Revista Espírita de 1862
Allan Kardec
Parte 16 e final
Concluímos hoje o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo foi baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. No tratamento da
obsessão, que fatores são realmente essenciais?
B. Que é que Charles
Fourier escreveu a respeito da reencarnação?
C. As preces são
úteis aos Espíritos sofredores?
Texto para leitura
168. Fechando a
edição de novembro, Erasto disserta sobre a origem da linguagem. Eis algumas
informações contidas nessa comunicação:
I - A Humanidade já
atravessou três grandes períodos: a fase bárbara, a fase hebraica e pagã e a
fase cristã: a esta última sucederá a fase espírita.
II - Entre os grupos
étnicos brutos, onde as sensações grosseiras dominavam, começaram a aparecer
alguns seres superiores, com a tarefa de conduzi-los a uma fase melhor.
III - A linguagem
propriamente dita, como a vida social, não começou a ter um caráter certo senão
a partir da fase hebraica e pagã.
IV - A língua
primitiva foi uniforme, mas, à medida que crescia o número de pastores, estes
constituíam novas famílias e daí novas tribos, diferenciando-se gradativamente
a língua então usada. Desse modo foi que surgiram os diferentes idiomas.
V - A Humanidade
marcha agora para uma língua única, como consequência forçada de uma comunidade
de ideias em moral, em política e, sobretudo, em religião. (N.R.: O Esperanto,
a língua criada pelo médico polonês L. Zamenhof, foi idealizado em 1887, vinte
e cinco anos depois da mensagem de Erasto.) (PP. 351 a 354)
169. Fato curioso: a Revista,
em sua edição de novembro de 1862, informa a um leitor de La Calle,
Argélia, que “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns” não tinham sido
ainda traduzidos para o italiano. (P. 354)
170. Um artigo de
Kardec sobre causas da obsessão e meios de combatê-la é a principal matéria do
número de dezembro de 1862, da qual extraímos os seguintes ensinamentos:
I - Se um Espírito
quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu
perispírito, como num manto; os fluidos se penetram, os pensamentos e as
vontades se confundem e, então, pode o Espírito servir-se daquele corpo como se
fora o seu. Assim se dá na mediunidade.
II - Se o Espírito
for bom, sua ação será suave e benéfica; se for mau, fará maldades. Se for
perverso e mau, ele a constrange, até paralisar a vontade e a razão.
III - Tal é a causa
da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em diversos graus de
intensidade. O paroxismo da subjugação é geralmente chamado possessão.
IV - No tratamento
das obsessões é preciso esforçar-se por adquirir a maior soma possível de
superioridade pela vontade, pela energia e pelas qualidades morais.
V - Antes, porém, de
pretender dominar o mau Espírito, é preciso dominar-se a si mesmo. De todos os
meios para adquirir a força de o conseguir, o mais eficaz é a vontade,
secundada pela prece. É necessário pedir ao anjo da guarda e aos bons Espíritos
que nos assistam na luta. Mas não é suficiente pedir que expulsem o mau
Espírito. Lembrando a máxima: Ajuda-te, e o céu te ajudará, devemos
pedir-lhes, sobretudo, a força que nos falta para vencer as nossas más
inclinações, porque são elas que atraem os maus Espíritos, como a carniça atrai
as aves de rapina. (PP. 355 a 363)
171. O Codificador
recomenda também que oremos pelo Espírito obsessor. Com perseverança acaba-se,
na maioria dos casos, por conduzi-lo a melhores sentimentos, transformando-o de
obsessor em reconhecido. (P. 363)
172. Em resumo, diz
Kardec, a prece fervorosa e os esforços sérios por se melhorar são os únicos
meios de afastar os maus Espíritos, que reconhecem como senhores aqueles que
praticam o bem, mas riem ante as fórmulas. (P. 364)
173. Kardec relata
alguns fatos relacionados com sua passagem por Rochefort, onde teve ele a
satisfação de passar duas noites reunido com os espíritas sinceros e dedicados
do lugar. E menciona também reportagem desfavorável ao Espiritismo assinada com
o pseudônimo de Tony, no semanário Spectateur, de 12/10/1862, na qual o
jornalista faz inúmeras objeções às práticas e à doutrina espírita. A resposta
de Kardec se lê em seguida. (PP. 365 a 372)
174. Extraído do
jornal Écho de Sétif, de 18/9/1862, a Revista publica trechos de um
artigo científico, de autoria de Jalabert, intitulado “Mens agitat molem”, no
qual o autor demonstra de modo racional a possibilidade das comunicações entre
os Espíritos livres e os encarnados. (PP. 373 a 376)
175. Kardec inseriu
na edição de dezembro uma carta enviada por um amigo de Charles Fourier, em que
ele cita passagens que comprovam que Fourier era também reencarnacionista, ou
melhor, a reencarnação era uma das pedras angulares de sua teoria. Comentando o
fato, o Codificador lembra que o Sr. Louis Jourdan, redator do Siècle,
admitiu explicitamente a doutrina da reencarnação em seu livro Prières de
Ludovic, publicado pela primeira vez em 1849, consequentemente antes de se
cogitar do Espiritismo. (PP. 376 e 377)
176. Entre a
correspondência de Kardec, buscou ele uma carta datada de 29/7/1860, que trata
exatamente do tema focalizado no artigo sobre Charles Fourier: a reencarnação.
Como foi lembrado anteriormente, Fourier dizia que diariamente veem-se pessoas
vindo pedir caridade à porta dos castelos, dos quais foram donos em vida
anterior. (PP. 379 a 381)
177. Em sua caserna,
em Paris, onde conta vários camaradas adeptos da doutrina espírita, o Sr.
Perché recebeu uma comunicação de sua irmã Marguerite, que tece considerações
em torno do dia de comemoração dos mortos. Na mensagem, a comunicante confirma
a tese espírita de que as preces são sempre úteis aos Espíritos sofredores e
mostra a felicidade que muitos deles sentem pela lembrança e o carinho de seus
familiares. (PP. 381 a 385)
178. A Revista
noticia a fundação pelo Sr. Canelle, velho conhecido de Kardec, de um
dispensário em Paris em que o tratamento é dirigido por ele e vários médicos
magnetizadores. Além dos tratamentos pagos, o estabelecimento consagra sessões
especiais às magnetizações gratuitas. (P. 386)
Respostas às questões propostas
A.
No tratamento da obsessão, que fatores são realmente essenciais?
São dois: a prece fervorosa e os esforços sérios por se
melhorar. Esses são, segundo Kardec, os únicos meios de afastar os maus
Espíritos, que reconhecem como senhores aqueles que praticam o bem, mas riem
ante as fórmulas. (Revista Espírita de 1862, pp. 363 e 364.)
B. Que é que Charles Fourier escreveu a respeito da
reencarnação?
Além de admiti-la claramente, Fourier dizia que
diariamente veem-se pessoas vindo pedir caridade à porta dos castelos dos quais
foram donos em vida anterior. (Obra citada, pp. 379 a 381.)
C. As preces são úteis aos Espíritos sofredores?
Sim. As preces são sempre úteis aos Espíritos sofredores
e muitos deles ficam felizes pela lembrança e o carinho que seus familiares
demonstram por eles. (Obra citada, pp. 381 a 385.)
Observação:
Para
acessar a parte 15 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/04/blog-post_19.html
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