segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

 



Sexo e Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 6

 

Damos sequência neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada originalmente em 2002.

Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

36. Que proposta o Mentor espiritual fez à diretora do Educandário?

Anacleto disse-lhe o seguinte: “A melhor solução para este momento não deverá ter um caráter punitivo ao infrator, que está doente, mas um objetivo reeducador, a fim de que, consciente da severa situação, modifique por completo a existência, dando novo rumo aos passos que devem seguir na direção da felicidade pessoal e da de todos com quem conviva. Assim, sugiro que a gentil professora entre em contato com a autoridade religiosa superior, que pode estudar a solução ideal para a ocorrência, narrando os fatos com serenidade e exigindo a transferência do sacerdote, sem comentários escabrosos, que sempre fecham a porta à solvência de quaisquer problemas. Acredito que o senhor Bispo, notificado a respeito da gravidade do comportamento do seu subalterno, saberá como encaminhar a questão a instância superior, se for o caso, ou o equacionará conforme sejam as instruções que tenha do Alto Clero”. Dito isso, ele explicou: “Não estamos escamoteando o erro nem agindo de forma conivente com o descalabro moral do paciente. A enfermidade necessita de tratamento e não de escarcéu, sempre do bom gosto dos insensatos. O afastamento do infrator do convívio infantil, impedindo novos contatos com vítimas em potencial, é uma terapia eficiente e de grande efeito moral. Assim, confiamos na prudência e nos bons ofícios da nossa esclarecida mestra”. (Sexo e Obsessão, capítulo 7: Programações abençoadas.)

37. Ao se inteirar da gravidade dos fatos e da infeliz condição moral do sacerdote, qual foi a reação da diretora do Educandário? 

Ela ficou extremamente sensibilizada e com os olhos cheios de lágrimas. Contudo, forrada pelos sentimentos de sua fé religiosa, podia compreender que ao pecador se deve conceder a bênção da reparação, antes mesmo da punição impiedosa que não edifica, mas às vezes piora e ultraja ainda mais o infeliz. Ela, então, levantou-se, impulsionada por um sentimento de lídima fraternidade, acercou-se de Mauro e, tomando-lhe as mãos, falou-lhe que buscaria providências cautelosas conforme as diretrizes que lhe foram oferecidas. O jovem não se pôde conter e abraçou-a com sincera fraternidade e gratidão. (Obra citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)

38. Ao dirigir-se, na sequência da reunião, ao padre Mauro, que palavras o Mentor lhe disse?

Eis um trecho do que o Mentor disse ao sacerdote: “Não ignoras a extensão do teu erro, e desde há muito vens tentando cicatrizar a chaga moral que te dilacera interiormente, fazendo-te decompor em espírito. Reconheces que se trata de um crime grave, no qual ocultavas as tuas aflições, justificadas pelo que a ti mesmo acontecera na infância... As raízes, porém, desses erros, agora sabes que estão no teu passado espiritual, assinalado pelo deboche e pelo desrespeito a outras vidas. Ninguém atinge esse patamar de miséria sem que não haja transitado pelos pântanos das paixões sórdidas e asfixiantes. Agora, no entanto, importam-nos os novos rumos que deverás imprimir à tua existência. Necessitas de tratamento especializado e de um expressivo afastamento das tuas obrigações sacerdotais, demorado estudo de ti mesmo e reeducação dos hábitos, começando pelos mentais”. Dito isso, Anacleto acrescentou: “Somente o bem incessante te constituirá refúgio e garantia de saúde moral sob as bênçãos de Jesus, o Herói silencioso de todos os momentos. Não temas, nem te permitas novos pesadelos de horror”.  (Obra citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)

39. A ideia de não punir, mas simplesmente transferir o padre para outra localidade e afastá-lo do sacerdócio, não seria um ato de impunidade incabível em casos assim?

Essa questão foi proposta ao Mentor pela diretora do Educandário. O padre, então, ficaria impune? Anacleto respondeu: “Ninguém foge das Leis de Deus que vigem em toda parte e que estão escritas na consciência de todos nós. O nosso irmão não fugirá de si mesmo, das cenas escabrosas que se permitiu, do remorso que o dominará por largo período. Isso, porém, somente sucederá mais tarde, quando, desperto e disposto ao resgate, começar o período de refazimento. A punição divina ao pecado mortal nunca se faz de maneira destrutiva do pecador, mas de forma que o edifique, convidando-o a reparar todos os danos perpetrados, mediante ações dignificantes e restauradoras do equilíbrio. Por isso mesmo, é-nos a todos muito difícil o julgamento correto, por desconhecimento das causas profundas e a modesta percepção do todo no acontecimento, que somente a Consciência Cósmica penetra. Mas ninguém se libera da culpa sem padecer-lhe os efeitos danosos e cruéis...”. Em seguida, explicou como o processo de expiação e reparação se faria. (Obra citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)

40. A diretora do Educandário concordou com a programação que o Instrutor Anacleto apresentou para a recuperação do padre Mauro? 

Sim. A senhora Eutímia, a diretora do Educandário, anuiu completamente, apresentando-se serena e quase feliz, ante a longa explanação que Anacleto fez com relação ao futuro do padre e de Jean-Michel, vítima e agora principal algoz do sacerdote. (Obra citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)

41. Em sua futura existência na carne, que dificuldades Jean-Michel deveria enfrentar? 

O Instrutor Anacleto, ao convidá-lo para uma nova reencarnação, explicou-lhe diretamente o que o esperaria: “Renascerás na carne, oportunamente, chagado e aflito, com os estigmas que cravaste nos tecidos sutis do Espírito, através do teu corpo intermediário, hoje deformado e em dilacerações. Já imprimiste no teu futuro uma infância limitada por anomalias mentais e físicas de vária natureza, na qual te demorarás por mais ou menos uma dezena de anos tormentosos, visitado, vez que outra, pelos teus companheiros do antro de depravação, que te explorarão as energias, mais afligindo-te... Nesse exílio libertador terás como benfeitor e companheiro, pela senda de espinhos, o nosso Mauro, que te recolherá na Casa da Caridade que erguerá oportunamente em distante recanto do Brasil, em cuja oportunidade vos amareis, ajudando-vos reciprocamente”. (Obra citada, capítulo 7: Programações abençoadas.)

42. O padre Mauro, assim como ocorreu com a diretora do Educandário, também se recordava dos acontecimentos oníricos vividos naquela madrugada?

Sim. Ele os recordava com muita nitidez, mas, sobressaltado pelos efeitos danosos dos seus atos, receava as consequências que deveriam advir de sua conduta. O Instrutor Anacleto, então, envolvendo-o em prece, exortou-o ao trabalho: “Levanta-te e segue no rumo da oração, entregando-te a Deus, que fará o que seja de melhor para ti”. Ante a ordem enérgica, que lhe repercutiu nos refolhos do pensamento, Mauro levantou-se, tomou do Evangelho e seguiu à Igreja. Tremia, emocionado, pois se recordava dos episódios espirituais da madrugada, mas agora se fazia mais confiante, ante o psiquismo de Anacleto que o dirigia mentalmente. (Obra citada, capítulo 8: Atendimento fraterno.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/12/blog-post_19.html

 

 

 

 

 

 

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