domingo, 22 de maio de 2022

 



Depois de um problema, aguarde outros

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Diz um ditado popular que depois da tempestade vem a bonança, e é esta esperança que dá ânimo aos que se debatem nas dificuldades e tropeços da vida.

André Luiz (Espírito), em seu livro Sinal Verde, psicografado por Francisco Cândido Xavier, propõe pensamento bem diverso: “Depois de um problema, aguardar outros”, ideia que tem pelo menos o mérito de ser mais consentânea com a realidade das coisas.

De fato, a vida é uma sucessão de dificuldades. Nem bem superamos um obstáculo ou uma vicissitude, e lá vem outra. Isso significa que, conquanto jamais devamos perder as esperanças, não podemos pensar que a existência será, a partir de amanhã, um mar de rosas, porque essa qualidade dificilmente é a marca das experiências que o homem enfrenta no mundo em que vivemos. As razões são desfiladas nas linhas que se seguem.

O leitor conhece, por certo, este outro ditado: “Há males que vêm para bem”. Pois nós podemos dizer, com fundamento nos ensinamentos espíritas, que todos os males – ou pelo menos a maioria – vêm para bem, mostrando aí uma faceta diferente de algo que efetivamente perturba a criatura humana.

Ocorre que muitos dos chamados males só o são na aparência. Se mudarmos o ponto de vista pelo qual se encare determinado problema, outra ordem de ideias se apresenta e o indivíduo pode ver que o bem frutifica onde menos se espera. Assim é que determinada situação receberá análises diametralmente opostas de um materialista e um espiritista.

“A ideia clara e precisa que se faz da vida futura – escreveu Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. II, item 5 – dá uma fé inabalável no futuro, e essa fé tem consequências imensas sobre a moralização dos homens.”

A existência corpórea, para aquele que se coloca na vida espiritual, não é mais que uma passagem, uma estação ligeira num país ingrato. As tribulações que enfrenta são incidentes que ele recebe com paciência, porque sabe que serão transitórias e seguidas de um estado mais feliz. A morte nada lhe apresenta de apavorante, porque significa não a ruptura dos laços sociais, mas a libertação dos grilhões que o prendem ao vale de lágrimas que são os planetas como o nosso.

Claro que, assim pensando, as inquietações serão recebidas com maior resignação e isso dá uma tranquilidade e uma calma de espírito que atenua todas as amarguras.

É, pois, nesse sentido que assiste inteira razão a André Luiz. Depois de um problema, aguarde outros – porque aquilo que chamamos problema é, geralmente, a solução – e é também isso que dá à frase “a maioria dos males vem para bem” um valor inquestionável, porquanto se os chamados males impulsionam o homem para o progresso, força é convir, disso resulta um bem e não um mal.

 

 

 

 

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