Depois de um problema, aguarde outros
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Diz
um ditado popular que depois da tempestade vem a bonança, e é esta esperança
que dá ânimo aos que se debatem nas dificuldades e tropeços da vida.
André
Luiz (Espírito), em seu livro Sinal Verde,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, propõe pensamento bem diverso:
“Depois de um problema, aguardar outros”, ideia que tem pelo menos o mérito de
ser mais consentânea com a realidade das coisas.
De
fato, a vida é uma sucessão de dificuldades. Nem bem superamos um obstáculo ou
uma vicissitude, e lá vem outra. Isso significa que, conquanto jamais devamos
perder as esperanças, não podemos pensar que a existência será, a partir de
amanhã, um mar de rosas, porque essa qualidade dificilmente é a marca das
experiências que o homem enfrenta no mundo em que vivemos. As razões são
desfiladas nas linhas que se seguem.
O
leitor conhece, por certo, este outro ditado: “Há males que vêm para bem”. Pois
nós podemos dizer, com fundamento nos ensinamentos espíritas, que todos os
males – ou pelo menos a maioria – vêm para bem, mostrando aí uma faceta
diferente de algo que efetivamente perturba a criatura humana.
Ocorre
que muitos dos chamados males só o são na aparência. Se mudarmos o ponto de
vista pelo qual se encare determinado problema, outra ordem de ideias se
apresenta e o indivíduo pode ver que o bem frutifica onde menos se espera.
Assim é que determinada situação receberá análises diametralmente opostas de um
materialista e um espiritista.
“A
ideia clara e precisa que se faz da vida futura – escreveu Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
II, item 5 – dá uma fé inabalável no futuro, e essa fé tem consequências
imensas sobre a moralização dos homens.”
A
existência corpórea, para aquele que se coloca na vida espiritual, não é mais
que uma passagem, uma estação ligeira num país ingrato. As tribulações que
enfrenta são incidentes que ele recebe com paciência, porque sabe que serão
transitórias e seguidas de um estado mais feliz. A morte nada lhe apresenta de
apavorante, porque significa não a ruptura dos laços sociais, mas a libertação
dos grilhões que o prendem ao vale de lágrimas que são os planetas como o
nosso.
Claro
que, assim pensando, as inquietações serão recebidas com maior resignação e
isso dá uma tranquilidade e uma calma de espírito que atenua todas as
amarguras.
É,
pois, nesse sentido que assiste inteira razão a André Luiz. Depois de um
problema, aguarde outros – porque aquilo que chamamos problema é, geralmente, a
solução – e é também isso que dá à frase “a maioria dos males vem para bem” um
valor inquestionável, porquanto se os chamados males impulsionam o homem para o
progresso, força é convir, disso resulta um bem e não um mal.
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