Sexo e Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 6
Damos sequência neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada originalmente em 2002.
Este estudo será publicado neste blog sempre às
segundas-feiras.
Eis as questões de hoje:
36. Que proposta o
Mentor espiritual fez à diretora do Educandário?
Anacleto disse-lhe o
seguinte: “A melhor solução para este momento não deverá ter um caráter
punitivo ao infrator, que está doente, mas um objetivo reeducador, a fim de
que, consciente da severa situação, modifique por completo a existência, dando
novo rumo aos passos que devem seguir na direção da felicidade pessoal e da de
todos com quem conviva. Assim, sugiro que a gentil professora entre em contato
com a autoridade religiosa superior, que pode estudar a solução ideal para a
ocorrência, narrando os fatos com serenidade e exigindo a transferência do
sacerdote, sem comentários escabrosos, que sempre fecham a porta à solvência de
quaisquer problemas. Acredito que o senhor Bispo, notificado a respeito da
gravidade do comportamento do seu subalterno, saberá como encaminhar a questão
a instância superior, se for o caso, ou o equacionará conforme sejam as
instruções que tenha do Alto Clero”. Dito isso, ele explicou: “Não estamos
escamoteando o erro nem agindo de forma conivente com o descalabro moral do
paciente. A enfermidade necessita de tratamento e não de escarcéu, sempre do
bom gosto dos insensatos. O afastamento do infrator do convívio infantil,
impedindo novos contatos com vítimas em potencial, é uma terapia eficiente e de
grande efeito moral. Assim, confiamos na prudência e nos bons ofícios da nossa
esclarecida mestra”. (Sexo e Obsessão, capítulo 7: Programações
abençoadas.)
37. Ao se inteirar
da gravidade dos fatos e da infeliz condição moral do sacerdote, qual foi a
reação da diretora do Educandário?
Ela ficou
extremamente sensibilizada e com os olhos cheios de lágrimas. Contudo, forrada
pelos sentimentos de sua fé religiosa, podia compreender que ao pecador se deve
conceder a bênção da reparação, antes mesmo da punição impiedosa que não
edifica, mas às vezes piora e ultraja ainda mais o infeliz. Ela, então,
levantou-se, impulsionada por um sentimento de lídima fraternidade, acercou-se
de Mauro e, tomando-lhe as mãos, falou-lhe que buscaria providências cautelosas
conforme as diretrizes que lhe foram oferecidas. O jovem não se pôde conter e
abraçou-a com sincera fraternidade e gratidão. (Obra citada, capítulo 7:
Programações abençoadas.)
38. Ao dirigir-se,
na sequência da reunião, ao padre Mauro, que palavras o Mentor lhe disse?
Eis um trecho do que
o Mentor disse ao sacerdote: “Não ignoras a extensão do teu erro, e desde há
muito vens tentando cicatrizar a chaga moral que te dilacera interiormente,
fazendo-te decompor em espírito. Reconheces que se trata de um crime grave, no
qual ocultavas as tuas aflições, justificadas pelo que a ti mesmo acontecera na
infância... As raízes, porém, desses erros, agora sabes que estão no teu
passado espiritual, assinalado pelo deboche e pelo desrespeito a outras vidas.
Ninguém atinge esse patamar de miséria sem que não haja transitado pelos
pântanos das paixões sórdidas e asfixiantes. Agora, no entanto, importam-nos os
novos rumos que deverás imprimir à tua existência. Necessitas de tratamento
especializado e de um expressivo afastamento das tuas obrigações sacerdotais,
demorado estudo de ti mesmo e reeducação dos hábitos, começando pelos mentais”.
Dito isso, Anacleto acrescentou: “Somente o bem incessante te constituirá
refúgio e garantia de saúde moral sob as bênçãos de Jesus, o Herói silencioso
de todos os momentos. Não temas, nem te permitas novos pesadelos de
horror”. (Obra citada, capítulo 7:
Programações abençoadas.)
39. A ideia de não
punir, mas simplesmente transferir o padre para outra localidade e afastá-lo do
sacerdócio, não seria um ato de impunidade incabível em casos assim?
Essa questão foi
proposta ao Mentor pela diretora do Educandário. O padre, então, ficaria
impune? Anacleto respondeu: “Ninguém foge das Leis de Deus que vigem em toda
parte e que estão escritas na consciência de todos nós. O nosso irmão não
fugirá de si mesmo, das cenas escabrosas que se permitiu, do remorso que o
dominará por largo período. Isso, porém, somente sucederá mais tarde, quando,
desperto e disposto ao resgate, começar o período de refazimento. A punição
divina ao pecado mortal nunca se faz de maneira destrutiva do pecador, mas de
forma que o edifique, convidando-o a reparar todos os danos perpetrados,
mediante ações dignificantes e restauradoras do equilíbrio. Por isso mesmo,
é-nos a todos muito difícil o julgamento correto, por desconhecimento das
causas profundas e a modesta percepção do todo no acontecimento, que somente a
Consciência Cósmica penetra. Mas ninguém se libera da culpa sem padecer-lhe os
efeitos danosos e cruéis...”. Em seguida, explicou como o processo de expiação
e reparação se faria. (Obra citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)
40. A diretora do
Educandário concordou com a programação que o Instrutor Anacleto apresentou
para a recuperação do padre Mauro?
Sim. A senhora
Eutímia, a diretora do Educandário, anuiu completamente, apresentando-se serena
e quase feliz, ante a longa explanação que Anacleto fez com relação ao futuro
do padre e de Jean-Michel, vítima e agora principal algoz do sacerdote. (Obra
citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)
41. Em sua futura
existência na carne, que dificuldades Jean-Michel deveria enfrentar?
O Instrutor
Anacleto, ao convidá-lo para uma nova reencarnação, explicou-lhe diretamente o
que o esperaria: “Renascerás na carne, oportunamente, chagado e aflito, com os
estigmas que cravaste nos tecidos sutis do Espírito, através do teu corpo
intermediário, hoje deformado e em dilacerações. Já imprimiste no teu futuro
uma infância limitada por anomalias mentais e físicas de vária natureza, na
qual te demorarás por mais ou menos uma dezena de anos tormentosos, visitado,
vez que outra, pelos teus companheiros do antro de depravação, que te
explorarão as energias, mais afligindo-te... Nesse exílio libertador terás como
benfeitor e companheiro, pela senda de espinhos, o nosso Mauro, que te
recolherá na Casa da Caridade que erguerá oportunamente em distante recanto do
Brasil, em cuja oportunidade vos amareis, ajudando-vos reciprocamente”. (Obra
citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)
42. O padre Mauro,
assim como ocorreu com a diretora do Educandário, também se recordava dos
acontecimentos oníricos vividos naquela madrugada?
Sim. Ele os
recordava com muita nitidez, mas, sobressaltado pelos efeitos danosos dos seus
atos, receava as consequências que deveriam advir de sua conduta. O Instrutor
Anacleto, então, envolvendo-o em prece, exortou-o ao trabalho: “Levanta-te e
segue no rumo da oração, entregando-te a Deus, que fará o que seja de melhor
para ti”. Ante a ordem enérgica, que lhe repercutiu nos refolhos do pensamento,
Mauro levantou-se, tomou do Evangelho e seguiu à Igreja. Tremia, emocionado,
pois se recordava dos episódios espirituais da madrugada, mas agora se fazia
mais confiante, ante o psiquismo de Anacleto que o dirigia mentalmente. (Obra
citada, capítulo 8: Atendimento fraterno.)
Observação:
Para acessar a parte 5 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/12/blog-post_19.html
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