sentimento desagradável. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
189. Na transição da vida corporal
para a espiritual, produz-se ainda um outro fenômeno de importância capital – a
perturbação. Nesse instante, a alma experimenta um torpor que paralisa
momentaneamente suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as
sensações. É um estado semelhante ao da catalepsia, de modo que a alma quase
nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. (Obra citada – Cap. XIV
- O Passamento.)
190. Dizemos quase nunca porque há
casos em que a alma pode completar conscientemente o desprendimento, como em
breve veremos. A perturbação deve, pois, ser considerada o estado normal no
instante da morte, e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas
horas a alguns anos. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
191. À proporção que se liberta, o
Espírito encontra-se em situação comparável à de um homem que desperta de
profundo sono: as ideias são confusas, vagas, incertas; a vista apenas
distingue como que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara,
desperta-se-lhe a memória e o conhecimento de si mesma. (Obra citada – Cap. XIV
- O Passamento.)
192. Bem diverso é, contudo, esse
despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico,
aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo. Mas o último alento
quase nunca é doloroso, uma vez que, ordinariamente, ocorre em momento de
inconsciência. O Espírito sofre, antes dele, a desagregação da matéria, nos
estertores da agonia, e, depois, as angústias da perturbação. (Obra citada –
Cap. XIV - O Passamento.)
193. Esse estado, contudo, não é
geral, porque a intensidade e duração do sofrimento estão na razão direta da
afinidade existente entre corpo e perispírito. Assim, quanto maior for essa
afinidade, tanto mais penosos e prolongados serão os esforços do Espírito para
desprender-se. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
194. Há pessoas nas quais a coesão é
tão fraca, que o desprendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; é
como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule: é o caso das mortes
calmas e do pacífico despertar no Mundo Espiritual. (Obra citada – Cap. XIV - O
Passamento.)
195. A causa principal da maior ou
menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre
o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge seu grau
máximo no homem cujas preocupações dizem respeito unicamente à vida e aos gozos
materiais. Ao contrário, nas almas puras que, antecipadamente, se identificam
com a vida espiritual, o apego é quase nulo. E, desde que a lentidão e
dificuldade do desprendimento se filia ao grau de pureza e desmaterialização da
alma, depende somente de nós tornar fácil ou penoso, agradável ou doloroso,
esse desprendimento. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
196. Posto isto, quer como teoria,
quer como resultado das observações, resta-nos examinar a influência do gênero
de morte sobre as sensações da alma, nos últimos transes. (Obra citada – Cap.
XIV - O Passamento.)
197. Em se tratando de morte natural,
resultante da extinção das forças vitais por velhice ou doença, o
desprendimento opera-se gradualmente; para o homem cuja alma se
desmaterializou, e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o
desprendimento quase se completa antes da morte real, isto é, ao passo que o
corpo ainda tem vida orgânica, o Espírito já penetra a vida espiritual, apenas
ligado por elo tão frágil, que se rompe com a última pancada do coração. (Obra
citada – Cap. XIV - O Passamento.)
Respostas às
questões preliminares
A. Dura muito tempo a perturbação que se segue à transição
da vida corporal para a espiritual?
Depende da condição moral do desencarnante.
Considerada um estado normal no chamado pós-morte, a perturbação perdura por
tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. (A Vida no Outro Mundo – Cap. XIV - O
Passamento.)
B. Como é o despertar do Espírito no plano em que, após a
desencarnação, passa ele a viver?
À medida que se liberta, o Espírito
encontra-se em situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono:
as ideias são confusas, vagas, incertas. Bem diverso é, contudo, esse
despertar. Calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico,
aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo. (Obra citada – Cap.
XIV - O Passamento.)
C. Qual é o fator determinante da maior ou menor facilidade
de desprendimento da alma?
A causa principal da maior ou menor
facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o
corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge seu grau
máximo no homem cujas preocupações dizem respeito unicamente à vida e aos gozos
materiais. Ao contrário, nas almas puras que, antecipadamente, se identificam
com a vida espiritual, o apego é quase nulo. (Obra citada – Cap. XIV - O
Passamento.)
Observação:
Para acessar a Parte 14 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/04/blog-post_29.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele
nos propicia. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário