Tirar
a própria vida agrava o sofrimento
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília, DF
Amigos,
nunca é demais lembrar a quantidade imensa de alertas que o mundo espiritual
nos tem dado sobre as tristes e angustiantes consequências do suicídio. Um
desses inúmeros alertas é o do espírito poeta Honório Armond, pela psicografia
de Chico Xavier. O poema é um soneto. O título é suicida. O livro é Poetas
redivivos, e o capítulo é o 97.
SUICIDA (Honório
Armond)
Preso e liberto, em
treva e luz, a simultâneo
Jogo de angústia e
horror, junge-se à carne morta...
Varara a sepultura,
agredindo-lhe a porta;
Estraçalhara a tiro
as tênebras do crânio.
Desencarnado, enfim,
mas cativo à comporta
Da consciência a
esvurmar-lhe o cérebro vulcâneo,
Foge à furna e recua
a terror instantâneo,
Chora e espanta-se
mais, grita e se desconforta...
Suicida!... Morto e
vivo, arrasta-se, tateia,
Ergue-se, treme,
cai... Respira lodo e areia,
No recinto abismal, sofre
a verdade crua...
E, lá fora, a
esperá-lo, o caminho opulento,
O céu, a terra, o
lar, a fonte, a flor, o vento...
Buscara a morte em
vão... A vida continua!...
O soneto é estruturado em versos alexandrinos, ou seja, com doze sílabas
em cada linha (chamada verso na poesia). Como ocorre em todos os poemas desse
tipo, ele possui quatro estrofes: dois quartetos e dois tercetos, somando-se ao
todo 14 versos. As rimas são no esquema ABBA, BAAB, CCD, EED, que exigem uma
técnica apurada.
E pensar que o Chico, psicografando, escrevia esta e outras obras primas
instantaneamente, sob a influência deste e de centenas doutros espíritos. A
linguagem é de um padrão elevado. Mesmo as pessoas mais cultas necessitam, por
vezes, recorrer ao dicionário, para buscar-lhe o significado conotativo ou
denotativo de algumas palavras no poema.
Exemplos disso, lemos no quarto verso da primeira estrofe: "tênebras
do crânio": trevas mentais (expressão figurada); no segundo verso da
segunda estrofe: "esvurmar-lhe o cérebro vulcâneo": ter a sensação de
pus saindo do cérebro como labaredas vulcâneas; no terceiro verso da segunda
estrofe: "foge à furna": foge de local cavernoso. E "recinto
abismal", citado no último verso da terceira estrofe, refere-se às profundezas
da Terra, para onde costumam ir seres criminosos. Ali, em tempo somente
previsto por Deus, após indefiníveis momentos de angústia e desespero, que lhes
parecem eternos, atormentados por entidades perversas, esses espíritos serão
socorridos. Nesse sentido, muito os auxiliam nossas orações, acrescidas de seu
arrependimento e súplicas a Deus.
Do exposto, verificamos a cuidadosa escolha das palavras pelo espírito
comunicante, esforçando-se em nos mostrar o sofrimento atroz sentido pela
pessoa que se mata, no caso, com um tiro na cabeça. Naturalmente que, em cada
suicídio, o tipo de sofrimento varia de acordo com a noção que se tem sobre a
vida física e conforme a forma buscada de destruição do corpo. Mas como esse
ato lesa também o perispírito, nosso corpo espiritual, a lesão voluntária no
corpo físico, programado para uma existência mais duradoura, afeta também o
corpo espiritual.
A misericórdia divina considera as circunstâncias agravantes e atenuantes
em cada caso. Suicídios advindos de insanidade mental, motivados por desespero
ante situação de intenso sofrimento físico, moral ou psicológico ou em risco
iminente de morte, são logo socorridos pelos bons espíritos, encarregados por
Deus de nos protegerem.
Suicídios planejados meramente por fraqueza ou revolta ante as provas e
expiações da existência física são injustificáveis e, portanto, levarão seu
autor a sofrer com severidade as consequências de seu ato rebelde à justiça
divina.
Há também casos em que o suicida é induzido ao ato por entidades
vingativas, chamadas obsessores, mas ainda aqui é preciso que o obsidiado
busque socorro na prece e nos serviços de amparo espiritual dum centro
espírita, aliado ao tratamento psiquiátrico. Tais pessoas precisam sobrepor sua
vontade à vontade do obsessor. Nunca é demais nos lembrar destas palavras de
Jesus: "Vigiai e orai, para não cairdes em tentação [...]" (Mateus,
26:41). Renovação mental e atos de caridade e humildade em todos os dias de
nossa vida são remédios insuperáveis...
O suicida jamais foge, em todos os casos, é da decepção de se ver vivo e
perceber que sua atitude intempestiva agravou muito mais seus sofrimentos, pois
agora não mais possui a liberdade que tinha quando estava no corpo físico. É
isso que os espíritos procuram mostrar-nos e alertar para que não cometamos o
disparate do suicídio.
Paz e luz!
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